Me dava uma vontade absurda de querer ser mais, e me encontrar em você, pra não deixar que o mundo nos tornasse cinzas ou borboletas que nunca sairiam do casulo.
Você: Uma Rosa, uma Borboleta ( amarela)
Eu: Uma Rosa, uma Borboleta ( amarela)
correndo pelo campo florido com flores lilases, no céu azul, igual no cartão que te dei. Folhas de Outono.
Me coçava por dentro coração que nem sangue bombeado conseguia curar. Era você, só você que me invadia feito tsunami, que me curava de tudo. Era você minha doença e minha cura. Você, o meu desejo e minha repulsa. Você meu Amor e minha Saudade. Você, o verme louco da paixão que me comia e eu sangrava sozinha. Era você minha aproximação e minha distãncia. Você, o eu e o nós. Você o Preto/Branco e Colorido Arco-íris.
Não-vou-nunca-mais-receber-tuas-cartas. Vou enviar um pacote pra você se perder nos papéis. E se acostumar a se perder em mim, como eu me perco em você mesmo tentando tomar alguma decisão infame. Era tudo brincadeira, era chacota dos deuses. Riam de mim.
Mas-eu-estava-feliz-mesmo-não-estando. Parecia mentira, mas eu era toda uma antagonia macabra, eu me revirava igual feto na barriga, poderia vomitar, mas eu sorria de angústia e saudade. Mas-eu-sou-feliz. Espero por ela. A levo comigo. Sempre. Não tem como. Cada coisa que eu via queria dividir. Um filme, uma música, uma photografia. Tudo era ela. Ela era tudo misturado num emaranhado de cor e bagunça de quarto de menina desleixada.
Ela um pedaço de mim, um tesouro que não se acha em qualquer-parada-de-ônibus, mesmo nós pegando ônibus diferentes, lotados e suados.
Eu lutava todo dia pra sobreviver e sobrevivo. Rego a plantinha todo dia, escrevo, como, suspiro, olho a lua às 4 horas da madrugada. Era só ela e eu, ela brilhava só pra mim na janela do meu quarto. Enorme e linda. E isso eu também quis compartilhar com você. Compartilho de alguma forma. Guardo tudo pra te dar de uma vez, embora te dê um pouco a cada dia, que escapava sem querer e vai coando pra te encontrar. Uma parte de mim grita teu nome, outra parte acalma. Um lado é rosa, o outro é espinho.
Mas é você minha Rosa e o Espinho.
Por mais dolorido que fosse e isso se chamava paixão-a-gosto, que eu adoro cultivar.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
A Rosa Vermelha
Mas mesmo distante ela guardava com todo calor aquela rosa vemelha. Mordia, beijava, cheirava, aspirava quase todo seu perfume. Mas ela nunca ficaria cinza. Ela nunca perderia a beleza e paixão. E o tempo, 'ah, o tempo... o tempo brincava comigo', me escurraçava, me flagelava em praça pública. Mas eu não desistia e fingia sorrir pro universo quando ele me maltratava.
Mesmo longe ela era quentinha. E a saudade batia, me pegava, não tinha jeito. A saudade é o pior castigo.
Mesmo longe eu te guardo absurdamente quente dentro de mim e ninguém te tiraria do meu pensamento e nem do meu coração. Chorava, às vezes, quietinha, porque queria que não chovesse mais pra não lembrar que ela gosta de guarda-chuvas, mas eles apareciam, de todas as cores, mais os pretos, em forma de protesto, em sinal de luto, e ela resistia. Comprei um guarda-chuva colorido. Pendurei no meu quarto junto com a rosa, pra que ele faça sol o dia todo em cima de mim. E ele te esperaria com os braços abertos, falando seu nome bem baixinho, que era só para os dois escutarem, ninguém mais. E a dor iria embora, a saudade não existiria, o pensamento não mais longe, mas grudado na pele quente, como tatuagem.
