Provavelmente essa seja a última postagem do ano. Acho que estarei limpa e com a página virada quando terminar. Outros caminhos, outros olhares. Sempre em frente, não temos tempo a perder. Me permitir a ser sempre outra, sempre costurando o tecido ora macio ora áspero, mas temos que vesti-lo dependendo da situação.
Quero começar de novo com palavras boas e um sorriso no olhar, com a mão lá em cima agradecendo aos deuses todos, ao infinito e além, pedindo com muita fé, por dias melhores para todos, cada dia todo dia toda hora, mais alegria sorrisos abraços beijos amor arte humanidade música solos de guitarra saxofone piano violino flauta improviso nariz de palhaço tinta no corpo apertos de mão afago cheiro no pescoço cafofo ternura cheiro de café livros cheiro de livros cheiro de grama cortada balões coloridos suco de laranja pão de queijo amigos portas abertas cama macia água lichia sexo vinho menos calor mais frio outono luz de fim de tarde fim de tarde folhas secas canto de pássaro de manhã mensagem bonicta no celular mensagem de bom dia bolinho de chuva um telefonema inesperado mãos saudades boas lua estrelas brilhantes dias nublados surpresas céu azul e brisa leve tranquilidade perfume cheiro de roupa limpa beijinho de esquimó borboletas beijo na testa mamão com aveia cookies árvores rede menos escadas dancinhas pelo corredor assobios leite puro e gelado sorvete cachoeira cinema pizza cerveja saúde feijão frango frito ovo frito bilhetes de amor caretas brincadeiras sensações bombons poesia conceitos concertos sentir pegar olhar chorar de alegria manhã madrugada canela banho sonhos gostosos sonhos engraçados amizade fotografia menos suor preto e branco conhecer novas pessoas outros mundos lirismo lanterna joaninhas preguiça ronronante licores massagem elogios neblina estrada praia conchas melão desenhos quadrinhos cifras acordes cafuné beijo na testa pétalas lambida de cachorro miados bolinhas sofá chuva chinelo xixi comida mexicana etimologia fliperama abajur maciez ouvir gotas esquentar o pé explodir viver
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Parei num bar para esperar a chuva
Foi isso que mandei na mensagem pra ela enquanto descia a Brigadeiro. A chuva começou a cair forte, muito forte. O cano de esgoto de algum lugar estourou e então aquilo começou a descer avenida abaixo levando um cheiro de merda a água marrom e eu quase vomitando. Mas não é ainda disso que vou contar e sim como foi meu nascimento desse ano...na verdade nem vou contar disso.
Primeiro quero dizer que os vizinhos estão trepando muito aqui do lado e dá pra ouvir a cama tec tec t e c tectectectectectec bem rápido. Então dou um murro forte na parede. Silêncio.
Empaquei a foda. Foda-se, não trepo há muito tempo.
Espero mesmo que essa porra não fique comprida porque já fico com preguiça de escrever. Caso a preguiça domine, serei bem sucinta e talvez apenas cite os factos. Você não acha válido? Não acho nada.
Capítulo Um: Primeiro Semestre ou
amor-amaro
Meu primeiro minuto de ano novo se bem me lembro foi com toda a família ou sozinha tentando achar a porra de um sinal de telefone pra ligar pra minha namorada no meio de um mato longe da cidade. Hoje me pesa um pouco lembrar disso por pensar que no meu primeiro minuto do ano que vem não vou precisar achar sinal pra ligar pra namorada. Mas ainda não chegamos nos dois fatos.
Bem, passei numa chácara em Tatuí com toda a família, briguei com meu primo idiota.
vou tentar escrever rápido, que to com preguiça de fazer retrospectiva embora me pareça importante.
em janeiro fui viajar com o jeziel pra ubatuba. foi maravilhoso. andamos de caiaque, fomos prum bar gls muito ruim, emboa divertido, o Homem não apareceu na praia, vimos cachoeira, viajamos pra Paraty, paisagem maravilhosa tudo lindo que saudade.
sítio da trumbs em janeiro ainda teve reencontro dos amigos do teatro, os iluminados, os que queimam queimam queimam.
bebemos chá de um pequeno cogumelo com bosta de vaca, nenhum barato. ninguém levou a porra do cachimbinho. é claro que foi divertido larissa mijou nas costas do luiz, dançamos e ritualizamos e chorei e a energia é sempre maravilhosa. é algo vital pra mim, não sei se passaria o resto do ano com tanta energia se não fosse recuperá-las com essas pessoas. bem, amo vocês todos, e kaline, que não estava e zola que deu bolo.
comecei um novo emprego - estágio - e conheci uma das pessoas mais especiais pra mim: Marlene. oh.
no carnaval fui pra barra mansa com andrea, arielli e letícia. espetacular. filmamos nosso primeiro curta, com um texto meu "o gênese segundo a revolta de eva", direção de todos, kaline interpretando e joelhos de bianco aparecendo. (créditos pro bianco como mexedor de leite, que nada mais era do que água com maizena) ficou demais para nosso primeiro filme e ainda mais gravado em uma madrugada. detalhe: filmamos na casa da irmã do Bianco, que tinha ido viajar e bianco estava morrendo de medo de filmar lá por que a irmã dele agora é toda zen e seria uma heresia filmarmos algo com tanto pecado mortal. depois irmã dele viu e não gostou mesmo. risos. também tomamos banho de piscina na piscina de 1000L, tomei banho com o bianco igual crianças, conhecendo o pipi do amiguinho e a pombinha da amiguinha. risos risos risos. comemos a comida maravilhosa da Luzia, assistimos filmes, rimos, caminhamos váááários quilômetros pela beira da estrada, em meio a despachos e cachorros mortos, para chegar numa queda d'água contaminada por um lixão desativado. molhamos o pé. voltamos muito cansados. a galera saiu numa escola de samba de barra mansa, menos eu e andrea. foi demais. "quéde quéde quéde meu alacar?"
março bibi veio pra cá. fomos ao motel com o carro emprestado da kelly. foi demais, tirando os pernilongos da suíte. foi a primeira vez dela no motel. hidromassagem. fomos ao show do chico buarque, chorei. jantamos num resuratente argentino com bom vinho e boa comida. meu coração explodia. corpo olhos pele calor amor paixão tudo explodia, como sempre.
abril, contei pra minha mãe que namorava alguém do mato grosso. fui pro mato grosso. primeira vez que andei de avião. maneraço. o avião decolando e pousando é a melhor sensação. também gostei de viajar de noite, dava pra ver as luzes lá de cima, surreal surreal cheguei e ela me esperava no desembarque. nos abraçamos apertado. abafado aquele lugar, mas nem tanto. entrei no carro da amiga dela milena e karla. cheguei lá na casa dela ( um república com mais 12 meninas, parece uma chácara) e tinha toda um jantar pra nós. primeira vez que bebi stella artois gelada, divina. conheci o quarto dela, entreguei um quarto que pintei de nós duas nuas. ganhei uma das melhores festas de aniversário surpresa de todas. ela me enganou direitinho. chorei. desacreditei. tudo perfeito. que linda. marota. ordinária.
fomos pra Chapada dos guimarães, uma das vistas mais lindas do mundo. antes disso esperamos o próximo ônibus na rodoviária pra lá. caia uma chuva torrencial. Bem, pegamos o ônibus e fomos. chegamos lá e estava tudo nublado, um friozinho, uma cidade bucólica com neblina e pessoas simpáticas. chegamos na pousada, deixamos nossas coisas. queríamos ter saído conhecer cachoeiras e mirantes. bem, no primeiro dia saímos jantar, e escolhemos um restaurante onde as mesas ficavam num lugar aberto do outro lado da rua, tinha música ao vivo, muita gente e poucos garçons. a comida demorou muito pra chegar, mas estava boa. não paguei, claro, a taxa de serviço. queria uma empada. muito manero, pq estava tendo encontro de motoclubes e então tinha feirinha e várias motos na praça principal e tinha show de bandas de rock. e então saímos dar uma volta pelas poucas ruas para poder fumar um cachimbinho que ganhamos de presente da amiga dela. fumamos e fomos pro show. era uma banda com uma menina vocalista, eu não me lembro o nome - já procurei e não achei, só sei que foi o "5ª Rock Night". Enfim, a menina mandava muuuuuuuuuito bem, mas tipo, muito bem, eles cantaram janis, ac dc, chucky berry e músicas deles. rimos e pulamos muito. voltamos pra pousada com uma garrafa de vinho, bêbadas e chapadas. rimos muito. " tá feliz?" "eu to feliz, você tá feliz?" HUAHuhauhauhauahuha. já era madrugada e então ouvimos alguem batendo na parede para que fizessemos silêncio. tomamos banho. bibi quebrou a garrafa de vinho quase inteira e esparramou pela cama e pelo chão e foi uma lambança. limpamos com a toalha branca da pousada. rindo. "tá feliz?". deitamos e foi um momento muito mágico transcedental que nossos corações se juntaram e bateram juntos por um momento como se tivessem se conhecido há muito tempo e voltado e se reencontrar. dormimos.
no outro dia, era domingo, queríamos alugar bicicletas pra poder passear, finalmente, pelas paisagens dançantes e coloridas do cerrado brasileiro. bem, não havi lugar nenhum aberto nem ninguém que emprestasse alguma bicicleta. muito calor. muitas informações desnecessárias, até que uma boa alma nos indicou uma pousada, lá na entrada da cidade, que alugava bicicletas. fomos a pé. chegando lá uma mulher e sua filha atendiam na pousada e queriam nos alugar duas bicicletas por um preço muito caro, não lembro exatamente quanto. acho que 50 reais as duas "o seu cu" - pensei. só sei que a menina foi perguntar pro pai e o pai fez por 25 ou 30 reais as duas. (ah, o homem da casa, que absurdo). a mulher ficou sem graça, mas enfim, escolhemos as bicicletas e saímo ser felizes. "pra onde?" hhaahahaa. fomos pela estrada afora até o Morro dos Ventos, um mirante lindo demais demais demais chocante inacreditável. pousamos nossas bicicletas (a dela com cestinha fofa na frente) e fomos admirar a beleza mais beleza da natureza - perdoe-me a rima - e lá tinha um restaurante maravilhoso, mas nossa grana era curta e o tempo também - tiramos algumas fotos e compramos um sorvete. a neblina tomava conta da pequena estrada, filmei-a em sua bicicleta em preto e branco - cena de filme. bem, depois andamos mais alguns quilometros a frente para chegar em outro mirante, tão lindo quanto, terra bem vermelha, um trailer que vendia coisas, água de coco, muito bem. era um mar imenso de beleza, um cerrado infinito um calor de lascar o céu azul feito aquarela. caralho. estavamos muito cansadas e ainda tinha uma boa estrada pra pedalar. minha bunda já estava doendo muito. mas foi lindo. ela colocou músicas fofas no celular e o colocou na cestinha da frente e então tudo aquilo parecia mesmo filme, eu podia sentir todo nosso amor naquele calor escaldante penetrando nas músicas eu olhava pra ela e era linda demais nos seus óculos de aro vermelho, que graça. demoramos muito pra chegar, eu estava cansadérrima e ainda tínhamos que entregar as bicicletas, voltar pra pousada pegar nossas coisas e pegar ônibus pra voltar pra cuiabá. chegamos moídas.no meu ultimo dia fomos jantar fora num restaurante mexicano para comemorar meu aniversário. ah, como eu adoro comida mexicana, comi demais. angústia de última noite. manhã cedo eu iria embora. fui.
são paulo de novo, toda sua selvageria, seus metros e pessoas e onibus cinza poluição, de volta a vida real.
o facto é que eu já estava angustida com esse relação e não era nenhum segredo. então maio passou dolorido. se não fosse pelo melhor da vida de todos os tempos, o melhor presente de aniversário: o show do Roger Waters que eu ganhei da Andrea. Foi simplesmente surreal, chocante. foi um momento que pude estar com o meu pai e suas boas lembranças. o show foi do álbum The Wall, com projeções em um muro que dividia o Estádio do Morumbi no meio. A plateia toda estava em sintonia. choramos eu e mamãe andrea, saímos chocadas. budweiser. bem, o resto de maio foi nada de mais, tanto que não lembro muito de sua cara, maio. maio em branco em dor. carência. melancolia.
junho. mais dores agudas com falta de ar e desesperança. ah, o tempo que brincava comigo. conosco. com todos. tempo de greve de professores. tempo de medo. indecisão. bem, ela veio pra cá. conheceu minha família, comeu o frango frito da minha mãe, andou de moto comigo. na verdade era terrível estar junto com ela e ao mesmo tempo muito muito distante anos-luz. é uma das coisas que mais me doeu na vida. não estamos dando certo. eu não conseguia levar isso sozinha. aliás, por duas pessoas. sozinha talvez eu conseguisse. uma semana ela ficou aqui. transamos uma vez. ela foi embora e nunca mais nos vimos.
Capítulo Dois: Segundo Semestre ou
a desconstrução do eu
é. alguns dias péssimas. me dando ao lusho de chorar por tudo e mais um pouco de nada. oh, céos. bem, pelo menos a falta de ar melhorou, mas o coração com um buraco eterno. com o que preencher?
Vou primeiro reservar um capítulo em homenagem às minhas professoras da faculdade.
Capítulo Reservado: As mestras
Bem, posso dizer de boca cheia (ou dedos cheios?) que esse ano foi o melhor que tive na faculdade. Descobertas. Começando com Maria Clara Paixão dando Sintaxe. Foi maravilhoso. Ela é muito foda, muito pirada, tem uns tiques nervosos, mas é um alívio quando aprendemos realmente alguma coisa sobre sintaxe que não aquelas merdas ordinárias que nos ensinavam na escola. Nunca aprendi na verdade. Teoria Gerativa, Chomsky. Manero manero. Isso no primeiro semestre.
No segundo tive Léxico, com a Evani Viotti e foi, tipo, chupa a minha rola Pietroforte, você é um bosta. Aquela vaquerinha (a professora ganhou sse apelido depois de aparecer com um lenço amarrado no pescoço, claro que foi andrea quem deu esse nome) é fodida pra caralho. Trabalhamos com Ciência Cognitiva, Linguística Cognitiva e isso envolve outras áreas como a psicologia e, digo, até budismo. Destruiu. A caipora passou toda a bibliografia em inglês e por isso comecei a fazer aulas de inglês particular. Meu professor é um barato, gosto muito dele, passamos metade da aula rindo e eu quase cubro o prédio inteiro da Letras com minha risada. Acredite, ele é muito, mas muito engraçado. Combinamos de um dia jogar bingo. Risos.
Enfim, a aula de Léxico foi fodida, aprendi umas coisas muito fodas, uns caras muito loucos que escrevem sobre mente incarnada. Você já viu uma mente andando sozinha por aí? Pois é. E outra: metáforas não são figuras de linguagem, digo, não são usadas apenas como recursos po´ticos, mas a língua é inteira feita de metáforas e isso se baseia no uso, na sociedade e na cultura a que estamos inseridos. Por exemplo, na cultura ocidental consideramos que o passado fica para trás, algo que já passou, não podemos mais ver, e o futuro está a nossa frente, algo que está por vir. Isso se chama cognição corporeada, mais ou menos como, nosso corpo é a base para como vemos o mundo. E há outras culturas que consideram o tempo/espaço diferente de nós, como os que falam a língua aimará, que consideram o passado como se estivesse a frente, porque já passamos por ele, portanto podemos vê-lo e o futuro está atrás e por isso não podemos vê-lo. Não é sensacional? Acho maravilhoso. Bem, fiquei com 5,5 nessa porra, mas me foi de grande valia.
A última e não menos importante, talvez a que eu mais me apeguei, foi a matéria de Arte, Gênero e Sociedade, com a professora Ana Paula Cavalcanti Simioni. Ela é apaixonante. Me encantei por ela, como pessoa, como professora, como amiga. Bem, foi uma descoberta enorme: a mulher artista na História da Arte. Como, em toda minha vida, ou em 4 anos de faculdade, não conhecemos mulheres artistas, pintoras, escultoras, escritoras? Foi assim, fodido, eu entrava em êxtase toda quarta-feira e saía da aula perplexa e com muito tesão ao mesmo tempo ou, como diria Clarice, tímida e ousada ao mesmo tempo. Essa matéria me abriu um outro mundo, senti minha cabeça se expandindo, conheci Maria Martins, a melhor escultora brasileira de todos os tempos. A Ana ainda autografou meu livro, que na verdade é um livro dela se chama Profissão Artista: Mulheres pintoras e escultoras do século XIX, é alguma coisa assim. Ela me escreveu uma dedicatória linda que me fez abrir um sorriso enorme.
Bem, aqui fica minha ode às mestras que marcaram, com certeza, minha formação tanto acadêmica como pessoal. E ainda aquelas que passaram por mim: Annie Gisele Fernandes de literatura portuguesa, Paola (aquela da voz gostosa) de literatura portuguesa também e claro, Eliane R. de Moraes, especialista em literatura erótica. Divinas. Deusas. Aqui fica meu: muito obrigado e minha homenagem para vocês.
Voltando ao Capítulo II
Fiquei sozinha. Agora era preciso me preencher comigo mesma, me alimentar do meu amor, do meu carinho, da minha dedicação, da minha ilusão, da minha poesia, da minha tudo-que-você-imagina. No começo era bom, depois era um porre, depois era bom de novo. A questão era / é: me abrir para outras coisas, coisas novas, conhecer outros lados. Portas da percepção. Me conhecer das diferentes maneiras que posso ser/ estar. E assim foi.
Conheci uma menina linda, de 17 anos, mais alta, ariana, batom vermelho, cara de modelete. Que coisa mais linda. Foi uma história engraçada que durou uma semana e terminou em 1 segundo depois que a mãe dela nos viu beijando. Por mais que ela soubesse, acho que, na mente dela, não é legal ver filha se atracando com uma menina nos fundos de um bar. Ela me deu um ultimo beijo e foi embora. Ainda a vi em alguma festa com a namorada dela, nada demais. Depois, adeus.
Essa festa na verdade foi um bum BUM bum BUm uma explosão em mim. Demais, surreal. Conheci outra menina, oh céos, que beijava muito bem, tipo, muito bem. Pirou no meu sorriso. Mas não foi nada demais, nos vimos depois umas 2 vezes e não ns apegamos. Seria uma história interessante se eu tivesse ânimo de contá-la, mas fica o facto apenas.
