quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Desenho

Sua voz rabisca-me de vermelho cereja
ao mesmo tempo que o papel se amassa num molhado de lágrimas
E eu,que evaporo em fumaça de cereja,desenho-te
em riscos rápidos e fortes
como se eu quisesse que aquele desenho saísse do papel
e virasse você
em preto e branco
num lápis B6 já pequeno de tanto apontar
e o papel sujo,minha mão suja,você indiscutivelmente suja
porque sua beleza não é mais a mesma
uma beleza suja pelo tempo,pelas pessoas e pelo pensamento
Mas a voz..! Ah,a voz!
Inigualavel voz suave
de sono e de mãnha
que acorda aborrecida
com um pesadelo
com o telefone tocando
e limpa o rosto com uma mão enquanto se apóia na cama com a outra
E o desenho dança enquanto sua voz rouca ecoa
a ponta do lápis não é mais a mesma
nem meus dedos são mais os mesmos
porque você toda surgiu em cinzas num papel
o papel queimando no cesto
e as chamas,de início pretas e brancas
tornam-se um furor de laranja,vermelho e amarelo
e um azul roxeado que parece que sua voz
assoprou e assoprou e aquilo
queimou-me
as mãos,o peito,o rosto
e fiquei completamente surdo
e quente,
vendo que tudo aquilo tinha essência de cereja
vermelho cereja
que saia do seu lábio
do som doce do seus lábios que atingiam meus olhos e ouvidos
e todos os sentidos nunca antes sentido
quando você surgiu como fênix daquela chaminha já fraca
do desenho
do preto e branco que é minha vida toda rabiscada.

sábado, 23 de agosto de 2008

Asco social tatuiano

Sociedade tatuiana numa mediocridade sem tamanho
Senti-me num ninho terrível de futilidade e aparências. Bem,nesse mundo de aparências eu confesso que fiz/faço parte...nunca podemos nos doar inteiros para esse mundo tão vasto e superficial. Porque o que realmente interessa não nos é mostrado. E então temos de conviver absurdamente com pessoas asquerosas de baixo nível moral e social(no meu termômetro de sociedade).
Tudo o que quis foi tirar um silencioador da bolsa,projetá-lo gentilmente em cabeças amigas e...( ). Negócio feito. Um,dois,três a menos para respirar o ar,poluir a atmosfera,fornicar vida alheia,futilizar nossa po-pu-la-ção e um sorriso a mais em meus lábios molhados de raiva e incompatibilidade.
Isso fez-me pensar muito sobre o que é T-a-t-u-í .
Ta-tu-í é e sempre foi uma cidade de pessoas de mente absurdamente pequena,de base social escassa e de projeto de vida questionável.
Sinceramente,ó meus queridos tatuianos, senti-me envergonhada com meus semelhantes.
Pior: sou completamente indefesa. Não passo de uma experiência viva que,sinceramente,eu não sei o que será no futuro. Bem,isso é um passo para trás. Não saber o que será no futuro é um pulo no mesmo lugar. E terceiro: pretendo realmente ser alguém num futuro.Isso é um passo para frente.
Incomodo-me sim com pessoas que me subestimam a inteligência.
Pais,por favor,eduquem seus filhos queridos.
Escolas: incentivem o senso crítico.
Tatuí: Construa centros culturais.
Pessoas: Arreganhem suas mentes.
São Paulo: Espere-me.
Cássia: Acalme-se. O seu semelhante é pura coincidência do destino.Porque eu realmente não quero ser uma tatuiana fútil ... muito menos esbaldar-me em aparências.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

The Cure cura e a cena é a mesma

É fim de tarde e o sol projeta a sobra da minha cabeça na parede.
É segunda-feira e o dia anda tão entediado que nem eu me reconheço de tédio. Nunca senti o tédio como o estou sentindo agora.
Veja... tudo se repete. Enfadonhamente. O ciclo natural terrestre. O sol nasce e se põe. E o ciclo da água é o mesmo.
Dilatadamente nossa vida vai. Mas aí quando se ve já é tarde.
É fim de tarde e um ventinho frio começou a correr. Que bom,pelo menso aquele calor de inverno brasileiro já amenizou. País tropical é isso mesmo. Paciência.