Sonhei que te beijava nas costas, bem em cima da borboleta. Ela lembraria que há muito não sonhava, mas viveram juntas no sonho. Passei as costas da mão no teu rosto, ronronei, passei minha cabeça no teu pescoço, senti você comigo, como sempre sinto, porque pra mim era impossível te tirar de dentro. Era impossível destatuar uma paixão assim, como ela, que a tinta chegava a cobrir o corpo inteiro, o espírito, a essência.
Era impossível, e ela não queria, que evaporasse esse perfume tão gostoso, essas mãos macias, essa dor alegre de esperá-la, essa tristeza esperançosa 'de um dia não ser mais triste'
E mesmo longe eu te cobria com meu corpo e te protegia dos furacões terríveis que invadiam nosso pensamento. Eu te levava café na cama, eu sorria vendo tua face serena, dormindo, os olhos calmos repousando, e te beijava a testa, te pedia em casamento, bem baixinho, pra você sonhar com isso e pensar que era sonho, quando era realidade e pensar que era realidade o que era sonho. Mas que diferença fazia?
Que uma rosa só é uma rosa quando encontrava outras. E eu te encontrei, e te reguei com todo meu amor e cuidado, e virei uma rosa junto com você e isso ninguém podia negar, ninguém podia querer destruir nosso jardim quando ele está intacto fervoroso pulsando o vermelho do nosso sangue. Ninguém, nem nós mesmas conseguiriamos não ser mais jardineiras, quando borboletas saiam do meu peito, encontravam suas costas, beijavam nossos lábios.
E ela queria que soubesse todo esse buraco negro da saudade que cortava como água gelada da piscina, cortando aos poucos a nossa carne, mas nunca nos acostumaríamos. Eu tinha que extravasar de alguma maneira. E ficava olhando tuas fotos com cara de paisagem, imaginando o que foi, o que não foi, o que vai ser, e se preparava para madurar e estar (in)completa só pra ela, inteira, com o cabelo descuidado, ainda mais lion, ainda mais dela, como nunca, como sempre.
A rosa dela era minha também.
Mesmo longe ela era quentinha. E a saudade batia, me pegava, não tinha jeito. A saudade é o pior castigo.
Mesmo longe eu te guardo absurdamente quente dentro de mim e ninguém te tiraria do meu pensamento e nem do meu coração. Chorava, às vezes, quietinha, porque queria que não chovesse mais pra não lembrar que ela gosta de guarda-chuvas, mas eles apareciam, de todas as cores, mais os pretos, em forma de protesto, em sinal de luto, e ela resistia. Comprei um guarda-chuva colorido. Pendurei no meu quarto junto com a rosa, pra que ele faça sol o dia todo em cima de mim. E ele te esperaria com os braços abertos, falando seu nome bem baixinho, que era só para os dois escutarem, ninguém mais. E a dor iria embora, a saudade não existiria, o pensamento não mais longe, mas grudado na pele quente, como tatuagem.
Sonhei que te beijava nas costas, bem em cima da borboleta. Ela lembraria que há muito não sonhava, mas viveram juntas no sonho. Passei as costas da mão no teu rosto, ronronei, passei minha cabeça no teu pescoço, senti você comigo, como sempre sinto, porque pra mim era impossível te tirar de dentro. Era impossível destatuar uma paixão assim, como ela, que a tinta chegava a cobrir o corpo inteiro, o espírito, a essência.
Era impossível, e ela não queria, que evaporasse esse perfume tão gostoso, essas mãos macias, essa dor alegre de esperá-la, essa tristeza esperançosa 'de um dia não ser mais triste'
E mesmo longe eu te cobria com meu corpo e te protegia dos furacões terríveis que invadiam nosso pensamento. Eu te levava café na cama, eu sorria vendo tua face serena, dormindo, os olhos calmos repousando, e te beijava a testa, te pedia em casamento, bem baixinho, pra você sonhar com isso e pensar que era sonho, quando era realidade e pensar que era realidade o que era sonho. Mas que diferença fazia?