Nas férias trabalhei na casa de dois professores da USP, junto com a Nathália (antiga estagiária do Instituto do Mário de Andrade, risos, a qual eu entrei no lugar). Em 4 dias arrumamos a biblioteca (e que biblioteca, é de invejar, quando crescer quero uma biblioteca igual aquela). Pessoas lindas, ganhei um livro do Nabokov, oh, não o Lolita, ms outro. Nani escreveu um artigo, pra alguma universidade francesa, sobre Lolita. Me mandou, li, apaixonei. Meu livro preferido, com certeza.
Jeziel estava de férias e passou uma semana em casa pra fazer o curso da Fátima Toledo. Levamos uma vida de casal, risos, ele fazia jantar pra nós e tomávamos vinho de noite e conversávamos e ríamos muito. Começamos a rir da descrição do vinho, que agora eu não me lembro, mas fiquei sem ar de tanto rir.
Com o dinheiro que ganhei desse bico fui viajar pra Barra Mansa, de novo, sim, com o Jeziel. De lá fomos pra Ilha Grande, uma ilha que fica perto de Angra dos Reis. Pega-se uma balsa de lá e em 1 ou 2 horas de enjoo chegamos lá. Descobri o paraíso. É uma ilha onde não entra carro, na verdade é um vilarejo. Ficamos numa pousada de frente pro mar, e no café da manhã podíamos ver o sol reluzente com sua brisa fresca se expandindo e chegando aos nossos rostos e cabelos. De noite podia ouvir as ondas batendo, de leve, embalando o sono. Eu ainda ficava pensando na menina de 17 anos, que me largou pra começar a menina estranha (que vi com la na festa). Bem, tinha muito gringos na Ilha,, parecia até que teve uma excursão de juvenis vindo diretamente da França. Que meninas lindas. Na primeira noite que ficamos lá teve quermesse e quadrilha e barraquinhas com comida e forró e bandeirinhas coloridas em frente à capela. Eu moraria lá tranquilamente com uma câmera fotográfica, cachimbos e mulheres bonictas. Longe da grande civilização, dos medos urbanos, da vida regrada. No outro dia de manhã acordamos cedo para conhecer a ilha. A ilha na verdade tem dois pontos de estadia, a praia do Abrãão, onde todo mundo desembarca, e o outro lado, que não conhecemos, e é preciso ir de barco, claro que é pago, ou andar muitas horas até chegar lá, eu acho. Tínhamos um mapa das atrações como grutas e cachoeiras e outras praias e monumentos históricos. Fomos. 1 hora de caminhada subindo um puta de um morro, eu de chinelo de dedo, eu sempre me fodo de chinelo de dedo, o ar rarefeito lá no pico, pra chegar na Cachoeira da Feiticeira. Uma queda d'água desnecessária. Alguma pessoas já estavam lá, bem como uns rapazes fumando maconha e tocando violão. Olhei pra cara do Je e ele me olhou do tipo "não acredito que andando tudo isso pra chegar aqui", foi realmente um pouco decepcionante, mas com certeza, tudo vale a pena, e vale mais a pena quando estamos com pessoas queridas, grandes amigos, grandes amores. Depois descemos mais um pouco até chegar em outra praia, que, deduzo, não lembro direito, seja a praia da Feiticeira. Uma praia quase deserta, águas límpidas e calmas e azuis, alguns barcos ali pela frente e siris simpáticos. Nadamos um pouco, curtimos a vista e voltamos pra nossa caminhada, que agora, meu deus, seria mais foda. Meu pé já estava assado do chinelo, eu sempre me fodo de chinelo, e a subida era muito íngreme, estava muito sol e a trilha tinha muito mato, meu deus, nos ajude, que porra, mas vamos lá.
Demoramos mais uma (ou 2 hora?) morrendo de fome e com muito calor, jeziel já estava irritado com sua fome de baiano e então sentamos num restaurante de esquina onde estava tendo uma roda de samba, o bom samba carioca, a nata da malandragem, oh, meu sorriso se abriu, mas jeziel ainda em seu mau humor de fome. Pedimos strogonoff de frango, sucos, olhamos o mar, a vista linda que me doía e o samba rolando solto o pandeiro o cavaquinho as vozes. Demorou pra chegar. Devoramos.
Depois andamos para o outro lado da praia. O vilarejo tinha 2 ou 3 ruas. À noite fomos jantar num restaurante com o nome alguma coisa de areia, era o último da rua principal de frente pra praia. Era um restaurante muito agradável, as mesas ficava, na areia, na beira da praia, com lampiões iluminando os casais, oh, como eu adoro uma luz indireta, e tinha 2 homens tocando música, mpb, eles mandavam muito bem, muito bem, ainda era possível ver o píer iluminado, os barcos iluminados, era uma explosão de cores e sons e sabores, meu deus, como tudo isso é lindo. é claro que todo mundo pensava que éramos um casal, acho engraçado. No outro dia voltamos embora pra Barra Mansa, comprei um remédio pra enjoo pra voltar na balsa, e dormi o caminho todo. No começo ainda pude ver nos afastando da ilha e o bando de pássaros rodeando os cardumes de peixe e de repente um ou dois pássaros do bando mergulhavam no mar e voltavam com um peixe na boca, meus senhores, quanta maravilha. depois dormi. havia apenas 2 orários de balsa pra ir e voltar da ilha, saímos às 10h ou 10h15 não me lembro muito bem. O caminho de volta, de carro, era lindo, mas eu estava babando devido o remédio pra ânsia, que na verdade é pra dormir.
Acho que era uma segunda-feira. Tínhamos combinado - eu, bianco, kaline, danilo e jeziel - de irmos pra Carlos Euler, novamente, um vilarejo que fica em Minas Gerais, bem na divisa Minas - Rio. Pegamos o carro e partimos, alegres e contentes, meu coração explodindo de amor e alegria, era tudo o que queria, estar com pessoas amadas em lugares maravilhosos, na verdade em qualquer lugar, é sempre maravilhoso. Passamos num mercado e compramos comida.Seguimos a viagem no bom e velho Petrúquio - carro do Je. A estrada era uma graça, montes ao redor, um rio, estrada de terra, casinhas simpáticas na beira da estrada. Bem, chegando em Carlos Euler, paramos na casa da avó do Danilo para pegar a chave da casa onde ficaríamos. Carlos Euler tem uma rua, umas 20 casas, uma vendinha, um orelhão, uma igreja em construção e uma linha do trem que passa em cima dessa rua, e ainda uma subestação de trem abadonada. Em volta disso tem montes lindos um céu maravilhoso e as pessoas são simples e simpáticas. As casas são antigas, simples e lindas. A casa que ficamos tinha um chão de madeira, um fogão de lenha, quintal de terra com uma árvore (uma mangueira, eu acho) enorme. De noite fazíamos fogueira e tocávamos violão, estrelas, fumaça, amor. Era perfeito. Também nadamos num riozinho, digo, só o bianco e o danilo entraram, a água estava congelante. E caminhamos até uma cachoeira enorme maravilhosa, e como não era época de calor, só tinha a gente lá. Fotografei a Kaline naquela maravilha esplendorosa e também fotografamos na subestação abandonada e na linha do trem. Como sempre, meus modelos sempre arrasam na foto. É muito tesão fotografar. Os dias em Carlos Euler foram perfeitos. Bianco musicou minha letra e pudemos filmar. Está no youtube, se chama Miragem.
Voltamos pra São Paulo, deixei minhas coisas no apartamento e voltamos pra Tatuí. Dirigi de São Paulo a Tatuí, de madrugada, ouvindo música. O Jeziel dormia feito um bebê. Aprendi a colocar a 5ª marcha.
Depois as aulas voltaram, voltei a trabalhar de novo e tive que carregar um monte de caixa pra mudar a porra do Arquivo de sala. Mas já passou, não quero escreve sobre isso.
Bianco e Zola ficaram em casa no feriado do dia das crianças, saímos, bebemos, fumamos muito, rimos demais, tocamos, vimos muitas peças, fomos pra Bienal, comemos muito Subway. Também vimos uma peça de cegos, atores cegos, e a platéia inteira no escuro, dava muita agonia não ver nada. Foi uma grande experiência.
Bem, eu continuei minha viagem de me libertar de mim mesma, desconstruir-me. E realmente foi/ está sendo sensacional. Quando permitimo-nos as coisas acontecem. Conheci pessoas maravilhosas que talvez eu não conhecesse se não me permitisse a isso.
Conheci a Amanda, vulgo Provolone, vulgo cão. Ah, menina, você me arranca ótimas risadas. Tenho uma imenso carinho por você, cãozinho, te por num potinho e a gente vai rir eternamente. Com certeza foi um grande prazer te conhecer esse ano. Obrigada.
Em uma de minhas noites 'vou sair sem muito rumo', mandei mensagem pra babi ver se ela podia me arranjar um ótimo e saboroso cachimbinho. Eu já estava no ônibus, bêbada de vinho e cerveja que bebi sozinha no meu quarto ouvindo pink floyd e vendo vídeos do bukowski, e então desci na paulista e caminhei até a baixa augusta pra ir na casa dela, na verdade eu tinha uma festa de aniversário em algum bar perto da Rui Barbosa, era só eu pegar o negócio com a babi e ia pra lá, talvez ela fosse comigo, cheguei lá e estava ela e uma moça sentada assim na mesa da sala 'essa é a carol a nova moradora', ah, 'olá, carol, prazer' nos cumprimentamos fui ao banheiro pensando que a babi poderia ir comigo no aniversário da minha amiga, na verdade eu não conhecia mais ninguém a não ser elas, aline e gisele, então sai do banheiro 'babi, ou você vai comigo no aniversário ou numa festa triplamente sapatão', ela me olhou com uma cara estranha e engraçada e disse que poderia pensar no caso, mas que elas iam ver uma peça à meia noite, na praça Roosevelt e talvez depois a Carol quisesse ir pralguma festa não sei do quê nem de quem. No fim acabei ficando por lá, o Dom chegou com nossa alegria, fumamos e conversamos muito. O facto é que me encantei por essa menina, a nova moradora, e passei a chamá-la de marina, dispenso comentários. linda maravilhosa encantadora . Parece que eu a conheci há muito tempo e nos encontramos de novo, sem saber que nos encontramos há muito tempo em algum lugar, são coisas inexplicáveis que acontecem. marina, mas gosto mais de carol. gostaria de saber sobre suas cicatrizes. gosto muito de você, teresa.
bem, resumindo os factos, que já estou quase no final do ano e com pouca paciência de escrever tudo e ainda mais descrever.
fiz estágio de licenciatura, a desilusão da vida.
viagem de novo pra barra mansa e dessa vez foi o auge da surrealidade e do prazer e da arte. eu e bianco improvisamos muito no violão e piano e flauta. não filmamos nada. tirei fotos lindas da kaline, parecendo filme.
comprei uma flauta de bambu. não sei tocar, mas tenho uma flauta de 4 furos de bambu.
passei em todas as matérias, dancei muito na festa de confraternização do trabalho, blablablablabla
passei o natal na minha tia em são paulo e saímos entregar cestas de natal para os moradores de rua. um cara chorou de emoção ao ganhar a cesta. foi lindo e comovente.ganhei um videogame e um perfume. comprei livros, muitos. descobri bukowski esse ano. dolorido, mas foda.
e agora estou no meu quarto com muito calor. larissa está deitada na minha cama me olhando com cara de sono depois de dormir uma hora largada e com micose nos pés. andrea foi fazer mochilão pela américa latina, vou sentir falta dela, espero que ela me mande postais. carol me convidou para passar as férias com ela e com a babi (talvez a babi nem saiba disso), eu queria mesmo, fazer minhas viagens de motocicleta, ia ser lindo passar uns dias com ela, com sua beleza e fotografá-la. e também rir muito com a babi e quem sabe não vejo a outra carol.
afinal, meu ano foi maravilhoso. não sei ainda quem eu sou. sou tudo ao mesmo tempo e de repente, nada. a felicidade é compartilhar, é estar junto das pessoas que gostamos e trocar amores e carinhos e arte e música. também gosto de estar sozinha, minhas maneiras de ser. choro sozinha e tenho saudades da bibi, mas entendo que ela não queira falar comigo. aliás, não entendo na verdade. só acho triste nos afastarmos assim, muito de mim era dela, então uma parte fica assim, faltando, meio oscilando na embocadura, entre outras partes que perdemos no meio do caminho, e o maravilhoso é isso, se perder e se achar de novo de outro jeito, com outras cores, e se sentir feliz e triste, e com fome, e com calor e ver tudo de outras maneiras. nunca preenchemos o vazio de dentro de nós. se preenchido, morremos, de tédio, morremos da vida, entramos na monotonia, embora eu queira a sorte de um amor tranquilo.
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Como é louco ver as pequenas coisas se encaixando em momentos tão distantes. Duas peças que se encaixam e se encontram depois. Em qualquer coisa da vida.
Como é louco se ler depois de tanto tempo. Vida louca vida, vida breve.
Continuo com as mesmas perguntas, a mesma carência, a mesma esperança, as mesmas dúvidas, os mesmos desejos, talvez de uma maneira um pouco diferente.
As vezes me dá uma vontade de chorar e choro baixinho com medo de eu mesma me ouvir, depois percebo que não é mal chorar, é bom, me conforta de certa maneira. e é chorar por nada, por dores pequenas que levamos sempre com muito cuidado pela vida. as vezes um desconforto (gástrico?), às vezes uma preguiça da vida e das coisas e das pessoas.
fim de ano é uma desgraça. não consigo conceber muitas coisas. queria tanto um abraço sincero tanto um beijo carinhoso um afago um olhar quente
mas parece que tudo escorre com essa chuva de verão, estamos todos líquidos escorrendo pelo ralo e bueiro ou entupidos por cabelos. paramos no nosso próprio lixo sentimental e nos enchemos com lama e urina de ratos enquanto deveríamos nos encher de amor e alegria e poesia e por do sol e música e cores e abraços homéricos. onde é que há amor nesse mundo? cadê nossos olhares?
"pra poesia que a gente não vive transformar o tédio em melodia"
sabe, não há nada a se saber
Como é louco se ler depois de tanto tempo. Vida louca vida, vida breve.
Continuo com as mesmas perguntas, a mesma carência, a mesma esperança, as mesmas dúvidas, os mesmos desejos, talvez de uma maneira um pouco diferente.
As vezes me dá uma vontade de chorar e choro baixinho com medo de eu mesma me ouvir, depois percebo que não é mal chorar, é bom, me conforta de certa maneira. e é chorar por nada, por dores pequenas que levamos sempre com muito cuidado pela vida. as vezes um desconforto (gástrico?), às vezes uma preguiça da vida e das coisas e das pessoas.
fim de ano é uma desgraça. não consigo conceber muitas coisas. queria tanto um abraço sincero tanto um beijo carinhoso um afago um olhar quente
mas parece que tudo escorre com essa chuva de verão, estamos todos líquidos escorrendo pelo ralo e bueiro ou entupidos por cabelos. paramos no nosso próprio lixo sentimental e nos enchemos com lama e urina de ratos enquanto deveríamos nos encher de amor e alegria e poesia e por do sol e música e cores e abraços homéricos. onde é que há amor nesse mundo? cadê nossos olhares?
"pra poesia que a gente não vive transformar o tédio em melodia"
sabe, não há nada a se saber
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Proibido passear sentimentos
escrevendo roteiros para filmes do Almodôvar
se passa na minha casa
estou sentada no chão do meu quarto encostada na parede vermelha com uma pintura do Toulouse Lautrec e uma do Picasso, estou de frente pra janela e entra uma luz de fim de tarde cinza e nublada mas ainda um sol tímido querendo se despontar, estou no computador fazendo qualquer coisa, está tocando Justice.
Alguém abre a porta da sala e penso ser ou a Arielli ou a Thaís. Olho de soslaio, ninguém apareceu ainda, volto a olhar o pc e de repente uma figura na porta, com se tivesse aparecido de repente, é a Leila em sua blusinha branca tão bonicta e uma calça jeans e um tênis de neve. Ela pára me olha e se ajoelha no chão em prantos e me abraça. Nos abraçamos então meio sem jeito, ela quente e suada, encosto o meu nariz no seu pescoço, quente e suado, mas está gostoso e aconchegante, ela chora chora chora, enquanto rola um eletrônico moderno do Justice. Ela chora mais.
- não consigo, bi, não consigo esquecer o Dan
e chora mais chora mais
eu fico quieta, silenciosa, ouvindo suas lágrimas, eu nunca tinha visto ela desse jeito, quebrada pelo seu próprio coração, ah, o amor, ah a paixão, diria Drummond:
por que amou?
por que amou se sabia
proibido passear sentimentos
ternos e desesperados
até hoje me pergunto isso. mas amamos, continuamos na amargura imensa de amar e desamar (talvez).
mas ela chorava, eu quieta.
- eu preciso ir logo pegar o ônibus das 9. nem sei se vai dar tempo..
era um monólogo imenso pela sala. ela arrumava as coisas dela que estavam em casa, chorando, ela e as coisas, enquanto eu via algumas partes do seu corpo passando pela moldura da porta, suas pernas agachadas, seus pés desesperados, seu choro soluçando.
- não dá mais, não sei o que fazer, ele não gosta mais de mim, ele me disse isso, e eu? porque eu faço isso comigo mesma? talvez eu seja masoquista, não sei. queria saber.
as palavras brotavam da boca dela em momentos exactos. tudo ali era exacto: as falas numa entonação perfeita, o movimento do corpo, os olhos, a luz do fim de tarde entrando pela janela escurecendo, a luz do computador, a luz da sala, a música ainda rolando, tudo se encaixou perfeitamente. meu corpo estava gelado. e eu ainda quieta, suspirando, tentando não sentir a dor dela, mas era impossível. tentei pensar em outra coisa, entrar na música, mas não tinha como, era um espetáculo ao vivo e único, nunca mais, nunca mais ninguém vai ver isso... infelizmente.
e então, depois do monólogo da sala que eu não me lembro, ela entrou no quarto, esbaforida, triste, sentou no canto da cama, acolheu seu cotovelo no joelho e segurou o rosto com as mãos, reparem na luz da janela, era sensacional, e então ela começava de novo:
- até quando isso, bi? não sei mais o que fazer, vou trocar o chip do celular, não vou mais atender. ele só brinca comigo. vê se pode, de manhã me liga falando que me ama que sou a mulher da vida dele que ele não quer nunca me perder, tudo bem, eu atendi sem querer o telefone, era de madrugada, ele me disse isso, depois de noite tudo ao contrário, como se fosse outra pessoa, disse que não me queria mais...
