quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Carnaval em versos

Uma chácara. Simplesmente uma chácara no meio do nada,longe de tudo e de todos,na entrada havia uma Variant cor de burro quando foge. Então havia árvores e árvores e flores e pernilongos. Saldo: 8924763 picadas horrendas. Lindo. Magnífco.
E eu fico assim,estupefata com tanta beleza. Não queria sair de lá. Queria ficar por entre árvores e sapos medrosos,lendo Poemas Completos de Alberto Caeiro e me sentindo mais viva,sem respirar ar urbano e distorcer relações. E li mesmo: " se falo na natureza não é porque eu saiba o que ela é,mas porque a amo,e amo-a por isso,porque quem ama não sabe o que ama,nem sabe porque ama,nem o que é amar" e " uma flor é só uma flor" . Essa realidade tão crua e bela e simples que ele tem,é linda e me encanto com essa visão do mundo. Ele é feliz porque ele é feliz.
Então eu penso,como sempre,e penso e fiquei assim,pasma de perceber a simplicidade das coisas. A comparação : Alberto Caeiro é feliz absurdamente com tudo,e me parece uma alegria sem fim com pouca coisa e que transborda. Clarice: tem um vazio existencial e enorme dentro que nunca,nunca é preenchido e que vive em busca de alguma coisa que talvez nem exista.
"aceito as dificuldades da vida porque são o destino
como aceito o frio excessivo no alto do Inverno
calmamente,sem me queixar,como quem meramente aceita,
e encontra uma alegria no fato de aceitar
no fato sublimente científico e difícil de aceitar o natural inevitável"
Bem,e eu já me senti tanto tanto oca e percebi,agora,depois de ler e olhar e ver e admirar que as coisas são como são e somos assim,incompletos que necessitamos de tanta coisa. Ou somos assim,porque somos assim e temos que ser. Ou não...ahhh...eu e meus questionamentos.
Clichê: vivendo e aprendendo.
Enfim... meus dias foram belos e agradabilissimos. Não queria voltar para a tecnologia,para o mundo tão vasto que é o virtual,mas tão enfadonho e pequeno.
Eu queria aquela casa,aquelas árvores,a terra e o cheiro de mato com pernilongos me mordendo e sapos e cigarras cantando até romper e liberar seus ovos.
Eu queria todo mundo reunido,mesmo que fosse para escutar aquelas músicas chatas e que no final de tudo compensava .
- Lá estava eu,dançantezinha,na beira da piscina,com bichos sobrevoando a minha cabeça. A Nona,linda...o começo. Então veio um inseto muito malígno e picpic na minha perninha sadia,fazendo com que eu gritasse de dor e visse um inchaço enorme na minha perna. E a Nona tocando e eu com dor e gritando e fazendo gestos,procurando aquele pervertido inseto para poder dar-lhe uma lição. Aí pensaram que eu estava dançando e riam assim,da minha "dança"mas na verdade eu estava com dor e pulando e procurando. Essa cena foi engraçada e era digna de uma objetiva. Não sei,mas eu gostei dessa passagem,porque estava toda toda empolgada com aquela beleza sonora e de repente: picpic. Inhauuu...acabou com minha graça.
Ah,meu querido e mofado blog,se soubesse o quão esses dias foram belos. Proporcionaram-me tão completa harmonia comigo mesma e com terceiros.

Ah,meu querido,como é bom,não sei o que,mas é bom.

" O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum "

Alberto Caiero [grande poeta]

Um comentário:

Unknown disse...

'Ah,meu querido e mofado blog'.AmO seu blog! Querido sim.Mofado,dificil viw...Leio e viajo nas coisas que vc escreve!Imagino a piscina e bicho te picando..hahaha.E imagino sua voz [linda voz] quando leio tudo isso.Como si vc tivesse lendo para mim,entende?Nem eu!É coisa de louco! =D. Te amO Cassia!