Que uma rosa só é uma rosa quando encontrava outras. E eu te encontrei, e te reguei com todo meu amor e cuidado, e virei uma rosa junto com você e isso ninguém podia negar, ninguém podia querer destruir nosso jardim quando ele está intacto fervoroso pulsando o vermelho do nosso sangue. Ninguém, nem nós mesmas conseguiriamos não ser mais jardineiras, quando borboletas saiam do meu peito, encontravam suas costas, beijavam nossos lábios.
E ela queria que soubesse todo esse buraco negro da saudade que cortava como água gelada da piscina, cortando aos poucos a nossa carne, mas nunca nos acostumaríamos. Eu tinha que extravasar de alguma maneira. E ficava olhando tuas fotos com cara de paisagem, imaginando o que foi, o que não foi, o que vai ser, e se preparava para madurar e estar (in)completa só pra ela, inteira, com o cabelo descuidado, ainda mais lion, ainda mais dela, como nunca, como sempre.
A rosa dela era minha também.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
No Tempo Selvagem de Nós Mesmos
Me dê a mão.
Um desamparo me tomou, quem sabe a chuva, molhando por dentro, umidece, cria mofo. Quem sabe ela me leva.
Ouvia-a caindo forte no teto do ônibus. A paisagem dividida entre o cinza e o verde mais velozes que meu piscar, adormecida, a boca amarga, a janela correndo, não fazia mais do que pensar no absurdo da vida.
O que é arte, afinal? Que amor é esse? Me perguntei tantas coisas. Não quis entristecer, mas alguma coisa me cutucava por dentro. Alguma coisa me incomodava muito. Era dia, mas demorava pra passar e ao mesmo tempo corria mais veloz ainda que aquela paisagem verde-cinza misturada, corria mais forte meu cérebro fundido, mas eu estava calma. E não estava triste.
São Paulo suja e cinza e bela. Da janela do ônibus vi todos os tipos de pessoa para chegar de um ponto a outro. Quis fotografar, mas há coisas que guardamos na memória. Nossas apenas. Fotografei então o rapaz apoiado no corrimão da ponte, o andarilho carregando um saco imenso passando na frente da loja de instrumentos, uma moça cor-de-rosa ao meu lado, o cobrador do ônibus. Pausa. Ele me chamou muito atenção, mas não das minhas melhores atenções, ele me pareceu muito arrogante, frio. Usava um cavanhaque não tão de mal gosto, uma camisa preta com risca de giz, não estava vestido, afinal, para cobrar as pessoas. Quando entrei no ônibus, ele estava lendo uma daquelas revistas de supermercado com preços do dia, mal me atendeu. Bem, aí então fiquei receosa, o caminho todo ele não mudou uma atitude que me fizesse mudar de ideia. Uma hora ele cochilou, uma senhora entrou e o cutucou, querendo pagar. Eu ri. Sorri muitas vezes. Mais pessoas: na Bela Cintra, executivos, secretárias, salto alto, um entregador do Habib's correndo com um papel na mão, mais pessoas no ônibus, carros carros carros lá fora, buzinas, dia cinza, dia cru, um mofo no ar, minha véspera de aniversário, um bocado imenso do meu dia rodando num ônibus demorado nas ruas caóticas da pauliceia. Diabos! Só queria chegar logo no meu berço, no meu canto lilás escrito com letras bastão, só queria lamber a parede do meu quarto e gritar sozinha em casa depois que meu irmão saísse. Alguma coisa ainda me incomodava muito, que eu me obrigava a pensar em outra asneira qualquer. Veio aí fotografias. Mas lembrei de pinturas, aquela, da Órfa no Cemitério, não sei, lembrei-a. Eternamente linda. Mais linda que a Monalisa, mais linda que a Julia Roberts, mais linda que... São Paulo em escala de cinza, cinzas.
