quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Parei num bar para esperar a chuva

Foi isso que mandei na mensagem pra ela enquanto descia a Brigadeiro. A chuva começou a cair forte, muito forte. O cano de esgoto de algum lugar estourou e então aquilo começou a descer avenida abaixo levando um cheiro de merda a água marrom e eu quase vomitando. Mas não é ainda disso que vou contar e sim como foi meu nascimento desse ano...na verdade nem vou contar disso.
Primeiro quero dizer que os vizinhos estão trepando muito aqui do lado e dá pra ouvir a cama tec tec t e c tectectectectectec bem rápido. Então dou um murro forte na parede. Silêncio.
Empaquei a foda. Foda-se, não trepo há muito tempo.
Espero mesmo que essa porra não fique comprida porque já fico com preguiça de escrever. Caso a preguiça domine, serei bem sucinta e talvez apenas cite os factos. Você não acha válido? Não acho nada.

Capítulo Um: Primeiro Semestre ou
amor-amaro

Meu primeiro minuto de ano novo se bem me lembro foi com toda a família ou sozinha tentando achar a porra de um sinal de telefone pra ligar pra minha namorada no meio de um mato longe da cidade. Hoje me pesa um pouco lembrar disso por pensar que no meu primeiro minuto do ano que vem não vou precisar achar sinal pra ligar pra namorada. Mas ainda não chegamos nos dois fatos.
Bem, passei numa chácara em Tatuí com toda a família, briguei com meu primo idiota.
vou tentar escrever rápido, que to com preguiça de fazer retrospectiva embora me pareça importante.
em janeiro fui viajar com o jeziel pra ubatuba. foi maravilhoso. andamos de caiaque, fomos prum bar gls muito ruim, emboa divertido, o Homem não apareceu na praia, vimos cachoeira, viajamos pra Paraty, paisagem maravilhosa tudo lindo que saudade.
sítio da trumbs em janeiro ainda teve reencontro dos amigos do teatro, os iluminados, os que queimam queimam queimam.
bebemos chá de um pequeno cogumelo com bosta de vaca, nenhum barato. ninguém levou a porra do cachimbinho. é claro que foi divertido larissa mijou nas costas do luiz, dançamos e ritualizamos e chorei e a energia é sempre maravilhosa.  é algo vital pra mim, não sei se passaria o resto do ano com tanta energia se não fosse recuperá-las com essas pessoas. bem, amo vocês todos, e kaline, que não estava e zola que deu bolo.
comecei um novo emprego - estágio - e conheci uma das pessoas mais especiais pra mim: Marlene. oh.
no carnaval fui pra barra mansa com andrea, arielli e letícia. espetacular. filmamos nosso primeiro curta, com um texto meu "o gênese segundo a revolta de eva", direção de todos, kaline interpretando e joelhos de bianco aparecendo. (créditos pro bianco como mexedor de leite, que nada mais era do que água com maizena) ficou demais para nosso primeiro filme e ainda mais gravado em uma madrugada. detalhe: filmamos na casa da irmã do Bianco, que tinha ido viajar e bianco estava morrendo de medo de filmar lá por que a irmã dele agora é toda zen e seria uma heresia filmarmos algo com tanto pecado mortal. depois  irmã dele viu e não gostou mesmo. risos. também tomamos banho de piscina na piscina de 1000L, tomei banho com o bianco igual crianças, conhecendo o pipi do amiguinho e a pombinha da amiguinha. risos risos risos. comemos a comida maravilhosa da Luzia, assistimos filmes, rimos, caminhamos váááários quilômetros pela beira da estrada, em meio a despachos e cachorros mortos, para chegar numa queda d'água contaminada por um lixão desativado. molhamos o pé. voltamos muito cansados. a galera saiu numa escola de samba de barra mansa, menos eu e andrea. foi demais. "quéde quéde quéde meu alacar?"
março bibi veio pra cá. fomos ao motel com o carro emprestado da kelly. foi demais, tirando os pernilongos da suíte. foi a primeira vez dela no motel. hidromassagem. fomos ao show do chico buarque, chorei. jantamos num resuratente argentino com bom vinho e boa comida. meu coração explodia. corpo olhos pele calor amor paixão tudo explodia, como sempre.
