sexta-feira, 24 de julho de 2009

O Roubo

Rouba meu sorriso, disse-me, muito feroz e quase arranhando e pensei que aquela fala era a mais bela que eu poderia ouvir no momento, alguém roubar seu sorriso, e continuei fumando um cigarro, ela havia dito que roubaria mesmo - opa, cuidado o copo ai na mesinha - eu disse pra ela roubar meu sorriso que seria talvez não sei a única coisa que prestasse em mim e eu queria que essa coisa boa de mim fosse também de outras pessoas, uma coisa pura, nada de resíduos desculpa não vou jogar a fumaça na sua cara, nada de restos sinceros, um sorriso nu e cru apenas. E continuei sentado nessa poltroninha de couro furado no meio, já gasto já farto de tantas bundas que também sentaram no chão e o foram sujar, coitado, pensado ainda no sorriso meu, tão absurdo, não acha, alguém querer te roubar o sorriso, ai eu nunca mais sorriria e talvez a melhor parte de mim ficaria de fora intacta ou alegrando outros sorrisos, meu bem, estou bem sentado aqui, me diz o que é aquela mocinha ali caída, coitadinha, bebeu demais, não foi? pergunta a ela se ela também não quer meu sorriso, antes que a outra venha e o roube de vez, e estou bem certo que ela fará isso, porque ela adorou minha ferocidade explêndida com fumaça mentolada, mostrando as unhas e os dentes, bem num estilo meio eu meio onça, percebi isso no olhar dela e de como ela reagiu arregalando os olhos e mostrando o sorriso dela também, quase que me pedindo uma troca te dou o meu e você me dá o teu. Ela voltou sem nada nas mãos, achei que iria embora, estava com os cabelos soltos e só precisava pegar a bolsa mas sentou na poltrona do meu lado, também de couro furado no meio, mas não é bem couro, é tecido de sofá, velho e empoeirado, nem tanto porque eu dei uma limpadinha com pano úmido e ela sentou e ficou parada me olhando mas um olhar rápido e sorriu pra mim e talvez eu quisesse roubar aquele sorriso, quem sabe não me vem junto os cabelos, e agora muitos copos na mesinha, quase que alguém cai em cima daquele monte de resíduo de bocas marcadas na boca dos copos que deram muitos sorrisos, mil vezes melhores do que o meu talvez, quem sabe, ela não deveria saber, porque trouxe um dedo até a minha boca, tentando afugentar mesmo alguma coisa, a fumaça talvez, mas eu já nem fumava e falei de novo pra ela, mais consciente rouba meu sorriso, mas com o mesmo ar selvagem de máscara de oncinha e ela veio pra cima de mim deixando o couro de sofá se estufando sem pressão e  sentou no meu colo, talvez tenha tentado beijar minha boca, mas eu tinha fechado os olhos, meio com medo confesso, e vi que em 5 segundos não tinha feito nada e abri e ela estava de pé na minha frente, os cabelos soltos, eu quente querendo pegar outro cigarro, mas paralisei ela então me disse num tom único inesquecível Rouba você meu sorriso não aguentei e fui olhando para os olhos dela e os nossos sorrisos abriam como se fosse chave e fechadura e iam ao encontro mais surreal e filosófico, iam ao grande roubo, ao roubo do ano eu diria e se encontrariam, secos e molhados, gélidos mas tão quentes que os sorrisos quando bateram fez um flash imenso e senti que ela realmente estava roubando meu tesouro, meu sorriso, e eu pensava mesmo no momento que era possível que ela era uma ladra muito bela e eu adorei ter perdido meu sorriso para aqueles lábios vermelhos, mais do frio do que de batom, algum vestígio de vinho tinto também e me senti sugado me senti como me restaurando por dentro, porque eu podia sentir milhões de sorrisos se formando dentro de mim, que ela continuaria a roubar, um dia quem sabe, ou nunca mais e eu poderia distribuir sorrisos sinceros como abraços sorrisos tintos, beijos únicos e raros e ela me roubou, e me sentei novamente, muito mas muito lentamente naquela poltroninha velha, balbuciando palavras, risos, hahahaha, é possivel um sorriso ser roubado gritei, ela me olhava e sorriu com sorriso dela e o meu na boca e sentou ao meu lado de novo, não quis que ela fosse embora, porque eu disse que sentiria muita falta dos meus sorrisos e ela entendeu e esperou que eu me acostumasse aos poucos sem eles e tudo voltou ao normal, uma calma, os copos em cima da mesinha ainda, uma bolha de sorrisos se formando dentro de mim e ela ao meu lado, sorrisos, rouba-me a minha melhor parte, continuei a falar, sorrindo sorrindo é claro.

Resgatei-me, pedaços e músicas, momentos.

Ao som de Cold Play - The Cientist


Nostalgia. Essa é a palavra. Uma nostalgia muito boa, um frio na espinha, um sorriso sereno no rosto. Pensei em quem sou agora. Qual a trajectória de Cássia Oliveira nesses 19 anos e 3 meses? Tantas lembranças, tantos momentos, músicas, pessoas. tanta coisa vivida. Dou-me conta que não foi em vão, absolutamente nada. Cada perda e ganho.