Drip drip drip drip drip drip drip drip

Drops.
Veja...eu nem tenho mais aquela ânsia da vida.
Olhe lá,o passarinho nasce,aprende a voar e vem seu predador e ...acabou.
O maior predador do mundo.
O meu cabelo fica estranho nessa sombra. É que eu não penteei. Nunca o penteio.Besteira,não saio para lugar algum. E ele é interessante tendo vida própria. Nem eu tenho vida própria,olha só a vida que ele leva. Deixe-o livre.
Essas revistas de moda lucram em cima da sua feiura,meu bem. A publicidade é tão simples... só te fazem sentir mais feio e gordo,mesmo você pesando 45 quilos. Pa-ci-ên-ci-a.Eu é que não vou me submeter a essa euforia de inter-relação econômica e estética criada pela sociedade. A sociedade é da elite e o povo mesmo é que se dana.
Duas faces da mesma moeda.

Já é fim de tarde,e o sol é melancolicamente belo no seu repousar.
O silêncio e o canto dos pássaros.
São Paulo.
Ficar alguns minutos no trânsito respirando esse ar poluído é como se você tivesse fumado de 10 a 20 cigarros num dia. Morra.
(pelo menos sua mão não fica cheirando cigarro)
É morte lenta
é uma delícia
viva a vida.


Até o saco da pipoca doce está vazio.
Eu é que estou de saco cheio.
SINCERAMENTE

drip drip drip drip drip

a torneira.
É,eu ouvi isso numa música.

Travei-me

Um desespero!
sinto-me desesperadamete parada
atolada
Essa sensação bruta e contínua de que eu não saio do lugar e
fico
fico
como se alguma coisa me prendesse pelos pés
e não
não crescesse mais
não evoluisse
progredisse
Desenvolvimento
Subdesenvolvimento
Teoria da Modernidade
E eu aqui...
Ah,Drummond me entenderia.
Alguém me dá um copo da água
e poesias
que o resto já se foi tudo mesmo
de mim
tudo
tudo se foi
ontem eu percebi que hoje
e amanhã e depois e depois
seria absolutamente a mesma coisa

domingo, 17 de agosto de 2008

ciclicamente tedioso e fedido

O tempo é o que eu vejo passando enquanto eu fico pensando !

Nisso já foi dezoito anos.
Nisso já se foi cinquenta.

O que é que?
A gente fica aqui vendo . E...tudo passa e eu fico.

A psicologia tende ao sexo.
E o sexo tende ao tédio.
O tédio tende à psicologia!
A psicologia tende ao sexo.
O sexo não entende de tédio.
O tédio é o ódio
o ódio me consome
o calor me consome
a psicologia explica

Não explica
que meu
no seu coração
explode
e eu espirro
partes do meu corpo

Seu dedo caiu
na privada
depois de cutucar
a sua bunda

e aí o esgoto foi
foi
foi
e você respirou seu dedo
que tá poluindo

ESSA MERDA TODA!

Não cala mais

- quem cala consente.
O bicho tem mais pé que minha imaginação. É que o pé dele vira mão também e gruda em você. Gru-da em você.Você se gruda em você mesmo.

O Antônio é assim: Chega em casa de noite e acha que eu sou escrava dele. Que a comida tem que tá pronta,a cama arrumada e eu pronta pra fode. Já nem ânimo tenho mais. Chega um tempo,minha filha,que a bunda já tá mais grande que o zóio,e aí é que não dá mesmo. Não dá,eu já disse pra ele que se continuar assim eu saio de casa e ele que se esporrinhe todo nessa tapera.
o coração sofre.Não sofre menos que a bunda,mas sofre. Nunca gostei dessa idéia de que home tem que se reproduzir,reproduzir. e aí a mulher que explode. A mulher que se acaba inteira. E os filho? Nasce,cresce e deixa a gente. Isso quando não acaba com a gente na teimosia.Os meu,eu não tive. melhor assim,não sofre nesse amargo da vida.não quero filho pra sofre do pai ruim e da mãe puta. Puta do pai mesmo.
Onde é que fica minha vida? Enfiada no cú.No cú mesmo...no meu,do Antônio,do filho que num veio e dessa gente cretina que come a gente vivo e seca o zóio de fome.
Come e passa fome. Aí é mais um número no jornal que os doutor le,é só mais uma quenga escrava que morreu. Melhor pra eles,nisso eles num tem culpa porque morrer é natural do home. Que a culpa deles era em vida. Porque pra morre basta tá vivo. E pra tá vivo é que é essa daninhera toda,unha e dente e bunda se esfola. O resto eu conheço de cor,que o resto é nós.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Da praça aos olhos azuis