abril, contei pra minha mãe que namorava alguém do mato grosso. fui pro mato grosso. primeira vez que andei de avião. maneraço. o avião decolando e pousando é a melhor sensação. também gostei de viajar de noite, dava pra ver as luzes lá de cima, surreal surreal cheguei e ela me esperava no desembarque. nos abraçamos apertado. abafado aquele lugar, mas nem tanto. entrei no carro da amiga dela milena e karla. cheguei lá na casa dela ( um república com mais 12 meninas, parece uma chácara) e tinha toda um jantar pra nós. primeira vez que bebi stella artois gelada, divina. conheci o quarto dela, entreguei um quarto que pintei de nós duas nuas. ganhei uma das melhores festas de aniversário surpresa de todas. ela me enganou direitinho. chorei. desacreditei. tudo perfeito. que linda. marota. ordinária.
fomos pra Chapada dos guimarães, uma das vistas mais lindas do mundo. antes disso esperamos o próximo ônibus na rodoviária pra lá. caia uma chuva torrencial. Bem, pegamos o ônibus e fomos. chegamos lá e estava tudo nublado, um friozinho, uma cidade bucólica com neblina e pessoas simpáticas.  chegamos na pousada, deixamos nossas coisas. queríamos ter saído conhecer cachoeiras e mirantes. bem, no primeiro dia saímos jantar, e escolhemos um restaurante onde as mesas ficavam num lugar aberto do outro lado da rua, tinha música ao vivo, muita gente e poucos garçons. a comida demorou muito pra chegar, mas estava boa. não paguei, claro, a taxa de serviço. queria uma empada.  muito manero, pq estava tendo encontro de motoclubes e então tinha feirinha e várias motos na praça principal e tinha show de bandas de rock. e então saímos dar uma volta pelas poucas ruas para poder fumar um cachimbinho que ganhamos de presente da amiga dela. fumamos e fomos pro show. era uma banda com uma menina vocalista, eu não me lembro o nome  - já procurei e não achei, só sei que foi o "5ª Rock Night". Enfim, a menina mandava muuuuuuuuuito bem, mas tipo, muito bem, eles cantaram janis, ac dc, chucky berry e músicas deles. rimos e pulamos muito. voltamos pra pousada com uma garrafa de vinho, bêbadas e chapadas. rimos muito. " tá feliz?" "eu to feliz, você tá feliz?" HUAHuhauhauhauahuha. já era madrugada e então ouvimos alguem batendo na parede para que fizessemos silêncio. tomamos banho. bibi quebrou a garrafa de vinho quase inteira e esparramou pela cama e pelo chão e foi uma lambança. limpamos com a toalha branca da pousada. rindo. "tá feliz?". deitamos e foi um momento muito mágico transcedental que nossos corações se juntaram e bateram juntos por um momento como se tivessem se conhecido há muito tempo e voltado e se reencontrar. dormimos.
no outro dia, era domingo, queríamos alugar bicicletas pra poder passear, finalmente, pelas paisagens dançantes e coloridas do cerrado brasileiro. bem, não havi lugar nenhum aberto nem ninguém que emprestasse alguma bicicleta. muito calor. muitas informações desnecessárias, até que uma boa alma nos indicou uma pousada, lá na entrada da cidade, que alugava bicicletas. fomos a pé. chegando lá uma mulher e sua filha atendiam na pousada e queriam nos alugar duas bicicletas por um preço muito caro, não lembro exatamente quanto. acho que 50 reais as duas "o seu cu" - pensei. só sei que a menina foi perguntar pro pai e o pai fez por 25 ou 30 reais as duas. (ah, o homem da casa, que absurdo). a mulher ficou sem graça, mas enfim, escolhemos as bicicletas e saímo ser felizes. "pra onde?" hhaahahaa. fomos pela estrada afora até o Morro dos Ventos, um mirante lindo demais demais demais chocante inacreditável. pousamos nossas bicicletas (a dela com cestinha fofa na frente) e fomos admirar a beleza mais beleza da natureza - perdoe-me a rima - e lá tinha um restaurante maravilhoso, mas nossa grana era curta e o tempo também - tiramos algumas fotos e compramos um sorvete. a neblina tomava conta da pequena estrada, filmei-a em sua bicicleta em preto e branco - cena de filme. bem, depois andamos mais alguns quilometros a frente para chegar em outro mirante, tão lindo quanto, terra bem vermelha, um trailer que vendia coisas, água de coco, muito bem. era um mar imenso de beleza, um cerrado infinito um calor de lascar o céu azul feito aquarela. caralho. estavamos muito cansadas e ainda tinha uma boa estrada pra pedalar. minha bunda já estava doendo muito. mas foi lindo. ela colocou músicas fofas no celular e o colocou na cestinha da frente e então tudo aquilo parecia mesmo filme, eu podia sentir todo nosso amor naquele calor escaldante penetrando nas músicas eu olhava pra ela e era linda demais nos seus óculos de aro vermelho, que graça. demoramos muito pra chegar, eu estava cansadérrima e ainda tínhamos que entregar as bicicletas, voltar pra pousada pegar nossas coisas e pegar ônibus pra voltar pra cuiabá. chegamos moídas.no meu ultimo dia fomos jantar fora num restaurante mexicano para comemorar meu aniversário. ah, como eu adoro comida mexicana, comi demais. angústia de última noite. manhã cedo eu iria embora. fui.
