quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Fumaça

Eu via que aquilo tudo estava saindo de mim. Esvaindo-se.Estava entrando em outro alguém o que saía de mim que não era meu.O que é meu?
Apenas de costas,anônimo e ía assim,igual fumaça,aos poucos e chega uma hora que vai tudo.
Chega uma hora que vai tudo.
Não choro nem sorrio. Mas em mim,sinto que é como a água indo para o ralo e o ralo não está entupido.Portanto esse é o destino dela: ir para o ralo,sem que ninguém interrompa. Naturalmente.
Por que ali talvez seja passageiro. A água se renova.
Não estou triste,nem estou feliz. Juro que não estou.Estou...Indiferente.É aquela calma,uma neutralidade diante de tudo.
Se eu ver um cachorro na rua vou pensar que estou igual a ele. O cachorro está ali,andando e latindo e fuçando o lixo.
O céu hoje não está bonito. Sabe,na verdade hoje eu acordei assim,neutra. O rosto quieto,sem maiores expressões. A música não me afeta. Afeto-me pouco de mim mesma.Não vou ver o céu rosado de laranja e azul no final da tarde e sorrir balançando a cabeça por aceitar aquilo. Vou mais cedo. O céu é branco,não é bonito. Espero o outono ansiosamente para sentir o frio e o sol,o contraste na pele de temperaturas. Talvez seja tudo frio mesmo e o líquido borbulhante de cores seja só no texto. O que acontece daqui pra frente? Será que o céu fica um azul celestial? Será que eu posso cair na rua e perder a memória? É,assim,do nada. E eu não saberia de mim,nem ao menos que escrevo palavras rídiculas.
O que será,meu Deus,daqui pra frente? Nada?
Será o oceano e eu um peixe tentando encontrar um peixe amigo na imensidão marinha? E eu sempre encontro um peixe na imensidão marinha,porque estamos ligados pela água.E a mesma que passa sobre mim passa sobre todo mundo.
Passa,menina. Passa menino. Passa a roupa. Uva-passa. Passa eu,vovô e vovó.

Sinto que está se esvaindo.

E é isso que é. Talvez o pingo não caia duas vezes no mesmo lugar.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Fundir-me [se]

Quando chegar o momento,quando eu te ver assim caminhando em minha direção,quando eu ver os seus olhos nos meus olhos brilhando e lacremejando,vou sentir os seus braços me envolvendo e minhas mãos percorrendo suas costas e apertando-as contra meu peito ofegante. Esse será o momento. Mas não será o momento exato,será mais um,ou menos um.
Aí então nossos corpos entrarão em contato,fundir-se-ão como nunca antes imaginado. E imagino agora que tudo,de corpo e alma e essência se tornarão um perfume agradável e o cheiro da pele impregnado em cada fio de cabelo.
E vou me fundir em você,até quando for o momento exato de separação. Nem mais,nem menos. Exato. Não,eu não me importo se for mais.Também não me importo se for menos,contanto que depois você prometa que vai me fazer sorrir só de te ver sorrindo.Vou me fundir. Vou gritar e correr feito uma desvairada louca de pedra.
E vou deitar sob o sol,com as mãos no olhos tentando amenizar a luz intensa e vou sorrir e rir sozinha,como se fosse um sonho e eu me alimentasse disso.E dentro de mim fosse tão real,fosse apenas um sentir delicioso de vento no rosto somado de sons e pássaros e paixão. E o sol viesse contrastar sua luz no meu rosto e quem sabe do seu também,colado no meu e eu ouvisse seu coração perfeito batendo sereníssimo e agradável. Até colocaria o meu dedo no seu pescoço para intensificar o meu tato dos seus batimentos cardíacos.
No outono ou no inverno. Poderia ser agora,nesse verão. As tardes de transição verão-outono são magníficas. Meus olhos encantam-se profundamente que rio sozinha dentro ônibus. É um laranja com rosa e azul. São as cores em fusão,como numa pintura clássica. Mas nossos corpos,no extase do preenchimento líquido dos nossos corações,seria ao mesmo tempo todos os movimentos artísticos juntos;um expressionista que faz os olhos virarem e o branco predominando no redondo dos olhos e você,você meu bem,respirando com dificuldade,fazendo desse som o mais agradável ao meu ser em transe e extase de fusão.
E no momento,no pico de fogo da pintura,na pincelada final tudo se desfaz e escorre pelo ambiente úmido e sonoro todo o líquido borbulhante de cores.