- ai, bi. - finalmente falei alguma coisa, entalada na garganta
ela chorava na beirada da cama.
- leila, a gente já conversou sobre isso..
e então saia desesperada pra sala
- preciso ir logo, será que dá tempo de pegar o ônibus das 9 pra tatuí? senão só às 11. já sei, vou agora pra passar numa casa de câmbio, até agora não troquei esse dinheiro, você sabe onde tem uma casa de câmbio?
- nem faço ideia
- eu queria ir amanhã cedo pra Capivari.
e então começava de novo o monólogo e eu falava
- leila, já conversamos sobre isso.
- conversamos o que, bi?
- sobre isso, sobre você escolher ficar mal com isso.
- mas como, bi? como? não escolho me apaixonar de novo pela mesma pessoa.
- mas você escolhe, sabendo da situação, ficar mal ou não.. tá tá, eu sei que é foda, mas já é um grande passo
- não consigo, não consigo, você fala como se fosse muito fácil
- eu sei que não, mas...
oh, ninguém nunca me entendeu, na verdade de tudo. lá no fundo. talvez 1 ou 2 pessoas tenham captado toda minha filosofia de vida e amores e como sobreviver a cada dia e reinventar nossa própria existência a cada minuto. eu só tento me desconstruir e construir de novo enquanto as pessoas só tentam reconstruir sem quebrar nada, mas quando dão por si já estão em cacos quebrados e nada era do que elas pensavam. e nunca vai ser até o momento que você tiver a consciência que sua felicidade só depende de você e não de outra pessoa. as vidas se cruzam e os olhares e os amores e os desejos e se descruzam na mesma intensidade. mas ninguém nunca me entendeu, eu sei, eu sinto, é o modo como as pessoas me olham e pensam: oh, como ela é inocente, se tivesse a cabeça na realidade, mas é cheia desses papos idiotas e filosofia barata e essa porcaria toda aí. é assim, mas, o que fazer? eu tento dizer, cada um tem seu caminho traçado por si só. alguns descobrem outras maneiras. eu continuava imaginando as câmeras naquela cena, onde estariam? porque foi permitido só a mim presenciar isso? Leila.
- você viu minha bota nova?
- vi, maneraça.
- é bota de neve, impermeável. tomei chuva com ela e meu pé está seco.
- uau. quanto você pagou?
- 290 reais
- bem, pelo menos você vai ter o pé quente e seco
então ela voltava no assunto. e eu voltava a falar.
- leila, já falamos sobre isso. ninguém nunca morreu de amor
- ah não?
- não.
- e as pessoas que se matam por amor?
- burras. se matam porque querem, não por amor.
- claro que não, e depressão, bi? você acha que é porque a pessoa quer?
- eu sei que é foda, mas poderíamos nos esforçar e tomar consciência disso.
- as pessoas se matam por amor
- enfim
- enfim, não sou dessas que se matam, não vou me jogar da janela
- menos mal
daqui a pouco silêncio. ela ia voltava, sala, meu quarto, cozinha. o celular tocou... era o Dan
ela ficou encostada na parede do lado da geladeira falando com ele, já tinha parado de chorar, mas a dor pesava, eu podia sentir na voz. porque ela ainda atendia o telefone? ou alimentava isso? porque não era sincera com ele ou com ela mesma?
coloquei água na panela para fazer um miojo. não ouvia mais o que eles falavam. começou a tocar outra coisa com saxofone então eu fingia que tocava saxofone no ar. ela me ignorava, ela acha que zombo a cara dela por tudo isso, mas no fundo estou brincando com nós mesmos e nosso luxo de se dar ao luxo de chorar por amor/paixão. eu me dou ao luxo de chorar por tudo e ficar muito mal, só pra depois tentar ver tudo de novo com outros olhos, no final, não é o fim do mundo, nem de nossas vidas.
comi o miojo delicioso, um gênio quem inventou o miojo, não pelos seus fins, me falaram uma vez que o miojo foi inventado na primeira ou segunda guerra mundial e era o que os soldados comiam, por ser fácil de preparar. guerra ao idiotas.
depois não me lembro muito o que aconteceu. ela atendia e desligava o telefone a todo momento. brigava com ele
- porque você desligou na minha cara?
- eu não desliguei na sua cara - imagino que ele tenha respondido isso
- desligou sim, Dan, desligou pra falar tchau pro seu amigo
abri a geladeira e tomei gole de suco de pêssego com soja de caixinha. olhei e tinha dois tomates vermelhos na geladeira. coloquei os dois tomates bem vermelhos em cima do filtro de barro. como eles são lindos e vermelhos. como eles ficam mais lindos em primeiro plano e os azulejos azul e branco da cozinha ficam perfeitos de fundo. fotografei os tomates.depois ela apareceu na minha porta me dando amêndoas num saquinho rosa bebê delicado.
- nossa, essas amêndoas são divinas.
- boas, neh? são caras
- muito boas, hmmmm - respondi com a boca cheia de amêndoas
então ela arrumou as coisas.
- você vai pra Tatuí?
- não, vou encontrar o Dan.
olhei com uma cara de 'porra, tudo isso e você vai encontrar com ele..." tudo bem, você sabe o que faz. pensei.
então nos despedidos com abraços longos e fortes. o pescoço dela continuava quente, mas já não estava suado.
- boa viagem. não esquece meus chocolates suíços.
- não vou esquecer. se cuida, bi.
- te amo
- te amo
e nos abraçamos mais. então ela foi embora sem trancar a porta.
se passa na minha casa
estou sentada no chão do meu quarto encostada na parede vermelha com uma pintura do Toulouse Lautrec e uma do Picasso, estou de frente pra janela e entra uma luz de fim de tarde cinza e nublada mas ainda um sol tímido querendo se despontar, estou no computador fazendo qualquer coisa, está tocando Justice.
Alguém abre a porta da sala e penso ser ou a Arielli ou a Thaís. Olho de soslaio, ninguém apareceu ainda, volto a olhar o pc e de repente uma figura na porta, com se tivesse aparecido de repente, é a Leila em sua blusinha branca tão bonicta e uma calça jeans e um tênis de neve. Ela pára me olha e se ajoelha no chão em prantos e me abraça. Nos abraçamos então meio sem jeito, ela quente e suada, encosto o meu nariz no seu pescoço, quente e suado, mas está gostoso e aconchegante, ela chora chora chora, enquanto rola um eletrônico moderno do Justice. Ela chora mais.
- não consigo, bi, não consigo esquecer o Dan
e chora mais chora mais
eu fico quieta, silenciosa, ouvindo suas lágrimas, eu nunca tinha visto ela desse jeito, quebrada pelo seu próprio coração, ah, o amor, ah a paixão, diria Drummond:
por que amou?
por que amou se sabia
proibido passear sentimentos
ternos e desesperados
até hoje me pergunto isso. mas amamos, continuamos na amargura imensa de amar e desamar (talvez).
mas ela chorava, eu quieta.
- eu preciso ir logo pegar o ônibus das 9. nem sei se vai dar tempo..
era um monólogo imenso pela sala. ela arrumava as coisas dela que estavam em casa, chorando, ela e as coisas, enquanto eu via algumas partes do seu corpo passando pela moldura da porta, suas pernas agachadas, seus pés desesperados, seu choro soluçando.
- não dá mais, não sei o que fazer, ele não gosta mais de mim, ele me disse isso, e eu? porque eu faço isso comigo mesma? talvez eu seja masoquista, não sei. queria saber.
as palavras brotavam da boca dela em momentos exactos. tudo ali era exacto: as falas numa entonação perfeita, o movimento do corpo, os olhos, a luz do fim de tarde entrando pela janela escurecendo, a luz do computador, a luz da sala, a música ainda rolando, tudo se encaixou perfeitamente. meu corpo estava gelado. e eu ainda quieta, suspirando, tentando não sentir a dor dela, mas era impossível. tentei pensar em outra coisa, entrar na música, mas não tinha como, era um espetáculo ao vivo e único, nunca mais, nunca mais ninguém vai ver isso... infelizmente.
e então, depois do monólogo da sala que eu não me lembro, ela entrou no quarto, esbaforida, triste, sentou no canto da cama, acolheu seu cotovelo no joelho e segurou o rosto com as mãos, reparem na luz da janela, era sensacional, e então ela começava de novo:
- até quando isso, bi? não sei mais o que fazer, vou trocar o chip do celular, não vou mais atender. ele só brinca comigo. vê se pode, de manhã me liga falando que me ama que sou a mulher da vida dele que ele não quer nunca me perder, tudo bem, eu atendi sem querer o telefone, era de madrugada, ele me disse isso, depois de noite tudo ao contrário, como se fosse outra pessoa, disse que não me queria mais...
- ai, bi. - finalmente falei alguma coisa, entalada na garganta
ela chorava na beirada da cama.
- leila, a gente já conversou sobre isso..
e então saia desesperada pra sala
- preciso ir logo, será que dá tempo de pegar o ônibus das 9 pra tatuí? senão só às 11. já sei, vou agora pra passar numa casa de câmbio, até agora não troquei esse dinheiro, você sabe onde tem uma casa de câmbio?
- nem faço ideia
- eu queria ir amanhã cedo pra Capivari.
e então começava de novo o monólogo e eu falava
- leila, já conversamos sobre isso.
- conversamos o que, bi?
- sobre isso, sobre você escolher ficar mal com isso.
- mas como, bi? como? não escolho me apaixonar de novo pela mesma pessoa.
- mas você escolhe, sabendo da situação, ficar mal ou não.. tá tá, eu sei que é foda, mas já é um grande passo
- não consigo, não consigo, você fala como se fosse muito fácil
- eu sei que não, mas...
oh, ninguém nunca me entendeu, na verdade de tudo. lá no fundo. talvez 1 ou 2 pessoas tenham captado toda minha filosofia de vida e amores e como sobreviver a cada dia e reinventar nossa própria existência a cada minuto. eu só tento me desconstruir e construir de novo enquanto as pessoas só tentam reconstruir sem quebrar nada, mas quando dão por si já estão em cacos quebrados e nada era do que elas pensavam. e nunca vai ser até o momento que você tiver a consciência que sua felicidade só depende de você e não de outra pessoa. as vidas se cruzam e os olhares e os amores e os desejos e se descruzam na mesma intensidade. mas ninguém nunca me entendeu, eu sei, eu sinto, é o modo como as pessoas me olham e pensam: oh, como ela é inocente, se tivesse a cabeça na realidade, mas é cheia desses papos idiotas e filosofia barata e essa porcaria toda aí. é assim, mas, o que fazer? eu tento dizer, cada um tem seu caminho traçado por si só. alguns descobrem outras maneiras. eu continuava imaginando as câmeras naquela cena, onde estariam? porque foi permitido só a mim presenciar isso? Leila.
- você viu minha bota nova?
- vi, maneraça.
- é bota de neve, impermeável. tomei chuva com ela e meu pé está seco.
- uau. quanto você pagou?
- 290 reais
- bem, pelo menos você vai ter o pé quente e seco
então ela voltava no assunto. e eu voltava a falar.
- leila, já falamos sobre isso. ninguém nunca morreu de amor
- ah não?
- não.
- e as pessoas que se matam por amor?
- burras. se matam porque querem, não por amor.
- claro que não, e depressão, bi? você acha que é porque a pessoa quer?
- eu sei que é foda, mas poderíamos nos esforçar e tomar consciência disso.
- as pessoas se matam por amor
- enfim
- enfim, não sou dessas que se matam, não vou me jogar da janela
- menos mal
daqui a pouco silêncio. ela ia voltava, sala, meu quarto, cozinha. o celular tocou... era o Dan
ela ficou encostada na parede do lado da geladeira falando com ele, já tinha parado de chorar, mas a dor pesava, eu podia sentir na voz. porque ela ainda atendia o telefone? ou alimentava isso? porque não era sincera com ele ou com ela mesma?
coloquei água na panela para fazer um miojo. não ouvia mais o que eles falavam. começou a tocar outra coisa com saxofone então eu fingia que tocava saxofone no ar. ela me ignorava, ela acha que zombo a cara dela por tudo isso, mas no fundo estou brincando com nós mesmos e nosso luxo de se dar ao luxo de chorar por amor/paixão. eu me dou ao luxo de chorar por tudo e ficar muito mal, só pra depois tentar ver tudo de novo com outros olhos, no final, não é o fim do mundo, nem de nossas vidas.
comi o miojo delicioso, um gênio quem inventou o miojo, não pelos seus fins, me falaram uma vez que o miojo foi inventado na primeira ou segunda guerra mundial e era o que os soldados comiam, por ser fácil de preparar. guerra ao idiotas.
depois não me lembro muito o que aconteceu. ela atendia e desligava o telefone a todo momento. brigava com ele
- porque você desligou na minha cara?
- eu não desliguei na sua cara - imagino que ele tenha respondido isso
- desligou sim, Dan, desligou pra falar tchau pro seu amigo
abri a geladeira e tomei gole de suco de pêssego com soja de caixinha. olhei e tinha dois tomates vermelhos na geladeira. coloquei os dois tomates bem vermelhos em cima do filtro de barro. como eles são lindos e vermelhos. como eles ficam mais lindos em primeiro plano e os azulejos azul e branco da cozinha ficam perfeitos de fundo. fotografei os tomates.depois ela apareceu na minha porta me dando amêndoas num saquinho rosa bebê delicado.
- nossa, essas amêndoas são divinas.
- boas, neh? são caras
- muito boas, hmmmm - respondi com a boca cheia de amêndoas
então ela arrumou as coisas.
- você vai pra Tatuí?
- não, vou encontrar o Dan.
olhei com uma cara de 'porra, tudo isso e você vai encontrar com ele..." tudo bem, você sabe o que faz. pensei.
então nos despedidos com abraços longos e fortes. o pescoço dela continuava quente, mas já não estava suado.
- boa viagem. não esquece meus chocolates suíços.
- não vou esquecer. se cuida, bi.
- te amo
- te amo
e nos abraçamos mais. então ela foi embora sem trancar a porta.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
pois eu acho, senhoras e senhores membros do júri, que estamos indo muito bem nesse nosso novo projeto, temos avançado bastante em quesitos 'receboumamensagemsua: demoro-para-responder-e-fico-pensando-no-que-mandar'.
veja bem, foram muitos investimentos.
por que eu faço isso comigo mesma?
não sei, sou masoquista
também queria saber
porque a gente sempre supera
alguns mais cedo
alguns mais tarde
veja bem, foram muitos investimentos.
por que eu faço isso comigo mesma?
não sei, sou masoquista
também queria saber
porque a gente sempre supera
alguns mais cedo
alguns mais tarde
sábado, 15 de dezembro de 2012
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
confissões de fim de mundo
Só não esquece que eu te amo e que o mundo acaba em breve
acho que não costumo desamar
assim tão fácil
mas amo mais mais
sempre mais do que pude
não costumo engolir a saudade
assim seca igual
aspirina sem água
não costumo segurar o choro
quando ele vem verdadeiro
sorrateiro
de repente explode
não consigo entender o tempo das coisas
só sei que cada uma tem o seu
ritmo o seu
encadeamento o seu
desespero
Não esqueças nunca que te amo
em silêncio
e isso me dói por dentro
dói a saudade
e admito
com muita dor
e serenidade
admito fraca
livre
mansa
mas não estou em suas mãos
e nem você nas minhas
agora já são outras
outros ventos
outros sorrisos
outros amores
tão felizes
tão seus
oh, leão
pássaro
borboleta
como desamar assim
tão fácil
as jubas
e o canto
e as asas de liberdade?
como desamar
tão rápido
e cego
esquecer tudo
não há
só não esqueça
que o
mundo acaba em breve
e que eu te amo
assim
leve
acho que não costumo desamar
assim tão fácil
mas amo mais mais
sempre mais do que pude
não costumo engolir a saudade
assim seca igual
aspirina sem água
não costumo segurar o choro
quando ele vem verdadeiro
sorrateiro
de repente explode
não consigo entender o tempo das coisas
só sei que cada uma tem o seu
ritmo o seu
encadeamento o seu
desespero
Não esqueças nunca que te amo
em silêncio
e isso me dói por dentro
dói a saudade
e admito
com muita dor
e serenidade
admito fraca
livre
mansa
mas não estou em suas mãos
e nem você nas minhas
agora já são outras
outros ventos
outros sorrisos
outros amores
tão felizes
tão seus
oh, leão
pássaro
borboleta
como desamar assim
tão fácil
as jubas
e o canto
e as asas de liberdade?
como desamar
tão rápido
e cego
esquecer tudo
não há
só não esqueça
que o
mundo acaba em breve
e que eu te amo
assim
leve
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
oh, são paulo toda está iluminada com as luzes do consumismo natalino e final de ano e fim do mundo.
a paulista com seus pisca-piscas coloridos verde azul vermelho amarelo e ursos gigantes papais noéis giratórios cortinas vermelha e verdes neve artificial nesse calor tropical do inferno derretendo minha casquinha mista do mc donalds. uma fila imensa de pequenos burgueses que negam dinheiro pros mendigos que vivem ali também para apreciar as luzes e eu também negando moeda e negando o resto todo porque somos brasileiros e não desistimos nunca. os sonhos hão de se realizar nesse natal. promessas para o ano que vem, listas de presentes, listas de desejos e carinhos e muita paz e amor e sucesso, porque é preciso ter sucesso na vida.
e pelo ponto de ônibus uma moça em seu vestido tomara que caia super colado e prateado, tomara que caia, pensamos todos, enquanto as luzes brilham as luzes se confundem de carros e prédio. mas a moça passa e acompanhamos ela com a cabeça ela passa meio rápido rebolando e então vemos uma tatuagem em sua coxa quase sua bunda vários escritos, ela é loira, pára, fala com alguém, virei a cabeça, voltei, ela não estava mais lá.
as luzes da cidade as luzes da ribalta. quanto dinheiro nessa porcaria toda. as moças que vendem o sorvete no mc donalds não participam disso. estão ali vendendo o suor com seus gerentes mesquinhos e infames igualmente sendo crucificados pelas multinacionais e tooooda sua façanha masoquista trabalhista. pois se lembre: todo trabalho são relações de poder, mesquinhas, sádicas.
mas agora a moda é montar brecht. acho justíssimo. foda. foda. foda. mas façamos alguma coisa. esse calor está derretendo nossos cérebros. ninguém ainda pensou na própria vida: trabalhar pra quem? do que temos medo?
eu vivia me perguntando isso. e pensava porque eu não perguntava sempre pra aquela ex namorada: do que você tem medo?
há coisas que devem ser perguntadas, embora eu ache que o silêncio valha mais, que, tá, tudo bem, vamos sentar aqui, acender um cigarro e ver todas essas luzes luminosas iluminadas com tanto dinheiro com tanta moral e tanta ideologia barata e toda manipulação suja que nos encontramos. nós em situação de risco de perder nosso próprio poder pra nós mesmos com nossas memórias curtas e nossos desejos insanos de sermos alguém na vida, ou melhor, de termos sucesso. não tive sucesso nenhum. meu sucesso é diferente do seu. mostrar o que a quem? esconder o que de quem?
mas pegamos nossos carros ou entramos no ônibus lotado ou ainda passamos por cima de todo mundo no metrô pra conseguir embarcar agora. já. não vemos nada nem ninguém, nem espaço físico, nem árvores, ar puro somente o negro e o cinza passando velozmente bem debaixo do nosso nariz e o mundo paralelo dos reflexos dos vidros da janela. essa janela dá pra onde, moço?
pessoas do mundo todo: onde é que há gente no mundo?
se alguém grita do seu lado ou cai desmaiado
e você mostra sua boa aparência por essa avenida, seu cabelo impecável, suas roupas cheirando amaciante, seu saldo positivo no banco, seu jantar romântico na sexta, suas fotos lindas no facebook com suas amigas lindas e loiras e seus amigos inteligentes da faculdade e então um cara se aproxima, desgranhado, com a mesma desculpa de sempre: com licença, não sou assaltante, mas preciso comer, tem algumas moedinhas? e respondemos juntos em coro: NÃO.
