agosto está indo embora e
minha menstruação está começando. achei que eu ia me safar da tensão nesse mês. até me safei, não chorei, nem espernei nem faltei do trabalho por acordar igual a um monstro inchado de tanto chorar. apenas estou com sono e de repente me bateu uma pequena tristeza. mas não é nada demais. faz parte da nossa vivência e sei lá, às vezes é bom derramar algumas lágrimas, limpa os olhos e lava o coração.
fico meio sentimental vendo casais felizes como em cenas de filme.tudo se constrói para um dia se acabar. é mais ou menos o ciclo humano. tudo se acaba um dia. minhas memórias sumirão. tudo o que eu vi, vivi, pensei. talvez fiquem algumas fotos, algum fio de cabelo - é bem provavel que fique alguns fios de cabelo - e um ou dois abraços eternos.
mas quero acreditar que, como diria drummond, de tudo fica um pouco, do meu medo, do teu asco, dos gritos gagos da rosa ficou um pouco.
tenho vontade de cortar o meu cabelo ao mesmo tempo que não tenho vontade nenhuma de cortá-lo e sim deixá-lo crescer com vida própria, enrolando e se desenrolando com aqueles fios brancos que insistem em nascer na frente - eu sempre os arranco.
voce já pensou que... tem dias que você se devora tanto que dá aquela canseira de deitar na cama e dormir num segundo
sem ficar olhando o teto e refazendo todo o seu dia
mas de repente o coração se enche
e o sono vem e você dorme feito criança depois de brincar o dia todo na rua
que delícia
adeus, ó agosto
e setembro sorriu
diria álvaro de campos
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
os dias estão passando rápidos. pelo menos terminei de ler aquele romance chato do machado. uó
agora tenho outras coisas a ler, baudelaire, hilda hilst, bukowski e textos teóricos. estou curtindo. estou com sono.
com quem sonharei hoje? queria sonhar com o calvin. deve ser engraçado.
mas... sem línguas dentro da minha garganta, acordo com tesão e um pouco de agonia. uma coisa misturada. não sei.
no mais, vamos todos tomar no cu.
agora tenho outras coisas a ler, baudelaire, hilda hilst, bukowski e textos teóricos. estou curtindo. estou com sono.
com quem sonharei hoje? queria sonhar com o calvin. deve ser engraçado.
mas... sem línguas dentro da minha garganta, acordo com tesão e um pouco de agonia. uma coisa misturada. não sei.
no mais, vamos todos tomar no cu.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
há dias 4 consecutivos que ando sonhando com ela. ela sempre me foge. nos beijamos, dormimos juntas, ela enfia a língua bem fundo na minha boca. é meio estranho. muito estranho. como sonhar com charles chaplin e chapolin.
*
achei que ia amanhecer chovendo. abri a janela num susto e quase fiquei cega com tanto sol e céu azul a ramela ramelando os olhos. que nhaca.
depois fiz um pão com mortadela e leite com toddy. toddy é melhor que nescau. e hellmans é melhor que todas as maioneses e eu preciso de um colchão novo.
*
agora vou ler mais um capítulo de Ressureição de Machado de Assis. Foi o primeiro romance dele. UM SACO.
domingo, 26 de agosto de 2012
é você quem me vê assim, eu disse a ela. e se eu não for assim e for de qualquer outra maneira que você nem imagina o que seja. e então, como ficamos? como aplicarmos toda nossa vivência em outra pessoa. como? mas eu ando desconfiada que você está ficando com aquela menina aquela do seu amor platônico há algum tempão atrás não não tenho nada contra acho ótimo mas essa ideia me atormenta um pouco não por sua causa você sai com quem você quiser mas por minha própria eu fico feliz fico mesmo sabe não tenho mais amores platônicos é uma pena é uma pena porque era muito gostoso me apaixonar por coisas impossíveis mas talvez perca a graça depois que seu amor platônico vire seu amor real ou não é relativo é brincadeira é uma delícia.
aí eu lembro do bentinho ou do bento santiago aquele mesmo o dom casmurro me sinto assim um pouco com um ciúmes idiota de coisas que não condizem com a realidade é tudo da cabeça dele mas como eu queria aquela capitu capitolina
como eu queria
as pessoas me veem de tantas formas e eu posso ser de todas essas formas que as pessoas me veem mas acho que ninguém le tudo isso aqui então elas não conhecem uma parte do profundo que eu sou e nem eu porque isso se constrói a cada dia com um caminhão de areia enterrantudo e construindo coisas uma por cima das outras às vzes a areia cede e desabafa as vezes acumula esconde
mas voce pode continuar caminhando a gente sempre vai nessa vida
aí eu lembro do bentinho ou do bento santiago aquele mesmo o dom casmurro me sinto assim um pouco com um ciúmes idiota de coisas que não condizem com a realidade é tudo da cabeça dele mas como eu queria aquela capitu capitolina
como eu queria
as pessoas me veem de tantas formas e eu posso ser de todas essas formas que as pessoas me veem mas acho que ninguém le tudo isso aqui então elas não conhecem uma parte do profundo que eu sou e nem eu porque isso se constrói a cada dia com um caminhão de areia enterrantudo e construindo coisas uma por cima das outras às vzes a areia cede e desabafa as vezes acumula esconde
mas voce pode continuar caminhando a gente sempre vai nessa vida
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
é que eu não tenho muito o que dizer
mentira eu quero dizer tanta coisa quero explodir em palavras descer a boca no mundo todo
sabe, que juízo que juízo que juízo estou quase pegando minha camera e indo viajar o mundo dormir embaixo da ponte
mas ai encontrei o vigia do prédio ao lado ele fica numa guartia olhando as pessoas passarem na rua e é uma rua curva com pouca luz onde passam estudantes. ele é muito simpático sempre me acena um "oi, boa noite, bom descanso" e eu aceno de volta "boa noite, bom trabalho". as vezes ele me acompanha por um trecho e me conta suas histórias. parece que eu existo.
bem, hoje ele me contou que na folga dele de ontem ele foi buscar um carro que havia comprado. eu não lembro exatamente onde era, guarapiranga talvez, represa, perto do grajaú. um gol quadrado branco antigo. pagou 5 mil. um bom negócio, pensei. depois me disse que quando era mais novo tinha uma brasília que se acabou num racha. o carro capotou e deu perda total. cara, que cena de filme. também disse que foi vigia do centro de esportes da usp, onde o ayrton senna ia correr e treinar. certo dia o senna nao tinha autorização pra entrar, era num feriado, e o vigia (que era o porteiro do cepe) deixou o rapaz entrar, claro que não ficou barato assim, pediu pro senna assinar um poster que ele tinha (que aliás, ele ligou pro cunhadinho dele levar) e que hoje está emoldurado e pendurado na parede da casa que ele mora desde que nasceu. ufa. também ganhei um doce de amendoim, que realmente nao é dos meus preferidos, mas aceitei com muito carinho. ele é uma boa pessoa e gosta de contar suas histórias. e eu gsoto de ouví-las.
hoje uma menina sorriu pra mim no mesmo lugar que a outra menina havia sorrido pra mim exatamente depois de eu ter saído da minha corrida. coisas boas acontecem, o coração se enche.
matei uma barata no trabalho. deixei ela no meio do corredor. um tempo depois eu sai e a vi um pouco mais frente, alguem deve tê-la chutado. depois quando voltei ela tinha sido chutada de novo. e só depois alguem foi tira-la de lá. coitada.
