domingo, 20 de setembro de 2009

Absurdo

Por alguns momentos procuro fugir de mim mesma. Há momentos também que tenho medo de ficar sozinha, mas medo de mim, de encarar-me cara a cara e ter que conversar absurdamente assuntos que me derretem em absurdo.
Acho as pessoas cruéis por natureza. Mas o que me dói mais é elas serem cruéis por próprio gosto, e isso me faz sentir pena. Pena de mim. Pena delas. Pena do mundo.
Parece que entrei numa fase existencialista demais, sem nenhuma saída, com tudo correndo muito absurdo. É essa exacta palavra: absurdo. Incrivelmente tudo, pessoas, situações, momentos, desejos, solidão, livros, sociedade... incrivelmente absurdos. Doloridos de absurdo. Docilmente absurdo. Amargamente um absurdo que escorre pelo corpo. Um líquido absurdo que joga da garganta. Uma poeira absurda de mensagens subliminares. Uma conspiração absurda surreal. Pessoas absurdas imaginárias. Pessoas absurdas reais. Pessoas absurdas reias/imaginárias. Palavras absurdas. Desejos absurdos. Esperança absurda. Fé absurda. Eu absurda. Meus Eus voando absurdo. Fantasmas absurdos. A puta absurda. A que pariu mais absurda ainda. Tudo incrivelmente de um absurdo de doer nos olhos ... e na alma.
Parei e pensei, por um momento, eu não vou levar nada daqui mesmo. Nem dinheiro, nem computador, nem unha, nem essa merda de blog eu terei, e me repreendi, dizendo-me: O que penso eu sobre a vida? - não penso nada. Eu não penso nada, mas eu penso muitas coisas, e tudo isso é nada. Absurdamente nada. Porque no final tudo acaba mesmo, e nem sabemos se nosso fim justificará o nosso meio.
A vida é feita pra morrer. Nascemos com a certeza que cada dia a morte nos virá. E o que fazemos é tentar ser maiores, inutilmente, tentamos sedentos ter uma morte mais bonicta. Porque ela não é feia. Ela só é. E morrer não deve ser ruim, porque a vida já não é lá aquelas coisas. E tudo isso me parece triste, e justamente aí é que me faz querer ter um pingo, um pingozinho de felicidade, pra não ter sempre que sentir a amargura de ficar pensando o mundo como um lugar medonho e fétido. E sonhamos pra que isso seja mais cheiroso. E sonhar está me sendo pouco. acho que preciso de mais. Não, Cássia, é menos. Acorda. Joguei-me um copo de água fria, e isso foi só aqui mesmo, porque de fria já basta minha mão. Mentira. Estou quente.
Estou. Estou bem, afinal. A gente reclama atoa. No fundo eu tenho tudo. Só não domino minha vida e a distância parece triplicar a cada segundo, e você sabe do que estou falando.

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