Fui quietinha balançando.
Afinal o que é tudo isso? Que sentido faz eu pegar um ônibus para chegar em algum lugar e depois pegar outro para chegar em lugar nenhum e aqui estar ainda com perguntas, ainda querendo arranhar a parede do quarto, lamber o espelho, naricissismo inútil, cortar a roupa, depois deitar na cama e sorrir pro teto, pro universo, pros deuses.
Devorei um lanche que comprei na lanchonete da esquina. Pensar me deu fome. Minha bunda quadrada de tantos bancos me deu fome. Irritar-me atoa me deixou faminta.
Não contente, pisei no côco, quase mijei nas calças, mas encontrei tudo arrumado em casa. Por um lado é bom, por outro péssimo. Sempre sou eu quem desarruma tudo, jogo roupa, sapato, um livro ali, um copo lá, uma meia no chão. Sinto falta da minha mãe aqui, daquele ar de família jogado na casa, de dormir no sofá e ser carregada pelo meu pai até minha cama, zonza de sono, dopada. Falta de brigar com minha mãe, de ajudá-la a lavar o quintal, de deixá-la dormindo no sofá, de fazer ela acordar à noite pra abrir a porta pra mim quando esqueço a chave. Agora sobrou todo esse casarão pra mim e pro meu irmão que quase nunca vejo. Que não toco, que só brigo, que odeio e amo com tanta raiva ao mesmo tempo. Sobrou, como diria Caio ( o Abreu), só esse nó no peito.
Um silêncio absoluto. Nem os cachorros da rua latem, apenas o barulho do teclado aqui sendo digitado.
Esses dias à noite, morri de medo. Barulhos horríveis de caminhões, de carga pesada, entulho. Medo de me enfiar embaixo do edredon com todas as garras, mesmo no calor que fazia. Medo estranho, medo aleatório que anda me atacando de repente, em momentos mais aleatórios. Tentei pensar em coisas boas, mas não consegui. Me forcei a dormir logo, mas em vão. Uma batida forte no peito, um peso atmosférico que te engole. Adormeci.
Vontade de ficar quietinha num canto da casa, ouvir alguma coisa, mas ao mesmo tempo vontade de pular igual louca desvairada fugindo da cadeia. Vontade de dizer Eu te Amo. Acho lindo, essencial, quando é realmente verdadeiro. Da minha mãe, sempre. E sinto que uma onda de afeto vem junto com Eu te Amo. Me sinto mais pessoa, menos qualquer-coisa-que-vive-por-viver. Vontade de dizer Cuida um Pouco de Mim, ronronando igual gacto esquecido, passando a cabeça nas pernas do dono, depois indo deitar por entre travesseiros pomposos.
Carência inútil que bateu. Comer palavra, respirar palavra. Me perguntei o que era esse viver poesia? Que ninguém me entenda, afinal. É esse o foco. Não nos entendermos. Remoer essas perguntas irrespondíveis.
Me dê a verdade. Mesmo fantasiada.
Um desamparo me tomou, quem sabe a chuva, molhando por dentro, umidece, cria mofo. Quem sabe ela me leva.
Ouvia-a caindo forte no teto do ônibus. A paisagem dividida entre o cinza e o verde mais velozes que meu piscar, adormecida, a boca amarga, a janela correndo, não fazia mais do que pensar no absurdo da vida.
O que é arte, afinal? Que amor é esse? Me perguntei tantas coisas. Não quis entristecer, mas alguma coisa me cutucava por dentro. Alguma coisa me incomodava muito. Era dia, mas demorava pra passar e ao mesmo tempo corria mais veloz ainda que aquela paisagem verde-cinza misturada, corria mais forte meu cérebro fundido, mas eu estava calma. E não estava triste.