E saímos terminando de tomar nossas casquinha de sorvete suado e derretido. conversamos sobre coisas cultas e falamos de livros e filmes. todos todos
Será que temos medo das mesmas coisas?
compro seu medo
troco medo por celular novo
esqueço abraços
desamamos fácil
criamos para obedecer alguém
ser de alguém
servir alguém
ser leal fiel escudeiro
e termos educação
mas esquecemos de criar a nós próprios e sermos nós mesmos e servirmos a nós e sermos leais a nossos sentimentos e educarmo-nos. esquecemos
amor já não há mais. há luzes piscando. nossa memória está vazia no outro dia de manhã quando acordamos com sons de rojões e cornetas porque um time de futebol ganhou. eu não ganhei nada. ganhei o rosto oleoso e um pouco de olheiras matinais. compro meu suco de laranja, meu pão de queijo, vou ao meu trabalho com ar condicionado escrevo qualquer merda e continuamos
continuamos o dia. é preciso ir. não sabemos pra onde. nem muito o porquê
a paulista com seus pisca-piscas coloridos verde azul vermelho amarelo e ursos gigantes papais noéis giratórios cortinas vermelha e verdes neve artificial nesse calor tropical do inferno derretendo minha casquinha mista do mc donalds. uma fila imensa de pequenos burgueses que negam dinheiro pros mendigos que vivem ali também para apreciar as luzes e eu também negando moeda e negando o resto todo porque somos brasileiros e não desistimos nunca. os sonhos hão de se realizar nesse natal. promessas para o ano que vem, listas de presentes, listas de desejos e carinhos e muita paz e amor e sucesso, porque é preciso ter sucesso na vida.
e pelo ponto de ônibus uma moça em seu vestido tomara que caia super colado e prateado, tomara que caia, pensamos todos, enquanto as luzes brilham as luzes se confundem de carros e prédio. mas a moça passa e acompanhamos ela com a cabeça ela passa meio rápido rebolando e então vemos uma tatuagem em sua coxa quase sua bunda vários escritos, ela é loira, pára, fala com alguém, virei a cabeça, voltei, ela não estava mais lá.
as luzes da cidade as luzes da ribalta. quanto dinheiro nessa porcaria toda. as moças que vendem o sorvete no mc donalds não participam disso. estão ali vendendo o suor com seus gerentes mesquinhos e infames igualmente sendo crucificados pelas multinacionais e tooooda sua façanha masoquista trabalhista. pois se lembre: todo trabalho são relações de poder, mesquinhas, sádicas.
mas agora a moda é montar brecht. acho justíssimo. foda. foda. foda. mas façamos alguma coisa. esse calor está derretendo nossos cérebros. ninguém ainda pensou na própria vida: trabalhar pra quem? do que temos medo?
eu vivia me perguntando isso. e pensava porque eu não perguntava sempre pra aquela ex namorada: do que você tem medo?
há coisas que devem ser perguntadas, embora eu ache que o silêncio valha mais, que, tá, tudo bem, vamos sentar aqui, acender um cigarro e ver todas essas luzes luminosas iluminadas com tanto dinheiro com tanta moral e tanta ideologia barata e toda manipulação suja que nos encontramos. nós em situação de risco de perder nosso próprio poder pra nós mesmos com nossas memórias curtas e nossos desejos insanos de sermos alguém na vida, ou melhor, de termos sucesso. não tive sucesso nenhum. meu sucesso é diferente do seu. mostrar o que a quem? esconder o que de quem?
mas pegamos nossos carros ou entramos no ônibus lotado ou ainda passamos por cima de todo mundo no metrô pra conseguir embarcar agora. já. não vemos nada nem ninguém, nem espaço físico, nem árvores, ar puro somente o negro e o cinza passando velozmente bem debaixo do nosso nariz e o mundo paralelo dos reflexos dos vidros da janela. essa janela dá pra onde, moço?
pessoas do mundo todo: onde é que há gente no mundo?
se alguém grita do seu lado ou cai desmaiado
e você mostra sua boa aparência por essa avenida, seu cabelo impecável, suas roupas cheirando amaciante, seu saldo positivo no banco, seu jantar romântico na sexta, suas fotos lindas no facebook com suas amigas lindas e loiras e seus amigos inteligentes da faculdade e então um cara se aproxima, desgranhado, com a mesma desculpa de sempre: com licença, não sou assaltante, mas preciso comer, tem algumas moedinhas? e respondemos juntos em coro: NÃO.
E saímos terminando de tomar nossas casquinha de sorvete suado e derretido. conversamos sobre coisas cultas e falamos de livros e filmes. todos todos
Será que temos medo das mesmas coisas?
compro seu medo
troco medo por celular novo
esqueço abraços
desamamos fácil
criamos para obedecer alguém
ser de alguém
servir alguém
ser leal fiel escudeiro
e termos educação
mas esquecemos de criar a nós próprios e sermos nós mesmos e servirmos a nós e sermos leais a nossos sentimentos e educarmo-nos. esquecemos
amor já não há mais. há luzes piscando. nossa memória está vazia no outro dia de manhã quando acordamos com sons de rojões e cornetas porque um time de futebol ganhou. eu não ganhei nada. ganhei o rosto oleoso e um pouco de olheiras matinais. compro meu suco de laranja, meu pão de queijo, vou ao meu trabalho com ar condicionado escrevo qualquer merda e continuamos
continuamos o dia. é preciso ir. não sabemos pra onde. nem muito o porquê
delírio sob o sol e calor intenso
não sei de onde estão saindo essas formigas pequenas. micro formigas chatas. quando vejo estão subindo pelo meu braço, pernas, pescoço, cabelo, cílios, sovaco.
o dia está quente, muito quente, muito quente, quente quente quente quente
quentíssimo
imagine um calor
pois então, esse é mais
pelo menos há um ventinho fresco
mas está calor calor calor calor calooooooooooooooooooooorrrr
e essas formigas pequenas
e meio litro de suco de laranja com duas pedras de gelo - porque na padaria não se tem mais gelo, não há mais gelo, não há o que vença fazer gelo, gelar o suco, gelar o corpo, a boca, o beijo
depois um golinho de café quente quente quente
água gelada que não é gelada
mamonha ameniza os efeitos da tensão pré menstrual
em moças desiludidas com a vida
e com o calor
música solos de guitarra de trompete saxofone flauta piano
tudo tudo e algumas batidas eletrônicas
tenho tanta preguiça das pessoas
marina, você é linda deeeeemais
tem olhos lindos e boca linda
acho que estou
com formigas pequenas no estômago
comendo o pouco do seu açúcar
o pouco de toda sua inteligência
o pouco de seus sorrisos
os meus suspiros
o pouco do seu corpo todo
e costas e tatuagem
e cicatrizes
- o que são essas cicatrizes? -
e cabelo
e o suor
de todo esse calor
do clima
e de mim
o dia está quente, muito quente, muito quente, quente quente quente quente
quentíssimo
imagine um calor
pois então, esse é mais
pelo menos há um ventinho fresco
mas está calor calor calor calor calooooooooooooooooooooorrrr
e essas formigas pequenas
e meio litro de suco de laranja com duas pedras de gelo - porque na padaria não se tem mais gelo, não há mais gelo, não há o que vença fazer gelo, gelar o suco, gelar o corpo, a boca, o beijo
depois um golinho de café quente quente quente
água gelada que não é gelada
mamonha ameniza os efeitos da tensão pré menstrual
em moças desiludidas com a vida
e com o calor
música solos de guitarra de trompete saxofone flauta piano
tudo tudo e algumas batidas eletrônicas
tenho tanta preguiça das pessoas
marina, você é linda deeeeemais
tem olhos lindos e boca linda
acho que estou
com formigas pequenas no estômago
comendo o pouco do seu açúcar
o pouco de toda sua inteligência
o pouco de seus sorrisos
os meus suspiros
o pouco do seu corpo todo
e costas e tatuagem
e cicatrizes
- o que são essas cicatrizes? -
e cabelo
e o suor
de todo esse calor
do clima
e de mim
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Olha essa sua cara feia, esse cabelo sujo, essa falta de porte, seu desleixo, essas camisas amarrotadas, seus ombros caídos.
E esse desânimo, essa angústia, uma esperança vã, o dia nublado mas o sol ainda se despontando.
pelo menos ninguém me incomoda.
Posso passar o dia todo sem falar com ninguém. Apenas o necessário. Posso permanecer em silêncio por muito tempo e ainda pensar em nada. Pensar em nada foi o que eu tenho feito, quando me dou conta penso: nossa, eu não estava pensando em nada. Que coisa louca.
o que fazemos é guardar lembranças em caixas lacradas no canto do quarto. intocáveis. proibido passear sentimentos
nada muito a ser feito. consumimos algumas coisas, agora, por exemplo, olho na minha cômoda:
perfume importado que ganhei da minha tia, talco para os pés, pente, carteira, cartões, creme, espelho, livros, tênis, roupas lavadas, roupas sujas, sabão em pó, álcool, canetas, chinelo, tapete, luminária, pipoca, chocolate, suco em pó, máscaras, toalhas, calcinhas, cuecas, meias, lençóis, óculos de sol, celular, créditos, internet, cinema, sorvete, pizza, leite, cerveja, vinho, carne, vegetais, frutas, miojo, eletricidade, gás, sacolas, banho, música, descarga, pasta de dente, fio dental, angústia, amor, saudade, quilos e quilos de indiferença, desumanidade, poder, absorventes, jantares, sabonetes, conhecimento, amizades, crueldade, pessoas.
engolimos tudo numa ânsia de sermos sempre outra coisa. nem uma coisa. nem outra. estarmos sempre em movimento, mas isso um dia pára. é aquele dia que a gente vomita a desgraça de sermos nós mesmos por alguns minutos, e vomitamos o outro e tudo de mal que nos foi feito e a nossa graça do dia a dia, nosso silêncio estúpido enquanto o sol nasce e se põe e sua luz me arde a pele nesse calor insuportável.
essa luz que me parte
essa maldita luz, esse feixe de luz que nunca vai sumir, mas penetrar fundo pelos poros do meu rosto, do meu corpo, dos meus olhos e eu vou chorar lágrimas de cachorro sem dono intolerável nas portas de comércios, bares, padarias, máquina de assar frango. intolerável com seu rabo já sem metade da pele, queimado, uma orelha cortada, uma pata mancando, mas persiste, convicto, carinhoso e cruel por ser carinhoso e carinhoso por serem cruel.
meu amigo sem amigo nenhum, nem eu mesma em minha condição posso ser sua amiga, porque não temos nada além de nós mesmos e nos agarramos fundo e rolamos restaurante a dentro, sarnentos, mofados, você, pela crueldade humana eu, pela esperança vã.
- com licença, moça, não pode entrar com cachorro aqui, ou ainda
- com licença, cachorro, mas moças assim não entram
ou nada, nenhuma palavra.
fui esquecida. fomos esquecidos. o mundo parece dar mil voltas, mas eu o sinto parado, estático, inerte, meu coração bate lento e depois acelera e não é a mesma batida dos outros corações porque já não estamos em sintonia. nada. é um caos desconexo. perdemos nossa percepção. cão.
enquanto escrevo, continuo esquecida. me esqueço em mim mesma no meio do pasto e as nuvens me cobrem.
pego o papel higiênico para assoar o nariz. já cansei de engolir essa gosma. já faz tempo que estou resfriada, essa merda não sara nunca.
pelo menos um vento leve arrasta a cortina e um pouco de luz entra.
já não importa como estou, o que faço, com quem saio, com quem não saio, nada mesmo, nada importa. eu reescreveria o tabacaria todo e diria que saiu do meu mais profundo desgosto, toda minha filosofia num poema. mas nem isso eu conseguiria. meus recursos são poucos, se é que tenho algum recurso de vida.
saio do restaurante tão imunda quanto havia entrado. as pessoas limpas, impecáveis em seus rostos puros, limpos, oxigenados.
caminho lento pela rua, barulho nenhum, parece que vivo num mundo paralelo.
E esse desânimo, essa angústia, uma esperança vã, o dia nublado mas o sol ainda se despontando.
pelo menos ninguém me incomoda.
Posso passar o dia todo sem falar com ninguém. Apenas o necessário. Posso permanecer em silêncio por muito tempo e ainda pensar em nada. Pensar em nada foi o que eu tenho feito, quando me dou conta penso: nossa, eu não estava pensando em nada. Que coisa louca.
o que fazemos é guardar lembranças em caixas lacradas no canto do quarto. intocáveis. proibido passear sentimentos
nada muito a ser feito. consumimos algumas coisas, agora, por exemplo, olho na minha cômoda:
perfume importado que ganhei da minha tia, talco para os pés, pente, carteira, cartões, creme, espelho, livros, tênis, roupas lavadas, roupas sujas, sabão em pó, álcool, canetas, chinelo, tapete, luminária, pipoca, chocolate, suco em pó, máscaras, toalhas, calcinhas, cuecas, meias, lençóis, óculos de sol, celular, créditos, internet, cinema, sorvete, pizza, leite, cerveja, vinho, carne, vegetais, frutas, miojo, eletricidade, gás, sacolas, banho, música, descarga, pasta de dente, fio dental, angústia, amor, saudade, quilos e quilos de indiferença, desumanidade, poder, absorventes, jantares, sabonetes, conhecimento, amizades, crueldade, pessoas.
engolimos tudo numa ânsia de sermos sempre outra coisa. nem uma coisa. nem outra. estarmos sempre em movimento, mas isso um dia pára. é aquele dia que a gente vomita a desgraça de sermos nós mesmos por alguns minutos, e vomitamos o outro e tudo de mal que nos foi feito e a nossa graça do dia a dia, nosso silêncio estúpido enquanto o sol nasce e se põe e sua luz me arde a pele nesse calor insuportável.
essa luz que me parte
essa maldita luz, esse feixe de luz que nunca vai sumir, mas penetrar fundo pelos poros do meu rosto, do meu corpo, dos meus olhos e eu vou chorar lágrimas de cachorro sem dono intolerável nas portas de comércios, bares, padarias, máquina de assar frango. intolerável com seu rabo já sem metade da pele, queimado, uma orelha cortada, uma pata mancando, mas persiste, convicto, carinhoso e cruel por ser carinhoso e carinhoso por serem cruel.
meu amigo sem amigo nenhum, nem eu mesma em minha condição posso ser sua amiga, porque não temos nada além de nós mesmos e nos agarramos fundo e rolamos restaurante a dentro, sarnentos, mofados, você, pela crueldade humana eu, pela esperança vã.
- com licença, moça, não pode entrar com cachorro aqui, ou ainda
- com licença, cachorro, mas moças assim não entram
ou nada, nenhuma palavra.
fui esquecida. fomos esquecidos. o mundo parece dar mil voltas, mas eu o sinto parado, estático, inerte, meu coração bate lento e depois acelera e não é a mesma batida dos outros corações porque já não estamos em sintonia. nada. é um caos desconexo. perdemos nossa percepção. cão.
enquanto escrevo, continuo esquecida. me esqueço em mim mesma no meio do pasto e as nuvens me cobrem.
pego o papel higiênico para assoar o nariz. já cansei de engolir essa gosma. já faz tempo que estou resfriada, essa merda não sara nunca.
pelo menos um vento leve arrasta a cortina e um pouco de luz entra.
já não importa como estou, o que faço, com quem saio, com quem não saio, nada mesmo, nada importa. eu reescreveria o tabacaria todo e diria que saiu do meu mais profundo desgosto, toda minha filosofia num poema. mas nem isso eu conseguiria. meus recursos são poucos, se é que tenho algum recurso de vida.
saio do restaurante tão imunda quanto havia entrado. as pessoas limpas, impecáveis em seus rostos puros, limpos, oxigenados.
caminho lento pela rua, barulho nenhum, parece que vivo num mundo paralelo.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Não, eu não me esqueci de você! Só escolhi não te ligar. Ou quando ligo você escolhe não me atender. Não nos fazemos muita questão. Talvez você não saiba o porque de tudo isso e nem faz questão de saber, talvez saiba mas não se importa. Não acho que devo fingir que está tudo bem, não acho que devo fingir que me importo. Você não me conhece mais, não sabe meus sonhos e realizações. Não tem ideia dos meus sucessos e fracassos, dos meus novos medos, minhas novas escolhas. O tempo passa, e aparecer 3 vezes a cada 365 dias não te torna presente... meu número mudou, conheci novas pessoas, redescobri outras, apaixonei, desapaixonei, meu cep mudou, minha roupa diminuiu, aumentou e diminuiu de novo, meu cabelo mudou, meu pensamento mudou, minha unha, barriga, músicas, loucuras, ideias mudaram. E tenho certeza que não sabe nem qual é a minha cor preferida. Às vezes eu acho que sinto muito, e outras acho que não sinto nada... Mas se estou escrevendo, de alguma forma, ainda está presente! Mais uma vez você não saberá o que sinto ou penso. E isso já faz parte da minha rotina...