Olhei para minha mãe e me senti invadida de um amor que nunca mais irá existir na face da Terra. Acariciei seus cabelos enquanto dormia, profunda e serena. As raízes brancas, a tintura saindo. Linda. Absurdamente linda. Deus me perdoe do fundo do meu coração de tê-la magoado algum dia. Dormia e nem me viu chegar mais cedo. Amo-a demais, que parece me invadir, me transbordar, explodir. Ela, como pessoa, como mãe, como mulher, como filha, como irmã, como religiosa, é a mais bela, de uma grandeza tão, mas tão grande que é incontável. Ela me faz acreditar na bondade das pessoas. Ela me faz olhar o mundo de outra maneira. Carregou-me durante meses, anos e ainda me carrega como se eu fosse um bebê indefeso, e não deixo de ser na verdade. Somos tão frágeis e eu sinto às vezes o quão ela é fraca e sensível, mas ela parece ter uma força que surge dos céus e da terra e do fogo, e o coração dela que é imeeeenso gigantesco que cabe o mundo todo com todas as pessoas. Queria que ela soubesse que ela é a melhor mãe do mundo e que a amo muito, mas é um Amor que não se mede sabe, em palavras, eu apenas Eu te Amo. É um Amor Único, de feto, de uma única linha entre eu e ela.

Sinto-me muito feliz de volta pra casa. Minha casa, sabe. Meus ares, minhas família, meus amigos. É tudo tão simples e confortável. É tudo tão simples, como pode, meu Deus, complicarmos tanto assim?

Aqui é bem quentinho e eu posso arrebentar pipoca. Tenho horário pra chegar e caminhar a pé é muito agradável. As pessoas andam num tempo mais ou menos dilatado, sem correria, sem pressa pra morte, sem pressa pra chegar em lugar nenhum. Mas é um caminho lento muito gostoso de se ver. Calma. Respira. Aqui é tudo colorido. Foi aqui que eu nasci.

Minha avó continua linda e sorridente. Adoro beija-la e abraça-la, é como se eu me resgatasse e um filme inteiro me passasse em 5 segundos: minha infância, travessuras, a comida dela, as conversas engraçadas, uma beleza de vó, um cheirinho de vó.

Choro agora de felicidade. Dentro de mim está tudo tão calmo. Não tenho pressa também. Não ligo de demorar muito essa coisa que traçamos na vida, essas horas que nos passam, esses momentos que ficam, pessoas que nos marcam. Às vezes avida parece nos dar um chute na bunda, um empurrão de repente, que nos tira da órbita, nos tira daquele tempo que acostumamos.

Salgadinhos e bolachas. Eu disse que pareço um bebê frágil.

Ouço músicas antigas, não são antigas, mas da época que eu já tinha nascido e sabia distingui-las. Cada uma me lembra um momento. Vou transitando entre infância e adolescência e o meu hoje. Eu gosto de me resgatar nessas lembranças. Às vezes penso que mudei muito, às vezes penso que não mudei nada. Mas penso que cresci na hora certa. As músicas me falam coisas que eu pareço ver. Escola, meu pai com a camisa aberta no peito e escovando os dentes bem forte. Meu pai, é uma pessoa para jamais se esquecer. Peguei-me pensando em como ele desenhava muito bem, e talvez eu tenha herdado esse gosto por desenho, embora eu tente mesmo rabiscar uma coisa bonicta. E o legado musical que ele me deixou, bandas de rock, cantores, que hoje escuto e inevitavelmente me lembro dele.

É uma nostalgia boa, eu disse. Não pude não chorar. Há ainda aquela criança em mim. Não nego. Jamais neguei, por mais difícil que fosse crescer, por mais difícil que seja crescer. Aquela criança que fala sozinha atoa, assuntos alheios, coisas imaginárias. Aquela que ainda pinta a parede, gosta de desenho, chocolate, bolacha recheada, salgadinhos, yakult. A criança que joga videogame e futebol na rua com os meninos. Essa Cássia fica sempre, sempre, sempre.

Estou feliz, estou calma.

Minhas fotos, minhas palavras. Tudo tão meu e do mundo. Mais meu que do mundo. Minhas fotografias. Alguém que ler isso, por favor, providencie uma simples publicação de algumas delas.

Fotografias são as lembranças palpáveis. São mundos com cores e músicas. E eu sou cada coisa que me agrada e me marca.

Mas eu disse que era uma nostalgia muito boa, de sorrir de leve e pensar que o mundo é realmente a coisa mais boba que nos engana.




terça-feira, 21 de julho de 2009

Paciência, um mantra

SSSUUUMAAAA DAQUI, DESGRAÇA!

Um mantra. De novo. É tudo aos poucos. Com calma.
O tempo do tempo do tempo
Paciência!
Paciência!