Eu continuo sorrindo calma e tranquila,esperando o próximo outono ou inverno,na junção alegre do clima.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Romantismo Inapropriado

Comecei hoje colocando o título,porque achei que deveria ser assim,logo de cara,mesmo que o desenrolar desse texto não tenha qualquer ligação com nosso humilde título.
Ah,ultra romantismo.
...
(minha mente está incapacitada hoje)
. . .
....
A Cássia.Não quero falar dela mas,parece que tudo volta à isso. À essa. À ela. E-l-a junto com ela,apenas.
Elas : Eu e mim . Mim e eu. Ela,eu e mim. Você e eu e ela e mim e eu novamente.
Egoísmo.Eu juro que eu sei que sou esgoísta nata mas,pelo menos eu reconheço isso. Posso tentar mudar mesmo eu não conseguindo. Sou egoísta. Sou uma exagerada egoísta romântica sensível e inapropriada. Será que o romantismo se voltaria e mim mesma?
O fato é que eu sendo egoísta,eu não sei perder. Eu sou mimada. Sou filha mais nova e filhos mais novos tendem a isso: merecem devida atenção,são mais cabeça no ar e aquela baboseira toda.
- O romantismo.
O Romantismo é uma escola literária que eu nunca gostei muito. Acho um tanto inútil,nada realista,exagero,coito,etc. Mas ( sempre tem um mas) ao mesmo tempo parece que tudo se volta a isso. A fuga dessa realidade cruel e nojenta. Os sonhos,a vida paralela interna ambígua e chocante.A vida real vivida superficialmente. O coração TUM TUM a mil por hora de um momento para outro em questão de segundos.
Então parei e vi que,na verdade,isso existe em cada um.Por mais que negue e fale: "Apaixonar-me? Nunca.Eu quero é curtir. "
E aí você sente que lá dentro do mais profundo sentimento,da veia mais longe e sangrenta,pulsa o romantismo inapropriado. O escuro e escondido romantismo temido. O medo.
Me-do romântico do real distorcido.
É assim. Sofre e sofre e sofre. Porque é bonito,é belo,porque é da natureza.
Se não fosse o sofrimento e a dor,o que seria da felicidade?
NADA,coitada.
Tudo termina em nada e recomeça mais inapropiado ainda. É um ciclo vicioso de pessoas e sentimentos. É romântico exagerado.
- jogo-me aos teus pés.
- mordo seus braços
- beijo-lhe as mãos
- choro de saudade
- tranco-me no quarto
- bebo suas lágrimas
- mando-lhe cartas e cartas
E ninguém vê mesmo.
No fundo natural,o homem é pura sacanagem e romantismo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Feliz e Cansada

Até arrepio-me assim,de frio. Roupa molhada,o tênis encharcado. Escutando Bee Gees - Saturday Night Fever e etentando dançar com meus dedos,porque o corpo está assim,cansado,molhado,quieto e calmo. A mente enrolada e confusa,como sempre mas,calma.
Respiro fundo,como se fosse a última respiração vital.
A última respiração. Claro que não foi. Sinto que respiro um perfume assim fraco,misturado com suor e sei que isso passa. Aquele perfume.Tantos perfumes e senti esse. Sabonete.
Cheiro de Dove. Não,não é Dove. Acabou. É.
E abro aquele meu famoso [conhecido por mim mesma]sorrisinho meio satisfação meio cansaço. Como é isso,minha cara? Sabe,quando o dia parece ter entrado todo no seu coração e ficado cheio. Ficou assim o cheiro,o perfume,o abraço,os risos loucos,gargalhadas exageradas que deixam a garganta rouca. Ficou os meus amigos e o sorriso deles. Ficou a noite e água. Ficou o meu olhar na janelado ônibus.Ah,ônibus.
Entrei assim e não havia ninguém. O motorista apenas,é claro. Aí sentei em um banco não no fundo,nem no meio. Aliás,foi um banco no meio quase no fundo.E ía chacoalhando meu corpo e cabeça ía pra lá e pra cá.
Estou cansada,mãe.
Minha mãe. Ha,que ironia. Brigou comigo,falou e falou e falou. Para isso serve o fone.
É isso. Agora estou aqui satisfeita com o meu dia.Insatisfeita com alguma coisa. Parece que tem uma formiguinha me pinicando beeeeeem no fundo. Mas não é nada,só é meu coração batendo forte e fraco num ritmo inconstante.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