L.C.
com algumas modificações
L.C.
com algumas modificações
Há
Preguiça do mundo e das pessoas. Todas elas fodidas pela vida, com seus cabelos bem aparados, seus óculos escuros dando pinta protegendo os olhinhos dourados do sol e da ventania. A obrigação moral de procurar alguma coisa pra fazer na vida enquanto se espera ela passar. Deus ajuda quem cedo madruga, e os ônibus lotados, dezenas de caras espremidas enquanto a luz do dia finge se mostrar, dezenas de corpos se contorcendo e ao mesmo tempo a milhares de distância. As cabeças tentando lembrar de coisas boas para suportar o mal estar o mal cheiro o mal planejamento. Se não bastasse, o calor chega e todo o suor do mundo escorre pelos poros e pelas costas e pela bunda.
Todos eles fodidos. Todos nós.
Mas eles não se contentam em ser fodidos sozinhos. Há aqueles que te fodem com cartões de créditos, há aqueles que te cospem na cara ou na comida, há os motoristas mau-humorados, há os da burocracia, há os que te obrigam a seguir a ordem, há os que não estão nem aí também, há os que nem sabem que você existe, há os que fingem que você não existe e por isso eles existem mais, há aqueles que fingem não te foder e sorriam e por uma boa razão maior eles acham que podem fazer isso e te fodem mesmo, há os que desviam o olhar, há os que cruzam, há os carentes, há os burros por prazer, há os inteligentes por burrice, há os que te dão bom dia e os que não te dão bom dia, há aqueles que não sabem o que você é, só sabe quanto vale, há os que acham que uma garrafa de água é a arma mais temida do mundo, há aqueles que te acham idiota e te fazem engolir o que eles acham, há os que não sabem que são idiotas, há aqueles que te conhece e desconhece logo em seguida, há os arrogantes, há os de direita e de esquerda, igualmente sanguinários, igualmente querendo te consumir, mas de maneiras camufladas, embora a mesma coisa, há os que viveram com você por um certo tempo e depois nunca mais se há de ouvir falar, há os que mantém a ordem na desordem, há os que nada, há os que tudo e há você.
E há você destemido, há você com o cu na mão cheirando bosta, há você comendo merda, há você com o peito aberto. Há você representando todos os papéis quando não se há papel nenhum pra representar, mas você é o seu meio e você se engole.
Todos eles fodidos. Todos nós.
Mas eles não se contentam em ser fodidos sozinhos. Há aqueles que te fodem com cartões de créditos, há aqueles que te cospem na cara ou na comida, há os motoristas mau-humorados, há os da burocracia, há os que te obrigam a seguir a ordem, há os que não estão nem aí também, há os que nem sabem que você existe, há os que fingem que você não existe e por isso eles existem mais, há aqueles que fingem não te foder e sorriam e por uma boa razão maior eles acham que podem fazer isso e te fodem mesmo, há os que desviam o olhar, há os que cruzam, há os carentes, há os burros por prazer, há os inteligentes por burrice, há os que te dão bom dia e os que não te dão bom dia, há aqueles que não sabem o que você é, só sabe quanto vale, há os que acham que uma garrafa de água é a arma mais temida do mundo, há aqueles que te acham idiota e te fazem engolir o que eles acham, há os que não sabem que são idiotas, há aqueles que te conhece e desconhece logo em seguida, há os arrogantes, há os de direita e de esquerda, igualmente sanguinários, igualmente querendo te consumir, mas de maneiras camufladas, embora a mesma coisa, há os que viveram com você por um certo tempo e depois nunca mais se há de ouvir falar, há os que mantém a ordem na desordem, há os que nada, há os que tudo e há você.
E há você destemido, há você com o cu na mão cheirando bosta, há você comendo merda, há você com o peito aberto. Há você representando todos os papéis quando não se há papel nenhum pra representar, mas você é o seu meio e você se engole.
sábado, 8 de dezembro de 2012
pequenas contradições da vida
às vezes uma luz de fim de tarde me deixa muito feliz
às vezes sentir saudade me deixa um pouco triste
geralmente tenho saudades sempre
e geralmente sempre gosto da luz de fim de tarde
às vezes sentir saudade me deixa um pouco triste
geralmente tenho saudades sempre
e geralmente sempre gosto da luz de fim de tarde
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Ladainha
Oh Santa Valentina
das causas secretas
que meu suor não se alastre de emoção
nem eu gagueje em horas impróprias
E nossos destinos traçados
por fios quase invisíveis
se entrelacem sutilmente
com carinho e ternura
E eu consiga ao menos
aquelas fagulhas
imperceptíveis e tão
diretas
e
alguma
coisa
se
concretize.
Amém?
amem
das causas secretas
que meu suor não se alastre de emoção
nem eu gagueje em horas impróprias
E nossos destinos traçados
por fios quase invisíveis
se entrelacem sutilmente
com carinho e ternura
E eu consiga ao menos
aquelas fagulhas
imperceptíveis e tão
diretas
e
alguma
coisa
se
concretize.
Amém?
amem
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Em fins de tarde
Tocava Wish you were here do Pink Floyd. A janela estava aberta para os galhos e folhas de uma árvore. Ela estava fazendo um cigarro e tentava me ensinar, mas eu suava muito, minha mão estava molhada. Foi um momento tão gostoso, a luz estava meio amarelada e naquele segundo o tempo parou. Você é muito bonicta e parece que te conheço há muito tempo.
domingo, 2 de dezembro de 2012
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Saudade implodida pelo canto do vento
Vou falar da saudade que desponta como desponta esse sol no meu rosto todo dia às 17h17 pela fresta do vitrô. É uma coisa amarga que fica boiando no coração e de repente explode como lava de vulcão. Não consegui conter o chorinho baixo e a água pouca saindo do nariz. Mas contive alguma coisa, queria chorar mais, não sei, me deu vontade, me deu saudade.
Eu queria escrever escrever escrever escrever pra ver se sai ao menos essa amargura repentina, porque saudade às vezes é bom, é gostoso, mas agora está me deixando triste e dolorida, assim, quietinha.
A tua saudade corta como aço de navaia
O vento soprou forte aqui, o cabelo ficou no rosto misturado com as lágrimas e me virei de costas pra poder chorar mais.
Nossa, que vontade imensa de chorar.
Chorar é o que nos resta às vezes. A saudade vai ficar mesmo, ora como coisa boa, de tudo o que se passou, de tudo o que passamos, sorrisos e amor e marshmallows, ora como coisa ruim, de que nada disso vai voltar, ou a ideia de que nada disso um dia volta.
Daí eu passo a manga da blusa no rosto. Uma blusa que caiu o botão.
Pareço ser feita de açúcar.
Sou agora, neste exacto momento, todo o sentimento do mundo. Alguma coisa que não consigo conter, um amor incontrolável que escapou, uma falta tremenda que me pesa, coisas do coração, coisas que não se consegue trancafiar numa caixa e fechá-la, não dá pra fechar momentos da vida como se fossem livros, eles ficam lá parados nos tempo, eclodindo nas nossas pupílas, percorrendo o corpo todo em silêncio absoluto e você sente sua veia disparando, ficam lá, refletindo nas lembranças e nas árvores que balançam e nos passarinhos cantando em seus ninhos quentinhos pela manhã. Ficam lá tremendo na beira do abismo das lembranças, fazem que caem, mas nunca caem, pelo contrário, saltam para outro monte e se estabelecem por lá mesmo, numa gruta. E despontam feito festa surpresa de aniversário, no abraço que foi e ficou, na luz da vela se apagando, na flor da menina com uma flor, ficam nas ruas que pisamos, no cheiro, nos livros, nas cartas, no copo de vinho, a marca de batom no copo de vinho, a digital no copo de vinho e no seu corpo, invisível, mas está lá.
Tudo isso somado e regado ainda com o som das músicas proibidas - e x p l o d e
explode
e
x p l
o d
e
estou nua na areia
o mar é calmo
meu coração borbulha
meu coração é vivo
e sente saudade
Eu queria escrever escrever escrever escrever pra ver se sai ao menos essa amargura repentina, porque saudade às vezes é bom, é gostoso, mas agora está me deixando triste e dolorida, assim, quietinha.
A tua saudade corta como aço de navaia
O vento soprou forte aqui, o cabelo ficou no rosto misturado com as lágrimas e me virei de costas pra poder chorar mais.
Nossa, que vontade imensa de chorar.
Chorar é o que nos resta às vezes. A saudade vai ficar mesmo, ora como coisa boa, de tudo o que se passou, de tudo o que passamos, sorrisos e amor e marshmallows, ora como coisa ruim, de que nada disso vai voltar, ou a ideia de que nada disso um dia volta.
Daí eu passo a manga da blusa no rosto. Uma blusa que caiu o botão.
Pareço ser feita de açúcar.
Sou agora, neste exacto momento, todo o sentimento do mundo. Alguma coisa que não consigo conter, um amor incontrolável que escapou, uma falta tremenda que me pesa, coisas do coração, coisas que não se consegue trancafiar numa caixa e fechá-la, não dá pra fechar momentos da vida como se fossem livros, eles ficam lá parados nos tempo, eclodindo nas nossas pupílas, percorrendo o corpo todo em silêncio absoluto e você sente sua veia disparando, ficam lá, refletindo nas lembranças e nas árvores que balançam e nos passarinhos cantando em seus ninhos quentinhos pela manhã. Ficam lá tremendo na beira do abismo das lembranças, fazem que caem, mas nunca caem, pelo contrário, saltam para outro monte e se estabelecem por lá mesmo, numa gruta. E despontam feito festa surpresa de aniversário, no abraço que foi e ficou, na luz da vela se apagando, na flor da menina com uma flor, ficam nas ruas que pisamos, no cheiro, nos livros, nas cartas, no copo de vinho, a marca de batom no copo de vinho, a digital no copo de vinho e no seu corpo, invisível, mas está lá.
Tudo isso somado e regado ainda com o som das músicas proibidas - e x p l o d e
explode
e
x p l
o d
e
estou nua na areia
o mar é calmo
meu coração borbulha
meu coração é vivo
e sente saudade
Às vezes entra um vento frio pela fresta da porta
somos fumaça
que queima a garganta
e dentro de nós
uma neblina
em dia de descer a serra
um dia te beijei
debaixo da árvore
outro dia
esperei no ponto de ônibus
o ônibus que não chegava nunca
e peguei outro
essa mania de esperar
esperar a noite chegar
esperar o avião
esperar a luz voltar
a chuva passar
esperar a vida acabar
esperar a fumaça
se diluir no vento
pra poder ver melhor
às vezes dá uma sensação de que
nunca mais te verei
porque escrevo isso?
e me dói um pouco
me dá saudade
me assumo
em certas condições
é um pouco triste
uma lágrima triste
de tempo/espaço
diversos
como sempre foi
uma hora tentamos esconder
e escondemos bem
esconde-se bem
outra hora aponta
depois se esconde
depois aponta
. . .
digo por mim
apenas
que sejamos felizes
em todos os sentidos
ao menos
pois não no sentido
que não foi
que sejamos felizes
que queima a garganta
e dentro de nós
uma neblina
em dia de descer a serra
um dia te beijei
debaixo da árvore
outro dia
esperei no ponto de ônibus
o ônibus que não chegava nunca
e peguei outro
essa mania de esperar
esperar a noite chegar
esperar o avião
esperar a luz voltar
a chuva passar
esperar a vida acabar
esperar a fumaça
se diluir no vento
pra poder ver melhor
às vezes dá uma sensação de que
nunca mais te verei
porque escrevo isso?
e me dói um pouco
me dá saudade
me assumo
em certas condições
é um pouco triste
uma lágrima triste
de tempo/espaço
diversos
como sempre foi
uma hora tentamos esconder
e escondemos bem
esconde-se bem
outra hora aponta
depois se esconde
depois aponta
. . .
digo por mim
apenas
que sejamos felizes
em todos os sentidos
ao menos
pois não no sentido
que não foi
que sejamos felizes
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
aos tiros e sons elétricos
Nossa, te contaria todas a leis de Murphy aplicadas à minha vida. Eu viraria estrela, faria piruetas rodopiava em volta dos seus cabelos ao vento, mas vai ficar pra outros posts... ou postes?
Consigo me sentir pelada estando com roupa. Consigo penetrar nessa música como se um violão estivesse tocando de dentro de mim. Essa sonoridade do Gorillaz é apenas sensacional, cara, redescobrindo. É realmente muuuuuito bom. O primeiro CD é foda... mas estou ouvindo outro chamado The Fall e é quase uma outra pegada mas com uma essência que percorre todas as músicas.
Era uma vez a lua que diria baudelaire que era o próprio capricho em sim, pegou aquela criança em seus braços ou em seu vel e lhe disse:
- você há de sofrer todas as minhas influências e lá lá lá...
e a criança em seus braços dormia com uma ternura angelical.
gosto do som de flauta. e então o som da flauta e dos grilos na calada da noite embalavam o menino por dentre as nuvens pomposas e frias, lá embaixo quase se ouvia um pierrot dançando, uma colombinado tomando vermut. e essa criança atravessaria todo o bosque, os lagos com patinhos cor de rosa, o céu, as fronteiras, as copas das araucarias, os pássaros e dinossauros e toda a atmosfera numa aquarela me desculpem a rima, e eu quase me senti como uma borboleta negra, em Brás Cubas, que é morta com uma pancada de pano, uma borboleta enegrecendo e indo ao chão rodopiando girando sobre seu próprio eixo e dando de cara no chão, dura, fria, frio, o ar em volta quase em preto e branco, o som da flauta se misturava ao da harpa, o menino acordava meio lento, eu quase dormindo
Consigo me sentir pelada estando com roupa. Consigo penetrar nessa música como se um violão estivesse tocando de dentro de mim. Essa sonoridade do Gorillaz é apenas sensacional, cara, redescobrindo. É realmente muuuuuito bom. O primeiro CD é foda... mas estou ouvindo outro chamado The Fall e é quase uma outra pegada mas com uma essência que percorre todas as músicas.
Era uma vez a lua que diria baudelaire que era o próprio capricho em sim, pegou aquela criança em seus braços ou em seu vel e lhe disse:
- você há de sofrer todas as minhas influências e lá lá lá...
e a criança em seus braços dormia com uma ternura angelical.
gosto do som de flauta. e então o som da flauta e dos grilos na calada da noite embalavam o menino por dentre as nuvens pomposas e frias, lá embaixo quase se ouvia um pierrot dançando, uma colombinado tomando vermut. e essa criança atravessaria todo o bosque, os lagos com patinhos cor de rosa, o céu, as fronteiras, as copas das araucarias, os pássaros e dinossauros e toda a atmosfera numa aquarela me desculpem a rima, e eu quase me senti como uma borboleta negra, em Brás Cubas, que é morta com uma pancada de pano, uma borboleta enegrecendo e indo ao chão rodopiando girando sobre seu próprio eixo e dando de cara no chão, dura, fria, frio, o ar em volta quase em preto e branco, o som da flauta se misturava ao da harpa, o menino acordava meio lento, eu quase dormindo
domingo, 25 de novembro de 2012
Uma massagem desencadeia todos os tesões da vida, ou mesmo a ideia dela.
Ela me disse assim: vou encostar meus lábios molhados nas suas costas. continuou: depois beijo sua nuca e sua orelha segurando com uma mão o seu cabelo e a outra...
Aí morri. Não há jogo mais baixo do que insinuar que quer trepar com você. Mas nuca e orelha é meu ponto fraco, fraquíssimo, já me arrepio só de pensar. Oh beibi baby beiby
você está louca de tesão
posso apostar que sua cama pega fogo quando me fala tudo isso e eu dou corda, vou jogando o jogo, delícia, é assim mesmo, claro, querida, só estou esperando você me visitar, estou abrindo um vinho em temperatura ideal e vamos passar a madrugada toda trepando e suando muito.
Ela me disse assim: vou encostar meus lábios molhados nas suas costas. continuou: depois beijo sua nuca e sua orelha segurando com uma mão o seu cabelo e a outra...
Aí morri. Não há jogo mais baixo do que insinuar que quer trepar com você. Mas nuca e orelha é meu ponto fraco, fraquíssimo, já me arrepio só de pensar. Oh beibi baby beiby
você está louca de tesão
posso apostar que sua cama pega fogo quando me fala tudo isso e eu dou corda, vou jogando o jogo, delícia, é assim mesmo, claro, querida, só estou esperando você me visitar, estou abrindo um vinho em temperatura ideal e vamos passar a madrugada toda trepando e suando muito.
sábado, 24 de novembro de 2012
nota
Só pra constar que esse é um dos poucos finais de semestres que eu não tenho crises de relacionamentos + crises acadêmicas de provas finais.
só na crise das provas finais mesmo.
mas superamos
só na crise das provas finais mesmo.
mas superamos
sábado, 17 de novembro de 2012
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Desalinho
Então tá bom, é isso mesmo, pensei comigo. As ideias rodeando meus olhos cinzentos. É isso que foi um dia e não vai ser mais e escrevo isso com a luz do sol rasgando as nuvens nubladas e o frio de um dia quase parado. Eu posso ver tudo o que foi, com o pesar do cinza dos meus olhos ainda, que viagem é essa? Quem fomos? Não nos somos mais, mas fomos. E agora somos outras coisas. Não nos fazemos questão e quase choro, mas não consigo, estou mais sisuda, carente também, mas meu apetite agora é só por laranjas e leite puro e gelado. Não é de todo ruim, não me acho ruim, quem se acha ruim quando fica o dia todo na cama? Ninguém.