Mais uma vez eu

Ando me sentindo muito bem. Talvez eu esteja descobrindo que a alegria nos possibilita belas palavras, não só o sofrimento. Sei lá, está tudo muito calmo dentro de mim, com pitadas de borbulhas imensas de alegria transbordante. Tem dias que eu pareço realmente explodir de alegria e integridade. Estou mais eu, e isso pode até soar egoísta, mas assim eu pareço doar-me mais às pessoas. Quando estou bem, não há lugar que me faça mal. Percebi isso ontem, ao vir embora pra casa. Onze horas da noite, ninguém na rua e olhei para o céu e estava estrelado. Impressionei-me. É raro encontrarmos o céu de São Paulo assim limpo, assim com estrelas, assim mais eu. Estava um frio gostoso, um silêncio mórbido, sem carros, nem buzinas, nem pessoas, estava belíssimo. Pensei comigo que aquilo lembrava-me o interior. E aí pensei também que eu estava muito bem e consegui me encontrar nesse caos urbano. Não importa o lugar, o que importa é você e quem você tem na vida.
Meus amigos... !
Estou sorrindo atoa. Não deve ser atoa, alguma coisa dentro de mim me pede, me impulsiona, me obriga a sorrir e ai eu abro aqueeele beeem bonicto, só pra mim, como se eu sorrise a mim mesma, entregando-me flores, recitando poemas, lembrando de falas vagas de teatro.
Estou sem música. Esqueci meu fone em Tatuí. Vim meio amoadinha, pensando em como driblar essa falta que me fará a música. E mais uma vez alguma coisa dos céus me desceu e disse: "Você pode tudo". Já perdi muita coisa, já superei traumas, mortes, pessoas, coisinhas bobas. O que é um fone? E mais uma vez algo me empurra pra frente. Como um aviso prévio, ou não. E eu mais uma vez aceitando tudo. Acho que o segredo é esse. Iluminação e Maquiagem. Brincadeira. O segredo é a gente aceitar, se aceitar e seguir em frente, tocar o barquinho, chutar a bola, se cortar entre espinhos mesmo! A vida é isso. Alguns escolhem entre a rebeldia ou aceitar o que lhe é dado. É tudo muito belo pra se ver com olhares tristes. Não menosprezando. Acho a tristeza fundamental em nossas vidas. Precisamos crescer, preciso desse chute no saco, esse tapa na cara que a vida me dá às vezes. Preciso estar no fundo do poço pra eu poder levantar com muita sede e força.
Só sei que está tudo indo, ao vento, como sempre... sem muitas cobranças. Faço o que tenho que fazer, às vezes corro, mas a maioria das vezes ando com muita calma e sossego. Pareço uma camera lenta no meio dessa balbúrdia. E é lindo de ver. É lindo, perceba!
Perceba!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Detalhes

Eu sentia falta de observar minuciosamente as pessoas. Seja quem for. Eu tinha essa integridade de me doar em olhos e prazeres pequenos. Nada de extravagâncias, nunca exigi o máximo das pessoas, talvez nem de mim mesma, mas sempre me apeguei aos detalhes infames: um tom de voz, uma cor dos olhos, cílios e principalmente os sorrisos. Pois eram os sorrisos que sempre me deixavam no chão, me batiam dolorosamente. Mas eu sempre gostei de estar no chão com alguém me sorrindo. Se alguém me desse um tapa, eu pularia e aí sim me fazia enorme e forte. Era indefesa aos caprichos e elogios.
Houve uma época que decidi não ser tão densa. Eu queria tudo pra mim, entende, queria entender as pessoas e imaginava como era ser elas, o passado e o futuro que estava por vir. Eu me enchia de pensamentos possíveis e impossíveis. E depois me quebrei com isso. Não quis mais nada, quis me encontrar no meu fundo, mas descobri que eu me encontrava tentando entender os outros. Na verdade meio a meio. Quero descobrir os detalhes, porque as coisas grandes já nos são explicítas, já nos batem na cara, mas as pequenas coisas, essas precisamos afundar inteiramente e descobrir de onde vem a maioridade. E escrever e escrever e escrever, como nos velhos tempos. Vamos achando maneiras de nos encontrar e temos de driblar essas coisas que não vemos que se constroem aos poucos, demorado, e caem por terra, segundos depois de descobrirmos.
Senti-me calma hoje, serena, não esperando muita coisa do dia. Vou ler muito e sentir cheiro de livros. Senti-me esperançosa no fundo, uma coisa boa, nada de cobranças e perguntas com ou sem respostas, eu simplesmente respirei e tentei me manter assim, tranquila e alegre. Viesse o que viesse, fosse o que fosse, eu estaria inteira, meio se desequilibrando mas sempre me mantendo no meio fio.
Não exigia muito da fome nem do sono. Não exigi nada de ninguém. Sempre me contentei com migalhas, delas que viemos, para elas vamos. Mas me esforcei muito para não me dar em migalhas. Doesse muito, mas eu estava lá, inteira, me sentindo um mundo.
Não peço nada. Um abraço só. Uma coisa bem bonicta, uma palavra profunda como "caneca". "Você é minha caneca"
Café com leite. Pão com manteiga.

Coisas

Acordei com vontade de respirar biblioteca
me perder por entre livros e prateleiras imensas
Vou me encontrar nas palavras
como sempre faço
como sempre incrivelmente faço

Caio F. Abreu, Drummond, Bandeira
Nabokov, Shakespeare
e a eterna questão de ser ou não ser.