- Faço da água vinho

Nossa,como eu não aguento mais. Eu não me aguento mais,ó meus irmãos.
Quero calma. Quero paz.
Esqueça-me,por favor. Esqueça-se,pelo amor de Deus. Eu quero me esquecer.
Esquecer. Esquecerei. Esqueci. Es-que-ça.
Verbo Bonito.
Maiores que eu.
Pelo amor de Deus,eu implooooro,eu rogo,eu ajoelho.
Eu rodo a baiana.
Eu desço o barraco,eu desço do salto.
Eu esperneio e arranco meus cabelos.
Eu me quebro,me lasco,me fodo.
Eu erro.Seja qualquer erro,qualquer nota falsa de dinheiro.
Eu como pregos.Corto minha unha no vivo. Bebo água fervendo...mas
Mas,peço,peço com toda a voz imunda e rouca desse mundo que venha o esquecimento.
Que apague qualquer palavra escrita em seu caderno.
Eu farei o mesmo comigo mesma.
Por favor,Cássia.Sou eu quem te peço.
Voe para o oceano e pule até o fundo.
Eu juro que tem um cisco imenso no meu olho. Mas eu fui ver no espelho e não era nada e ele estava vermelho rosado. Branco vermelho rosado o meu olho estava. Não é bonito.Só é encantador.Mas é feio.
Por favor.Bebo álcool puro e faço da água vinho mas,não sorria.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Sozinha e Ninguém

Sozinha vejo que o mundo um dia pode acabar,
que a humanidade não é de todo humana
que de humana minha alma quebra-se.
Porque alma?

Comi um pastel com formigas
porque o deixei em cima da pia.
Fiquei assoprando até que saíssem.

Pensei que uma criança fosse apenas criança
mas hoje em dia elas também são adultas
com batom e maquiagem,com revistas pornôs,
com a inocência perdida.
Perdi-me com isso. Lamento.

São 17:34 de um domingo chuvoso
e passou o vento pela janela.
Escrevo. Solto-me ao ar como se quisesse voar.
E vôo. De palavras.

Ninguém sabe que os olhos choram;
ninguém sabe que eu choro
ninguém sabe de ninguém
que o choro existe no mais límpido riso de tristeza.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Newton e o meu sorrisinho

O dia foi tão calmo e a noite não passa longe de ser calma também. Olhe o som do vento lá fora,do vento abafado e quieto aqui dentro do quarto com essa luz fraca.
Meu sorriso de canto,que só eu sei ter e só eu penso que eu sei ter porque só eu posso fazê-lo. Na verdade,quando dou por mim eu estou assim,bobinha e com a boca aberta,o buraquinho que quase nem aparece na bochecha,o sorriso que encanta a mim mesma.
Ahhhh,meu blog. Meu lugarzinho preferido em meio à esse caos todo. Meu quarto virtual,com textos,com música e fotos.Comigo.E às vezes entra alguém e olha e sai. E eu fico sozinha e entram e olham e saem. E eu entro e olho e saio e assim vai indo até um dia.
Sabe,eu nem sei o que são Vetores. Somei vetores opostos,duplicando assim a força Newton. Burra,burra. Era um ponto a mais.

F=m.a
Força que é igual a massa multiplicado pela aceleração. Havia dois meninos puxando uma barra assim,um de um lado e outro do outro lado,cada um puxando com força equivalente a 20N. [Newton,adoro]. Portanto era só subtrair as forças,que daria zero.ZERO,ó meus irmãos,pelo simples fato de se anularem. Portanto a barrinha pesaria 1 kg. E não 4 quilogramas.
Terrível,não? Não passei fome. Nem mudou nada...! E o que tem saber se a barrinha pesava 4 kilos ou 1 kilo? De que me valeria? Valeria eu saber o que o menino estava pensando enquanto puxava a barrinha..isso sim,se ele era um menino decente,se ele ..ah.não sei.
Estou calma. Calma,viu,igual o André me disse agora.
Estou feliz. Saí com minhas amigas,senti todo o carinho que elas têm por mim e eu por elas.
Amizade é uma coisa inesplicável.
Minha calma e serenidade também.
Apenas sou e sinto.
Sinto que poderia voar agora e colher rosas de todas as cores.Rosas rosas,rosas vermelhas e pretas.
- Vou dormir como uma criança depois que recebe um beijo na testa de Boa noite.
Vou sorrir como nunca antes eu tivesse sorrido.
Meu sorrisinho de canto me encanta.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Eu também sinto

'' ... Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida ... ''
Pablo Neruda



Ah,saudade que mata por dentro,
mas é cômoda,é dolorida.
Acostuma-se com isso e passa...
passa o tempo
passa a saudade
passa você.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Não tem pé nem cabeça

Vai,Cássia....vai. Se quebra.
Auto flagelação
de tormentos próprios
quando meus olhos não se cansam nunca
o que nunca vai acontecer

a chuva aqui cai
e o som ja me é abafado
o som é amigo
da minha unica inimiga: eu

Vai Cássia,ser alguém na vida
põe essas pernas para andar
os braços para abraçar
e caminha pela vida florida
de flores murchas

sete cabeças
caí no meio da rua e vinha um carro
uma charrete com cavalos enigmáticos
Morri.

Eu cansei de querer beber leite envenenado
de balas e doces
chocolates de padaria


Vai Cássia,vá tomar água.


E eu assim com os olhos cansados e aguados
pela unica razão de aguarem

Ódio anônimo

- Eu odeio você e suas fotos e seus dedinhos assim,não tão miudos,como eu odeio em preto e branco e em sépia. Contrastes,à luz de velas,odeio odeio odeio. E a música com vozes que eu não conheço. Odeio seus sapatos e as suas roupas cheirando a mofo no guarda roupa. Odeio seus cabelos e olhos e boca,o seu corpo inteiro,da cabeça ao dedinho do pé com unhas pequenas. Da envergadura,de um braço ao outro,do champu ao creme que vão em você. Odeio suas palavras em letra impressa,em letra bastão ou de mão. Odeio as palavras que saem da sua boca,porque só saem,sem nenhuma entonação e dicção. E quando passa o cheiro do seu perfume assim,quando menos espero e odeio ter que lembrar de alguma coisa a respeito. Odeio olhar pela janela do ônibus e pensar que alguma pessoa ali poderia ser você. Mas eu não me odeio por odiar-te sublime e brancamente. Odiar .


- Não sei se odeio a mim,na verdade,com um amor incondicional e tolerante. E escondo tudo de branco nas artérias negras,do sangue sendo pulsado desde o momento que meus olhos se abrem até o momento que eles se fecham.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Noite com meus dentes à mostra.

Pude agora,caro senhor,pegar a caneta vermelha vermelha vermelha e escrever nas paredes roxeadas do meu muquifo quarto reinante. O meu castelo pequeno feito uma concha. O meu refúgio,o quartel,o assombro,o paraíso...!
Creio assim,que até o final de 365 dias,ele esteja tão belo e escrito até o teto com tinta preta e vermelha. Um livro no meu quarto. Que sonho,que sonho!
Bem,talvez eu deva trancá-lo ,para que minha querida emê não tenha seus gritos histéricos e ensurdecedores.
A primeira coisa que eu escrevi: A nona de Ludwig van Beethoven...o segundo movimento.
Não,eu não me canso dessa maravilha sonora que me deixa em extases diabéticos,com leite e toda aquela ladainha mecânica toda. Mas também tinha Valsa n° 6 de Chopin e sua loucura toda desmaiada e, Ode to Joy e Bolero de Ravel,em uma dança lenta e sorridente.
Nada,meu irmãos,nada distorcido,a não ser assim,o meu desenho de uma mulher nua,que no clímax de alegria tive que enfiar a ponta da caneta vermelha em seu corpo,ficando assim,todo sangrento e lindo de vermelho vermelho!
E a cara Cássia Oliveira,com shortz xadrez branco e azul e uma camiseta velha branca,com os pés descalços e suados marcando o piso do quarto.
- Piiiiiiiiiiiiiiiiiiii. .
. .
. Diiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Crwwwwyuwg

opa !

