sábado, 13 de julho de 2013

Bibi, hoje me deu uma saudade imensa de você.
Saudade de tudo em você, do seu jeito, do seu sorriso, de nossas conversas, de você inteira, até da sua chatice.







quinta-feira, 4 de abril de 2013

a gente sente quando os olhos do outro brilham por encontrar os olhos seus
e os seus brilham por causa disso
e a alma reconforta
e um leve suspiro
de troca
bem sucedida
cresci

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

poeminha tranquilo

eu queria escrever algo hoje
marcante
eterno
mas como estou numa boa
escrevo um versinho
de sorrisinho
amarelo

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Acordei sorrindo, cheiros e pequenos mistérios a serem revelados

Hoje estou feliz como quem dormiu muito bem à noite e sonhou com lindas coisas e lindas moças beijos e abraços. No meio da noite acordei sorrindo num susto, descoberta, com frio, calafrios. Sonhei com a moça linda que me encanta mas que não vejo, então pensei que estaríamos sincronizadas, num ritmo-encanto só nosso e misterioso de alguma maneira, que talvez ela não soubesse, mas sentisse, de leve, um frio no pescoço, um beijo quente nos lábios, um abraço apertado sem se apertar. Um ar que nos ronda, mas não vemos.
Estou feliz como quem sente cheiro de café sendo passado. Passei pelo corredor até o banheiro e a copa tem uma janela para esse corredor, cheiro de café, entrei no banheiro e um forte cheiro de perfume doce. Cheiros do cotidiano em dias úteis. Entrei na copa e peguei um café quente e cheiroso, dei um Oi pra copeira, que é baixinha e roliça e tão simpática que quase não trocamos palavras mas nos percebemos alegres na distância de nossos olhares, então penso em dizer-lhe que o café que ela faz é realmente muito bom e quase a abraço de verdade, espero que ela tenha sentido essas vibrações.

(acho que vi uma árvore de cacau)

Estou hoje feliz como quem lê autores solitários e se sente tão só na companhia de suas leituras, kerouac em sua cabana no alto da montanha nevada, bukowski no alto de sua cama num quarto de hotel barato nos porres de vinho ruins e sebosos, alexander supertramp enfrentando a si mesmo no alasca solitário e feliz, queimando seu dinheiro como quem queima palitos de fósforo na fogueira enluarada.
Um novo dia rabiscado do meu jeito, fervendo por dentro de uma bata africana com elefantes vermelhos, o cabelo grande sem saber o que fazer, as unhas por cortar, os pêlos na perna, e tudo isso é meu de alguma maneira, sem evitar nada, relendo o grande mistério nos olhos dos outros, infinitas lágrimas e lamentações, alegrias descabidas, sonhos sonhados banhados com água do chuveiro de manhã cedinho, a roupa passada, engomada, social. Quantos mistérios atrás dos olhos de cada um? O que pensam? Como tudo se encaixa no som vazio do vento ronronando atrás de nossas orelhas, farfalhando os poucos fios de cabelos brancos.

Quase grito de alegria rindo de canto: Abram todas essas caras e esses sorrisos, deixem que o seu sonho banhe a água do chuveiro e inunde todos esses espaços vazios de sentimentos ternos friezas calculadas de gente calculada.

Ah, o peito aberto, a boca a pronunciar o descabimento da vida que passa sem metafísica, mas antes, um sorriso.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Canal Chiado

um lugar para onde canalizar a sujeira da vida
pequenas grandes coisas que te incomodam
que fica ainda grudada pelo corpo nos cantos
nos ecos
um pedaço de saudade enroscada na pele, na boca
uma tristeza pendurada no pescoço
sem mais nem menos
quase trancando o ar da garganta
aquele sentimentozinho debaixo das unhas
que mesmo lavando não sai
as nossas pequenas descobertas da vida
que doem fundo
como agulha cutucando
a veia
e tira o sangue

aquela coisa
sem nome
que te pega
desprevenido
não sabemos o que é
mesmo sabendo no fundo
o que é
o que foi
e que nunca
- talvez -
será

mas mesmo assim nos machucamos, nos auto machucamos de propósito pensando em tudo o que aconteceu nosso passado ferido e tão gostoso e tão cheirando a perfume de flores com beijos abraços
e você sabe muito bem do que falamos porque estamos a todo momento falando disso mesmo quando não queremos da presença ou da falta dele ou de qualquer outra coisa personificada uma carta um cheiro um sorriso uma lembrança
às vezes dolorida às vezes não

e essa sujeira nunca sai - seria mesmo uma sujeira? - pergunto-me

é nesse momento que estamos nos descobrindo e tentando pensar em como escapar de nossas próprias armadilhas e é difícil, quem não sabe disso? quem nunca soube que saiba agora

será?

somos pássaros criando um ninho fechado e é difícil sair dele
libertar-se de tudo
em todos os aspectos
de todas as melancolias
e ouro e café
e amores/desamores
amoras lichias
e todos os fios de cabelos
e os cabelos brancos
que nascem do nada
um bilhete na gaveta de calcinha
te quebra
te parte a cara
uma foto
clicada num momento
um suspiro
já passou

é que a gente é
passando
mal somos e já não somos
então queremos ser o que pensamos
que fomos
e que pensamos que foi bom
porque o que está por vir
pode e não pode ser bom
é como se nos agarrassemos ao futuro e ao passado ao mesmo tempo
em função do presente
que é quase esquecido
uma coisa liga a outra
uma TV ligada com aquelas faixas coloridas
sem programação
aquele chiado que quase aparece alguma imagem
é assim que estou hoje
um canal quase fora do ar
que precisa de bombril
mas não tem bombril

me leve de leve
nos seus braços

e seremos doces


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Poesia para tacos soltos de madeira

Aquele pó cinza
grudado no chão que
embola no pé
com ferpas e cabelos

eu sempre quis guardar dinheiro
no vão do taco solto
da casa da minha avó

ela encerava o chão
com aquela enceradeira enorme
e barulhenta

enquanto eu cortava os matinhos do quintal
com uma faquinha
pra ganhar 50 centavos
e comprar adesivos
na feira
de quinta-feira
na rua atrás da igreja
que eu ia todo domingo
pra ver a missa
com o padre Paulo
- ele era engraçado
mas demorava muito nos sermões

Qualquer casa hoje em dia
que tenha taco de madeira
com certeza
vai ter um taco solto
minhas homenagens aos tacos soltos

quantas crianças não quiseram achar tesouros debaixo deles?
quantos pés não soltaram o taco
qual foi o momento exato de
se soltar do chão?

o som oco
o som opaco
o som concreto
dos tacos

um salto alto no taco
um sapato executivo
um chinelo
um pé descalço
tênis molhado
sandália
ponta do pé
bundas
suadas

cada um com seu
ritmo
e melodia

meu grande
amor
aos tacos de madeira

marrons
descascados
amarelados
sugados

tacos
não mexicanos
que estalam
ao abrir a porta
e a pata do cachorro se enrosca
enquanto
procuro duendes
ou pequenas criaturas
- um tatu bola? -
debaixo deles.