Completar-me aos poucos
letras, sílabas
textos e textos imensos
como um imenso código de DNA
DNA de letras

E sentir a vida outra vez
E sentir que ovento sopra todo dia
e o céu nublado só é um cenário
cômico e trágico
para dar entrada às nuvens e ao céu azul
e ao sol
e ao passarinho no galho

Queria um momento só comigo
Para completar esse egoísmo natural

Quero o mundo todo
resumido em pequenas porções
de pessoas e palavras
coisas boas
coisas gostosas

Te desejo toda felicidade do mundo
Te dou o abraço mais gostoso do mundo

terça-feira, 14 de julho de 2009

T achando realmente que isso tudo está virando palhaçada. Isso tudo, eu digo, de ser pessoa, inteira, no sentido real de PESSOA! Eu vejo tantas perdidas no meio de muita gente perdida, e ninguém mais me lança aqueles oralhes únicos e platônicos. Nunca mais vi a menina do ponto de ônibus. E isso me veio de repente, porque eu lembro que ela me fazia um bem danado só de me olhar e abrir aquele sorriso imenso quando me via passando pela rua. Que saudade disso. Saudade de mim, de quando eu conseguia sair de uma coisa bem densa, assim, quase que numa areia movediça. Me destruiram, e o pior não é perder os outros, mas encontrar todos os seus pedaços num tempo que não seja tão longo, senão os pedacinhos voam. Está doendo muito, muito mesmo, porque parece que isso nunca vai passar, parece que eu vou acreditar sempre na terrivel bondade das pessoas, que depois se transformam em bichos irracionais... pior, sem sentimentos. Pior, sem essa essência que faz de todo homem ser Homem. São Paulo é muito solitária, e aqui parece ter um mar de gente que parece zumbis. Um mar de gente que não te olha, que não se olha e... o que falta é bom senso, é amor mesmo sabe, amor-próprio, que me falta às vezes. Preciso conhecer algo beeem interessante, que me faça tirar o ar, que me deixe sorrindo atoa e tire essa melancolia barata. Um céu azul que me faça querer ver o infinito. Quero um coração novo, quero cabelos pra passar a mão, quero me atterrorizar com alguma coisa que não esse terror constante de morte lenta de todo mundo. Morte lenta e barata. Queria saber a vida que viveram. O que sinto é mais ou menos como uma repulsa das pessoas e uma vontade imensa de conhece-las. Contraditório, mas é isso. Um medo e desejo.
Medo e desejo. Ambos contraditórios!

Ao Próximo

Só peço a tua mão e um pouquinho do braço
Flores e muuuuuita coisa boa

Que no final a gente vai ser nada

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Eu posso!

Ao som de Bang Bang ( Nacy Sinatra)

Ontem eu conquistei o mundo duas vezes.
Subi na montanha, à noite, enquanto não havia ninguém por perto. Dancei, pulei, me encontrei!
Conquistei o mundo. Subi nas pedras, o cabelo ao vento. Me senti mais em mim do que nunca!
Eu sei o que é isso! Me conte uma coisa bem bonicta.
Eu ri, bebi, dancei." Tudo é tão pouco ..." Mas é absurdo de tão lindo. Essa tristeza que domina e depois é enxotada por um mar de alegria.
Eu conquistei o mundo, e uma coruja rondava piando bem alto, um som agudo, eu sozinha, a noite, os galhos.

EU CONQUISTEI O MUNDO, PORRA.
Cresça e Desapareça

terça-feira, 7 de julho de 2009

... me diga coisas bonitas


Aos meus amigos: Jam, Matilde, Bolo e aqueles que ainda conhecerei à fundo
Por me resgatarem e me mostrarem mais uma vez o lado bom da vida


Toda alegria vem do fundo do poço. Uma mão aqui, outra ali e você volta a respirar, volta a encontrar esse doce que existe em você. Ah! Deus abençoe todos meus Amigos! Como é bom estar com todos.

Conheci Jam há uma semana mais ou menos, e ele me trás uma paz tão boa. Parece meu eu-feminino de alguns tempinhos atrás, quanto eu ainda teorizava o Amor e as pessoas. Comecei um pouco mais cedo a decifra-las na prática. Doeu-me. Eu ainda dizia que já tinha sido assim, e ele me disse, quase me dando um golpe, mas abrindo meus olhos: - Era assim? Não é mais? ( isso em espanhol, é claro...) Bem, fiquei com raiva disso. Pareceu-me que ele generalizava todas as pessoas como sendo maldosas ( não é essa a palavra) e incapazes de amar. Bem, reflecti sobre isso. Ele estava certo ao me perguntar se eu era assim... e fui mesmo, há pouquíssimo tempo atrás, roubaram-me. E novamente volto a sentir esse gostinho de casa limpa dentro de mim, de conceitos e princípios... aliás, somos feitos deles. Alguns bons, outros ruins, outros mesclados... isso é verdade. Jam escreve sobre nossos dias. Escreve sobre o Amor, sobre princípios bons, sobre família unida e toda essa essência que nascemos e depois algumas coisas a cobrem, como a bolinha de gude que cresce. Graças a ele, olhei para dentro de mim de novo e vi que eu ainda estava lá, que minha essência nunca vai ser perdida, que apesar de tudo, apesar do mal que lhe façam, dos sonhos destruídos, dos dias perdidos, há sempre o doce ar da vida, o doce dar de ser humano. Muchas gracias, Jam. Deus te abençoe sempre eu rezo para que essa sua essência continue sempre, pois não admito que ninguém destrua isso, e eu sei que não vai se destruir. Você é belo demais !

Larissa Bolo me mostrou um lado maravilhoso, um lado de dentro muito bonicto, tão bonicto quanto sua beleza externa, olhos verdes, cabelos lindos. E me deu a mão " a gente agora já não tinha medo", e não tinhamos mesmo, como se todos estivessemos juntos num túnel escuro e nos ajudássemos. Ela cozinha muito bem, exceto o nhoque de domingo que nos custou o dia todo e ainda não saiu tão bom, mas a Inca Kola nos salvou. E os dias tem sido lindos. Assistimos filmes, tiramos fotos, nos descobrimos, mostramos nossas feridas e medos, e é isso, não, que amigos fazem... como anjos, como irmãos que escolhemos e rimos e choramos e eu recebi abraços deliciosos. Películas.