é uma sexta à noite e eu já estou de pijama na minha cama. dona serenita também deve estar. quase dormindo. mentira, ela deve estar assistindo a novela. e eu estou com fome.
bem, sorria.
mentira eu quero dizer tanta coisa quero explodir em palavras descer a boca no mundo todo
sabe, que juízo que juízo que juízo estou quase pegando minha camera e indo viajar o mundo dormir embaixo da ponte
mas ai encontrei o vigia do prédio ao lado ele fica numa guartia olhando as pessoas passarem na rua e é uma rua curva com pouca luz onde passam estudantes. ele é muito simpático sempre me acena um "oi, boa noite, bom descanso" e eu aceno de volta "boa noite, bom trabalho". as vezes ele me acompanha por um trecho e me conta suas histórias. parece que eu existo.
bem, hoje ele me contou que na folga dele de ontem ele foi buscar um carro que havia comprado. eu não lembro exatamente onde era, guarapiranga talvez, represa, perto do grajaú. um gol quadrado branco antigo. pagou 5 mil. um bom negócio, pensei. depois me disse que quando era mais novo tinha uma brasília que se acabou num racha. o carro capotou e deu perda total. cara, que cena de filme. também disse que foi vigia do centro de esportes da usp, onde o ayrton senna ia correr e treinar. certo dia o senna nao tinha autorização pra entrar, era num feriado, e o vigia (que era o porteiro do cepe) deixou o rapaz entrar, claro que não ficou barato assim, pediu pro senna assinar um poster que ele tinha (que aliás, ele ligou pro cunhadinho dele levar) e que hoje está emoldurado e pendurado na parede da casa que ele mora desde que nasceu. ufa. também ganhei um doce de amendoim, que realmente nao é dos meus preferidos, mas aceitei com muito carinho. ele é uma boa pessoa e gosta de contar suas histórias. e eu gsoto de ouví-las.
hoje uma menina sorriu pra mim no mesmo lugar que a outra menina havia sorrido pra mim exatamente depois de eu ter saído da minha corrida. coisas boas acontecem, o coração se enche.
matei uma barata no trabalho. deixei ela no meio do corredor. um tempo depois eu sai e a vi um pouco mais frente, alguem deve tê-la chutado. depois quando voltei ela tinha sido chutada de novo. e só depois alguem foi tira-la de lá. coitada.
é uma sexta à noite e eu já estou de pijama na minha cama. dona serenita também deve estar. quase dormindo. mentira, ela deve estar assistindo a novela. e eu estou com fome.
bem, sorria.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
oh, você conhece alguém
essa pessoa é linda tem um sorriso
elegante que te engole
o queixo parece esculpido
ela é simpática, tem uma conversa bacana
vocês se identificam de imediato
vocês simpatizam se apaixonam
tem tesão querem trepar
fazem amor fazem juras de amor
fazem comida e comem juntos
bebem fumam se chupam
vão ao cinema e depois andam pela avenida
falando sobre o mundo e sobre a vida
sobre a sociedade sobre literatura
enquanto isso as outras pessoas passam por você
talvez despercebidas
talvez com cheiro de fumaça de cigarro ou
mau hálito a cidade passa você
com luzes amarelas dos postes
luzes de farol de freio de celular
os números do seu celular se resumem a
apenas um o resto são fantasmas
ou alguns com rostos mais ou menos definidos
seus olhom brilham seu coração dispara
você tem falta de ar borboletas no estômago
e a voz dela é linda te embala num sono
e vocês acordam com os braços entrelaçados
as pernas uma por cima da outra
a mão bulinando o sexo os seios
a língua no pescoço
e o dia lá fora passa tão rápido
você ouve os cachorros na rua você ouve o caminhão de gás
você ouve o caminhão de lixo passando uma buzina
uma bicicleta
enquanto está olhando para o teto encostada com a cabeça
na cabeça dela os cabelos se confundem o suor secando no lençol
você faz massagem passa creme lê poesias
escreve poesias ouve músicas melosas
vocês dançam juntos
num tango ou valsa vão a padaria
e compram mortadela queijo e pão
vocês tiram fotos viajam se beijam na rua
dão as mãos se olham fundo
profundamente
e então de repente
como o dia vira a noite
e o sol já está do outro lado do mundo
vocês se desconhecem e
profundamente
não se olham mais fundo as mãos não se dão
na rua as pessoas se beijam e sua boca está sozinha
as viagens se desfazem em pequenas fotos no fundo da gaveta
o pão o queijo a mortadela emboloram
a padaria continua lá intacta
a valsa se desmancha em sons inaudíveis
não há mais com quem dançar
as músicas melosas doem a poesia dói
é tudo sobre dor
você faz massagem nos seus próprios pés
passa creme no seu próprio corpo
na fronha seca um suor seu de pesadelo da madrugada
você encosta a cabeça no travesseiro e olha para o teto
pensando no absurdo de estar só
não que não fosse um absurdo estar com alguém
o caminhão de lixo a bicicleta a buzina o caminhão de gás
continuam passando enfadonhamente todo dia
e sua cabeça ainda está encostada no travesseiro
seus braços entrelaçam o cobertor
as pessoas continuam a passar na rua
o telefone não toca mais não há mais mensagens
não há mais voz linda te embalando
não há beijos juras de amor crenças discussões
cinema e pipoca filmes
não há gargalhadas corrida cócegas
não há transas chupadas mãos nos peitos língua no pescoço
não há
já não há queixo esculpido sorriso galante
apenas a ilusão de tudo o que foi
poeira
suor
absurdo
essa pessoa é linda tem um sorriso
elegante que te engole
o queixo parece esculpido
ela é simpática, tem uma conversa bacana
vocês se identificam de imediato
vocês simpatizam se apaixonam
tem tesão querem trepar
fazem amor fazem juras de amor
fazem comida e comem juntos
bebem fumam se chupam
vão ao cinema e depois andam pela avenida
falando sobre o mundo e sobre a vida
sobre a sociedade sobre literatura