são paulo de novo, toda sua selvageria, seus metros e pessoas e onibus cinza poluição, de volta a vida real.
o facto é que eu já estava angustida com esse relação e não era nenhum segredo. então maio passou dolorido. se não fosse pelo melhor da vida de todos os tempos, o melhor presente de aniversário: o show do Roger Waters que eu ganhei da Andrea. Foi simplesmente surreal, chocante. foi um momento que pude estar com o meu pai e suas boas lembranças. o show foi do álbum The Wall, com projeções em um muro que dividia o Estádio do Morumbi no meio. A plateia toda estava em sintonia. choramos eu e mamãe andrea, saímos chocadas. budweiser. bem, o resto de maio foi nada de mais, tanto que não lembro muito de sua cara, maio. maio em branco em dor. carência. melancolia.
junho. mais dores agudas com falta de ar e desesperança. ah, o tempo que brincava comigo. conosco. com todos. tempo de greve de professores. tempo de medo. indecisão. bem, ela veio pra cá. conheceu minha família, comeu o frango frito da minha mãe, andou de moto comigo. na verdade era terrível estar junto com ela e ao mesmo tempo muito muito distante anos-luz. é uma das coisas que mais me doeu na vida. não estamos dando certo. eu não conseguia levar isso sozinha. aliás, por duas pessoas. sozinha talvez eu conseguisse. uma semana ela ficou aqui. transamos uma vez. ela foi embora e nunca mais nos vimos.




Capítulo Dois: Segundo Semestre ou
a desconstrução do eu

é. alguns dias péssimas. me dando ao lusho de chorar por tudo e mais um pouco de nada. oh, céos. bem, pelo menos a falta de ar melhorou, mas o coração com um buraco eterno. com o que preencher?

Vou primeiro reservar um capítulo em homenagem às minhas professoras da faculdade.



Capítulo Reservado: As mestras



Bem, posso dizer de boca cheia (ou dedos cheios?) que esse ano foi o melhor que tive na faculdade. Descobertas. Começando com Maria Clara Paixão dando Sintaxe. Foi maravilhoso. Ela é muito foda, muito pirada, tem uns tiques nervosos, mas é um alívio quando aprendemos realmente alguma coisa sobre sintaxe que não aquelas merdas ordinárias que nos ensinavam na escola. Nunca aprendi na verdade. Teoria Gerativa, Chomsky. Manero manero. Isso no primeiro semestre.
No segundo tive Léxico, com a Evani Viotti e foi, tipo, chupa a minha rola Pietroforte, você é um bosta. Aquela vaquerinha (a professora ganhou sse apelido depois de aparecer com um lenço amarrado no pescoço, claro que foi andrea quem deu esse nome) é fodida pra caralho. Trabalhamos com Ciência Cognitiva, Linguística Cognitiva e isso envolve outras áreas como a psicologia e, digo, até budismo. Destruiu. A caipora passou toda a bibliografia em inglês e por isso comecei a fazer aulas de inglês particular. Meu professor é um barato, gosto muito dele, passamos metade da aula rindo e eu quase cubro o prédio inteiro da Letras com minha risada. Acredite, ele é muito, mas muito engraçado. Combinamos de um dia jogar bingo. Risos.