Leila... Linda. Matilde, com luvas e limpando o banheiro. Nem sei porque do Matilde, mas combina com ela. E me diz coisas bonitas, me elevam, me encantam e me abraça, depois volta para o periquito, depois volta, toma banho, canta Chico no chuveiro, e cantamos juntas, alto, como se fossemos as melhores cantoras, mas ela canta muito bem, uma voz gostosa de se ouvir, e eu peço: Canta aquela... é... A História de Lili Broun... e cantamos e lembramos de nossos amigos. Agora canta Biscate. A rosa. Samba do Malandro. E cantamos cantamos, rimos, e eu rio, como se eu quisesse parar o tempo e aproveitar tudo, cada sorriso de todos.

Foram dias muito belos, com pessoas mais belas ainda. Nada como conhecer de perto cada um e compartilhar nossos bens e dores. E ver que a vida é muito mais, sabe. Que por mais que uma pérola falte do seu colar, ele ainda é um colar de pérolas. E querendo ou não, a vida é assim mesmo. Sem as dores não seríamos isso, essa coisa boa, essa coisa indefinida, mas o que realmente temos de bom, ah, isso eu garanto, ninguém tira.

Desejo coisas muito boas a vocês. Que Larissa continue com esse fogo que faz brilhar os olhos dela, um fogo que eu nunca tinha visto antes, e isso me faz continuar também. Que Jam também mantenha esse incêndio dentro dele, essa pureza, esse menino belo. Matilde, ainda tenho tanto que te conhecer e que você continue me dando abraços deliciosos e me coloque no seu ombro enquanto choro e você me fala que está tudo bem, e que Deus vai nos proteger. Vai sim, porque peço sempre para me manter assim, ao lado de vocês, pessoas únicas, amigos... Amigos. Um abraço bem apertado, beeeeeem apertado.

Um beijinho na bochecha, do jeito que eu gosto, calmo e leve.

FIM do FIM pra sempre e sempre nunca

Veio o segundo golpe, muito mais pesado e dolorido do que o primeiro. Sentia asco e desprezo, para me sentir melhor, para pensar que eu não era um lixo esmagado e que tinha muito mais valor que qualquer sentimento de boteco. Vou ser bem clara, ela não me amou nunca e esse negócio de paixão que se apagou era tudo mentira, tudo sublimado, para ver se amenizava minha dor de acreditar que alguma coisa boa havia partido, mas não partiu nada, porque não era nada que tínhamos. O que partiu foi minha pessoa, e o que os amigos me fazem agora, é resgatar-me de mim mesma. Vou ser direta de novo, para me entrar de vez na mente, não tínhamos nada, nem amor, nem paixão, nem um pouco de consideração. Como de praxe, era egoísmo. E ela fez isso pensando nela mesma. Muito simples, houve nada. Agora vê se acalma esse facho. No fundo, bem no fundo mesmo isso me partiu o coração em cheio, agora não era porque um dia eu a havia amado e me entregado de corpo, alma e essência a alguém que fez disso tudo uma merda, mas porque não houve um pingo de respeito e consideração pela amizade, por aquilo que eu resgataria com mais dor, porque ela ismplesmente amassou a flor de coração e deixou murchando num copo de requeijão com água. Era desprezível, só não é tanto porque isso me incomoda, e é dificil levar essa maldade dela, porque eu sei que muita coisa nela é maravilhoso, mas como dizem, basta alguns segundos para se destruir tudo.
Acabou de vez tudo em mim. Em você eu sei que havia acabado há tempos, e isso eu não faria nada mesmo para ver, mas em mim ainda havia uma chama de poder ter alguma coisa com você, mas nada de intenso, nada de relacionamentos amorosos, eu realmente acreditei na amizade depois disso, mas ... agora não dá, você me envergonhou como pessoa, e eu não queria dizer isso jamais, porque você foi uma das melhores que conheci, e por ter se tornado uma das melhores é que caiu tão depressa, como um vulto passando, como qualquer coisa negra na luz. Jamais achei que eu diria isso, mas é porque eu também nunca imaginei que você teria um lado que eu não conhecia, e o que eu queria era ter conhecido o seu lado avesso antes, assim eu não me machucaria, assim eu não me enganaria, porque eu sei que foi tão fácil pra você, porque eu creio que fui inteira e me mostrei por todos os lados, os bonitos e doloridos, os mais feios lados que me fazem, mas você só me mostrou o bom. Não quero escrever mais nada quanto a isso. Vou apagar da memória, mais por covardia e facilidade, e pensar que eu tenho muitas árvores de outono para ocnhecer e lugares que me fazem bem, e amigos que me acompanham e sóis para se por. É dificil eu sei, mas quero acreditar em tudo outra vez, acreditar em mim, e sentir que a dor não é atoa e que você foi o pior pesadelo mais gostoso que eu passei. Sei que vai ser dificil te apagarcom a mesma facilidade que você fez comigo, mas... quem sabe, um dia. Vou por um fim aqui. Eu vou mesmo. Vai ser melhor pra mim. Não quero pensar nisso de novo e meus dias têm sido maravilhosos para me reduzir em pensamentos tristes. É incrível como uma unica pessoa, que simplesmente não está nem aí para ocê, te reduz a nada... ainda fosse por alguém... eu to viajando demais. Eu quero realmente por um fim nisso tudo, e cada vez que penso nisso tenho mais ódio e desprezo, de pensar que você saiu tão delicada e vencedora. Perdi. Perdi-me e você foi tão cachorra. Vou dizer mesmo tudo o que sinto. Depois pode ser que passe. Que se dane. Chega. Foda-se. Vai toma no seu cú, infame. Hahahaha... me dói mais do que te elogiar. Te amo! Pronto? Não te amo mais. E espero que tenha aproveitado cada momento da sua vida leviana, disso que você constrói, eu grito que eu não sei de mais nada. Chega chega chega chega chega cheha chega

você me magoou demais para ter muitos textos aqui.

FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM

você foi linda demais pra continuar em mim tão dolorida

FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM

Eu tenho vida demais pra desperdiçar em prantos e mágoas

FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM FIM

É beleza demais para cair na sua lama triste e cortante

Quem sabe, um dia, a gente se encontre e nos conheçamos de novo, num outro clima, uma nova música, uma desconhecida. Apenas um Oi, e voltar tudo ao normal e te dizer que estou bem e você vai embora pra sua casa e eu pra minha, e escreverei que encontrei alguém na rua, que nem conhecia e me disse oi, mas depois foi embora, como muitas outras, como muitas dores que saem, como muitos doces que ficam.

sábado, 4 de julho de 2009

E outros, e outros...

Não pude deixar de pensar que toda aquela menina linda, que um dia me veio como um furaçao me fazendo perder em vento, vai ser de outras pessoas, ou apenas de uma outra pessoa qualquer, que encontre em qualquer muquifo da Augusta. E vai se perder em outros corpos, como fazia comigo, e sentirá prazer em outras bocas, outros olhares, outras mãos a afagarão e outra linguá sentirá as lágrimas dela. E vão sorrir feito bobos, ela vai dar aquele sorriso encantador e desconcertante, que vai fazer a outra pessoa se sentir nas nuvens e brilhar os olhos. Depois vai telefonar, com aquela voz de quem acabou de acordar, e pedir para se encontrarem. Estacionará o carro e ela virá abrir o portão, balaçando os cabelos dourados, procurando a chave, os olhos se protegendo do sol. E abraçará, disfarçadamente para que não percebam que entre eles tem um grande romance e que dormem juntos. Outros corpos se encostarão no dela, quentes, frios, mais novos, mais velhos... outros cabelos ficarão no lençol. Outras palavras, que não as minhas, vão entrar pelos ouvidos dela, e a farão se deslumbrar. Outras vozes a dirão que a amam, e falarão besteiras no ouvido, um grito, um gemido contido, e ela dirá bem baixinho eu te amo - e dormirão como se não fossem mais acordar, porque o tempo parou naquele momento, ela vai posar para outras fotos, outras frutas mordidas, embalos de rede, enquanto alguém termina as fases do jogos que eu tanto adorava jogar no celular dele que não havia nenhuma foto minha, mensagens que já foram apagadas, e outros celulares receberão as mensagens pornográficas e tão amáveis, milhares delas, quase entupindo tudo a caixa de entrada. Outras mãos acariciarão a face dela, talvez nenhum dedo cutuque o nariz, que sorte, e ela vai usar a bota por cima da calça, e andará fazendo barulho de tênis molhado. E então alguém virá, vai fazê-la boba e amada e feliz, e ela virá, depois do banho, linda e cheirosa, com um perfume de cupuaçu, e se entregará inteira, corpo e alma, amor, paixão, fogo, absolutamente inteira para um gosto surreal. E vai falar que está com frio e outros braços a esquentarão, outros braços... outros, não estes, já vazios, já sedentos, já saudosos. E ela fará surpresas inesquecíveis, dará balinhas e cestas de aniversário, sumirá por um dia inteiro para que outros possam sentir o gosto incalculável e beleza única que ela tem, de um monte de coisa boa tudo junto numa pessoa só.
E ela vai ligar, morrendo de saudade, enquanto outra pessoa faz outra coisa num lugar bem longe, e sentirá que o tempo passa muito rápido quando se ama, mas que o tempo é cruel quando se está separado.
E aquela menina, que um dia me beijou, num bar qualquer de alguma cidade pequena, vai tomar coragem para beijar outras pessoas, e depois vai ignora-las ou simplesmente se declarar de coração aberto, de alma limpa, de um novo amor que surgiu, ou um único amor, porque pode ser que os que passaram ela tenha pensado que fosse alguma coisa, fosse realmente só uma coisa. E outras declarações virão, outros textos novos, não estes, velhos empoeirados, sem valor alheio, não meu, não intenso nem dolorido e sim alegre e risonho e sonhador, se farão impressos, versos e mais versos, ou nada... pode ser que os outros não gostem de escrever, ou que se iludam com outras coisas supérfluas.
Aquela menina, não minha, nem de ninguém, do vento, do destino, dos impulsos, verá outros olhos brilharem por ela e acabará e talvez o pra sempre chegue

talvez não.

Ela é livre e está feliz

Ela é livre e está feliz
Ela é livre e está feliz
Ela é livre e está feliz

E aos poucos eu me livro
Outro livro
- Calma, o mundo roda.
Deixo livre as coisa que amo,
se elas voltarem para mim foi porque as conquistei,
se não voltarem foi porque nunca as tive.

