sexta-feira, 24 de julho de 2009

Resgatei-me, pedaços e músicas, momentos.

Ao som de Cold Play - The Cientist


Nostalgia. Essa é a palavra. Uma nostalgia muito boa, um frio na espinha, um sorriso sereno no rosto. Pensei em quem sou agora. Qual a trajectória de Cássia Oliveira nesses 19 anos e 3 meses? Tantas lembranças, tantos momentos, músicas, pessoas. tanta coisa vivida. Dou-me conta que não foi em vão, absolutamente nada. Cada perda e ganho.

Olhei para minha mãe e me senti invadida de um amor que nunca mais irá existir na face da Terra. Acariciei seus cabelos enquanto dormia, profunda e serena. As raízes brancas, a tintura saindo. Linda. Absurdamente linda. Deus me perdoe do fundo do meu coração de tê-la magoado algum dia. Dormia e nem me viu chegar mais cedo. Amo-a demais, que parece me invadir, me transbordar, explodir. Ela, como pessoa, como mãe, como mulher, como filha, como irmã, como religiosa, é a mais bela, de uma grandeza tão, mas tão grande que é incontável. Ela me faz acreditar na bondade das pessoas. Ela me faz olhar o mundo de outra maneira. Carregou-me durante meses, anos e ainda me carrega como se eu fosse um bebê indefeso, e não deixo de ser na verdade. Somos tão frágeis e eu sinto às vezes o quão ela é fraca e sensível, mas ela parece ter uma força que surge dos céus e da terra e do fogo, e o coração dela que é imeeeenso gigantesco que cabe o mundo todo com todas as pessoas. Queria que ela soubesse que ela é a melhor mãe do mundo e que a amo muito, mas é um Amor que não se mede sabe, em palavras, eu apenas Eu te Amo. É um Amor Único, de feto, de uma única linha entre eu e ela.

Sinto-me muito feliz de volta pra casa. Minha casa, sabe. Meus ares, minhas família, meus amigos. É tudo tão simples e confortável. É tudo tão simples, como pode, meu Deus, complicarmos tanto assim?

Aqui é bem quentinho e eu posso arrebentar pipoca. Tenho horário pra chegar e caminhar a pé é muito agradável. As pessoas andam num tempo mais ou menos dilatado, sem correria, sem pressa pra morte, sem pressa pra chegar em lugar nenhum. Mas é um caminho lento muito gostoso de se ver. Calma. Respira. Aqui é tudo colorido. Foi aqui que eu nasci.

Minha avó continua linda e sorridente. Adoro beija-la e abraça-la, é como se eu me resgatasse e um filme inteiro me passasse em 5 segundos: minha infância, travessuras, a comida dela, as conversas engraçadas, uma beleza de vó, um cheirinho de vó.

Choro agora de felicidade. Dentro de mim está tudo tão calmo. Não tenho pressa também. Não ligo de demorar muito essa coisa que traçamos na vida, essas horas que nos passam, esses momentos que ficam, pessoas que nos marcam. Às vezes avida parece nos dar um chute na bunda, um empurrão de repente, que nos tira da órbita, nos tira daquele tempo que acostumamos.

Salgadinhos e bolachas. Eu disse que pareço um bebê frágil.

Ouço músicas antigas, não são antigas, mas da época que eu já tinha nascido e sabia distingui-las. Cada uma me lembra um momento. Vou transitando entre infância e adolescência e o meu hoje. Eu gosto de me resgatar nessas lembranças. Às vezes penso que mudei muito, às vezes penso que não mudei nada. Mas penso que cresci na hora certa. As músicas me falam coisas que eu pareço ver. Escola, meu pai com a camisa aberta no peito e escovando os dentes bem forte. Meu pai, é uma pessoa para jamais se esquecer. Peguei-me pensando em como ele desenhava muito bem, e talvez eu tenha herdado esse gosto por desenho, embora eu tente mesmo rabiscar uma coisa bonicta. E o legado musical que ele me deixou, bandas de rock, cantores, que hoje escuto e inevitavelmente me lembro dele.

É uma nostalgia boa, eu disse. Não pude não chorar. Há ainda aquela criança em mim. Não nego. Jamais neguei, por mais difícil que fosse crescer, por mais difícil que seja crescer. Aquela criança que fala sozinha atoa, assuntos alheios, coisas imaginárias. Aquela que ainda pinta a parede, gosta de desenho, chocolate, bolacha recheada, salgadinhos, yakult. A criança que joga videogame e futebol na rua com os meninos. Essa Cássia fica sempre, sempre, sempre.

Estou feliz, estou calma.

Minhas fotos, minhas palavras. Tudo tão meu e do mundo. Mais meu que do mundo. Minhas fotografias. Alguém que ler isso, por favor, providencie uma simples publicação de algumas delas.

Fotografias são as lembranças palpáveis. São mundos com cores e músicas. E eu sou cada coisa que me agrada e me marca.

Mas eu disse que era uma nostalgia muito boa, de sorrir de leve e pensar que o mundo é realmente a coisa mais boba que nos engana.




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