Enfim, a aula de Léxico foi fodida, aprendi umas coisas muito fodas, uns caras muito loucos que escrevem sobre mente incarnada. Você já viu uma mente andando sozinha por aí? Pois é. E outra: metáforas não são figuras de linguagem, digo, não são usadas apenas como recursos po´ticos, mas a língua é inteira feita de metáforas e isso se baseia no uso, na sociedade e na cultura a que estamos inseridos. Por exemplo, na cultura ocidental consideramos que o passado fica para trás, algo que já passou, não podemos mais ver, e o futuro está a nossa frente, algo que está por vir. Isso se chama cognição corporeada, mais ou menos como, nosso corpo é a base para como vemos o mundo. E há outras culturas que consideram o tempo/espaço diferente de nós, como os que falam a língua aimará, que consideram o passado como se estivesse a frente, porque já passamos por ele, portanto podemos vê-lo e o futuro está atrás e por isso não podemos vê-lo. Não é sensacional? Acho maravilhoso. Bem, fiquei com 5,5 nessa porra, mas me foi de grande valia.
A última e não menos importante, talvez a que eu mais me apeguei, foi a matéria de Arte, Gênero e Sociedade, com a professora Ana Paula Cavalcanti Simioni. Ela é apaixonante. Me encantei por ela, como pessoa, como professora, como amiga. Bem, foi uma descoberta enorme: a mulher artista na História da Arte. Como, em toda minha vida, ou em 4 anos de faculdade, não conhecemos mulheres artistas, pintoras, escultoras, escritoras? Foi assim, fodido, eu entrava em êxtase toda quarta-feira e saía da aula perplexa e com muito tesão ao mesmo tempo ou, como diria Clarice, tímida e ousada ao mesmo tempo. Essa matéria me abriu um outro mundo, senti minha cabeça se expandindo, conheci Maria Martins, a melhor escultora brasileira de todos os tempos. A Ana ainda autografou meu livro, que na verdade é um livro dela se chama Profissão Artista: Mulheres pintoras e escultoras do século XIX, é alguma coisa assim. Ela me escreveu uma dedicatória linda que me fez abrir um sorriso enorme.
Bem, aqui fica minha ode às mestras que marcaram, com certeza, minha formação tanto acadêmica como pessoal. E ainda aquelas que passaram por mim: Annie Gisele Fernandes de literatura portuguesa, Paola (aquela da voz gostosa) de literatura portuguesa também e claro, Eliane R. de Moraes, especialista em literatura erótica. Divinas. Deusas. Aqui fica meu: muito obrigado e minha homenagem para vocês.



Voltando ao Capítulo II

Fiquei sozinha. Agora era preciso me preencher comigo mesma, me alimentar do meu amor, do meu carinho, da minha dedicação, da minha ilusão, da minha poesia, da minha tudo-que-você-imagina. No começo era bom, depois era um porre, depois era bom de novo. A questão era / é: me abrir para outras coisas, coisas novas, conhecer outros lados. Portas da percepção. Me conhecer das diferentes maneiras que posso ser/ estar. E assim foi.
Conheci uma menina linda, de 17 anos, mais alta, ariana, batom vermelho, cara de modelete. Que coisa mais linda. Foi uma história engraçada que durou uma semana e terminou em 1 segundo depois que a mãe dela nos viu beijando. Por mais que ela soubesse, acho que, na mente dela, não é legal ver  filha se atracando com uma menina nos fundos de um bar. Ela me deu um ultimo beijo e foi embora. Ainda a vi em alguma festa com a namorada dela, nada demais. Depois, adeus.
Essa festa na verdade foi um bum BUM bum BUm uma explosão em mim. Demais, surreal. Conheci outra menina, oh céos, que beijava muito bem, tipo, muito bem. Pirou no meu sorriso. Mas não foi nada demais, nos vimos depois umas 2 vezes e não ns apegamos. Seria uma história interessante se eu tivesse ânimo de contá-la, mas fica o facto apenas.