enquanto isso as outras pessoas passam por você
talvez despercebidas
talvez com cheiro de fumaça de cigarro ou
mau hálito a cidade passa você
com luzes amarelas dos postes
luzes de farol de freio de celular
os números do seu celular se resumem a
apenas um o resto são fantasmas
ou alguns com rostos mais ou menos definidos
seus olhom brilham seu coração dispara
você tem falta de ar borboletas no estômago
e a voz dela é linda te embala num sono
e vocês acordam com os braços entrelaçados
as pernas uma por cima da outra
a mão bulinando o sexo os seios
a língua no pescoço
e o dia lá fora passa tão rápido
você ouve os cachorros na rua você ouve o caminhão de gás
você ouve o caminhão de lixo passando uma buzina
uma bicicleta
enquanto está olhando para o teto encostada com a cabeça
na cabeça dela os cabelos se confundem o suor secando no lençol
você faz massagem passa creme lê poesias
escreve poesias ouve músicas melosas
vocês dançam juntos
num tango ou valsa vão a padaria
e compram mortadela queijo e pão
vocês tiram fotos viajam se beijam na rua
dão as mãos se olham fundo
profundamente
e então de repente
como o dia vira a noite
e o sol já está do outro lado do mundo
vocês se desconhecem e
profundamente
não se olham mais fundo as mãos não se dão
na rua as pessoas se beijam e sua boca está sozinha
as viagens se desfazem em pequenas fotos no fundo da gaveta
o pão o queijo a mortadela emboloram
a padaria continua lá intacta
a valsa se desmancha em sons inaudíveis
não há mais com quem dançar
as músicas melosas doem a poesia dói
é tudo sobre dor
você faz massagem nos seus próprios pés
passa creme no seu próprio corpo
na fronha seca um suor seu de pesadelo da madrugada
você encosta a cabeça no travesseiro e olha para o teto
pensando no absurdo de estar só
não que não fosse um absurdo estar com alguém
o caminhão de lixo a bicicleta a buzina o caminhão de gás
continuam passando enfadonhamente todo dia
e sua cabeça ainda está encostada no travesseiro
seus braços entrelaçam o cobertor
as pessoas continuam a passar na rua
o telefone não toca mais não há mais mensagens
não há mais voz linda te embalando
não há beijos juras de amor crenças discussões
cinema e pipoca filmes
não há gargalhadas corrida cócegas
não há transas chupadas mãos nos peitos língua no pescoço
não há
já não há queixo esculpido sorriso galante
apenas a ilusão de tudo o que foi
poeira
suor
absurdo
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
As maravilhosas aventuras de Dona Serenita
Hoje Dona Serenita esqueceu o arroz no fogo porque estava muito ocupada conversando com a vizinha por cima do muro
elas falavam de algo muito complexo, acho que o filho da vizinha dos fundos passou mal e foi levado ao hospital
tinha comido comida estragada num restaurante de beira de estrada
tomou soro e melhorou
só o arroz de dona serenita que ficou queimado
depois ela comeu miojo
elas falavam de algo muito complexo, acho que o filho da vizinha dos fundos passou mal e foi levado ao hospital
tinha comido comida estragada num restaurante de beira de estrada
tomou soro e melhorou
só o arroz de dona serenita que ficou queimado
depois ela comeu miojo
ela dava um sorrisão enorme
e seus dentes pareciam crescer na boca
eu achava estranho
mas ela era linda.
hoje apenas passeio
pela livraria e quero comprar
muito muitos livros
pena que meu dinheiro não dá
não tenho carinho de ninguém
e acho a vida um completo absurdo
já pensou o sentido nenhum
que tem existir um mundo com pessoas?
e se existisse o nada?
não haveria nenhuma consciência
a gente come caga bebe
trepa chora
se sente só
pra depois
morrer.
isso não me parece grande coisa
ao mesmo tempo que é tudo
o que temos
e é nossa única opção aceitar isso
ou não
alguns se matam
outros bebem
outros rezam
outros
escrevem coisas idiotas
como eu
agora
uma moça bonicta falou comigo hoje
eu estava enchendo minha garrafa com água
e ela queria alguma bebida dessas máquinas
e não sabia se colocava a moeda primeiro
ou se apertava o botão e depois colocava a moeda
e ai sem querer eu percebi que ela estava falando comigo
- oh, coloca a moeda primeiro, eu disse
e então um assunto surgiu
fiquei surpresa
as pessoas não se falam
não se olham
não se vêem
muito menos eu
sou vista
ando meio solitária
que até meus amigos imáginários
me deixam
mas tudo bem
ainda tenho lápis de cor
eu preciso tomar banho
mas estou com preguila
que tal dormir sem tomar banho?
que tal
que talco
de bunda
de bebê
e seus dentes pareciam crescer na boca
eu achava estranho
mas ela era linda.
hoje apenas passeio
pela livraria e quero comprar
muito muitos livros
pena que meu dinheiro não dá
não tenho carinho de ninguém
e acho a vida um completo absurdo
já pensou o sentido nenhum
que tem existir um mundo com pessoas?
e se existisse o nada?
não haveria nenhuma consciência
a gente come caga bebe
trepa chora
se sente só
pra depois
morrer.
isso não me parece grande coisa
ao mesmo tempo que é tudo
o que temos
e é nossa única opção aceitar isso
ou não
alguns se matam
outros bebem
outros rezam
outros
escrevem coisas idiotas
como eu
agora
uma moça bonicta falou comigo hoje
eu estava enchendo minha garrafa com água
e ela queria alguma bebida dessas máquinas
e não sabia se colocava a moeda primeiro
ou se apertava o botão e depois colocava a moeda
e ai sem querer eu percebi que ela estava falando comigo
- oh, coloca a moeda primeiro, eu disse
e então um assunto surgiu
fiquei surpresa
as pessoas não se falam
não se olham
não se vêem
muito menos eu
sou vista
ando meio solitária
que até meus amigos imáginários
me deixam
mas tudo bem
ainda tenho lápis de cor
eu preciso tomar banho
mas estou com preguila
que tal dormir sem tomar banho?