Para Daniela dos Santos





É que foi assim,os bancos fizeram-se em divã e o divã misturou-se na minha imaginação junto com o azulacinzentadodecéudedomingo dos seus olhos. Mas não era domingo,era ...quarta-feira. Como de costume...!Será que ela sabia que bala Sete Belo com Vinho não combinavam: Mentira. Achei a combinação perfeita. Mas tudo bem,a gente sempre se entende. Fica assim como não fica.

É que ela não gosta de aula de Literatura. E aí perde o tempo comigo na praça,bebendo,dizendo coisas que (como eu já disse a ela)me fazem parecer a mais boba e ridícula. Não,ela não me xinga,mas...a voz é tão doce e a sabedoria tão além que,é,é de se ficar quieto e ouvir.

Desculpem,mas vocês,ó meus senhores membros do júri não sabem que a minha amiga é um Anjo (e eu digo:é alado) . Ou seja,numa amizade angelical criamos asas ( não é de cera...quero uma de penas) e como tradição,tomamos aquele Dom Bosco em copinhos de plástico e canudo.


Um Anjo! Um Anjo!


Palmas e trombetas!





Não sei fazer poesia. Ou até sei,mas o momento não foi de poesia. Carta,dissertação,prosa..que seja. É,mas eu ,eu escrevi do mais profundo amor do meu coraçãozinho vinhesco e setebelesco.


Não vou falar seu nome(já falando no começo dessa o que quer que seja...).É estranho pronuciá-lo inteiro. Anjo já resume você muito bem.





Muto bem!


Muito bem!





Abraços carinhosos para você
cheeeioos de...de..peninhas das minhas asas.

Num segundo o teu no meu

( para ler escutando Melodie ou em silêncio mesmo)
Para ALF


Foi de repente,num clarão em chamas do meu peito,que consumi-me (te) do seu sorriso.
De repente mesmo,sabe,que eu nem vi nada passar por mim. E então entra aquela cena que te falei,que congelou-me dos pés à cabeça(juro,estou tremendo ainda),tudo no plano de fundo embaça e aparece só você.
É que eu ...eu...(suspira)de tão quente e cor-de-salmão que fico,embaraço-me,mas acho que saí-me muito bem quando disse tudo aquilo,até caiu a temperatura. E o medo,a ânsia e o mal estar triplicaram num raio psicodélico,aí minha vista ficou toda colorida,embaçada,aguada,seca,minha boca pedia água e meus braços pediam você.

"Fure o dedo faz um pacto comigo
num segundo o teu no meu
por um segundo mais feliz"
O sorvete de frutas não vende por aqui não,menininha. Eu te disse que vai ter que pedir Sonho de Valsa,sem mais. (na verdade vende,mas tem que fazer um charme). Porque quando você vier o mundo ou vai parar ou vai girar incontrolavelmente numa velocidade absurda que nos jogará numa nuvem única e pomposa.E o sangue vai pingar assim,ploc ploc nela,porque ai meu peito terá dilacerado de tanto calor e alegria.
Já é bem de madrugada e eu estou aqui ainda,pensando porque o Felipe não foi mandado para fora da sala,e injustamente aquele professor só mandou você (pecadinho) pra fora. Bem,pior pra ele que ficou sem sua beleza extrema dentro da sala.
Os tracinhos na parede vão aumentando e os suspiros também. Mas aí o tempo é inversamente proporcional aos tracinhos. Que bom,a matemática às vezes me proporciona. A Natureza em si me proporciona.
Estou num plasma cor de rosa.Melhor,vermelho. (é mais atraente).Num plasma,uma bolha, imensamente feliz dentro dos seus olhos.
Nada com nada. Fica tudo espalhado como ficam meus livros em cima da cama.
Agora é Ditadura. Monarquia pode ser menos encrustrado,é um caso a se pensar.
Consumir-te-ei em fumaça e chamas em mim.
Afinal,o vinho é tão doce que acho se eu não morrer naquela nuvem pomposa de alegria,eu morro de diabete. ( e você é um docinho djiii....
....
......)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Da rotina não seguida