Nas férias trabalhei na casa de dois professores da USP, junto com a Nathália (antiga estagiária do Instituto do Mário de Andrade, risos, a qual eu entrei no lugar). Em 4 dias arrumamos a biblioteca (e que biblioteca, é de invejar, quando crescer quero uma biblioteca igual aquela). Pessoas lindas, ganhei um livro do Nabokov, oh, não o Lolita, ms outro. Nani escreveu um artigo, pra alguma universidade francesa, sobre Lolita. Me mandou, li, apaixonei. Meu livro preferido, com certeza.
Jeziel estava de férias e passou uma semana em casa pra fazer o curso da Fátima Toledo. Levamos uma vida de casal, risos, ele fazia jantar pra nós e tomávamos vinho de noite e conversávamos e ríamos muito. Começamos a rir da descrição do vinho, que agora eu não me lembro, mas fiquei sem ar de tanto rir.
Com o dinheiro que ganhei desse bico fui viajar pra Barra Mansa, de novo, sim, com o Jeziel. De lá fomos pra Ilha Grande, uma ilha que fica perto de Angra dos Reis. Pega-se uma balsa de lá e em 1 ou 2 horas de enjoo chegamos lá. Descobri o paraíso. É uma ilha onde não entra carro, na verdade é um vilarejo. Ficamos numa pousada de frente pro mar, e no café da manhã podíamos ver o sol reluzente com sua brisa fresca se expandindo e chegando aos nossos rostos e cabelos. De noite podia ouvir as ondas batendo, de leve, embalando o sono. Eu ainda ficava pensando na menina de 17 anos, que me largou pra começar a menina estranha (que vi com la na festa). Bem, tinha muito gringos na Ilha,, parecia até que teve uma excursão de juvenis vindo diretamente da França. Que meninas lindas. Na primeira noite que ficamos lá teve quermesse e quadrilha e barraquinhas com comida e forró e bandeirinhas coloridas em frente à capela. Eu moraria lá tranquilamente com uma câmera fotográfica, cachimbos e mulheres bonictas. Longe da grande civilização, dos medos urbanos, da vida regrada. No outro dia de manhã acordamos cedo para conhecer a ilha. A ilha na verdade tem dois pontos de estadia, a praia do Abrãão, onde todo mundo desembarca, e o outro lado, que não conhecemos, e é preciso ir de barco, claro que é pago, ou andar muitas horas até chegar lá, eu acho. Tínhamos um mapa das atrações como grutas e cachoeiras e outras praias e monumentos históricos. Fomos. 1 hora de caminhada subindo um puta de um morro, eu de chinelo de dedo, eu sempre me fodo de chinelo de dedo, o ar rarefeito lá no pico, pra chegar na Cachoeira da Feiticeira. Uma queda d'água desnecessária. Alguma pessoas já estavam lá, bem como uns rapazes fumando maconha e tocando violão. Olhei pra cara do Je e ele me olhou do tipo "não acredito que andando tudo isso pra chegar aqui", foi realmente um pouco decepcionante, mas com certeza, tudo vale a pena, e vale mais a pena quando estamos com pessoas queridas, grandes amigos, grandes amores. Depois descemos mais um pouco até chegar em outra praia, que, deduzo, não lembro direito, seja a praia da Feiticeira. Uma praia quase deserta, águas límpidas e calmas e azuis, alguns barcos ali pela frente e siris simpáticos. Nadamos um pouco, curtimos a vista e voltamos pra nossa caminhada, que agora, meu deus, seria mais foda. Meu pé já estava assado do chinelo, eu sempre me fodo de chinelo, e a subida era muito íngreme, estava muito sol e a trilha  tinha muito mato, meu deus, nos ajude, que porra, mas vamos lá.
Demoramos mais uma (ou 2 hora?) morrendo de fome e com muito calor, jeziel já estava irritado com sua fome de baiano e então sentamos num restaurante de esquina onde estava tendo uma roda de samba, o bom samba carioca, a nata da malandragem, oh, meu sorriso se abriu, mas jeziel ainda em seu mau humor de fome. Pedimos strogonoff de frango, sucos, olhamos o mar, a vista linda que me doía e o samba rolando solto o pandeiro o cavaquinho as vozes. Demorou pra chegar. Devoramos.
Depois andamos para o outro lado da praia. O vilarejo tinha 2 ou 3 ruas. À noite fomos jantar num restaurante com o nome alguma coisa de areia, era o último da rua principal de frente pra praia. Era um restaurante muito agradável, as mesas ficava, na areia, na beira da praia, com lampiões iluminando os casais, oh, como eu adoro uma luz indireta, e tinha 2 homens tocando música, mpb, eles mandavam muito bem, muito bem, ainda era possível ver o píer iluminado, os barcos iluminados, era uma explosão de cores e sons e sabores, meu deus, como tudo isso é lindo. é claro que todo mundo pensava que éramos um casal, acho engraçado. No outro dia voltamos embora pra Barra Mansa, comprei um remédio pra enjoo pra voltar na balsa, e dormi o caminho todo. No começo ainda pude ver nos afastando da ilha e o bando de pássaros rodeando os cardumes de peixe e de repente um ou dois pássaros do bando mergulhavam no mar e voltavam com um peixe na boca, meus senhores, quanta maravilha. depois dormi. havia apenas 2 orários de balsa pra ir e voltar da ilha, saímos às 10h ou 10h15 não me lembro muito bem. O caminho de volta, de carro, era lindo, mas eu estava babando devido o remédio pra ânsia, que na verdade é pra dormir.
Acho que era uma segunda-feira. Tínhamos combinado - eu, bianco, kaline, danilo e jeziel - de irmos pra Carlos Euler, novamente, um vilarejo que fica em Minas Gerais, bem na divisa Minas - Rio. Pegamos o carro e partimos, alegres e contentes, meu coração explodindo de amor e alegria, era tudo o que queria, estar com pessoas amadas em lugares maravilhosos, na verdade em qualquer lugar, é sempre maravilhoso. Passamos num mercado e compramos comida.Seguimos a viagem no bom e velho Petrúquio - carro do Je. A estrada era uma graça, montes ao redor, um rio, estrada de terra, casinhas simpáticas na beira da estrada. Bem, chegando em Carlos Euler, paramos na casa da avó do Danilo para pegar a chave da casa onde ficaríamos. Carlos Euler tem uma rua, umas 20 casas, uma vendinha, um orelhão, uma igreja em construção e uma linha do trem que passa em cima dessa rua, e ainda uma subestação de trem abadonada. Em volta disso tem montes lindos um céu maravilhoso e as pessoas são simples e simpáticas. As casas são antigas, simples e lindas. A casa que ficamos tinha um chão de madeira, um fogão de lenha, quintal de terra com uma árvore (uma mangueira, eu acho) enorme. De noite fazíamos fogueira e tocávamos violão, estrelas, fumaça, amor. Era perfeito. Também nadamos num riozinho, digo, só o bianco e o danilo entraram, a água estava congelante. E caminhamos até uma cachoeira enorme maravilhosa, e como não era época de calor, só tinha a gente lá. Fotografei a Kaline naquela maravilha esplendorosa e também fotografamos na subestação abandonada e na linha do trem. Como sempre, meus modelos sempre arrasam na foto. É muito tesão fotografar. Os dias em Carlos Euler foram perfeitos. Bianco musicou minha letra e pudemos filmar. Está no youtube, se chama Miragem.
Voltamos pra São Paulo, deixei minhas coisas no apartamento e voltamos pra Tatuí. Dirigi de São Paulo a Tatuí, de madrugada, ouvindo música. O Jeziel dormia feito um bebê. Aprendi a colocar a 5ª marcha.
Depois as aulas voltaram, voltei a trabalhar de novo e tive que carregar um monte de caixa pra mudar a porra do Arquivo de sala. Mas já passou, não quero escreve sobre isso.
Bianco e Zola ficaram em casa no feriado do dia das crianças, saímos, bebemos, fumamos muito, rimos demais, tocamos, vimos muitas peças, fomos pra Bienal, comemos muito Subway. Também vimos uma peça de cegos, atores cegos, e a platéia inteira no escuro, dava muita agonia não ver nada. Foi uma grande experiência.
Bem, eu continuei minha viagem de me libertar de mim mesma, desconstruir-me. E realmente foi/ está sendo sensacional. Quando permitimo-nos as coisas acontecem. Conheci pessoas maravilhosas que talvez eu não conhecesse se não me permitisse a isso.
Conheci a Amanda, vulgo Provolone, vulgo cão. Ah, menina, você me arranca ótimas risadas. Tenho uma imenso carinho por você, cãozinho, te por num potinho e a gente vai rir eternamente. Com certeza foi um grande prazer te conhecer esse ano. Obrigada.