Então tá, é isso. Realmente agora tanto faz, como você pensou. Oh, eu adoro cuspir as palavras assim com minha postura incrédula, sem desalinhar em nada minha roupa, o casaco quase intacto no corpo quente, tremendo, fervendo por dentro, o suor escorrendo entre os seios.
O dia está caminhando devagar e não seria assim antes, seria ao contrário, ele passaria voando, eu comeria qualquer coisa, continuo comendo qualquer coisa e choraria de alegria sentada na privada, cagando e rindo do mundo, da putaria mundana, dos religiosos, dos ateus, dos políticos, dos idiotas, dos otários, quando somos tudo isso ao mesmo tempo e ao mesmo tempo nada. Com certeza você estaria pegando um cigarro num maço que eu comprei ontem e não fumei quase nada, estaria pegando um cigarro e tentando acender com um fósforo, chegaria na janela soltando fumaça e passaria uma perna na outra, levemente o pé por toda a perna, consigo vê-la, com um casaco novo meu, que parece velho. Enquanto isso eu cagava cagava todo o nojo do que um dia seria tudo isso, sabíamos bem, não nos importa mais.
Os azulejos do meu banheiro vertendo em carne nua sangrando chorando nossos lamentos, nossos amores perdidos, nossos amores que um dia virão e acabarão também, como tudo nesse mundo se acaba, e acabará a porra dessa porra toda.
Agora, adeus. O vento balança minha cortina. O vento leva a traz a poeira da rua que é uma poeira misturada com a parte de cada um de nós.
Então tá, é isso. Realmente agora tanto faz, como você pensou. Oh, eu adoro cuspir as palavras assim com minha postura incrédula, sem desalinhar em nada minha roupa, o casaco quase intacto no corpo quente, tremendo, fervendo por dentro, o suor escorrendo entre os seios.
O dia está caminhando devagar e não seria assim antes, seria ao contrário, ele passaria voando, eu comeria qualquer coisa, continuo comendo qualquer coisa e choraria de alegria sentada na privada, cagando e rindo do mundo, da putaria mundana, dos religiosos, dos ateus, dos políticos, dos idiotas, dos otários, quando somos tudo isso ao mesmo tempo e ao mesmo tempo nada. Com certeza você estaria pegando um cigarro num maço que eu comprei ontem e não fumei quase nada, estaria pegando um cigarro e tentando acender com um fósforo, chegaria na janela soltando fumaça e passaria uma perna na outra, levemente o pé por toda a perna, consigo vê-la, com um casaco novo meu, que parece velho. Enquanto isso eu cagava cagava todo o nojo do que um dia seria tudo isso, sabíamos bem, não nos importa mais.
Os azulejos do meu banheiro vertendo em carne nua sangrando chorando nossos lamentos, nossos amores perdidos, nossos amores que um dia virão e acabarão também, como tudo nesse mundo se acaba, e acabará a porra dessa porra toda.
Agora, adeus. O vento balança minha cortina. O vento leva a traz a poeira da rua que é uma poeira misturada com a parte de cada um de nós.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
gosto do bom gosto
sempre me encanto com
olhos bonictos
e sorrisos singelos
mesmo que não sejam pra mim
observo
os pequenos movimentos
um fio de cabelo que cai no rosto
ou na boca
e a pessoa tira com a ponta do dedo
ou joga pra trás
num movimento com a cabeça
ou quando um cheiro de perfume
passa
e você vira a cabeça
pra trás
ou quando se cruzam
sem querer
ou quando ainda
nos sorrimos
sem pretenções
olhos bonictos
e sorrisos singelos
mesmo que não sejam pra mim
observo
os pequenos movimentos
um fio de cabelo que cai no rosto
ou na boca
e a pessoa tira com a ponta do dedo
ou joga pra trás
num movimento com a cabeça
ou quando um cheiro de perfume
passa
e você vira a cabeça
pra trás
ou quando se cruzam
sem querer
ou quando ainda
nos sorrimos
sem pretenções
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Poesiar o tudo, cada canto
oh, você não acha que falta um pouco de poesia nos olhos, um sussuro poético no ouvido de madrugada, a poesia tatuada na pele, o cheiro do poema misturado com o de feijão no barulho da panela de pressão, a poesia que a gente não fala e fica parada no ar, a poesia relida mil vezes e é sempre outra, a poesia que a gente pisa, que comemos, que está nos cabelos, lisos, ondulados, encaracolados, a poesia que ninguém nunca disse, aquela leve folha cheia de poesia e insetos, você não acha que falta um pouco de poesia colorida nesse cinza respingado na nossa cara?
debaixo da cama, na aresta da porta do banheiro, na privada cheirando urina, a poesia transcende jogada no cesto do lixo da cozinha com restos de cascas de frutas e potes de danone.
se alguém te ligasse e recitasse um poema assim
sem pretenções que não fossem as poéticas
e desligasse e o silêncio ocupasse todo ar ao seu redor
cheio cheio cheio cheio de poesia
e a poesia te acariciaria os lábios e passaria pelos seus cabelos
como se passa um pente
invisível
e todo seu corpo tremesse
desde o pescoço até o calcanhar
uma sensação única
em cima do guarda-roupa
no bueiro nos ratos calados
nos insetos rastejantes - oh, os insetos rastejantes
como eu os admiro nesse maravilhoso asqueroso de rastejar
a madrugada sussurrante
o zíper da blusa
o bolso da calça
a alça da bolsa
o cadarço dos tênis
transpirando suor e poemas
mal feitos
mas que estão lá
sorrindo com seus dentes amarelos
que são melhroes que as caras pálidas
que andam pela rua amarga
veja bem, você não acha que precisamos poetisar tudo, nos seus ecos
nas suas dobras
onde não alcançamos
onde não nos alcançamos
uns aos outros e
nós mesmos
e nós mesmos nos outros
líquidos brutos espirituais e mortais
os leves olhares cansados
e as mãos lisas finas
grossas que te apertam
e os braços abraços
que não são dados
todos os lugares
e entre o vão dos meus dedos que
meus dedos grudados
e os seus dedos que me tocam com
receio
eles têm sua poesia
eles nós todos temos
que se espalha como chama no
papel com álcool no carvão
em brasa
queimando
a poesia queimando
nosso frio
nos frios
nas chuvas
você não acha?
debaixo da cama, na aresta da porta do banheiro, na privada cheirando urina, a poesia transcende jogada no cesto do lixo da cozinha com restos de cascas de frutas e potes de danone.
se alguém te ligasse e recitasse um poema assim
sem pretenções que não fossem as poéticas
e desligasse e o silêncio ocupasse todo ar ao seu redor
cheio cheio cheio cheio de poesia
e a poesia te acariciaria os lábios e passaria pelos seus cabelos
como se passa um pente
invisível
e todo seu corpo tremesse
desde o pescoço até o calcanhar
uma sensação única
em cima do guarda-roupa
no bueiro nos ratos calados
nos insetos rastejantes - oh, os insetos rastejantes
como eu os admiro nesse maravilhoso asqueroso de rastejar
a madrugada sussurrante
o zíper da blusa
o bolso da calça
a alça da bolsa
o cadarço dos tênis
transpirando suor e poemas
mal feitos
mas que estão lá
sorrindo com seus dentes amarelos
que são melhroes que as caras pálidas
que andam pela rua amarga
veja bem, você não acha que precisamos poetisar tudo, nos seus ecos
nas suas dobras
onde não alcançamos
onde não nos alcançamos
uns aos outros e
nós mesmos
e nós mesmos nos outros
líquidos brutos espirituais e mortais
os leves olhares cansados
e as mãos lisas finas
grossas que te apertam
e os braços abraços
que não são dados
todos os lugares
e entre o vão dos meus dedos que
meus dedos grudados
e os seus dedos que me tocam com
receio
eles têm sua poesia
eles nós todos temos
que se espalha como chama no
papel com álcool no carvão
em brasa
queimando
a poesia queimando
nosso frio
nos frios
nas chuvas
você não acha?
Como quando se desfaz e refaz
" a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida"
Vinícius de Moraes
acho maravilhoso quando
num dia chuvoso nublado e um pouco abafado
estou desanimada
e pelos pingos d'água e pelo leve ar que paira
e pelos singelos momentos e sorrisos
e árvores verdes balançando sua chuva guardada
e pelos encontros
e pelos desencontros
e pelos poemas
conseguimos sorrir
um sorriso riso
livre
Não são maravilhosos os encontros?
os acasos
os caminhos desviados
a chuva e o sol que nunca sabem quando vem
as pessoas em seus mundos
tantas tantas tantas tão interessantes
tão únicas em suas filosofias
em seus medos e suas descontruções
para se fazerem outras
outros eus
descontruídos
refaz
e se abrem
como uma flor se abre na primavera
e cai com o vento suas pétalas
e nasce novamente
e nos atraímos
e nos repulsamos
nunca mais nos encontramos
mas encontramos outros
com seus sorrisos risos livres
e suas angústias e seus eus
se encontrando com os meus
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
oi dio
hoje foi incrível. exposição da ligia clark no itau cultural. maneraço. mas continuo preferindo Maria Martins e sua oposição à arte concreta.
depois quase desfilei na rua, as pessoas riam pra mim, era muito engraçado, muito engraçado.
tocando mr jones
oooh mr jones
hoje foi incrível. exposição da ligia clark no itau cultural. maneraço. mas continuo preferindo Maria Martins e sua oposição à arte concreta.
depois quase desfilei na rua, as pessoas riam pra mim, era muito engraçado, muito engraçado.
tocando mr jones
oooh mr jones
Mr. Jones e eu contamos um ao outro contos de fadas
E olhamos para as mulheres bonitas
" Ela está olhando para você. Ah não, não, ela está olhando para mim"
Sorrindo nas luzes brilhantes
Penetrando em estéreo
Quando todo mundo te ama, você nunca pode ficar só
oohhh pintarei meu quadro com vermelho e preto e branco e todas as cores
mr jones, meu querido
são outras dimensões
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Poom me
explodiu entre as nuvens Ploom bee Ploom BeeEe
gotas azuis gotas de luz
raios rosas de luz com amarelos claros e lilases
em câmera lenta
é uma explosão magnífica
cheia embevecida reluzente
é uma flor desabrochando
como cristal se partindo
Mom Me POlloooOOMMM
O caule verde
verdinho
as folhas verdes
verdinhas
Tão fofas em suas caretas
de amora
e cara de maracujá malandro
Diga-me, moça
o que você vai querer pro jantar?
vou dar abraços e beijinhos
mas venha explodir-se
de amor e alegria
sorrisinhos tímidos
por trás da porta
um sorrisinho maroto
um sorrisinho tímido
outro tímido também
e um beijo de batom no papel
explodiu entre as nuvens Ploom bee Ploom BeeEe
gotas azuis gotas de luz
raios rosas de luz com amarelos claros e lilases
em câmera lenta
é uma explosão magnífica
cheia embevecida reluzente
é uma flor desabrochando
como cristal se partindo
Mom Me POlloooOOMMM
O caule verde
verdinho
as folhas verdes
verdinhas
Tão fofas em suas caretas
de amora
e cara de maracujá malandro
Diga-me, moça
o que você vai querer pro jantar?
vou dar abraços e beijinhos
mas venha explodir-se
de amor e alegria
sorrisinhos tímidos
por trás da porta
um sorrisinho maroto
um sorrisinho tímido
outro tímido também
e um beijo de batom no papel
domingo, 4 de novembro de 2012
Ela me ligou dizendo que estava com saudade. Lá estava eu em minha cama suando nos calores estranhos e psicodélicos de São Paulo, o sol se pondo pela minha janela do meu quarto dos milhares de outros quartos e janelas, pensando na putaria mundana. Oi, linda, queria te ver, beijar essa sua boca, esse seu beijo divino.
Ela nunca fala direito comigo no telefone, sempre tem alguém por perto e eu é que fico ouvindo ela conversar com os outros. eu acho engraçado, mas às vezes me irrita, porque ela desliga sem ter mesmo conversado comigo, saber como eu estava ou marcado um encontro. Desligo o telefone rindo pro teto já deitada no chão com a nossas abelhas que rodeiam a luz. O mundo lá fora acontece e aconteço aqui dentro. tá bom, acabou na mesma, sei lá quando vou te ver de novo, mas também não me importa, enquanto isso você sai por todas as baladas de nossas vidas enquanto finjo que estudo, que essa minha vida acadêmica anda ao mesmo tempo muito interessante e blasé, seja lá o que isso quer dizer. os dias andam quentes, daí chove muito e esfria e os finais de semanas passam nublados quando chega domingo a tarde se põe num lindo céu azul, sem bundas e peitos e cabelos. mas to sempre com tesão de tudo, querendo engolir o mundo todo, vomitá-lo aos poucos depois com todas as cores do arco íris com metafísica sem significação.
Aquela dos olhos marcantes me pede o telefone passa o dela me chama pra sair e me larga no meio da praça às quinquilharias cinzas. Outros caminhos surgem e outras aparecem com seus outros olhos marcantes e sorrisos lindos e bocas tão beijáveis feito pêssego maduro, com suas conversas legais, e dentes bem postos às vezes um pouco afastados às vezes bem juntos. A boca é uma coisa tão linda.
Enquanto eu estava deitada na rede, no meio da madrugada cansada depois de uma boa boêmia, ela se achegou na sua camisola listrada, deitou no sofá mostrando suas pernas morenas, e por um segundo um olhar cravou no meu de impiedosa lascívia, por um segundo, te garanto. Pegava no meu pescoço - oi, gatinha, vem sempre aqui - subindo a rua rindo e bocejando, rindo e rindo e declamando algum poema. Oh!
Aquele clima de desejo no ar, olhares trocados, sorrisos de canto de boca, descobertas internas borbulhado, blablablablablabla. ninguém nunca sabe, só sente, isso é coisa de se sentir. oras, pediu meu telefone, e isso, em nossa sociedade, no mínimo, quer dizer alguma coisa com aquele clima de desejo no ar. N o m í n i m o.
Então eu volto terrivelmente explodindo dentro do ônibus, o dia amanhecendo e entardecendo num sol terrivelmente quente, já estou mais do que suada, desodorante vencido, desejos no ar, olhares cruzados, fumaça de cigarro pairando esse clima, o cabelo, pêlos pelo corpo. O ônibus se desloca meio devagar meio rápido, minha imaginação fica girando feito máquina de lavar no mesmo lugar, no mesmo lugar de sempre, reconstituindo as coisas que não foram ditas e ficaram escondidas nas entrelinhas entre os tacos da sala, passando pela cozinha, banheiro, corredor e sacada, num método invisível de se sentir a grande e magnífica estrela da noite de você mesma.
Grandes aplausos. Desço cantando do onibus e caminho até minha casa num gingado malandro, as ruas silenciosas, um cachorro latindo de madrugada.
A noite se alonga através da janela, cheia de calor e com um jeito de chuva que promete molhar o coração.
Ela nunca fala direito comigo no telefone, sempre tem alguém por perto e eu é que fico ouvindo ela conversar com os outros. eu acho engraçado, mas às vezes me irrita, porque ela desliga sem ter mesmo conversado comigo, saber como eu estava ou marcado um encontro. Desligo o telefone rindo pro teto já deitada no chão com a nossas abelhas que rodeiam a luz. O mundo lá fora acontece e aconteço aqui dentro. tá bom, acabou na mesma, sei lá quando vou te ver de novo, mas também não me importa, enquanto isso você sai por todas as baladas de nossas vidas enquanto finjo que estudo, que essa minha vida acadêmica anda ao mesmo tempo muito interessante e blasé, seja lá o que isso quer dizer. os dias andam quentes, daí chove muito e esfria e os finais de semanas passam nublados quando chega domingo a tarde se põe num lindo céu azul, sem bundas e peitos e cabelos. mas to sempre com tesão de tudo, querendo engolir o mundo todo, vomitá-lo aos poucos depois com todas as cores do arco íris com metafísica sem significação.
Aquela dos olhos marcantes me pede o telefone passa o dela me chama pra sair e me larga no meio da praça às quinquilharias cinzas. Outros caminhos surgem e outras aparecem com seus outros olhos marcantes e sorrisos lindos e bocas tão beijáveis feito pêssego maduro, com suas conversas legais, e dentes bem postos às vezes um pouco afastados às vezes bem juntos. A boca é uma coisa tão linda.
Enquanto eu estava deitada na rede, no meio da madrugada cansada depois de uma boa boêmia, ela se achegou na sua camisola listrada, deitou no sofá mostrando suas pernas morenas, e por um segundo um olhar cravou no meu de impiedosa lascívia, por um segundo, te garanto. Pegava no meu pescoço - oi, gatinha, vem sempre aqui - subindo a rua rindo e bocejando, rindo e rindo e declamando algum poema. Oh!
Aquele clima de desejo no ar, olhares trocados, sorrisos de canto de boca, descobertas internas borbulhado, blablablablablabla. ninguém nunca sabe, só sente, isso é coisa de se sentir. oras, pediu meu telefone, e isso, em nossa sociedade, no mínimo, quer dizer alguma coisa com aquele clima de desejo no ar. N o m í n i m o.
Então eu volto terrivelmente explodindo dentro do ônibus, o dia amanhecendo e entardecendo num sol terrivelmente quente, já estou mais do que suada, desodorante vencido, desejos no ar, olhares cruzados, fumaça de cigarro pairando esse clima, o cabelo, pêlos pelo corpo. O ônibus se desloca meio devagar meio rápido, minha imaginação fica girando feito máquina de lavar no mesmo lugar, no mesmo lugar de sempre, reconstituindo as coisas que não foram ditas e ficaram escondidas nas entrelinhas entre os tacos da sala, passando pela cozinha, banheiro, corredor e sacada, num método invisível de se sentir a grande e magnífica estrela da noite de você mesma.