São Paulo suja e cinza e bela. Da janela do ônibus vi todos os tipos de pessoa para chegar de um ponto a outro. Quis fotografar, mas há coisas que guardamos na memória. Nossas apenas. Fotografei então o rapaz apoiado no corrimão da ponte, o andarilho carregando um saco imenso passando na frente da loja de instrumentos, uma moça cor-de-rosa ao meu lado, o cobrador do ônibus. Pausa. Ele me chamou muito atenção, mas não das minhas melhores atenções, ele me pareceu muito arrogante, frio. Usava um cavanhaque não tão de mal gosto, uma camisa preta com risca de giz, não estava vestido, afinal, para cobrar as pessoas. Quando entrei no ônibus, ele estava lendo uma daquelas revistas de supermercado com preços do dia, mal me atendeu. Bem, aí então fiquei receosa, o caminho todo ele não mudou uma atitude que me fizesse mudar de ideia. Uma hora ele cochilou, uma senhora entrou e o cutucou, querendo pagar. Eu ri. Sorri muitas vezes. Mais pessoas: na Bela Cintra, executivos, secretárias, salto alto, um entregador do Habib's correndo com um papel na mão, mais pessoas no ônibus, carros carros carros lá fora, buzinas, dia cinza, dia cru, um mofo no ar, minha véspera de aniversário, um bocado imenso do meu dia rodando num ônibus demorado nas ruas caóticas da pauliceia. Diabos! Só queria chegar logo no meu berço, no meu canto lilás escrito com letras bastão, só queria lamber a parede do meu quarto e gritar sozinha em casa depois que meu irmão saísse. Alguma coisa ainda me incomodava muito, que eu me obrigava a pensar em outra asneira qualquer. Veio aí fotografias. Mas lembrei de pinturas, aquela, da Órfa no Cemitério, não sei, lembrei-a. Eternamente linda. Mais linda que a Monalisa, mais linda que a Julia Roberts, mais linda que... São Paulo em escala de cinza, cinzas.
Fui quietinha balançando.
Afinal o que é tudo isso? Que sentido faz eu pegar um ônibus para chegar em algum lugar e depois pegar outro para chegar em lugar nenhum e aqui estar ainda com perguntas, ainda querendo arranhar a parede do quarto, lamber o espelho, naricissismo inútil, cortar a roupa, depois deitar na cama e sorrir pro teto, pro universo, pros deuses.
Devorei um lanche que comprei na lanchonete da esquina. Pensar me deu fome. Minha bunda quadrada de tantos bancos me deu fome. Irritar-me atoa me deixou faminta.
Não contente, pisei no côco, quase mijei nas calças, mas encontrei tudo arrumado em casa. Por um lado é bom, por outro péssimo. Sempre sou eu quem desarruma tudo, jogo roupa, sapato, um livro ali, um copo lá, uma meia no chão. Sinto falta da minha mãe aqui, daquele ar de família jogado na casa, de dormir no sofá e ser carregada pelo meu pai até minha cama, zonza de sono, dopada. Falta de brigar com minha mãe, de ajudá-la a lavar o quintal, de deixá-la dormindo no sofá, de fazer ela acordar à noite pra abrir a porta pra mim quando esqueço a chave. Agora sobrou todo esse casarão pra mim e pro meu irmão que quase nunca vejo. Que não toco, que só brigo, que odeio e amo com tanta raiva ao mesmo tempo. Sobrou, como diria Caio ( o Abreu), só esse nó no peito.
Um silêncio absoluto. Nem os cachorros da rua latem, apenas o barulho do teclado aqui sendo digitado.
Esses dias à noite, morri de medo. Barulhos horríveis de caminhões, de carga pesada, entulho. Medo de me enfiar embaixo do edredon com todas as garras, mesmo no calor que fazia. Medo estranho, medo aleatório que anda me atacando de repente, em momentos mais aleatórios. Tentei pensar em coisas boas, mas não consegui. Me forcei a dormir logo, mas em vão. Uma batida forte no peito, um peso atmosférico que te engole. Adormeci.
