segunda-feira, 13 de agosto de 2012

é preciso se acalmar vamos não chores como diria drummond o primeiro amor passou o segundo amor passou o terceiro amor passou mas o coração continua
é difícil continuar, cara. é difícil seguir mesmo seguindo meio torto meio sem jeito feito passarinho que nasce e não sabe ainda voar é difícil engolir tudo mastigar o papel como se fosse sorvete difícil secar o choro, vamos, não chores difícil se ser apenas
é um sentimento enrolado emaranhado no fundo do coração na barriga nas mãos suadas os olhos perdidos coitados na luz do por do sol que também vai embora. as pessoas se vão elas vão embora algum dia em algum momento te pegam desprevenido, quando se está mudando de canal e de repente se acha abandonado, as pessoas vão embora quando você menos espera está tomando seu café feliz aquele café coado no pano cheiroso e então percebe que alguém bateu a porta você sente o vento da porta batendo o cheiro da manhã do sabonete no ar o movimento do cabelo que ainda fica ondulando na atmosfera misturado com o aroma do seu café e sua xícara quase cai sua pele sai do seu corpo seu olhos saltam pra fora como uma represa arrombada pela força da natureza
e dói dói infinitamente
a água fervendo a luz nos olhos o lixo transbordando o vizinho gritando bem na sua orelha
a vida te pega desprevenido sem jeito
pelado na água fria do chuveiro
chorando misérias com condicionador
depilando a virilha
as pessoas vão embora quando você menos espera
não que você espere isso, mas você sabe, como um mistério, que isso vai acontecer
como uma verdade universal nunca dita como uma esperança pobre de nunca esperar nada
mas você espera você é fraco você é carente humano você se fode você ama você quer alguma coisa que não está em você você quer exatamente aquela tonalidade de pele aquele orgasmo aquele beijo e há tantos outros por aí há milhares de bombardeios sinestésicos musicais apaixonantes mas isso não te vale e você tenta se valer disso se esforça crê em tudo
começa a beber pára de beber começa a fumar e para de fumar começa a tocar harpa e os dedos doem começa sempre uma coisa e há outras tantas
há outras tantas
como há outros tantos de você mesmo
há você no fim e no meio
e no começo

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