Inteira

Ela era, além de tudo, uma energia muito forte, que tomava conta de mim, como se me erguesse muito alto e me atirassse para bem longe.
Sabe, dessas mulheres que tem muito mais do que ser apenas mulher? Por dentro, por fora, em volta, tudo a fazia tão única e arduamente bela. Me doía toda essa integridade que ela tinha. Me doía ainda mais que às vezes isso se quebrava, e eu quebrava junto também, sem querer, mas era inevitável não ser atraída, como um imã, como um fogo no combustível. Era inevitável não me queimar nesse mar ardente de desejo e uma pitada de paixão. Pitadinha. O Amor era frio.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Não menos que isso

Acordei, já com um nó na garganta. Meus olhos mal abriam. Um silêncio, lá em baixo alguns poucos carros passando. E me dei por conta que era realmente aquilo mesmo que aconteci. Meu corpo inteiro pesava muito na cama, e não era só saudade, era uma dor imensa, que eu havia já sentido antes, era uma dor, era saudade, era dor, era saudade, era mentira, e eu queria muito fosse mentira. Meu estado era de choque. Estava anestesiada e andava arrastando meus pés. O dia estava maravilhoso, um céu bem azul e um sol brilhando, as árvores bem verdes, mexiam-se quando o vento batia. Mas em mim estava tudo nublado. Era sábado. Era São Paulo. Mal tinha dormido as poucas horas que consegui. Preferia dormir o dia todo. E eu estava sozinha. Mais uma vez sozinha. Mais uma vez, como nos velhos tempos, eu voltaria a viver a sós comigo, eu voltaria à minha auto idolatria. Mas no momento meus olhos só conseguiam verte água. E não qualquer água, era densa e quase sangrava, tinha resíduos do meu coração em pedacinhos mínimos, resíduo de um amor deixado. Enquanto eu sentir tudo isso, vou continuar escrevendo, mais para eu ver o que sai, do que por vontade de voltar. Vontade de voltar no tempo e tentar concertar, pausar, congelar, beijar, amar menos, ou ter amado muito mais. Deveria ter amado muito mais. Assim meu coração estaria inteiro despedaçado e não haveria viva de minha pessoa, qualquer tipo de vida que fosse. " mas o coração continua" Vou levar sempre essa frase comigo. Consolo na praia. Um dos mais belos e ... confortantes poemas. Estou bem, e queria reforçar esse meu estado sadio, meio sombrio, meio saudoso. Eu estou bem sim. Mas não posso negar que ainda há tudo dela em mim. Restos.
Estava lendo as cartas, e não me conformei, por alguns instantes, que tudo isso tenha acabado. Foi como um palhaço rindo da minha cara e dizendo: " Onde está ela agora? Hahahahaa. Cadê o ' eu te amo e será assim para sempre'... que ' para sempre'? Hahahahaha " e me deformava, com uma maquiagem escorrendo pelo rosto, um nariz enorme de palhaço maldito.
Sinto-me como se alguém bem gigante e forte tivesse me torcido, como uma roupa mesmo, e tentasse escorrer cada gota de lágrima e amor, mas alguma bolsa interna em mim ainda guarda tudo, não sei até quando. Pode ser que dure apenas mais algumas horinhas, e eu estaria livre de novo. Semanas, meses... mas ANOS não. Não vou me permitir a isso. Meses também é muita coisa. Agradeço se for mais uma semana. Estou aproveitando tudo isso. Nao sentirei de novo esse sentimento, e é bom que o amargue na minha vida, que o curta ao máximo e depois o deixe livre, longe de mim, muito longe de mim. Respirei fundo e pensei que no que faria hoje. Ando comendo muito e isso foi mais por instinto e hormonios, do que por depressão pós término. Se eu pudesse, olharia bem nos olhos e diria: Obrigada pela paixão que se apagou ( em você). E agradeci tudo o que passamos. Agradeço pelo que passamos, pela dor, pelo amor intacto ainda, pela saudade que me corroe. E agradeci veemente por tudo, cada beijo, abraço, olhares e lágrimas que derramou por mim, de crocodilos que fossem, mas eu acreditei piamente que tudo iria dar certo, que um dia olharíamos para traz e veríamos que nada foi em vão, mas que eu estaria com você, ardendo em fogo, comendo teus cabelos e rolando em mato com sarna.
Tive duas chances. A primeira desisti por conta própria. Na segunda, com a mesma felicidade que me foi dada, também foi-me arrancada às unhas, às pressas, numa incrível madrugada de sábado, no último dia de outono. Teve-me nas mãos. Tinha-me ardente, crescida, mudada. Mas eu também a tive. O facto é que não nos temos mais. A verdade é que não temos ninguém. No final você sempre vai ter que contar com você mesmo.
Eu estou bem e essas terapias de escritas andam me fazendo um danado. Tenho descoberto cada vez mais que no fundo, o que não nos mata, nos fortalece, velho ditado. Que afinal, eu sentia falta de não escrever tão intensamente assim, com dor à flor da pele, com Amor e Saudade. Amor Dor e Saudade. São essas que têm me acompanhado ultimamente. E não reclamo tanto. Um dias elas acabam também, se transformam, migram para outro corpo, outra alma, outros olhos que me olharão e me verão em luz divina, e os verei em luz divina também e nos encontraremos novamente. Num outro livro. Outro rascunho que seja. Estou procurando não errar com essa caneta que fixa muito bem as palavras. Mas não me importo, qualquer coisa eu risco e continuo em frente, como uma redação que só se tem uma hora para ser escrita. E toda minha vida resumida em uma hora. Uma hora e tudo acaba. Terei outras para escrever. Experiência nova. Experiência própria.
Estou bem, e quero gritar isso ao mundo.