Grandes aplausos. Desço cantando do onibus e caminho até minha casa num gingado malandro, as ruas silenciosas, um cachorro latindo de madrugada.
A noite se alonga através da janela, cheia de calor e com um jeito de chuva que promete molhar o coração.
não se desesperes por decepções, já sei, esperamos tanto e acreditamos, mas os caminhos mudam, baby, e os desvios podem ser deliciosos. e podemos nos surpreender a cada esquina, a cada segundo estamos conhecendo coisas novas, pessoas especiais, interessantes, ordinárias, inúteis, ridículas, bêbadas, bonictas apenas, com bundas gostosas, com sorrisos lindos e é aí que você cai como um pato sem asas quack quack no fundo do poço. e é interessante que criamos asas quando precisamos, podemos voar.
Que do mesmo modo que me senti como a pessoa mais feliz do mundo, o ódio veio e suei a noite toda, o cabelo grudando, aquele negócio de 'não-posso-acreditar-nisso'. clap clap clap
no final acabo rindo e 'tudo bem, não há nada a se fazer', daí tenho escolhas e escolho aquela que me convém, é bom poder escolher, temos o poder às vezes, o poder de decidirmos por nós e não nos deixarmos nas mãos alheias.
Acabamos nos desviamos e a vida ri e nos leva, já que, como dizia o cazuza, não podemos levá-la.
A gente se recompõe de novo, começa a rir, amarra o cordão do tênis, arruma cara, ajeita a camisa, pega a mochila, a camera, a água e cotinua seguindo, deliciosamente. Nada a se temer.
Que do mesmo modo que me senti como a pessoa mais feliz do mundo, o ódio veio e suei a noite toda, o cabelo grudando, aquele negócio de 'não-posso-acreditar-nisso'. clap clap clap
no final acabo rindo e 'tudo bem, não há nada a se fazer', daí tenho escolhas e escolho aquela que me convém, é bom poder escolher, temos o poder às vezes, o poder de decidirmos por nós e não nos deixarmos nas mãos alheias.
Acabamos nos desviamos e a vida ri e nos leva, já que, como dizia o cazuza, não podemos levá-la.
A gente se recompõe de novo, começa a rir, amarra o cordão do tênis, arruma cara, ajeita a camisa, pega a mochila, a camera, a água e cotinua seguindo, deliciosamente. Nada a se temer.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
terça-feira, 30 de outubro de 2012
domingo, 28 de outubro de 2012
mandinga
oh
ooohhhhhh
hahahahahahhaa
a vida às vezes é tão gostosa
mas tão gostosa
mas tãããããão gostosa
que eu nem sei o que dizer
já escrevi no papel tudo que eu quero
um beijo nele
amém
ooohhhhhh
hahahahahahhaa
a vida às vezes é tão gostosa
mas tão gostosa
mas tãããããão gostosa
que eu nem sei o que dizer
já escrevi no papel tudo que eu quero
um beijo nele
amém
sábado, 27 de outubro de 2012
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Ninguém me manda cartas falando obscenidades, me contando se teve uma trepada boa com alguém, daí não paro de pensar naqueles seios morenos, aquele beijo gostoso pra caralho, sabe, é difícil encontrar alguém que beija divinamente bem, aquele beijo que envolve muito bem as duas línguas e o movimento e a mão e o pescoço e o queixo daí ela chupa sua língua e oh beibi quanto tesão você me deixa, beibi beibi beibi
abri os olhos na hora do beijo tenho mania de fazer isso e ela abriu também eu já tava pirando ela me disse "nossa, como você está quente", eu estava borbulhando de tesão pensei "você é muito safada que não vai trepar comigo hoje e vai me deixar esperando até eu explodir infinitamente dessa porra ou acaba a minha paciência e nunca mais te mando mensagem ou..." elas sabem o que elas fazem, e mandei mensagem liguei e acho que não sossegaria enquanto não trepasse com ela e visse toda aquela língua maravilhosa que deus deu a ela passando por todo meu corpo e pelo meu pescoço e pela minha orelha e ela gemesse bem gostoso no meu ouvido oh oh oh ahhhh pleft pleft pleft
que até uma menina de 17 anos faz também bem gostoso gemer assim no ouvido mas aquela não beijava tão bem na verdade não foi dos melhores beijos mas ela tinha um fogo e suava e colocava minha mão entre as pernas dela desesperada e enfiava fundo a língua na minha garganta que eu precisava parar pra respirar ela subia em cima de mim e me beijava com tanta sede aquelas pernas lindas e gostosas os seios fartos quase pulando na minha cara e pedindo pra serem beijados oh brotinho você é uma delícia essa boca esse batom vermelho que saiu depois de toda essa euforia deliciosa e ela me olhava nos olhos enquanto conversávamos e sorria de leve com a boca sorriso lindo toda trabalhada esculpida deliciosa que broto
e só de pensar na loira da biblioteca, pera, são duas loiras da biblioteca, mas de bibliotecas diferentes enfim a loira da biblioteca que é mais loira que a outra loira da biblioteca e essa loira menos loira é uma que fica estudando o dia todo na biblioteca e tem um gingado delicioso mas já tem um cara trepando com ela algum qualquer com cara de sou-um-descolado-intelectual-com-camisa-bem-engomada e que deve adorar adorno e essa porra toda de ciências sociais porque eu deduzo que eles façam ciencias sociais ou filosofia foda-se. eu to falando da loira mais loira da biblioteca, cara, que mulher bonicta... e antipática mas enquanto eu lia o senhor bukowski (tudo aqui se explica) na biblioteca ela atendia duas moças e ficou com a bunda bem virada pra mim o que é inevitável e todos os outros pareciam mergulhados nos seus livros enfadonhos provavelmente sobre o Mário de Andrade porque as pessoas acham genial o senhor mário de andrade que você já se enfadonha só de ouvir dizer o que não dá vontade de ler mas aquele poema do tietê é realmente muito lindo assim declamado e nada mais nada mais os senhores enfadonhos mergulhados nas suas teses todas todas todas sobre mário ou oswald ou qualquer outro modernista notável que você nunca leu e acha genial e digo genial era aquela loira na sua calça jeans azul e no seu salto verde/laranja mas foda-se também ela é antipática mas... deve gemer bem gostoso
seu sotaque é muito gostoso vai fala aqui no meu ouvido melhor não fala não me beija logo ela falava que meu sorriso era muito bonicto e ficava me olhando e pedia pra eu rir e eu ficava sem graça e daí ela se aconchegava junto de mim de modo que meus braços a envolviam e seu pescoço ficava bem na minha boca e claro minha senhora que minha boca iria beijá-lo e eu sentia a respiração dela mais ofegante quanto mais eu lambia aquele pescoço mais ela ficava eufórica e beijava a nuca e a apertava contra mim e dava pra ver seus seios palpitando dentro do sutiã morenos e quentes e macios eu suava de tesão
céus deuses do céo como voces se divertem na nossa ousadia e como eu me divirto com toda essa agitação da nossa cidade estúpida e cinza e bela em dias nublados os seus carros os seus brotos querendo um pouco de amor e atenção e muito sexo os deuses riam da minha cara e sabem toda essa baboseira bléblé blé
todos sabem muito bem da nossa condição humana que eu não quero nem um pouco discutir
e que todos estamos cansados e ousados e tímidos ao mesmo tempo diria clarice
e ninguém me mandou carta nenhuma com assinatura falando que quer trepar comigo mas quando isso acontecer o que duvido muito vou abrir uma garrafa de champagne e estourar na lâmpada e molhar meu corpo todo clap clap clap clap todos batem palmas enquanto ficam chupando seus dedos molhados de amor e ternura e paixão e chuva
aquela língua sabe muito bem como envolve outra num beijo molhado que sabe como deixar alguém muito quente e ofegante
e tudo bem também
vida louca vida
Hoje acordei 12h30. Dormi deliciosamente, um sono gostoso, alguns sonhos estranhos, mas nada demais.
Depois de um dia cansativo e reflexivo, minha noite ontem foi deliciosa.
Ontem foi meu segundo dia de estágio na escola. Acompanho uma classe de 5ª série numa escola no centro de São Paulo. Aliás, ontem peguei outra turma. Foi foda. Fugi na hora do intervalo com o ouvido e a cabeça estourando de tanto barulho e indignação com todo o sistema educacional brasileiro. Uma burocracia de merda, um sistema consolidado que não reproduz, muito menos produz, conhecimento algum. A escola virou um depósito de alunos, com sua estrutura física parecendo uma prisão, grades e telas e câmeras por todos os lados. Cada classe tem uma câmera. Com que sentido?
Os alunos devem permanecer sentados a aula toda e não importa como se fazer isso, mas tem de ser feito. Enfim, foi algo que me fez refletir muito sobre tudo isso e sobre se quererei mesmo seguir essa carreira de professora.
Quando sai da escola o dia lá fora parecia continuar normalmente, a cidade parecia até mais silenciosa. Passei uma loja de móveis antigos, entrei, cheiro de pó, coisas velhas, um piano velho, uma estátua do jornaleiro igual uma que minha avó tinha. Depois fui até o Estadão (lanchonete) e comi uma coxinha. Passei na Biblioteca Mário de Andrade e fiquei lendo aquele texto sobre a Frida. Desenhei na pasta. Estava esperando dar horario de ver as meninas.
Daí passei pela Maria Antonia, pelo Sesc Consolação pra usar o banheiro e fui pela General Jardim encontrar o barzinho que eu tinha combinado de ir com Aline, Julia e Andrea, um bar bem no centro, chamado Xangô ( a cerveja é em dobro nas quartas-feiras). Cheguei lá e estava Aline e Gisele numa mesa com vááárias meninas que nunca vi na vida. Julia e Andrea acabaram não indo.
Conhecemos alguns estrangeiros, um italiano que é de Bologna, onde tem a universidade mais antiga do mundo, com 1000 anos, e de onde vem o molho a bolognesa, que na verdade lá eles dão outro nome que eu esqueci. Também não sei o nome dele, mas é um italiano muito fofo, super simpático, disse que está de intercâmbio na Argentina estudando alguma coisa sobre engenharia civil na favelas da Buenos Aires e que cheggou segunda aqui pra visitar a amiga espanhola que eu também não sei o nome. Ela é uma espanhola muito engraçada, fala enrolado e tem um sotaque legal, loira de olhos azuis, muito bonicta. Está trabalhando no Brasil em alguma galeria de arte. Com a crise na Espanha eles estão vindo pra cá. Acho ótimo. E uma outra espanhola que está há 3 meses no Brasil, uma graça, também da engenharia civil, mora no Edifício Copan com moço lindo que parece modelo e gay, mas não sei. Tinha uma moça incrivelmente charmosa chamada Ane, com cabelos encaracolados, uma boca linda e pirei vendo aquela boca se mexendo falando sobre um debate que estava tendo no bar sobre arte experimental, que na verdade era sobre urbanismo e arte em São Paulo. Daí ela, a moça dos cabelos encaracolados, começou a dizer alguma coisa sobre a praça Roosevelt e sobre arte de rua e sobre a interação das pessoas com a arte que não é preciso entender mas cmpartilhar blablablablabla, como você é bonicta moça, ai ai. Quando cheguei na mesa ela me encarou muito, me olhou assim surpresa, mas. Daí ele voltou pro debate que agora estava num pé sobre tarifa zero e dinheiro público. O papo rolava com os estrangeiros. A espanhola loira contou uma história muito engraçada de quando morava na Espanha, que ela e mais uns amigos quase morreram intoxicados de monóxido de carbono do aquecedor do apartamento. Que eles estavam no apartamento e ela começou a passar mal, o core (ela falava assim: "meu core tum tum tum tum acelerado, oh") acelerou, daí a amiga, chamada Cora, que era médica falou pra elas irem pro hospital, daí pegaram um táxi, e o mal estar já havia passado e chegaram no hospital, fizeram exames o médico desesperado perguntou quem mais estava no apartamento e daí elas ligaram desesperadas e pediram pros dois amigos que já estavam quase dormindo irem correndo pro hospital, daí o médico colocou todos eles num tipo de bolha e dentro de um escafandro pra poder desintoxicar. Foi deveras muito engraçado ela contando com a rapidez da lingua. Foi sensacional. Prostitutas e travestis e mendigos passavam pela rua, tudo muito natural. Também experimentamos tamarindo. (?). Foi lindo. Depois peguei uma carona com o gatão modelo e a espanhola que moram no Copan, que na verdade é do lado do bar e o ponto é na frente do prédio. Mandei uma mensagem pra gatinha-de-beijo-gostoso e talvez eu a veja semana que vem, ela é uma malandra e beija divinamente. Vim cantando no ônibus. Cheguei em casa cansada, morrendo de fome, comi miojo, que delícia, tomei aquele banho relaxante, dormi como se dorme nas nuvens. Acordei tarde, matei aula, cheguei atrasada no trabalho e não fiquei na minha sala porque um gato morreu no vão entre as paredes e o cheiro de creolina era muito forte.
Depois de um dia cansativo e reflexivo, minha noite ontem foi deliciosa.
Ontem foi meu segundo dia de estágio na escola. Acompanho uma classe de 5ª série numa escola no centro de São Paulo. Aliás, ontem peguei outra turma. Foi foda. Fugi na hora do intervalo com o ouvido e a cabeça estourando de tanto barulho e indignação com todo o sistema educacional brasileiro. Uma burocracia de merda, um sistema consolidado que não reproduz, muito menos produz, conhecimento algum. A escola virou um depósito de alunos, com sua estrutura física parecendo uma prisão, grades e telas e câmeras por todos os lados. Cada classe tem uma câmera. Com que sentido?
Os alunos devem permanecer sentados a aula toda e não importa como se fazer isso, mas tem de ser feito. Enfim, foi algo que me fez refletir muito sobre tudo isso e sobre se quererei mesmo seguir essa carreira de professora.
Quando sai da escola o dia lá fora parecia continuar normalmente, a cidade parecia até mais silenciosa. Passei uma loja de móveis antigos, entrei, cheiro de pó, coisas velhas, um piano velho, uma estátua do jornaleiro igual uma que minha avó tinha. Depois fui até o Estadão (lanchonete) e comi uma coxinha. Passei na Biblioteca Mário de Andrade e fiquei lendo aquele texto sobre a Frida. Desenhei na pasta. Estava esperando dar horario de ver as meninas.
Daí passei pela Maria Antonia, pelo Sesc Consolação pra usar o banheiro e fui pela General Jardim encontrar o barzinho que eu tinha combinado de ir com Aline, Julia e Andrea, um bar bem no centro, chamado Xangô ( a cerveja é em dobro nas quartas-feiras). Cheguei lá e estava Aline e Gisele numa mesa com vááárias meninas que nunca vi na vida. Julia e Andrea acabaram não indo.
Conhecemos alguns estrangeiros, um italiano que é de Bologna, onde tem a universidade mais antiga do mundo, com 1000 anos, e de onde vem o molho a bolognesa, que na verdade lá eles dão outro nome que eu esqueci. Também não sei o nome dele, mas é um italiano muito fofo, super simpático, disse que está de intercâmbio na Argentina estudando alguma coisa sobre engenharia civil na favelas da Buenos Aires e que cheggou segunda aqui pra visitar a amiga espanhola que eu também não sei o nome. Ela é uma espanhola muito engraçada, fala enrolado e tem um sotaque legal, loira de olhos azuis, muito bonicta. Está trabalhando no Brasil em alguma galeria de arte. Com a crise na Espanha eles estão vindo pra cá. Acho ótimo. E uma outra espanhola que está há 3 meses no Brasil, uma graça, também da engenharia civil, mora no Edifício Copan com moço lindo que parece modelo e gay, mas não sei. Tinha uma moça incrivelmente charmosa chamada Ane, com cabelos encaracolados, uma boca linda e pirei vendo aquela boca se mexendo falando sobre um debate que estava tendo no bar sobre arte experimental, que na verdade era sobre urbanismo e arte em São Paulo. Daí ela, a moça dos cabelos encaracolados, começou a dizer alguma coisa sobre a praça Roosevelt e sobre arte de rua e sobre a interação das pessoas com a arte que não é preciso entender mas cmpartilhar blablablablabla, como você é bonicta moça, ai ai. Quando cheguei na mesa ela me encarou muito, me olhou assim surpresa, mas. Daí ele voltou pro debate que agora estava num pé sobre tarifa zero e dinheiro público. O papo rolava com os estrangeiros. A espanhola loira contou uma história muito engraçada de quando morava na Espanha, que ela e mais uns amigos quase morreram intoxicados de monóxido de carbono do aquecedor do apartamento. Que eles estavam no apartamento e ela começou a passar mal, o core (ela falava assim: "meu core tum tum tum tum acelerado, oh") acelerou, daí a amiga, chamada Cora, que era médica falou pra elas irem pro hospital, daí pegaram um táxi, e o mal estar já havia passado e chegaram no hospital, fizeram exames o médico desesperado perguntou quem mais estava no apartamento e daí elas ligaram desesperadas e pediram pros dois amigos que já estavam quase dormindo irem correndo pro hospital, daí o médico colocou todos eles num tipo de bolha e dentro de um escafandro pra poder desintoxicar. Foi deveras muito engraçado ela contando com a rapidez da lingua. Foi sensacional. Prostitutas e travestis e mendigos passavam pela rua, tudo muito natural. Também experimentamos tamarindo. (?). Foi lindo. Depois peguei uma carona com o gatão modelo e a espanhola que moram no Copan, que na verdade é do lado do bar e o ponto é na frente do prédio. Mandei uma mensagem pra gatinha-de-beijo-gostoso e talvez eu a veja semana que vem, ela é uma malandra e beija divinamente. Vim cantando no ônibus. Cheguei em casa cansada, morrendo de fome, comi miojo, que delícia, tomei aquele banho relaxante, dormi como se dorme nas nuvens. Acordei tarde, matei aula, cheguei atrasada no trabalho e não fiquei na minha sala porque um gato morreu no vão entre as paredes e o cheiro de creolina era muito forte.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
o que dizer das criaturas
que amam por
uma sede infinita de amar
com suas mãos áridas
e seus olhos secos de poeira
por que amamos?
o que amamos?
em nossos corpos há
marcas do amor que nos atinge
algumas feridas
a paixão que queima o pescoço
o pulmão
a saudade de se doer eterno
aquilo que pesa
e fica balançando para o resto da vida
aquilo que nunca foi dito
aquilo que se diz
mas fica no ar
oscilando na brisa da manhã
no dia nublado
na luz do sol
no cheiro de esgoto
e enjoativo de perfume
quem nos diz o que amar?
se sabia que doeria
e continua doendo
mesmo desamando
todos temem o amor
e ninguém nunca deixou de amar
que com ele vem a febre
e os encantos
os encontros
os desencontros
a saudade
o fim
o eterno
- oh, meu deus
que amam por
uma sede infinita de amar
com suas mãos áridas
e seus olhos secos de poeira
por que amamos?
o que amamos?
em nossos corpos há
marcas do amor que nos atinge
algumas feridas
a paixão que queima o pescoço
o pulmão
a saudade de se doer eterno
aquilo que pesa
e fica balançando para o resto da vida
aquilo que nunca foi dito
aquilo que se diz
mas fica no ar
oscilando na brisa da manhã
no dia nublado
na luz do sol
no cheiro de esgoto
e enjoativo de perfume
quem nos diz o que amar?
se sabia que doeria
e continua doendo
mesmo desamando
todos temem o amor
e ninguém nunca deixou de amar
que com ele vem a febre
e os encantos
os encontros
os desencontros
a saudade
o fim
o eterno
- oh, meu deus
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
domingo, 21 de outubro de 2012
daí você abre um pen drive antigo
e encontra fotos antigas
daquele antigo que você era
e vê ela também
vocês duas juntas
em preto e branco
colorido
vermelho
e dá uma saudade
imeeeeeeensa
você fica quietinha
assim, soluçando baixinho
o que há de se fazer, não?
você decide não escrever mais
sobre isso
mas, como sempre,
a ironia da vida
te pega de supresa.
o que há de se fazer também?
há coisas que ficam
e outras que vão
e encontra fotos antigas
daquele antigo que você era
e vê ela também
vocês duas juntas
em preto e branco
colorido
vermelho
e dá uma saudade
imeeeeeeensa
você fica quietinha
assim, soluçando baixinho
o que há de se fazer, não?
você decide não escrever mais
sobre isso
mas, como sempre,
a ironia da vida
te pega de supresa.
o que há de se fazer também?
há coisas que ficam
e outras que vão
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Ânsia
Abro a fechadura da porta e
é você querendo me contar algo
eu sei pelo seu ar pesado.
