quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Fumaça

Eu via que aquilo tudo estava saindo de mim. Esvaindo-se.Estava entrando em outro alguém o que saía de mim que não era meu.O que é meu?
Apenas de costas,anônimo e ía assim,igual fumaça,aos poucos e chega uma hora que vai tudo.
Chega uma hora que vai tudo.
Não choro nem sorrio. Mas em mim,sinto que é como a água indo para o ralo e o ralo não está entupido.Portanto esse é o destino dela: ir para o ralo,sem que ninguém interrompa. Naturalmente.
Por que ali talvez seja passageiro. A água se renova.
Não estou triste,nem estou feliz. Juro que não estou.Estou...Indiferente.É aquela calma,uma neutralidade diante de tudo.
Se eu ver um cachorro na rua vou pensar que estou igual a ele. O cachorro está ali,andando e latindo e fuçando o lixo.
O céu hoje não está bonito. Sabe,na verdade hoje eu acordei assim,neutra. O rosto quieto,sem maiores expressões. A música não me afeta. Afeto-me pouco de mim mesma.Não vou ver o céu rosado de laranja e azul no final da tarde e sorrir balançando a cabeça por aceitar aquilo. Vou mais cedo. O céu é branco,não é bonito. Espero o outono ansiosamente para sentir o frio e o sol,o contraste na pele de temperaturas. Talvez seja tudo frio mesmo e o líquido borbulhante de cores seja só no texto. O que acontece daqui pra frente? Será que o céu fica um azul celestial? Será que eu posso cair na rua e perder a memória? É,assim,do nada. E eu não saberia de mim,nem ao menos que escrevo palavras rídiculas.
O que será,meu Deus,daqui pra frente? Nada?
Será o oceano e eu um peixe tentando encontrar um peixe amigo na imensidão marinha? E eu sempre encontro um peixe na imensidão marinha,porque estamos ligados pela água.E a mesma que passa sobre mim passa sobre todo mundo.
Passa,menina. Passa menino. Passa a roupa. Uva-passa. Passa eu,vovô e vovó.

Sinto que está se esvaindo.

E é isso que é. Talvez o pingo não caia duas vezes no mesmo lugar.

2 comentários:

AHF Campos disse...

-------------------------- sem palavras, já com as mesmas e falando das mesmas coisas --------------- Mais uma vez, seu texto me doeu, pela segunda vez, chorei lendo suas palavras. Chorei e olhei para os lados com vergonha de chorar em frente a um computador, acho que não estamos acostumados a isso.?.
Meu último texto, como você perguntou. Sim, você era aquela desconhecida, como era eu, como era minha mãe e meus irmãos. Eu e o nada. Nós e nada.

"O que acontece daqui pra frente? Será que o céu fica um azul celestial? Será que eu posso cair na rua e perder a memória? É,assim,do nada. E eu não saberia de mim,nem ao menos que escrevo palavras rídiculas.
O que será,meu Deus,daqui pra frente? Nada?". Foi nessa passagem que tudo me pareceu mais claro.

AHF Campos disse...

Continuando. -----
Saudades suas, como em todas as relações humanas, já não somos mais os mesmos, tempo-prioridade forçada-desgasto-trabalho-faculdade. Desculpa, por não ter a coragem de me mandar de Belo Horizonte e desculpa por não estar a seu lado como éramos. Só queria frisar que: que:
TE ADORO, GAROTA. MUITO
ABRAÇO, DAQUELE QUE TE ADMIRA. MUITO.