Não acendeu cigarro nem charuto. Ela não fumava. Mas naquele dia resolveu que ia entopir os pulmões de câncer em fumaça. Ela eu digo em terceira pessoa que sou eu mesma.
Incrível como as pessoas pagam para morrer. Eu roubei a morte.
E esse moquifo que é viver em São Paulo.O medo toma conta até dos pêlos pubianos. Não há cigarro que aguente,não há folêgo que suporte o baque,meu bem,a qualquer hora eu serei metralhada embaixo de um viaduto enquanto ele me diz que viver sob risco de vida é adrenalina pura,adrenalina pura é cortar o pulso e jogar álcool,aí sim,a lágrima escorre no rosto e salga sua boca já seca de tanta fumaça,de tanta amargura nessa vida.Trabalhei o dia todo pra dizer que faço alguma coisa nesse mundo...e o dinheiro vai todo em garrafas de vodka. Aí eu perco tudo num vomito e vai tudo pro Tiete,que me intoxica horas naquele trânsito que entope qualquer artéria. Só bebendo pra escapar disso. Mas agora com essa merda dessa lei ,que não pode mais encher a cara e perder a vida,ja fica até sem graça. a loucura que despita a realidade pelo menos no final de semana já era. Cadê o governo atuando:
é que ele nao sabe que o medo tem endereço e documento...alias,acho que nem documento tem que aposto que está dentro de um saco jogado em algum riberão escroto. O moquifo fede. A vida fede. Essa fumaça de tosse fede. Não pode fumar que é proibido. Beber é proibido e agora que eu curtir uma velocidade toda malucona também é proibido. É proibido morrer alcoolizado. De fome não é proibido.
Criatividade...idade...calúnia.
Cadê aquele telefone que você tinha me deixado: Sumiu,neh. Já nem posso te ligar,porque você deve estar se esfregando com uma aí. E já cansei desse teu papo que não sabe com quem fica,com quem dorme,se ama ou se não ama. O problema é seu,ninguém é de ninguém. Não atendeu o telefone porque:depois vem com essa de que gosta de mim. Men-ti-ra.
Que nem saída há mais,o que me leva a isso é uma força maior,porque nem fé a gente tem pra seguir.Fé a bebida eu tenho. Besteira.
cade aquela carta...ahm,ja nem sei onde enfiei.. Devem ter queimado em algum baseado aí.
Que o mundo é negro nesse mercado.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Tão repetitivo!

Teve uma vez que encontrei uma correntinha assim,no meio da calçada!
No meio da calçada!
No meio da calçada!
Foi quando eu vi que era minha mesma e percebi que estava andando em círculos!
Em círculos!
Em círculos!

Eu ainda o tenho em mim

Ontem foi dia dos pais.
Não tenho uma opinião formada sobre isso. Um dia dos pais. Todo dia aliás é dia de todo mundo.
Eu e meu pai.
Meu pai se foi. Mas ele continua sendo meu pai,só não pude pegar em sua mão e dar-lhe um abraço sentindo aquele perfume só dele. Nem abracei minha mãe por ela ter sido meu pai também.
Abracei outras pessoas,mas...o meu pai não.
Para mim foi um dia qualquer. Um domingo qualquer,ocioso,comilão,10 de agosto.
E hoje...é só 11 de agosto.