Não quero saber o que é
e você insiste com os olhos,
insisto que não.
Desde quando? Por que?
Por dentro desconstruo minha vida
que, por um fio ínfimo,
está enroscada na sua.
Então você me fala
e da sua boca grita um
silêncio agudo
que de mudo me dói.
A noite termina,
o silêncio segue.
Está vazio aqui dentro.
Já é tarde,
vamos jantar.
é você querendo me contar algo
eu sei pelo seu ar pesado.
Não quero saber o que é
e você insiste com os olhos,
insisto que não.
Desde quando? Por que?
Por dentro desconstruo minha vida
que, por um fio ínfimo,
está enroscada na sua.
Então você me fala
e da sua boca grita um
silêncio agudo
que de mudo me dói.
A noite termina,
o silêncio segue.
Está vazio aqui dentro.
Já é tarde,
vamos jantar.
[são paulo- 13 de outubro de 2012. sábado
Cássia, Zola e Bianco]
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
"(...) Andei amando loucamente, como há muito tempo não acontecia. De repente a coisa começou a desacontecer. Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas (juro). Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer."
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
tem dias que as palavras não dizem nada
ou sou eu que não tenho nada a dizer
mas às vezes somos solitários demais
e ficar sozinho é engolir todos os pensamentos
e entupi-los com papel higiênico
igual se tampa o nariz escorrendo
milhares de pessoas e
ninguém se encontra
são poucos os que cruzam os olhares
e ficam
ou a todo instante ficamos cruzados no
olhar de alguém
as mãos se soltam
os pés pegam outros caminhos
de poeira ou de mato
asfalto sujo
o pé cansado
os pés se vão
como se vai um cabelo se soltando da cabeça
com o vento
com o passar da mão
acariciando
milhares de pessoas e apenas uma
que te faça um espanto
apenas uma outra que dê um sorriso de leve com a boca
quase imperceptível sereno
existente no pingo de açúcar
do café da tarde
que se limpa com a ponta da língua
são as faíscas de viver
que te levam a cada segundo
andar nas nuvens
voar com os pássaros
se aconchegar na blusa gostosa de frio
e a lua está sempre lá
marota
perversa
iluminando as milhares de pessoas
que se trancam nos seus quartos mesquinhos
e escrevem sem pestanjar sua dor
e sua delícia
milhares de pessoas tomando banho
deixando escorregar o sabonete por entre as axilas
e os seios e os pêlos
milhares de pessoas já dormindo
sem sonhos ou pesadelos
apenas dormem
um sono cansado do calor da tarde
do sol
e da neblina que
constam num dia inteiro
a gente oscila com o tempo
a gente se quebra em pedaços
e se reconstrói outro
com cacos que nem eram seus
e estavam no chão ao meio das cinzas
de cigarros alheios
em meio a folhas secas e pisadas
em meio a insetos esmagados
em meio a poeira seca
com lama e cuspe e quinquilharias
com suor e outros cacos que
esqueceram de varrer
a ponta da linha
é grande demais para entrar
no buraco da agulha
recontorce revira
molha na língua
e entra
a cada instante estamos cruzados no olhar de alguém
que também se cruza no meu
e vai
ou sou eu que não tenho nada a dizer
mas às vezes somos solitários demais
e ficar sozinho é engolir todos os pensamentos
e entupi-los com papel higiênico
igual se tampa o nariz escorrendo
milhares de pessoas e
ninguém se encontra
são poucos os que cruzam os olhares
e ficam
ou a todo instante ficamos cruzados no
olhar de alguém
as mãos se soltam
os pés pegam outros caminhos
de poeira ou de mato
asfalto sujo
o pé cansado
os pés se vão
como se vai um cabelo se soltando da cabeça
com o vento
com o passar da mão
acariciando
milhares de pessoas e apenas uma
que te faça um espanto
apenas uma outra que dê um sorriso de leve com a boca
quase imperceptível sereno
existente no pingo de açúcar
do café da tarde
que se limpa com a ponta da língua
são as faíscas de viver
que te levam a cada segundo
andar nas nuvens
voar com os pássaros
se aconchegar na blusa gostosa de frio
e a lua está sempre lá
marota
perversa
iluminando as milhares de pessoas
que se trancam nos seus quartos mesquinhos
e escrevem sem pestanjar sua dor
e sua delícia
milhares de pessoas tomando banho
deixando escorregar o sabonete por entre as axilas
e os seios e os pêlos
milhares de pessoas já dormindo
sem sonhos ou pesadelos
apenas dormem
um sono cansado do calor da tarde
do sol
e da neblina que
constam num dia inteiro
a gente oscila com o tempo
a gente se quebra em pedaços
e se reconstrói outro
com cacos que nem eram seus
e estavam no chão ao meio das cinzas
de cigarros alheios
em meio a folhas secas e pisadas
em meio a insetos esmagados
em meio a poeira seca
com lama e cuspe e quinquilharias
com suor e outros cacos que
esqueceram de varrer
a ponta da linha
é grande demais para entrar
no buraco da agulha
recontorce revira
molha na língua
e entra
a cada instante estamos cruzados no olhar de alguém
que também se cruza no meu
e vai
domingo, 7 de outubro de 2012
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Declaração Imortal do Amor e sua Transcendentalidade Apassarinhada ou Canto de Libertação
"Em que tronco encontro talhado o meu nome e o teu?"
você me virou uma espécie de Amor intocável
que se dá no mais puro do vermelho do coração
um Amor inventado
por mim
e por você
construimos isso juntas
e agora não tem como destruí-lo
já não me importa o resto de tudo
em algum lugar longe
nos pertencemos
ou a Ideia de nos pertencer
mas não nos somos
te guardo sempre
com todo o carinho e amor
do mundo e dos pássaros
e dos leões e das borboletas
e nada espero
e sei que você também não
mas que apenas sentimos
e digo isso com uma serenidade
leve igual asa de borboleta
frágil e sutil
digo isso com uma calma
de balançar de rede
esperando a brisa refrescar o suor do rosto
num fim de tarde manso
digo isso feliz
digo isso sorrindo
por podermos mudar
e sermos melhores
e continuarmos sorrindo
e continuamos sorrindo
bailando no canto dos pássaros
voando
você me virou uma espécie de Amor intocável
que se dá no mais puro do vermelho do coração
um Amor inventado
por mim
e por você
construimos isso juntas
e agora não tem como destruí-lo
já não me importa o resto de tudo
em algum lugar longe
nos pertencemos
ou a Ideia de nos pertencer
mas não nos somos
te guardo sempre
com todo o carinho e amor
do mundo e dos pássaros
e dos leões e das borboletas
e nada espero
e sei que você também não
mas que apenas sentimos
e digo isso com uma serenidade
leve igual asa de borboleta
frágil e sutil
digo isso com uma calma
de balançar de rede
esperando a brisa refrescar o suor do rosto
num fim de tarde manso
digo isso feliz
digo isso sorrindo
por podermos mudar
e sermos melhores
e continuarmos sorrindo
e continuamos sorrindo
bailando no canto dos pássaros
voando
terça-feira, 2 de outubro de 2012
tchubirubiruá
Eu estava pensando sobre o nome do blog: Bolhas de Canudo. E isso me remete a uma coisa absurdamente maravilhosa e simples, uma felicidade momentanea, única e rica. Bolhas de sabão no canudo, não é uma coisa linda? Bolhas coloridas flutuando ao seu redor e de repente cai, de leve, no nariz e estoura
iluminando o ar com suas gotículas cheias de cores e segredos. Bolhas bolhas bolhas bolhas. Devo me restaurar.
Cores bolhas e canudos coloridos
mas sem engolir o sabão
a vida é essa
e é agora
iluminando o ar com suas gotículas cheias de cores e segredos. Bolhas bolhas bolhas bolhas. Devo me restaurar.
Cores bolhas e canudos coloridos
mas sem engolir o sabão
a vida é essa
e é agora
domingo, 30 de setembro de 2012
abri outras portas de mim mesma
abrir-se
florir-se
desabrochei
luzes e confetes em câmera lenta
para celebrar meu desabrochar
são coisas que a gente vê com outros olhos
e sentimos coisas com outra pele
mas é a minha mesma
sou eu
de um outro modo
como um explodir
do seu esqueleto
externo
e explodi
é uma maravilha encantada
parece que tenho mais brilho no olhar
parece que me sou
de uma outra maneira
em algum lugar
por um momento
o universo teve algum sentido
somos mutáveis
abrir-se
florir-se
desabrochei
luzes e confetes em câmera lenta
para celebrar meu desabrochar
são coisas que a gente vê com outros olhos
e sentimos coisas com outra pele
mas é a minha mesma
sou eu
de um outro modo
como um explodir
do seu esqueleto
externo
e explodi
é uma maravilha encantada
parece que tenho mais brilho no olhar
parece que me sou
de uma outra maneira
em algum lugar
por um momento
o universo teve algum sentido
somos mutáveis
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
esse mundo está errado
fernando pessoa estava certo
drummond, caio fernando abreu, clarice lispector, sartre
todos estavam certos
adília lopes, herberto helder, manuel bandeira
talvez chico buarque esteja um pouco certo
a tia da barraca é sempre certa
pelo menos o café dela custa um real
e eu acho que isso é certo
mas, o que é errado?
bentinho estava errado?
capitu, oblíqua e dissimulada
me rasgando como quando
se tenta rasgar um pano podre
se desfaz vê-se a poeira dispersando
o cheiro de podridão
misturado com um cheiro de pó do passado
um pedaço não fica comigo
vai embora talvez pro lixo
talvez fique no canto no chão
do banheiro juntando um mofo
que nunca se vê
mas está lá
outra parte quase se desfaz solitária
na minha mão
o que fazer?
é segredo
que todo mundo sabe
fernando pessoa estava certo
drummond, caio fernando abreu, clarice lispector, sartre
todos estavam certos
adília lopes, herberto helder, manuel bandeira
talvez chico buarque esteja um pouco certo
a tia da barraca é sempre certa
pelo menos o café dela custa um real
e eu acho que isso é certo
mas, o que é errado?
bentinho estava errado?
capitu, oblíqua e dissimulada
me rasgando como quando
se tenta rasgar um pano podre
se desfaz vê-se a poeira dispersando
o cheiro de podridão
misturado com um cheiro de pó do passado
um pedaço não fica comigo
vai embora talvez pro lixo
talvez fique no canto no chão
do banheiro juntando um mofo
que nunca se vê
mas está lá
outra parte quase se desfaz solitária
na minha mão
o que fazer?
é segredo
que todo mundo sabe
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Sentimento da noite
parece que não me sou
parece uma angústia profunda desconhecida
parece um vazio imenso despejado sobre mim
parece que o buraco do mundo se abriu e me engoliu
sem piedade sem sombra de dúvidas que era a mim mesma que ele queria
então respiro fundo
coço os olhos respiro fundo de novo
tenho que pegar o ar tenho que pegar o ar
é difícil tenho que abrir bem os pulmões
expando as costas largas
me reviro com o pescoço me tranco sozinha
preguei-me na parede e me descubro nua
de repente como uma coisa natural por fora
mas dentro está tudo revestido de uma lama
e de costelas flutuando
sinto uma ponta aguda quase saindo do peito
me dói profundamente
lamento minha existência como se lamenta
uma pomba esmagada por um carro
está apodrecendo no meio do asfalto
as pessoas passam e pisam
os carros a desmembram mais
a luz do sol a esquece jogada e
não a toca
lamento a existência do mundo
esqueço como é meu rosto
olho-me e me assusto
parece tão diferente
não parece ser eu
continuo caindo no buraco do mundo
falhei tropecei fui infame pedinte melódica não quis nada quando eu queria tudo
enganei-me
eu queria o amor e não me deram
eu queria mais amor e não me dei
não pedi nada além
esperneei um pouco chorei pedi implorei
mas nada
como se eu fosse um poço vazio
cheio de bitucas de cigarros
daí me revirei me contorci acordei com cara de monstro
eu diria que fui picada por uma abelha e que tenho alergia
mas era só choro
era puramente um amargo pus de bile sendo vomitada
(quando se bebe muito)
continuavam jogando as bitucas
- não quero bitucas, quero carinho
- eu já disse que não quero isso, eu quero... quero
suspirando já chorando de cabeça baixa descrente
e daí não quis mais nada
engoli todo o buraco negro
engoli o poço
os restos de cigarros
a poeira de terra cheia de resíduos
de ossos e peles e sentimentos guardados
engoli minha nudez
as costelas os ossos
engoli o ar a respiração
as raízes e minhocas e vermes
e minhas lamentações
e todos os amores
e engoli também todo o passado
as promessas
os sonhos engoli o futuro engoli
todos os beijos e abraços
engoli as nuvens os pores do sol
todas as árvores secas
engoli todas as palavras pronunciadas
todas as lágrimas engoli
engoli o tempo e sua ironia
engoli o sarcasmo a sorte e a falta dela
engoli os deuses pagãos todos eles
engoli a borboleta
engoli o pássaro
todos os pássaros todas as cores
engoli todos os sorrisos que me doíam
toda a alegria e tristeza de nascer
e de morrer
eu engoli a morte e sua face oculta
engoli-me
parece uma angústia profunda desconhecida
parece um vazio imenso despejado sobre mim
parece que o buraco do mundo se abriu e me engoliu
sem piedade sem sombra de dúvidas que era a mim mesma que ele queria
então respiro fundo
coço os olhos respiro fundo de novo
tenho que pegar o ar tenho que pegar o ar
é difícil tenho que abrir bem os pulmões
expando as costas largas
me reviro com o pescoço me tranco sozinha
preguei-me na parede e me descubro nua
de repente como uma coisa natural por fora
mas dentro está tudo revestido de uma lama
e de costelas flutuando
sinto uma ponta aguda quase saindo do peito
me dói profundamente
lamento minha existência como se lamenta
uma pomba esmagada por um carro
está apodrecendo no meio do asfalto
as pessoas passam e pisam
os carros a desmembram mais
a luz do sol a esquece jogada e
não a toca
lamento a existência do mundo
esqueço como é meu rosto
olho-me e me assusto
parece tão diferente
não parece ser eu
continuo caindo no buraco do mundo
falhei tropecei fui infame pedinte melódica não quis nada quando eu queria tudo
enganei-me
eu queria o amor e não me deram
eu queria mais amor e não me dei
não pedi nada além
esperneei um pouco chorei pedi implorei
mas nada
como se eu fosse um poço vazio
cheio de bitucas de cigarros
daí me revirei me contorci acordei com cara de monstro
eu diria que fui picada por uma abelha e que tenho alergia
mas era só choro
era puramente um amargo pus de bile sendo vomitada
(quando se bebe muito)
continuavam jogando as bitucas
- não quero bitucas, quero carinho
- eu já disse que não quero isso, eu quero... quero
suspirando já chorando de cabeça baixa descrente
e daí não quis mais nada
engoli todo o buraco negro
engoli o poço
os restos de cigarros
a poeira de terra cheia de resíduos
de ossos e peles e sentimentos guardados
engoli minha nudez
as costelas os ossos
engoli o ar a respiração
as raízes e minhocas e vermes
e minhas lamentações
e todos os amores
e engoli também todo o passado
as promessas
os sonhos engoli o futuro engoli
todos os beijos e abraços
engoli as nuvens os pores do sol
todas as árvores secas
engoli todas as palavras pronunciadas
todas as lágrimas engoli
engoli o tempo e sua ironia
engoli o sarcasmo a sorte e a falta dela
engoli os deuses pagãos todos eles
engoli a borboleta
engoli o pássaro
todos os pássaros todas as cores
engoli todos os sorrisos que me doíam
toda a alegria e tristeza de nascer
e de morrer
eu engoli a morte e sua face oculta
engoli-me
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