segunda-feira, 3 de maio de 2010

Carta ao Cheiro de Flor, com carinho.

Deixa eu te falar que eu to morrendo de saudade. Sinto uma coisa tão fraca em mim, um vazio existencial misturado com uma gosma roxa de coisas ruins. Às vezes me dá vontade de desistir de tudo, voltar pra minha terra, dormir na minha cama, comer a comida da minha mãe, sentir aquele ar puro todos os dias. Dá vontade de não crescer. Dá vontade de te ter pra mim e eu luto contra tudo com tudo que eu tenho de forças. Você me faz uma falta imensa. Como quando pego a rosa que você me deu e cheiro, meus olhos começam a lacrimejar e logo paro e faço outra coisa pra não cair na tristeza. Queria morar bem perto de você, queria ter você pra mim. E mais uma vez me pego tão impotente nessa vida. Tento fazer coisas pra me distrair, pra aguçar outros sentimentos, outros lados e, bem, às vezes consigo. Tua essência cravou em mim e pareço sempre te alimentar com coisas boas, essas delícias da vida, as pequenas, que te tornam grande aqui dentro, como aquelas trepadeiras, que tomam conta do muro todo e se deixar entram dentro da casa. E, Teresa, você parece até ter invadido o espelho. E aí mistura tudo nesse caldeirão de incertezas e medos. Me sinto fraca, vazia, tão criança sozinha nesse mundo-urbano-cinza-feio-fétido. Quero ouvir sua voz novamente, quero te abraçar, te beijar, te Amar, com todo meu Amor que tenho pra você, mesmo torto, mesmo longe. Te quero perto. Te quero comigo.
E caio sempre nessa mesma masmorra que me come. Tudo tão dolorido, as pessoas tão chatas, infernais, me dão medo. Tenho medo delas. Parecem sempre deixar o lado mau pra fora, sempre ativo, pra elas mesmas se protegerem. Enquanto ando sempre muito sensível a tudo e acabo me machucando nos espinhos delas. E daí quero minha cama, meus livros, minhas paredes, você, pra ver se deixo um pouco do teu cheiro de flores me curar. E daí preciso chorar pra ver se essas coisas espinhosas me deixam, mas nada adianta. Ainda vou ter um buraco no peito. Como hoje, que nem mesmo o dia lindo de outono me deixou alegre. O céu estava azulzinho bebê pomposo e o ar estava frio. Nada, eu consegui cair ensse poço.
Saudade saudade saudade saudade saudade saudade saudade sempre. Não te esqueço um dia se quer. E quando vejo alguma coisa nossa quero correr praí pra te contar. Digo, 'calma, passarinho, calma'. E tenho ódio de mim por dizer isso, mas é o que eu tinha pra hoje. Será que Teresa me esqueceu? Queria tanto que não me esquecesse. Será que ela ainda me espera? Queria tanto que sim. E se esquecer? Faço-a lembrar-me de novo, com todo carinho e beijinho sem ter fim.


De: Aquela mesma-velha-de-sempre-com-dor-no-peito

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