Sabemos apenas o que nos interessa. No tempo corrompido, nos ilustramos da maneira mais porca, de um jeito acanhado pra gritar e dormir sozinho.
Mas que as palavras não dizem sequer absolutamente nada quando quero dizer tudo.
Quando estou de braços quebrados ouvindo o silêncio da música não tocada, a orquestra não ouvida do dia anterior. Que fazer sentido é exactamente não ter sentido algum. Porque nunca saberemos o sentido exacto de alguma coisa, a luz exacta intacta dos olhares partidos.
Vivi, dormi, comi
tudo nesse silêncio meu
silêncio interno
não de aceitação do mundo
mas calmaria das coisas
respirar o tempo, envelhecer aos poucos pra alcançar a juventude
não a juventude desvairada, perdida, quem sabe rebelde, que tive
mas exactamente como foi. Não, não mudaria nada. Ouviria ainda as mesmas músicas que ouvi, os mesmos desenhos que desenhei e as mesmas palavras cuspidas.
No meu quarto todo escrito, guardo minha essência. Nas paredes corrompidas há uma linguagem só minha, e não há nada mais meu do que aquilo tudo. Meu culto, meu lírio doce comestível onde minha auto antropofagia me faz beber dos outros.
Sempre eu por mim
Sempre um galho de árvore incrivelmente bonicto, mesmo seco
porque a secura também tem a beleza
pois o que seria, então, do verde, do maduro, brotando?
do tempo, seu tempo pra tudo
há tempo pra nascer
pra brotar
pra amadurar
mas o tempo de secar
e passar do tempo
também seria exactamente isso
Mas que meu medo é vê-lo aos olhos vermelhos
e pensar que não tenho mais nada para ver
sua-vida-levou-uma-vida-para-você-saber-que-vivia sua vida precisou morrer para viver e o que é a morte senão a vida ao contrário? o que é uma rosa sem espinho?
mas que a beleza tem seus dois lados, que tudo sempre tem dois lados
e talvez não fosse nem o Bem e o Mal, mas o Bem Maior e o Bem Menor, ou o Mal Maior e o Mal Menor, com suas proporções fora de quota, fora de linha.
E quando nem você sabe porque tanta confusão te invade. Que você mesmo cria, porque ela não existia agora, mas passou a existir depois que a pensei.
Acho a Lei de Murphy a lei absolutamente cabível a tudo, que rege cada gota de orvalho ou bile, e que a Relatividade é totalmente relativa a ela, pois que é mais uma questão de próprio gosto e discussão do que o ônibus que você sempre precisa, passar no momento que você não precisava dele.
Resumiria num esquema porco de Ironia do Destino, ou como sempre, o Tempo por ele mesmo.
Porque o que deixarei é toda essa babaquice ignorável.
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