Vontade de ficar quietinha num canto da casa, ouvir alguma coisa, mas ao mesmo tempo vontade de pular igual louca desvairada fugindo da cadeia. Vontade de dizer Eu te Amo. Acho lindo, essencial, quando é realmente verdadeiro. Da minha mãe, sempre. E sinto que uma onda de afeto vem junto com Eu te Amo. Me sinto mais pessoa, menos qualquer-coisa-que-vive-por-viver. Vontade de dizer Cuida um Pouco de Mim, ronronando igual gacto esquecido, passando a cabeça nas pernas do dono, depois indo deitar por entre travesseiros pomposos.
Carência inútil que bateu. Comer palavra, respirar palavra. Me perguntei o que era esse viver poesia? Que ninguém me entenda, afinal. É esse o foco. Não nos entendermos. Remoer essas perguntas irrespondíveis.
Me dê a verdade. Mesmo fantasiada.
Agradecimento
Dia cinza lá fora
e aqui dentro o sol paira
iluminando meu azul nuvem
meu azul riso
sorriso
E A Menina que me deu borboletas cor de rosas
junto de leões em música, chocolates lambuzados na boca, o livro esquecido, a letra, a rosa, o perfume, A Menina dos meus Olhos, do meu coração, a Menina com uma Flor
que mora aqui comigo, dentro, profundo, Linda, com todo meu Amor
ao contrário, explodindo e fundo,
que mundo! que vida!
Oh, Vida, me leva pra ela.
Agradece a ela
porque não mereço tanta felicidade
de dormir sorrindo
acordar sorrindo
beber água sorrindo
ver o dia cinza lindo
e o meu coração mais rico
meu ar mais puro
ela ficando sempre, cada vez mais
o que é de bom
de essência
o que me agrada
o que te faz urrar
não chora, não chorarei
só se for de alegria
dessa beleza transcedental que nos pertente
porque não é essa a nossa dimensão
e nos pertencemos além
em flores, ninhos, canções, outono...
.....
Toda minha saudade
e amor
e alegria
e carinho
de sempre
Obrigada
e aqui dentro o sol paira
iluminando meu azul nuvem
meu azul riso
sorriso
E A Menina que me deu borboletas cor de rosas
junto de leões em música, chocolates lambuzados na boca, o livro esquecido, a letra, a rosa, o perfume, A Menina dos meus Olhos, do meu coração, a Menina com uma Flor
que mora aqui comigo, dentro, profundo, Linda, com todo meu Amor
ao contrário, explodindo e fundo,
que mundo! que vida!
Oh, Vida, me leva pra ela.
Agradece a ela
porque não mereço tanta felicidade
de dormir sorrindo
acordar sorrindo
beber água sorrindo
ver o dia cinza lindo
e o meu coração mais rico
meu ar mais puro
ela ficando sempre, cada vez mais
o que é de bom
de essência
o que me agrada
o que te faz urrar
não chora, não chorarei
só se for de alegria
dessa beleza transcedental que nos pertente
porque não é essa a nossa dimensão
e nos pertencemos além
em flores, ninhos, canções, outono...
.....
Toda minha saudade
e amor
e alegria
e carinho
de sempre
Obrigada
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Pré 20
Aproveitando meus últimos dias com 19 anos. Daqui a 2 dias terei 20 anos. Já estou entrando no processo. Outro ciclo, outra fase, outra vida. Na mesma vida. ( barulhos de sirene ao fundo). Mas ainda não é hora de fazer o balanço desses último ano. Amanhã, ou depois, quem sabe.
Passo meu dias ouvindo rádios de internet. Em especial: Classic&Jazz.net e 123 All Classic Rock - dá para escutá-las pelo media player - e são magníficas. Deliro me achando em tempos retrospectivos. Me sinto num filme, quase com a piteira do cigarro enorme e os pés bem altos vestidos num salto alto Prada vermelho. Mentira. