segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Besteiras noturnas, porém reais

Uma brisa suave me bate no rosto. É noite e estou feliz. Sorrindo, sempre. Não pode ser tão dolorido, não pode ser feio nem chato. Tem que ser lindo e doce. Algo me pareceu bem simples e eu me aceitei. Acho que sempre passamos por auto aceitações. Mas eu nao sei bem ao certo o que é, porém sinto que algo dentro de mim melhorou. Amém.
A noite volta, como uma criança, eu aqui, vomitando algumas palavras como sempre. Até quando dona Cássia?
- Até quando eu quiser
Pela primeira vez, que eu me lembre, meu blog foi maroto comigo. Deve estar cansado e sujo. Mas, como limpa-lo?
- Escreva menos besteira, respondeu-me.
- Cala a boca
- Não tenho boca...
- Gente, que maroto. Você nunca foi assim comigo..
- Sempre há a primeira vez.
- Vou ficar quieta
- Tá bom, eu escrevo.

E ELE PASSOU A ESCREVER, ALIAS, EU, O BLOG... CAPS LOCK, COISA MAIS CHULA... e eu ainda falando pra ela limpar-me. Não sou maroto, não, mas resolvi que quero meu espaço no meu espaço, entende? Tenho o direito de ser ativo algumas vezes. Só escreve e escreve e enfiam textos aqui, achando que é o blog da mãe Joana?

Chega. Eu mesma resolvi corta-lo, que graça é essa? Nem nisso eu tenho poder mais? Faça-me o favor. Alias, o que eu to falando? Pirei na batatinha. Para usar uma giria idosa. Vou dormir. Queria escrever algo bem bonitinho, algo meio literario, mas pelo jeito nao vai sair. Quero sorrir, dormir sorrindo, encostar a cabeça no travesseiro e sorrir, dar um super suspiro de que esta tudo bem e dormir em paz. Vou indo então.

- vou dormir sorrindo
os olhos descansando
o coração batendo
os sonhos virão
como a chuva vem
depressa
e gostosa
vou dormir
vou sorrir
e você pode dormir
e sorrir comigo

sábado, 26 de setembro de 2009

Jogo meu cabelo pra lá e pra cá. Hoje estou me sentindo linda. Há algo de malvado em mim. Algo de coragem também. Não que coragem e maldade andassem juntos. Mas hoje, me vi tão grande e bela. Os olhos distorcem às vezes.
Jogo meu cabelo e faço caretas no espelho ouvindo um rock n roll, um solo delirante de guitarra. Estou selvagem. Dirijo sem medo nenhum pelas ruas escuras do interior.
Estou linda e decidida. Decidida por estar decidida de alguma coisa que eu não sei, mas eu sinto. E a matemática me bateu à porta. Matemática e realidade Estatísticas. Parece que falo comigo mesma, sozinha...
Tem que doer. Já dói. Tudo dóóói.. terrivelmente belo e poético. Que de poesia não tem nada. Quem sabe uns versinhos próprios.
Autos-versos, auto retrato, auto biografia, auto puta que pariu. (com entonação acentuadissima) Pu-ta que pa-riu.
Eu amo de paixão encontrar-me. É esse o ponto exacto. Pode não ser. Agora ta sendo. Preciso parar de gracinhas. Acordar pra vida. É minha vida. E eu faço o que eu quiser dela. Joãozinho, meu bem, estou morrendo sono e não paro de abri a boca. Joãozinho, meu querido, hoje eu tô que tô.
Eu vou. E eu vou ... e você fica.


fugindo com o fusca azul calcinha

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

" cássia, eu sou completamente apaixonada por você. "


E eu morri...!

Pé de Amora

Estava voltando da padaria, aqui mesmo em São Paulo, quando numa esquina (que eu quase nunca passo), vejo um monte de manchas pelo chão. Olhei então um pé de amora, torto, cheio de amorinhas simpáticas, verdes, vermelhas e roxas. Já vi muitos pés de amora por aqui, em plena paulicéia, assim, de súbito. E achei isso lindo demais. É claro que parei e comecei a colher amoras e comê-las ali mesmo, naquela esquina. Que delícia. Que nostalgia agradável me deu. Porque eu me lembro, isso há uns dois anos atrás, quando fui com meus amigos do teatro para o sítio da Arielli, isso lá no interior de São Paulo, e descobrimos no meio do pomar um pé de amora. Acho que esse foi o ponto crucial para eu passar a gostar mesmo de amoras. E nos lambuzávamos de amoras, a boca toda roxa, a mão toda manchada e conversávamos e ríamos e fazíamos caretas. E foi daí que surgiu as caretas de frutas. Cara de amora, cara de côco, de maracujá, de morango... Amora tem um aspecto simpático, como eu disse, e é toda alegre, então é só dar um sorrisão assim, de orelha a orelha, arregalar bem os olhos e olhar para o lado, pronto, essa é a cara de amora. Maracujá tem cara de malandro. Isso é tudo. Côco tem cara de ¬¬ . Jaca tem cara de desesperada, pois não sabe quando vai cair e se espatifar no chão. Infinitas caretas fizemos, e isso era a diversão garantida, porque sempre tínhamos piadas internas engraçadíssimas e meu Deus, como tudo aquilo era bom.
Um pé de amora em plena São Paulo. O dia cinza, chuviscando, eu voltando da padaria. Um simples pé de amora,e isso foi como um passe de mágica. Voltei sorrindo com a sacolinha de pão numa mão, a outra o guarda-chuva fechado. Tudo pareceu mais simpático. A mulher com os cachorrinhos, o menino de pijama comprido e de meias saindo na frente de casa, a mulher de vestido roxo saindo do carro assoviando alguma música. E é difícil ver alguém assoviando. É difícil ver esse pequeno prazer da vida. Mas comi, comi as amoras e o meu dia sorriu, como se pela primeira vez o dia tivesse sorrido pra mim.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Grito - Parado Em Mim

Imagine que estou gritando. MUITO
Mas é um grito muito forte. Grito de desespero. Grito de angústia, tédio, enjoo. UM GRITO IMENSO, que explode tímpanos. Um grito parado, como n' O Grito, de Munch. Um Grito ensurdecedor. Um grito parado. Grito de liberdade. Desses de subir no morro e erguer o braço, estufar o peito e berrar pro mundo todo.
Um grito de agonia.
E continuo gritando, em silêncio, aqui nessa sala escura, todo mundo dormindo e eu sozinha, falando com meu espírito. Devaneios.
Não é loucura, mas chega a ser DENSO DEMAIS. O som sai como uma gosma nojenta e roxa.
E continuo gritando
por estradas
por caminhos cotidianos
porque é preciso continuar
é preciso por um pé após o outro
e andar
e andar
e eu quero andar tanto
mas canso logo, fatigada, meus olhos semi-abertos
meus pés engruvinhados de água
porque chove tanto
lá fora, aqui dentro, no meu corpo todo
seco, oco

Eu não vejo mais as coisas porque uma nuvem negrissima me tapa tudo
e me leva com ela
porque eu não consigo ir pra frente
estou parada, no ponto de onibus e o onibus não chega nunca
as pessoas passam por entre mim
e eu fico
eu fico
incansavelmente eu fico
eu espero não sei o quê
e finjo conversar com todo mundo
finjo alguma coisa
ou sinto mesmo, de verdade
porque sentir é algo tão surreal
e eu já senti tanto nessa vida
perdas, alegrias, amores, pessoas, devaneios
músicas, eu, letras, cartas, tudo
e única coisa que me vem agora, ( eu continuo gritando)
é essa saudade imensa
essa amargura
essa solidão e vontade de voltar pra casa, pra minha mãe
pros meus amigos, pra mim, antiga, criança, bebê, selvagem
por um segundo ( gritando) me doeu novamente crescer
ter crescido
vindo embora pra longe

Peço o colo de minha mãe
Peço o colo de alguém qualquer que passe pela rua
mas ninguém me escuta
e eu continuo andando
continuo gritando alto dentro de mim
e isso me incomoda,

Estou farta.
Mas o grito ainda não cessou
o grito é constante
imenso
grande
e GRANDE
E passa por cada buraquinho

por cada buraquinho que eu deixei aberto em mim

domingo, 20 de setembro de 2009

Absurdo

Por alguns momentos procuro fugir de mim mesma. Há momentos também que tenho medo de ficar sozinha, mas medo de mim, de encarar-me cara a cara e ter que conversar absurdamente assuntos que me derretem em absurdo.
Acho as pessoas cruéis por natureza. Mas o que me dói mais é elas serem cruéis por próprio gosto, e isso me faz sentir pena. Pena de mim. Pena delas. Pena do mundo.
Parece que entrei numa fase existencialista demais, sem nenhuma saída, com tudo correndo muito absurdo. É essa exacta palavra: absurdo. Incrivelmente tudo, pessoas, situações, momentos, desejos, solidão, livros, sociedade... incrivelmente absurdos. Doloridos de absurdo. Docilmente absurdo. Amargamente um absurdo que escorre pelo corpo. Um líquido absurdo que joga da garganta. Uma poeira absurda de mensagens subliminares. Uma conspiração absurda surreal. Pessoas absurdas imaginárias. Pessoas absurdas reais. Pessoas absurdas reias/imaginárias. Palavras absurdas. Desejos absurdos. Esperança absurda. Fé absurda. Eu absurda. Meus Eus voando absurdo. Fantasmas absurdos. A puta absurda. A que pariu mais absurda ainda. Tudo incrivelmente de um absurdo de doer nos olhos ... e na alma.
Parei e pensei, por um momento, eu não vou levar nada daqui mesmo. Nem dinheiro, nem computador, nem unha, nem essa merda de blog eu terei, e me repreendi, dizendo-me: O que penso eu sobre a vida? - não penso nada. Eu não penso nada, mas eu penso muitas coisas, e tudo isso é nada. Absurdamente nada. Porque no final tudo acaba mesmo, e nem sabemos se nosso fim justificará o nosso meio.
A vida é feita pra morrer. Nascemos com a certeza que cada dia a morte nos virá. E o que fazemos é tentar ser maiores, inutilmente, tentamos sedentos ter uma morte mais bonicta. Porque ela não é feia. Ela só é. E morrer não deve ser ruim, porque a vida já não é lá aquelas coisas. E tudo isso me parece triste, e justamente aí é que me faz querer ter um pingo, um pingozinho de felicidade, pra não ter sempre que sentir a amargura de ficar pensando o mundo como um lugar medonho e fétido. E sonhamos pra que isso seja mais cheiroso. E sonhar está me sendo pouco. acho que preciso de mais. Não, Cássia, é menos. Acorda. Joguei-me um copo de água fria, e isso foi só aqui mesmo, porque de fria já basta minha mão. Mentira. Estou quente.
Estou. Estou bem, afinal. A gente reclama atoa. No fundo eu tenho tudo. Só não domino minha vida e a distância parece triplicar a cada segundo, e você sabe do que estou falando.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

ser gauche, outros lados, sou densa

Se eu pudesse pesar meus sentimentos e meus pensamentos, eles seriam obesos mórbidos.
Eu não queria escrever hoje. Quero fugir de mim e fugir de mim é não escrever. Sabe, quando até você mesmo se enjoou de você mesmo? Eu deliro mesmo e estou ficando com medo. A qualquer momento mudo meu humor e fico densa densa densa. Eu não era assim, ainda conseguia manter as aparências, mas como ando mais sozinha, parece que outra face me vem e me toma conta, mas é uma face que me ataca, me questiona, me joga no chão, esconde o que eu quero. Alias, atrasa o que eu quero. Um novo "eu" brotando?
Passei a falar sozinha na hora do banho. Eu penso sozinha e converso comigo mesma por vozes internas, mas algo queria me bater hoje e era meu lado revoltado, triste, cansado. porque no fundo eu estou cansada e me deu uma vontade imensa de desistir de tudo, levar outra vida, mais livre. Mas ai eu descobri que eu nunca serei livre, porque meus pensamentos me condenam, a todo momento, insuportavelmente eu penso, eu sinto, eu vou. Lembra, do Mundo das Ideias? E elas têm vida própria, isso já percebi há muito tempo. O que não tem vida própria são os actos. As Ideias Ideias ainda ficam dentro e esse é o problema, externiza-las. Malditas. Saiam logo então, evaporem, tenham vida fora de mim, me joguem longe.
- Andem, me joguem longe, estou esperando. Covardes! Cínicas!