Em uma de minhas noites 'vou sair sem muito rumo', mandei mensagem pra babi ver se ela podia me arranjar um ótimo e saboroso cachimbinho. Eu já estava no ônibus, bêbada de vinho e cerveja que bebi sozinha no meu quarto ouvindo pink floyd e vendo vídeos do bukowski, e então desci na paulista e caminhei até a baixa augusta pra ir na casa dela, na verdade eu tinha uma festa de aniversário em algum bar perto da Rui Barbosa, era só eu pegar o negócio com a babi e ia pra lá, talvez ela fosse comigo, cheguei lá e estava ela e uma moça sentada assim na mesa da sala 'essa é a carol a nova moradora', ah, 'olá, carol, prazer' nos cumprimentamos fui ao banheiro pensando que a babi poderia ir comigo no aniversário da minha amiga, na verdade eu não conhecia mais ninguém a não ser elas, aline e gisele, então sai do banheiro 'babi, ou você vai comigo no aniversário ou numa festa triplamente sapatão', ela me olhou com uma cara estranha e engraçada e disse que poderia pensar no caso, mas que elas iam ver uma peça à meia noite, na praça Roosevelt e talvez depois a Carol quisesse ir pralguma festa não sei do quê nem de quem. No fim acabei ficando por lá, o Dom chegou com nossa alegria, fumamos e conversamos muito. O facto é que me encantei por essa menina, a nova moradora, e passei a chamá-la de marina, dispenso comentários. linda maravilhosa encantadora . Parece que eu a conheci há muito tempo e nos encontramos de novo, sem saber que nos encontramos há muito tempo em algum lugar, são coisas inexplicáveis que acontecem. marina, mas gosto mais de carol. gostaria de saber sobre suas cicatrizes. gosto muito de você, teresa.
bem, resumindo os factos, que já estou quase no final do ano e com pouca paciência de escrever tudo e ainda mais descrever.
fiz estágio de licenciatura, a desilusão da vida.
viagem de novo pra barra mansa e dessa vez foi o auge da surrealidade e do prazer e da arte. eu e bianco improvisamos muito no violão e piano e flauta. não filmamos nada. tirei fotos lindas da kaline, parecendo filme.
comprei uma flauta de bambu. não sei tocar, mas tenho uma flauta de 4 furos de bambu.
passei em todas as matérias, dancei muito na festa de confraternização do trabalho, blablablablabla
passei o natal na minha tia em são paulo e saímos entregar cestas de natal para os moradores de rua. um cara chorou de emoção ao ganhar a cesta. foi lindo e comovente.ganhei um videogame e um perfume. comprei livros, muitos. descobri bukowski esse ano. dolorido, mas foda.
e agora estou no meu quarto com muito calor. larissa está deitada na minha cama me olhando com cara de sono depois de dormir uma hora largada e com micose nos pés. andrea foi fazer mochilão pela américa latina, vou sentir falta dela, espero que ela me mande postais. carol me convidou para passar as férias com ela e com a babi (talvez a babi nem saiba disso), eu queria mesmo, fazer minhas viagens de motocicleta, ia ser lindo passar uns dias com ela, com sua beleza e fotografá-la. e também rir muito com a babi e quem sabe não vejo a outra carol.
afinal, meu ano foi maravilhoso. não sei ainda quem eu sou. sou tudo ao mesmo tempo e de repente, nada. a felicidade é compartilhar, é estar junto das pessoas que gostamos e trocar amores e carinhos e arte e música. também gosto de estar sozinha, minhas maneiras de ser. choro sozinha e tenho saudades da bibi, mas entendo que ela não queira falar comigo. aliás, não entendo na verdade. só acho triste nos afastarmos assim, muito de mim era dela, então uma parte fica assim, faltando, meio oscilando na embocadura, entre outras partes que perdemos no meio do caminho, e o maravilhoso é isso, se perder e se achar de novo de outro jeito, com outras cores, e se sentir feliz e triste, e com fome, e com calor e ver tudo de outras maneiras. nunca preenchemos o vazio de dentro de nós. se preenchido, morremos, de tédio, morremos da vida, entramos na monotonia, embora eu queira a sorte de um amor tranquilo.



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