- Olha, como me sinto nova, nenhum rasgo, nenhum furo. Por dentro tudo O.K e meu exame de eletrocardiograma não constatou nenhum bombardeio físico. Minha mente anda saudável e a prova disso é tudo o que sinto e escrevo. Eu sinto dor, eu choro, saudade mora em mim, meu Amor é Amor mesmo, não seio que é Paixão, e outro dia até paquerei outra pessoa. Posso concluir: sou humano.

E os pássaros voltam a cantar.

Não é pra mim

- Alô, é do consultório da Dra Deise?
- Não
- Ah, desculpa.


Telefone quase nunca toca. Quando toca é engano ou são aquelas mocinhas de telemarketing procurando pelo meu pai que já morreu.

- Gostaria de falar com J. R. P. Oliveira...
- Ele não está
- Em que horário posso encontrá-lo?
- ( pausa). Hm... depois das nove.
- Obrigada!

Não não não... nem depois das nove, nem depois de qualquer maldita hora.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Saudações

Ao nosso Amor que morreu
À minha dor que me come
Ao canto oprimido
À Marília de Dirceu

À paixão que acabou
Às lágrimas que derramei
Às cartas escritas
palavras
palavras

Ao ódio e paixão
À paixão que me enganou
Aos perfumes que me seguem
Ao cabelo que me enrolou

palavras
palavras

Às mentiras sinceras
Às raspas e restos
Ao uso
Ao submerso
À mim
cravada
esmagada
um grito interno
um estouro imenso
À minha dor novamente
Aos meus olhos cegos
minhas mãos sem outras mãos
meu peito aberto
ao verme que engana
ao Céu
À dor
À dor
À dor

um brinde

Um vácuo no meu peito

"O que tem me mantido vivo hoje é a ilusão ou a esperança dessa coisa, "esse lugar confuso", o Amor um dia. E de repente te proíbem isso. Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida"
Caio F Abreu
Eu disse que ía virar essa página. Mas ela parece tão pesada e ao mesmo tempo tão leve, que toda vez que eu tento, bate o vento e a volta no mesmo lugar, e assim, constantemente ...
Bem, vai chegar um dia em que falarei " É hoje..." e faço todo um ritual, cantos e palavras para me libertar. As Ideias. Ela vai me virar uma Ideia, como tantos outros que passaram, que me atormentam, e voltam, sacodem. Um ritual. E meu corpo inteiro evapora poeira e dor, tão pesados que seria incapaz de medi-los.
Estava lendo meus textos passados (não poderia deixar de fazer isso) e voltei num tempo tão denso. Aconteceu mesmo. Nós nos amamos. Eu a amei. Ela me amou? Agora ja não sei o que era. Confundi-me.
Bem, virão outras. Escreverei outros textos, declarações de amor, poemas... e depois minha dor imensa que me abate feito um animal no matadouro. Achei que seria para sempre... maldita música. Maldita modernidade. Não pedia mais do que ela. Não queria outros corações, outros romances,queria apenas Um, e nem isso eu recebi, nem essa oportunidade simples e tão temida. Nada. Esmagaram-me. Migalhas, nada. Como um borrão que passou sobre nossas vidas. E alguém chegou bem perto do ouvido dela e disse, num tom infernal e calmo: - a paixão acaba. Acabou.
Como se na mesma hora ela tivesse saído e me apunhalado uma faca no meio do peito, e eu ajoelhada jorrando sangue e amor, não pudesse fazer absolutamente nada, a não ser gritar tanto e tanto, e chorar como se minhas lágrimas fossem aquele sangue feito uma cachoeira imensa, e eu secasse, e eu não fosse mais eu e todo meus sentimentos numa lata de lixo. Meu corpo cremado. Nunca existi. Dentro de mim ainda paira uma dor incalculável, e essas palavras fossem como: desentupir essa dor.
- Vai embora.
Só resta uma coisa a se fazer!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Se pudesse...

Se eu pudesse, pegava a dor, colocava a dor
dentro de um envelope e devolvia ao remetente…
Mário Quintana
É hora de virar a página ...
e quem disse que eu não posso?
Você foi! O maior dos meus casos De todos os abraços O que eu nunca esqueci Você foi!Dos amores que eu tive O mais complicado E o mais simples prá mim...Você foi! O melhor dos meus erros A mais estranha história Que alguém já escreveu E é por essas e outras Que a minha saudade Faz lembrar De tudo outra vez...Você foi! A mentira sincera Brincadeira mais séria Que me aconteceu Você foi! O caso mais antigo E o amor mais amigo Que me apareceu...Das lembranças Que eu trago na vida Você é a saudade Que eu gosto de ter Só assim! Sinto você bem perto de mim Outra vez...Me esqueci! De tentar te esquecer Resolvi! Te querer, por querer Decidi te lembrar Quantas vezes Eu tenha vontade Sem nada perder...Ah! Você foi! Toda a felicidade Você foi a maldade Que só me fez bem Você foi! O melhor dos meus planos E o pior dos enganos Que eu pude fazer...Das lembranças Que eu trago na vida Você é a saudade Que eu gosto de ter Só assim! Sinto você bem perto de mim Outra vez....