- Vamos, andem, me leeevem logo com corpo e mente, corpo e alma, corpo e espírito e me deixem levar bofetadas na cara, ser humilhada de verdade. cansei de ser humilhada por pessoas que nem sabem que me humilharam. Ao menos, que eu viva o facto consumado. Malditas! Medo! Eu tenho medo e quero gritar isso pra todo mundo ouvir que EU TENHO MEDO, e confessar isso não resolve nada. Poema de sete faces. - quando nasci um anjo torto -

seria uma rima
não uma solução

sábado, 5 de setembro de 2009

Breve Tarde

Sentei-me por entre as pedras. Como uma criancinha que é guiada. Guiei-me. Vi o céu em duas partes: uma cinza e ventosa e outra azul com algumas nuvens. Sim, numa mesma perspectiva. Fazia sol em uma metade de meu corpo e a outra era sombra. E ventava ...
Dei de ler poemas e imaginar tudo em preto em branco. Som de violinos e pianos. Tão em mim. Tão... Oh deuses!
"Hoje eu arrasei na casa de espelhos,
espalho os meus rostos
e finjo
que finjo
que finjo
que não sei"


a mais bonita - chico e bebel gilberto

Em pedras, meu bem, adormeci
não queria acordar
porque em mim
me vejo única
e somente ela
em mil partes
em mil rostos
um girassol
me prende
me afaga
e gira
roda
me solta
Em pedras, adormeci...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Breve Comentário Noturno

Meu processo é lento. Auto-processo, quero dizer. Já percebi isso, mas não me importo muito. Acho que deve ser assim mesmo. Nada muito corrido. Me sinto uma lesma, um ser tão sem graça, mórbido, entre meus livros e um copo d'água, uma musica clássica ou anos 80.
Mas incrivelmente meus dias têm sido lindos. Não sei o que é. Me sinto completa, apesar de tudo e de ter deixado alguns pedaços por ali e outros acolá.
Acho que é isso. Hoje a noite quero me encontrar de novo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Intensidade irritação variada

Às vezes, de repente, acho tudo tão absurdo. E de repente de novo, tudo parece voltar ao normal. Como um transe repentino. Um peso nas costas. No fundo é irritação. Não deixa de ser absurdo.
Quero gritar aos quatro cantos do mundo alguma coisa que tá aqui dentro. EU QUERO SIM.
Sabe, quando uma faisquinha te incomoda?
Oh, meu quarto empoeirado! Só você para me suportar. A essa hora da madrugada, eu aqui, com sono, com cisco, com um puta peso de uma bigorna na cabeça. Algo me incomoda, mas eu não sei exatamente o que é. Também não sei se faço idéia. Mas tem, tem sim, eu sinto. E se sentir incomodado, no fundo, é bem gratificante. Sou humana, poxa. Deixa eu sentir. Deixa eu me irritar, me alegrar, ouvir o canto dos passarinhos, brincar de esconde-esconde sozinha, xingar meio mundo porque prendi o dedo na porta, xingar o mundo todo porque esqueci meu caderno em cima de alguma mesa, xingar aquela pessoa que só de olhar me irrita, amar aquela pessoa que me deixa assim, traduzindo: UIHIQKLPOAODBJJO. Toda embaralhada.
Meu coração disparou hoje, e foi por ódio. Estou sentindo tudo. E isso foi muito do nada. Num dia eu durmo be, no outro eu acordo mais ácida, mais estranha, mas com a mesma intensidade de felicidade com a vida. Ainda admiro as estrelas, por mais que esse céu poluído de São Paulo atrapalhe um pouco, mas hoje a noite estava linda e a luz da lua me abriu um foco bem no meio do palco. Cantei e dancei como num musical. Acredite. Mas ainda me sinto sentindo tudo, de ódio a saudade, de asco a doçura do mel, de uma agressividade ao carinho. Mas é mais intenso, parece estar à flor da pele. E nã, não é tensão pré menstrual. Vario do rock n roll à música mais melada. Sou engraçada às vezes. Outra hora me acho ridícula e depois me pego pensando em besteiras impossíveis. Depois me sinto uma personagem de alguma filme cult ou hollywoodiano, com um ray ban de caminhoneiro, com uma camera na mão, desfilando por entre árvores desfolhadas num sol das 5 da tarde. Minha hora preferida. É, de facto, minha hora preferida.
Os passarinhos cantam à noite.
Aliviei um pouco. Engraçado como só você me entende. Tudo bem, podem rir. Que eu vou escrever bilhetinhos que talvez nunca saiam da gaveta.

Em busca daquele sorriso. Em busca do Sorriso. Um, dois, três Sorrisos. Quanto mais, melhor.