que tal
que talco
de bunda
de bebê
terça-feira, 21 de agosto de 2012
como é gostoso ter um dia calmo
ver o sol entrar pela janela
e atravessar seu quarto inteiro
dormi bem acordei bem
acordei cedo sem pestanejar
fui ao mercado
tudo tão simples como
abrir a porta
e escovar os dentes
agora almejo tomar uma
cerveja e fumar um cigarro
na minha janela que dá
para árvores de um lado
e casinhas simpáticas de outro
ouvindo um jazz ou um blues
ou carla bruni que
tem me viciado muito
sem muitas ambições
sem muito o que esperar
fico alegre por poder terminar
de ler textos teóricos da faculdade
e muito triste quando estou acabando de ler
bukowski
estou enrolando pra nao terminar
mas esse cara é um filho da puta
como se não bastasse lê-lo
dei de ver seus tapes,
são 50 tapes de no máximo 5 minutos
com ele falando bosta qualquer merda
mas que no fundo é a realidade
ele sempre aparece fumando e bebendo
aquele safado
comia todo mundo
ver o sol entrar pela janela
e atravessar seu quarto inteiro
dormi bem acordei bem
acordei cedo sem pestanejar
fui ao mercado
tudo tão simples como
abrir a porta
e escovar os dentes
agora almejo tomar uma
cerveja e fumar um cigarro
na minha janela que dá
para árvores de um lado
e casinhas simpáticas de outro
ouvindo um jazz ou um blues
ou carla bruni que
tem me viciado muito
sem muitas ambições
sem muito o que esperar
fico alegre por poder terminar
de ler textos teóricos da faculdade
e muito triste quando estou acabando de ler
bukowski
estou enrolando pra nao terminar
mas esse cara é um filho da puta
como se não bastasse lê-lo
dei de ver seus tapes,
são 50 tapes de no máximo 5 minutos
com ele falando bosta qualquer merda
mas que no fundo é a realidade
ele sempre aparece fumando e bebendo
aquele safado
comia todo mundo
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
As maravilhosas aventuras de Dona Serenita
de manhã Dona Serenita levantou da cama vestiu seu chinelo de pano surrado colocou a dentadura que estava num copo com água
o sol invadia as frestas da janela de madeira de cor azul-céu-da-manhã descascando
dava pra ver a poeira nos feixes de luz dia bonicto colocou a água pra ferver
arrumou a mesa bolo queijo pão goiabada manteiga xícara
passou o café assoviando uma música alegre e por um momento
quase dançou
sua cintura quase
fez um gingado pra equilibrar a água fervendo no canecão e não derrubar
Dona Serenita acordou serena porque ontem foi dormir ao som de uma serenata de um talvez futuro amante
o sol invadia as frestas da janela de madeira de cor azul-céu-da-manhã descascando
dava pra ver a poeira nos feixes de luz dia bonicto colocou a água pra ferver
arrumou a mesa bolo queijo pão goiabada manteiga xícara
passou o café assoviando uma música alegre e por um momento
quase dançou
sua cintura quase
fez um gingado pra equilibrar a água fervendo no canecão e não derrubar
Dona Serenita acordou serena porque ontem foi dormir ao som de uma serenata de um talvez futuro amante
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
As maravilhosas aventuras de Dona Serenita
hoje dona serenita colocou sua cadeira de balanço na grama do seu jardim, pegou o cachimbo do seu ex ex marido e acendeu
balançou um pouco olhou a grama um caminho de formigas carregando folhas olhou seus velhos pés num chinelo de pano já surrado pitando pitando
olhou o céu algumas nuvens as pessoas passando calmas alguns meninos correndo pela rua
pitando pitando
balançava calma tranquila suspirou um suspiro também calmo olhou o cachimbo e pensou
balançou um pouco olhou a grama um caminho de formigas carregando folhas olhou seus velhos pés num chinelo de pano já surrado pitando pitando
olhou o céu algumas nuvens as pessoas passando calmas alguns meninos correndo pela rua
pitando pitando
balançava calma tranquila suspirou um suspiro também calmo olhou o cachimbo e pensou
"Ceci n'est pas une pipe"
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
opa fluiu
estou com chulé conheci um cara de touro que perguntou meu signo e eu disse que era touro e ele me falou que hilda hilst também era de touro porque eu estou louca atrás de um livro dela que está bem difícil de achar e daí eu queria levar outros livros um do Bukowski - Notas de um Velho Safado e O Livro do Desassossego do Fernando Pessoa mas o coitado não passava cartão e daí eu não levei depois vi um livro do John Fante em outra banca que passava cartao mas não comprei porque eu tenho que ler machado de assis pra aula de amanhã nossa que legal, Francisca, que bom eu não curto muito machado de assis mas quando leio percebo que ele era realmente bom mas só quando leio porra meu chulé está foda
tenho louça pra lavar tenho muita coisa pra ler mas aí fico aqui escrevendo sem pontuação nenhuma eu acho tão mais prático e fluente a escrita flui que só vendo, viu. agora usei alguns pontos, qual o problema nao é mesmo
e daí eu quero escrever tocar guitarra tirar fotos ler coçar a xoxota tirar a calcinha do rego quero tomar banho quero deitar na minha cama e dormir mas eu eu eu au au au auu
nas minhas contagens eu sempre esqueço de alguém as vezes tenho mania de contar as coisas as vezes canto marcha soldado cabeça de papel com muito entusiasmo e marchando
gosto de poder fazer as coisas sozinha já que não tenho ninguém pra transar trepar fazer amor copular quebrar a cama chupar suar roçar o cabelo cheirar o pescoço mas tambem qual é o problema nao é mesmo nenhum nenhum risos
enquanto isso canto carla bruni algo como sou o mais bonicto do bairro
quem disse que não?
tenho louça pra lavar tenho muita coisa pra ler mas aí fico aqui escrevendo sem pontuação nenhuma eu acho tão mais prático e fluente a escrita flui que só vendo, viu. agora usei alguns pontos, qual o problema nao é mesmo
e daí eu quero escrever tocar guitarra tirar fotos ler coçar a xoxota tirar a calcinha do rego quero tomar banho quero deitar na minha cama e dormir mas eu eu eu au au au auu
nas minhas contagens eu sempre esqueço de alguém as vezes tenho mania de contar as coisas as vezes canto marcha soldado cabeça de papel com muito entusiasmo e marchando
gosto de poder fazer as coisas sozinha já que não tenho ninguém pra transar trepar fazer amor copular quebrar a cama chupar suar roçar o cabelo cheirar o pescoço mas tambem qual é o problema nao é mesmo nenhum nenhum risos
enquanto isso canto carla bruni algo como sou o mais bonicto do bairro
quem disse que não?
hoje vi uma menina tão bonicta com um sorriso tão bonicto
mas fechei os olhos
e a luz do sol da manhã batia nas folhas das árvores e com a velocidade do ônibus
eu via tudo vermelho-preto-vermelho-preto-vermelho-preto assim bem rápido
quase me atordoando e então abria os olhos para não atordoar
depois olhava o sorriso bonicto
e fechava os olhos de novo
mas fechei os olhos
e a luz do sol da manhã batia nas folhas das árvores e com a velocidade do ônibus
eu via tudo vermelho-preto-vermelho-preto-vermelho-preto assim bem rápido
quase me atordoando e então abria os olhos para não atordoar
depois olhava o sorriso bonicto
e fechava os olhos de novo
terça-feira, 14 de agosto de 2012
um beijo pra dona serenita
queria escrever sobre a Dona Serenita, que é uma senhora que eu não conheço, mas que tem o nome de senhora mais lindo do mundo. Deve ser serena a Dona Serenita, calma, deve ferver o leite pra pôr na mesa de café da tarde para os netos enquanto eles brincam no quintal.
alguns dizem que dona serenita vendia drogas pra europa, e das boas. outra senhora afirma que não, que dona serenita é uma pessoa maravilhosa, quase uma mãe pra ela, que a ajudou quando ela mais precisava, sem casa, sem comida, sem dinheiro.
dona serenita, me adota, me deixa limpar seu quintal, fazer suas compras, sentar aos seus pés ouvindo suas histórias.
até hoje não se sabe o que se deu de dona serenita
alguns dizem que dona serenita vendia drogas pra europa, e das boas. outra senhora afirma que não, que dona serenita é uma pessoa maravilhosa, quase uma mãe pra ela, que a ajudou quando ela mais precisava, sem casa, sem comida, sem dinheiro.
dona serenita, me adota, me deixa limpar seu quintal, fazer suas compras, sentar aos seus pés ouvindo suas histórias.
até hoje não se sabe o que se deu de dona serenita
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Num chá da noite
linda tão linda
de doer
linda
que olhos e sorriso e pescoço
cheiroso quente
passarinho danado
sempre me arranca uma lágrima
quando vai embora
de doer
linda
que olhos e sorriso e pescoço
cheiroso quente
passarinho danado
sempre me arranca uma lágrima
quando vai embora
é preciso se acalmar vamos não chores como diria drummond o primeiro amor passou o segundo amor passou o terceiro amor passou mas o coração continua
é difícil continuar, cara. é difícil seguir mesmo seguindo meio torto meio sem jeito feito passarinho que nasce e não sabe ainda voar é difícil engolir tudo mastigar o papel como se fosse sorvete difícil secar o choro, vamos, não chores difícil se ser apenas
é um sentimento enrolado emaranhado no fundo do coração na barriga nas mãos suadas os olhos perdidos coitados na luz do por do sol que também vai embora. as pessoas se vão elas vão embora algum dia em algum momento te pegam desprevenido, quando se está mudando de canal e de repente se acha abandonado, as pessoas vão embora quando você menos espera está tomando seu café feliz aquele café coado no pano cheiroso e então percebe que alguém bateu a porta você sente o vento da porta batendo o cheiro da manhã do sabonete no ar o movimento do cabelo que ainda fica ondulando na atmosfera misturado com o aroma do seu café e sua xícara quase cai sua pele sai do seu corpo seu olhos saltam pra fora como uma represa arrombada pela força da natureza
e dói dói infinitamente
a água fervendo a luz nos olhos o lixo transbordando o vizinho gritando bem na sua orelha
a vida te pega desprevenido sem jeito
pelado na água fria do chuveiro
chorando misérias com condicionador
depilando a virilha
as pessoas vão embora quando você menos espera
não que você espere isso, mas você sabe, como um mistério, que isso vai acontecer
como uma verdade universal nunca dita como uma esperança pobre de nunca esperar nada
mas você espera você é fraco você é carente humano você se fode você ama você quer alguma coisa que não está em você você quer exatamente aquela tonalidade de pele aquele orgasmo aquele beijo e há tantos outros por aí há milhares de bombardeios sinestésicos musicais apaixonantes mas isso não te vale e você tenta se valer disso se esforça crê em tudo
começa a beber pára de beber começa a fumar e para de fumar começa a tocar harpa e os dedos doem começa sempre uma coisa e há outras tantas
há outras tantas
como há outros tantos de você mesmo
há você no fim e no meio
e no começo
é difícil continuar, cara. é difícil seguir mesmo seguindo meio torto meio sem jeito feito passarinho que nasce e não sabe ainda voar é difícil engolir tudo mastigar o papel como se fosse sorvete difícil secar o choro, vamos, não chores difícil se ser apenas
é um sentimento enrolado emaranhado no fundo do coração na barriga nas mãos suadas os olhos perdidos coitados na luz do por do sol que também vai embora. as pessoas se vão elas vão embora algum dia em algum momento te pegam desprevenido, quando se está mudando de canal e de repente se acha abandonado, as pessoas vão embora quando você menos espera está tomando seu café feliz aquele café coado no pano cheiroso e então percebe que alguém bateu a porta você sente o vento da porta batendo o cheiro da manhã do sabonete no ar o movimento do cabelo que ainda fica ondulando na atmosfera misturado com o aroma do seu café e sua xícara quase cai sua pele sai do seu corpo seu olhos saltam pra fora como uma represa arrombada pela força da natureza
e dói dói infinitamente
a água fervendo a luz nos olhos o lixo transbordando o vizinho gritando bem na sua orelha
a vida te pega desprevenido sem jeito
pelado na água fria do chuveiro
chorando misérias com condicionador
depilando a virilha
as pessoas vão embora quando você menos espera
não que você espere isso, mas você sabe, como um mistério, que isso vai acontecer
como uma verdade universal nunca dita como uma esperança pobre de nunca esperar nada
mas você espera você é fraco você é carente humano você se fode você ama você quer alguma coisa que não está em você você quer exatamente aquela tonalidade de pele aquele orgasmo aquele beijo e há tantos outros por aí há milhares de bombardeios sinestésicos musicais apaixonantes mas isso não te vale e você tenta se valer disso se esforça crê em tudo
começa a beber pára de beber começa a fumar e para de fumar começa a tocar harpa e os dedos doem começa sempre uma coisa e há outras tantas
há outras tantas
como há outros tantos de você mesmo
há você no fim e no meio
e no começo
domingo, 12 de agosto de 2012
E na minha mesa
copo d'água lápis de cor taça vazia de vinho e cerveja pincéis estojo chiclete grudado no papel cd com fotos post it manteiga de cacau fósforo anotações
um rosa
um azul claro
um azul escuro
e um vinho
um rosa
um azul claro
um azul escuro
e um vinho
sábado, 11 de agosto de 2012
sobre as essências que se encontram
hoje vou escrever preciso escrever de tudo que me faz bem de tudo que me arrebata como um soco no estômago de todo o carinho a essência o amor a amizade a cerveja as risadas
vou escrever sobre meus amigos, sobre aqueles que me ganham fácil e me levam e talvez não saibam que meu coração fica grande e mole e cheio de alegria quando nos reunimos quando temos um encontro mágico é sempre um encontro mágico transcendental e dividimos emoções sensações mistérios risos e bobagens.
há aqueles que falam besteiras e inventam histórias e riem de bosta nenhuma, há as amigas da cerveja no boteco da esquina falando sobre política e sociedade e tudo que é só com elas e paro e olho e penso: porra, vocês são foda pra caralho, quanta beleza há em vocês, que parte de mim tão deliciosa. Há os amigos do teatro, aqueles que falam bosta e te zoam e falam sobre arte, jogatina, pessoas, estética. Porra, a gente fala de tudo com todos, a gente se diverte só de olhar nos olhos, de sentir o cheiro, de abraçar bem forte. Cara, não tem como explicar, eu estou pulsando vibrando uma energia tão boa que me comove inteira por dentro que me faz acreditar naquela essência do outro que se encontra com a sua que faz você pirar crescer estufar o peito e gozar junto uma atmosfera linda e colorida e cheirosa gostosa. A gente se sente no ar respirado. É mágico, pra mim é mágico é inexplicável.
é isso, porra, vai se foder.
vou escrever sobre meus amigos, sobre aqueles que me ganham fácil e me levam e talvez não saibam que meu coração fica grande e mole e cheio de alegria quando nos reunimos quando temos um encontro mágico é sempre um encontro mágico transcendental e dividimos emoções sensações mistérios risos e bobagens.
há aqueles que falam besteiras e inventam histórias e riem de bosta nenhuma, há as amigas da cerveja no boteco da esquina falando sobre política e sociedade e tudo que é só com elas e paro e olho e penso: porra, vocês são foda pra caralho, quanta beleza há em vocês, que parte de mim tão deliciosa. Há os amigos do teatro, aqueles que falam bosta e te zoam e falam sobre arte, jogatina, pessoas, estética. Porra, a gente fala de tudo com todos, a gente se diverte só de olhar nos olhos, de sentir o cheiro, de abraçar bem forte. Cara, não tem como explicar, eu estou pulsando vibrando uma energia tão boa que me comove inteira por dentro que me faz acreditar naquela essência do outro que se encontra com a sua que faz você pirar crescer estufar o peito e gozar junto uma atmosfera linda e colorida e cheirosa gostosa. A gente se sente no ar respirado. É mágico, pra mim é mágico é inexplicável.
é isso, porra, vai se foder.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
A tristeza de repente bate forte, feito martelo bigorna qualquer coisa bem pesada na cabeça, tipo piano que cai da janela nos desenhos. Mas aí passa e fica tudo bem, tudo é uma merda mesmo. Há aqueles que simpatizam e outros que se repelem. E daí?
Os vinhos deveriam sair da torneira. Os secos ou meio-seco. O que importa é dizer o que está grudado lá no fundo do mais fundo do seu cérebro ou coração, sei lá como se leva as emoções razões caralho a quatro. É minha última taça, ó céus, chova vinho. Deveriam entregar vinho de manhã igual entregam leite na garrafa. Mas a modernidade está aí e entregam bebida na sua casa. Pedi algumas cervejas, pra não perder o tesão.
Os vinhos deveriam sair da torneira. Os secos ou meio-seco. O que importa é dizer o que está grudado lá no fundo do mais fundo do seu cérebro ou coração, sei lá como se leva as emoções razões caralho a quatro. É minha última taça, ó céus, chova vinho. Deveriam entregar vinho de manhã igual entregam leite na garrafa. Mas a modernidade está aí e entregam bebida na sua casa. Pedi algumas cervejas, pra não perder o tesão.
Sobre cigarros cachorros e obscenidade
Sabe, eu realmente tenho um prazer de ver o vento fumando meu cigarro. Deixei que ele fumasse sozinho até fazer um cigarro inteiro de cinzas, entende, eu não bati as cinzas e ficou bem grande. Acho que foi a primeira vez na vida que não me chateei com a fumaça. Isso é um problema, mas há outros maiores, com certeza. Alguém passa na rua descalço, uma voz de mulher, ela está com algum cara, eles devem estar passeando com o cachorro. Eu queria ter um cachorro para passear e beijar seu focinho gelado, eles lambem sua boca e cheiram sua bunda. Deve haver alguem que lamba a boca e cheire a bunda das pessoas e talvez alguma pessoa goste mesmo disso. É bom lamber a boca, morder o queixo, enfiar a língua bem fundo, obsceno quente fervoroso.
Ah, quantos beijos obscenos eu já tive. Quantos mais terei?
Ah, quantos beijos obscenos eu já tive. Quantos mais terei?
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Esquisse d'une fille
Hoje faltei do trabalho, não pude ir com essa cara de monstro, as pessoas assustariam. é falta de educação.
as pálpebras continuam grandes, mas já não cobrem mais os olhos. Fui ao mercado disfarçada de gente, comprei laranjas, leite, granola, absorventes, shampoo, condicionador, morangos, papel higiênico, cookies de aveia, sabonetes, pasta de dente, patê, torradas, miojo, vinho, achocolatado pronto, peito de peru, requeijão e talco canforado para os pés. Ganhei 3 cupons para preencher e concorrer a um carro, que estava embrulhado como presente na frente do mercado. Um senhor tentou cantar a menina pra ela dar um cupom a ele, mas ela disse que não, porque ele só tinha comprado laranjas e era preciso ter mais de cinquenta reais em compras. Pensei: Qual é, é só um cupom, dê a ele logo. Terminei de preencher os cupons, peguei minhas sacolas e vim embora escutando alguma música clássica de alguma rádio que só toca músicas clássicas, meus óculos caiam, o fone caía, mas cheguei em casa.
Acabo de ver minhas digitais impressas na taça de vinho. É um vinho bom, bem bom. Um chiclete grudado no papel desde a tarde, peguei pra mascar, ainda tem um gosto refrescante. Penso que as vezes as pessoas não querem ser cultivadas. Porque haveriam de querer? Me surpreendo sempre. Talvez eu queira ser cultivada, talvez não, talvez eu seja tão carente quanto todo os resto do mundo, e no final acabo mendigando carinho a mim mesma, é um saco, mas é preciso. E então fico babando aqui essas palavras que demoram pra sair, demoram meses, anos e no fundo eu sinto saudade disso tudo. Eu vejo um monte rostinhos lindos e me enjoa só de imaginar. Exatamente agora fiquei com preguiça das pessoas e com certeza elas teriam preguiça de mim também, não tenho muito a oferecer, minha voz é de criança e quase sempre faço mais perguntas do que afirmações, e elas sempre falam muito e eu sempre escuto mei ocalada, admirando qualquer coisa, talvez a beleza do brilho dos olhos talvez pense em qualquer outra coisa, mas funciona, as pessoas gostam de ser ouvidas. Mas eu nao tenho histórias interessantes nem grandes aventuras e os outros parecem se aventurar tanto em coisas que não entendo. Na verdade tudo é um mundo fechado e é um saco ter que participar de outro mundo de novo, tudo outra vez, mas depois passa.
Acho que quando eu tinha 17 anos tivesse muito mais coisas a dizer, porque eu não entendia muito bem o que era a vida, mas dentro de mim borbulhava uma coisa única. Tanta coisa se passou e continuo com aquela angustia pairando numa nuvem que paira em cima da minha cabeça. As vezes me perco nos muitos caminhos que sou e me descubro sempre outra coisa nova que era, por acaso, reflexo do que fui ou nunca tivesse sido ou apenas quisesse ser. Lembro de ter feito uma carta a alguém que fosse me conhecer ainda e eu estoua chando que essa carta será eterna. Lembro também de receber carta dos meus amigos imaginários, e devo ter criado alguns pra poder passar o tempo comigo mesma e era divertido, um foi viajar pro Havai e nunca mais voltou. Não é absurdo? Tão absurdo quanto acender um cigarro sabendo do câncer, tão absurdo quanto acreditar fielmente em alguém.
Já é a segunda taça do vinho bom. Ao mesmo tempo que pertencemos a tudo que nos foi dado, também pertencemos a nada nem a lugar nenhum muito menos pertencemos a alguém. Mas.
Eu queria ser virgem e poder transar pela primeira vez na vida. Já passou, passou, eu nem me lembro ao certo. Os corpos se tocando é um milagre divino, se é que há alguma divindade e se é ainda que se pode acreditar.
Aquela menina bonicta e tão aquém de suas expectativas, com um belo sorriso, toda padronizada, boa família, um emprego fixo em alguma multinacional de merda, uma moça quase pura em sua imaginação quando de repente não mais que de repente, depois de ouvi-la por quase uma hora sobre seus medos e desenganos, descobre que ela colocou... silicone nos seios. Ah, eu quase fiquei vermelha se não fosse um disfarce muito sei lá o que, por que diabos ela não disse " você quer ver como ficou?". Engoli seco e continuei a ouvir sua paixão por alguém que não sei quem é, antes fosse eu, mas eu precisava ir embora e com certeza, por algum motivo, eu não daria tão mole assim. risos e ironia.
Olha, to achando essas redes sociais muito chatas. Que porre, que porra, que saco. Todos à merda, bem no meio da bunda com um celular conectado na puta que o pariu.
as pálpebras continuam grandes, mas já não cobrem mais os olhos. Fui ao mercado disfarçada de gente, comprei laranjas, leite, granola, absorventes, shampoo, condicionador, morangos, papel higiênico, cookies de aveia, sabonetes, pasta de dente, patê, torradas, miojo, vinho, achocolatado pronto, peito de peru, requeijão e talco canforado para os pés. Ganhei 3 cupons para preencher e concorrer a um carro, que estava embrulhado como presente na frente do mercado. Um senhor tentou cantar a menina pra ela dar um cupom a ele, mas ela disse que não, porque ele só tinha comprado laranjas e era preciso ter mais de cinquenta reais em compras. Pensei: Qual é, é só um cupom, dê a ele logo. Terminei de preencher os cupons, peguei minhas sacolas e vim embora escutando alguma música clássica de alguma rádio que só toca músicas clássicas, meus óculos caiam, o fone caía, mas cheguei em casa.
Acabo de ver minhas digitais impressas na taça de vinho. É um vinho bom, bem bom. Um chiclete grudado no papel desde a tarde, peguei pra mascar, ainda tem um gosto refrescante. Penso que as vezes as pessoas não querem ser cultivadas. Porque haveriam de querer? Me surpreendo sempre. Talvez eu queira ser cultivada, talvez não, talvez eu seja tão carente quanto todo os resto do mundo, e no final acabo mendigando carinho a mim mesma, é um saco, mas é preciso. E então fico babando aqui essas palavras que demoram pra sair, demoram meses, anos e no fundo eu sinto saudade disso tudo. Eu vejo um monte rostinhos lindos e me enjoa só de imaginar. Exatamente agora fiquei com preguiça das pessoas e com certeza elas teriam preguiça de mim também, não tenho muito a oferecer, minha voz é de criança e quase sempre faço mais perguntas do que afirmações, e elas sempre falam muito e eu sempre escuto mei ocalada, admirando qualquer coisa, talvez a beleza do brilho dos olhos talvez pense em qualquer outra coisa, mas funciona, as pessoas gostam de ser ouvidas. Mas eu nao tenho histórias interessantes nem grandes aventuras e os outros parecem se aventurar tanto em coisas que não entendo. Na verdade tudo é um mundo fechado e é um saco ter que participar de outro mundo de novo, tudo outra vez, mas depois passa.
Acho que quando eu tinha 17 anos tivesse muito mais coisas a dizer, porque eu não entendia muito bem o que era a vida, mas dentro de mim borbulhava uma coisa única. Tanta coisa se passou e continuo com aquela angustia pairando numa nuvem que paira em cima da minha cabeça. As vezes me perco nos muitos caminhos que sou e me descubro sempre outra coisa nova que era, por acaso, reflexo do que fui ou nunca tivesse sido ou apenas quisesse ser. Lembro de ter feito uma carta a alguém que fosse me conhecer ainda e eu estoua chando que essa carta será eterna. Lembro também de receber carta dos meus amigos imaginários, e devo ter criado alguns pra poder passar o tempo comigo mesma e era divertido, um foi viajar pro Havai e nunca mais voltou. Não é absurdo? Tão absurdo quanto acender um cigarro sabendo do câncer, tão absurdo quanto acreditar fielmente em alguém.
Já é a segunda taça do vinho bom. Ao mesmo tempo que pertencemos a tudo que nos foi dado, também pertencemos a nada nem a lugar nenhum muito menos pertencemos a alguém. Mas.
Eu queria ser virgem e poder transar pela primeira vez na vida. Já passou, passou, eu nem me lembro ao certo. Os corpos se tocando é um milagre divino, se é que há alguma divindade e se é ainda que se pode acreditar.
Aquela menina bonicta e tão aquém de suas expectativas, com um belo sorriso, toda padronizada, boa família, um emprego fixo em alguma multinacional de merda, uma moça quase pura em sua imaginação quando de repente não mais que de repente, depois de ouvi-la por quase uma hora sobre seus medos e desenganos, descobre que ela colocou... silicone nos seios. Ah, eu quase fiquei vermelha se não fosse um disfarce muito sei lá o que, por que diabos ela não disse " você quer ver como ficou?". Engoli seco e continuei a ouvir sua paixão por alguém que não sei quem é, antes fosse eu, mas eu precisava ir embora e com certeza, por algum motivo, eu não daria tão mole assim. risos e ironia.
Olha, to achando essas redes sociais muito chatas. Que porre, que porra, que saco. Todos à merda, bem no meio da bunda com um celular conectado na puta que o pariu.
"Peguei minha garrafa e fui pro meu quarto. Fiquei só de cueca e deitei na cama. Nada estava em sintonia, nunca. As pessoas vão se agarrando às cegas a tudo que existe: comunismo, comida natural, zen, surf, balé, hipnotismo, encontros grupais, orgias, ciclismo, ervas, catolicismo, halterofilismo, viagens, retiros, vegetarianismo, Índia, pintura, literatura, escultura, música, carros, mochila, ioga, cópula, jogo, bebida, andar por aí, iogurte congelado, Beethoven, Bach, Buda, Cristo, heroína, suco de cenoura, suicídio, roupas feitas à mão, vôos a jato, Nova York, e aí tudo se evapora, se rompe em pedaços. As pessoas têm de achar o que fazer enquanto esperam a morte. Acho legal ter uma escolha."
(BUKOWSKI, Charles. Mulheres. Porto Alegre: L&PM Pocket. pg. 191)
Hoje acordei um monstro
os olhos mal se abriam
olhei-me no espelho e
estava toda deformada
assustei
Abri a janela e a luz do dia
o azul do céu
me doeram mais
o vento confirmava
que nada mais fazia sentido
Toda a existência do mundo
de todas as coisas
de todas as pessoas
da areia do deserto
o fio de cabelo branco
todas as infamias humanas
desde o primeiro hominídeo
as pedras lascadas
as engrenagens
senhoras na ópera
moças de salto alto
homens engravatados indo ao trabalho
o pó da cidade
a poluição
o ar fresco do campo
infinitamente a terra vermelha dos pastos
por baixo da grama verde
as plantações de milho café aveia
as sementes de girassol os papagaios
que a comem os laços
sanguíneos os
rios cachoeiras
as teorias e os teoremas
todos os pintores e filósofos cinemas
salas de fumar saunas
ilhas desertas
tudo
num mesmo segundo
pesava sobre mim
Abri minha carteira
e numa ironia da vida
vi os responsáveis pela minha existência
meu pai numa foto em preto e branco talvez
de uniforme camuflado
- tiro de guerra ele fazia, talvez -
minha mãe mais nova
o cabelo quase enrolado
fechei de súbito
Quase engatinhei ao banheiro
me joguei debaixo do chuveiro descrente
abri e a água quente quase queimando
meus pêlos
meu rosto gigante que eu precisava
segurá-lo abrir meus olhos
com os dedos
delicadamente doíam
e era um esforço pra não chorar era um esforço
danado
eu mentiria que era a água ardendo meus olhos
mas era o mundo era eu
no fundo do ralo tentei
levar pro ralo aquela coisa
o monstro a deformação
aos poucos me enxuguei
botei um óculos de sol pra me disfarçar
como se adiantasse alguma coisa
eu sentia minha pálpebra pesando sobre meu
pobre olho meu pobre olhinho
comi uma laranja uma banana
sentada no sofá
e sentada permaneci
os olhos mal se abriam
olhei-me no espelho e
estava toda deformada
assustei
Abri a janela e a luz do dia
o azul do céu
me doeram mais
o vento confirmava
que nada mais fazia sentido
Toda a existência do mundo
de todas as coisas
de todas as pessoas
da areia do deserto
o fio de cabelo branco
todas as infamias humanas
desde o primeiro hominídeo
as pedras lascadas
as engrenagens
senhoras na ópera
moças de salto alto
homens engravatados indo ao trabalho
o pó da cidade
a poluição
o ar fresco do campo
infinitamente a terra vermelha dos pastos
por baixo da grama verde
as plantações de milho café aveia
as sementes de girassol os papagaios
que a comem os laços
sanguíneos os
rios cachoeiras
as teorias e os teoremas
todos os pintores e filósofos cinemas
salas de fumar saunas
ilhas desertas
tudo
num mesmo segundo
pesava sobre mim
Abri minha carteira
e numa ironia da vida
vi os responsáveis pela minha existência
meu pai numa foto em preto e branco talvez
de uniforme camuflado
- tiro de guerra ele fazia, talvez -
minha mãe mais nova
o cabelo quase enrolado
fechei de súbito
Quase engatinhei ao banheiro
me joguei debaixo do chuveiro descrente
abri e a água quente quase queimando
meus pêlos
meu rosto gigante que eu precisava
segurá-lo abrir meus olhos
com os dedos
delicadamente doíam
e era um esforço pra não chorar era um esforço
danado
eu mentiria que era a água ardendo meus olhos
mas era o mundo era eu
no fundo do ralo tentei
levar pro ralo aquela coisa
o monstro a deformação
aos poucos me enxuguei
botei um óculos de sol pra me disfarçar
como se adiantasse alguma coisa
eu sentia minha pálpebra pesando sobre meu
pobre olho meu pobre olhinho
comi uma laranja uma banana
sentada no sofá
e sentada permaneci
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Valsa Silenciosa nº1
a dor parece doer mais no silêncio
é difícil manter-se vivo forte obtuso
uma ponta da faca entrou sem querer
talvez ali em algum momento já estivesse
a dor me entrou feito agulha quando
se vai tirar sangue me espetou
me sugou e me encolhi
assustei-me ao me olhar no espelho
minha cara estava inchada
meus olhos pareciam explodir
no silêncio é que se escuta o vazio
que se deixou
eu achei que havia música lá dentro
mas acabou o disco
eu achei que havia dança ali
mas nossos pés doeram
e nossas mãos se soltaram
pego desesperadamente na mão
das pessoas e nenhuma é
a mão quente que há pouco dançava
- me desculpe, fulano, me enganei
- perdão, senhoricta, confundi
um baile de máscaras
todos alheios
os vestidos são alheios aos corpos
os colares quase se quebram
os cabelos sobrevoam a cabeça
as pessoas não se encostam
devem cheirar mal
devem estar num sono profundo
enquanto a música fora toca
mas lá dentro é um silêncio
me volto de súbito
e de novo me encontro
agarrada a nada
encolhida pobre
- jogaram essa menina aqui, alguém diria.
- mas olhem, quanto amor em seu rosto
pedaços de papel sujos
molhados de uma coisa
que eu não sei explicar
não há o que dizer
o que se pensar?
sentei-me no degrau
da porta da frente
era frio era cinza com luzes laranjas
perdi
eu perdi
é difícil manter-se vivo forte obtuso
uma ponta da faca entrou sem querer
talvez ali em algum momento já estivesse
a dor me entrou feito agulha quando
se vai tirar sangue me espetou
me sugou e me encolhi
assustei-me ao me olhar no espelho
minha cara estava inchada
meus olhos pareciam explodir
no silêncio é que se escuta o vazio
que se deixou
eu achei que havia música lá dentro
mas acabou o disco
eu achei que havia dança ali
mas nossos pés doeram
e nossas mãos se soltaram
pego desesperadamente na mão
das pessoas e nenhuma é
a mão quente que há pouco dançava
- me desculpe, fulano, me enganei
- perdão, senhoricta, confundi
um baile de máscaras
todos alheios
os vestidos são alheios aos corpos
os colares quase se quebram
os cabelos sobrevoam a cabeça
as pessoas não se encostam
devem cheirar mal
devem estar num sono profundo
enquanto a música fora toca
mas lá dentro é um silêncio
me volto de súbito
e de novo me encontro
agarrada a nada
encolhida pobre
- jogaram essa menina aqui, alguém diria.
- mas olhem, quanto amor em seu rosto
pedaços de papel sujos
molhados de uma coisa
que eu não sei explicar
não há o que dizer
o que se pensar?
sentei-me no degrau
da porta da frente
era frio era cinza com luzes laranjas
perdi
eu perdi
a vida as vezes é muito triste
e de repente
....
as vezes acho que estou aqui pra nada
que não tem sentido nenhum
champu, livros, pornografia
caneta
lápis pessoas cabelos
meu quarto
as casas as árvores
dois abutres brigando
o músculo
a gordura
o coração batendo
é vazio
vazio oco
ecoa como o laranja
ecoa no por do sol
em pleno inverno
que faz calor.
acho que não tem sentido nenhum coisa alguma e é uma angústia que paira nas pessoas a cada minuto e a cada minuto brigamos com nós mesmos pra conseguirmos nos suportar é tão difícil suportar-se suportar aos outros o decorrer do dia o tempo escorrendo insuportavel essa distância que mantemos uns dos outros por medo tolice orgulho é sempre buscando algo mas em vão é iludir-se pensando que nos temos que temos qualquer porcaria de 100 reais ou uma ideia alheia que nos agrada mas é uma faísca o resto todo é incêndio queimando aqui dentro aqui e ir pra outro lugar e sentar em outros chãos conhecer outros passos outras ruas de terra cantos magias e depois mais e mais e mais e... respira fundo e sente o cheiro do seu cabelo no sol
ah ah
como me dói me dói fundo tudo a saudade a falta de carinho a lágrima que corta o rosto cortado de frio e arde essa parede vermelha aquela banca de livros que eu não abro ninguém se abre somos livros fechados pegando fungo no fundo da prateleira não serve pra nada
essa gota de álcool
um suspiro
e de repente
....
as vezes acho que estou aqui pra nada
que não tem sentido nenhum
champu, livros, pornografia
caneta
lápis pessoas cabelos
meu quarto
as casas as árvores
dois abutres brigando
o músculo
a gordura
o coração batendo
é vazio
vazio oco
ecoa como o laranja
ecoa no por do sol
em pleno inverno
que faz calor.
acho que não tem sentido nenhum coisa alguma e é uma angústia que paira nas pessoas a cada minuto e a cada minuto brigamos com nós mesmos pra conseguirmos nos suportar é tão difícil suportar-se suportar aos outros o decorrer do dia o tempo escorrendo insuportavel essa distância que mantemos uns dos outros por medo tolice orgulho é sempre buscando algo mas em vão é iludir-se pensando que nos temos que temos qualquer porcaria de 100 reais ou uma ideia alheia que nos agrada mas é uma faísca o resto todo é incêndio queimando aqui dentro aqui e ir pra outro lugar e sentar em outros chãos conhecer outros passos outras ruas de terra cantos magias e depois mais e mais e mais e... respira fundo e sente o cheiro do seu cabelo no sol
ah ah
como me dói me dói fundo tudo a saudade a falta de carinho a lágrima que corta o rosto cortado de frio e arde essa parede vermelha aquela banca de livros que eu não abro ninguém se abre somos livros fechados pegando fungo no fundo da prateleira não serve pra nada
essa gota de álcool
um suspiro
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