[risadas]

Deitei assim,minha gúliver pesada e esvoaçante no travesseiro cheirando noite,aí ouvi umas vozes assim,que eu deduzi ser do meu irmão,pois só poderia ser ele,pois minha emê estava dormindo,ele dizia assim,sussurrando querendo gritar na porta do meu quarto [W.C] : "Cássia,Cássia,abaixa esse rádio...os vizinhos,Cássia,...Cássia?[batidas na porta] ...[pausa] ..Cássia.."
E lá estava eu ouvindo o som e as batidas na porta,e aquela voz chata que ele tem que me enfada desde asism,quando eu era uma menininha muito sapequinha,e que durará enquanto nossos cargos de irmãos estiverem em pé.
Então eu dei uma abaixadinha no volume e ele se foi e ouvi o claqueclaque da porta dele sendo trancada e depois Róóóóóónnnn...do ronco dele que me lembra o meu pai,às vezes.
Ai fechei meus olhos e tive um soninho muito rápido.Depois os abri e fiquei vendo assim,sombras e luzinhas,de quando se aperta bem os olhos e ficam umas figuras abstratas no nada.
Então fechei-os novamente e tive sonhos lindos lindos,com o sorriso assim meio de canto. Um anjo que eu sou.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Libera

Entupindo-me de Nona sinfonia com ânsia e ânsia,ó meu caro blog. E liberando através dela o meu rancor e sono e raiva e alegria tudo ao mesmo tempo,e olhos vermelhos!

Nada mais

- Pega,pega ! ! ! Peeeeeeeega!

A mulher assim,desesperada com a sua bolsa roubada.
Roubada. E apanhou e levou chutes e socos na barriga.

E só.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Nada dilatado de ambiguidade

Quero ser assim,um nada e em nada pensar e ver o que é ser nada.
Porque nada não é nada,só de ser nada já é alguma coisa. Se eu faço nada eu faço nada,assim,fazendo. Cansei de ir e vir e ficar assim,quieta,tristonha,impotente. Ambíguo,meu bem. Sentimentos ambíguos que eu nem sei quando isso acaba,se é que isso acaba. Sabe,quando a chuva é fria e parece te queimar na pele cada gota que chega. Então depois se refresca e você pisa em uma pedra,algo afincando no pé e o desespero e a chuva caindo,o cabelo no rosto,a mão lisa...sua pele já não é mais a mesma,você já não é mais o mesmo. Pára de repente entre os batentes da porta,coloca uma mão no alto,apoiando-se e olha as partíulas de pó em uma faixa de luz que vem da janela. E pensa em alguma coisa,o tempo dilatado e seu rosto é agonia e calma.
É tudo muito lento e o coração acelera tum tum tum,num ritmo inimaginável e o sangue é pulsado assim,plum pluummmm e um calor na espinha.
Acabou. Acabou de começar.
O dia inteiro oscila entre arroz com carne e cenouras até o PPLIC da torradeira com o pão quase torrado.
E acorda sozinha,a casa silenciosa,lá fora o barulho de chuva com passarinhos bonitinhos cantando,seu rosto ainda dormindo e remelento. Comer o que? Nem estou com fome. Mas que merda,que porra...que vida estranha. Almoço,depois o banho e sai ter abraços aconchegantes e volta: casa vazia,luzes acesas de vestígios que alguém passou por ali e saiu com pressa. Meia noite e ainda não há ninguém em casa,a música toca o dia todo mesmo que eu não escute.
Acabou.
Na verdade eu interrompo tudo com uma enorme escuridão de sono,de frio...
Quer ir para onde,meu anjo?
- para o nada.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Anti-atriz errante

Humano do erro que não entendo que é que se passa por dentro,porque eu não vejo o que é dentro,mas vejo meus olhos e minhas mãos e o meu corpo no espelho.

Ela chorou e chorou,dissimulada e forçadamente,que lhe veio um ódio e angústia,um pensamento vago,uma ânsia. A boca secou e tudo pareceu tão imóvel,o tempo parou,a porta pareceu trancar-se para sempre. A ânsia.... !Ela nunca entendeu a realidade,mas sempre bebeu muito dela... veio de repente um frio na espinha,um prazer anônimo de vento. Sozinha,com os olhos inchados e vermelhos,com o rosto redondo e a boca quadrada;a boca que sentiu a água descendo cortando a garganta,o esôfago e caindo assim,tchibum nas entranhas.Porque ela chora? De birra,puro capricho de vítima falsificada. Graça,mimo.Aí vem o riso,que é assim,meio louco e real do que acontece em fase de querer se romper. Algum dia o rompimento tem que acontecer,simplesmente porque nada dura para sempre,aliás,tudo se tranforma e talvez o rompimento sofra mutações e mutações.Mas a menina se acalmou e aceitou essa razão. Lutar contra seria egoísmo. É egoísmo.Pegou um papel e começou a desenhar,rabiscos sem nexo. A lágrima voltou a cair,mas ela agora parecia estar calma,serena e conformada. A lágrima conformada de dor.
- Ria,ria minha criança,com esses teus cabelos soltos e despentedos que te deixam mais graciosa ainda.
E ela ria e ria belíssima,o pé deslizando na dança,os braços soltos. Ah,que cabelo![acrescenta-se aí uma música instrumental qualquer].Ofegante ela caiu na cama,as omoplatas salientes e suadas. O peito chiando - pra cima e pra baixo num ritmo acelerado.Essa menina fechou os olhos e sentiu o ar fresco que vinha da porta da cozinha,da chuva fraquinha lá fora e pensou que,só de sentir aquilo percorrendo suas pernas reluzentes,valia a pena chorar e sentir a dor para gozar de alegria incontável.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Vento no Litoral

"Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?"

Carnaval em versos

Uma chácara. Simplesmente uma chácara no meio do nada,longe de tudo e de todos,na entrada havia uma Variant cor de burro quando foge. Então havia árvores e árvores e flores e pernilongos. Saldo: 8924763 picadas horrendas. Lindo. Magnífco.
E eu fico assim,estupefata com tanta beleza. Não queria sair de lá. Queria ficar por entre árvores e sapos medrosos,lendo Poemas Completos de Alberto Caeiro e me sentindo mais viva,sem respirar ar urbano e distorcer relações. E li mesmo: " se falo na natureza não é porque eu saiba o que ela é,mas porque a amo,e amo-a por isso,porque quem ama não sabe o que ama,nem sabe porque ama,nem o que é amar" e " uma flor é só uma flor" . Essa realidade tão crua e bela e simples que ele tem,é linda e me encanto com essa visão do mundo. Ele é feliz porque ele é feliz.
Então eu penso,como sempre,e penso e fiquei assim,pasma de perceber a simplicidade das coisas. A comparação : Alberto Caeiro é feliz absurdamente com tudo,e me parece uma alegria sem fim com pouca coisa e que transborda. Clarice: tem um vazio existencial e enorme dentro que nunca,nunca é preenchido e que vive em busca de alguma coisa que talvez nem exista.
"aceito as dificuldades da vida porque são o destino
como aceito o frio excessivo no alto do Inverno
calmamente,sem me queixar,como quem meramente aceita,
e encontra uma alegria no fato de aceitar
no fato sublimente científico e difícil de aceitar o natural inevitável"
Bem,e eu já me senti tanto tanto oca e percebi,agora,depois de ler e olhar e ver e admirar que as coisas são como são e somos assim,incompletos que necessitamos de tanta coisa. Ou somos assim,porque somos assim e temos que ser. Ou não...ahhh...eu e meus questionamentos.
Clichê: vivendo e aprendendo.
Enfim... meus dias foram belos e agradabilissimos. Não queria voltar para a tecnologia,para o mundo tão vasto que é o virtual,mas tão enfadonho e pequeno.
Eu queria aquela casa,aquelas árvores,a terra e o cheiro de mato com pernilongos me mordendo e sapos e cigarras cantando até romper e liberar seus ovos.
Eu queria todo mundo reunido,mesmo que fosse para escutar aquelas músicas chatas e que no final de tudo compensava .
- Lá estava eu,dançantezinha,na beira da piscina,com bichos sobrevoando a minha cabeça. A Nona,linda...o começo. Então veio um inseto muito malígno e picpic na minha perninha sadia,fazendo com que eu gritasse de dor e visse um inchaço enorme na minha perna. E a Nona tocando e eu com dor e gritando e fazendo gestos,procurando aquele pervertido inseto para poder dar-lhe uma lição. Aí pensaram que eu estava dançando e riam assim,da minha "dança"mas na verdade eu estava com dor e pulando e procurando. Essa cena foi engraçada e era digna de uma objetiva. Não sei,mas eu gostei dessa passagem,porque estava toda toda empolgada com aquela beleza sonora e de repente: picpic. Inhauuu...acabou com minha graça.
Ah,meu querido e mofado blog,se soubesse o quão esses dias foram belos. Proporcionaram-me tão completa harmonia comigo mesma e com terceiros.

Ah,meu querido,como é bom,não sei o que,mas é bom.

" O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum "

Alberto Caiero [grande poeta]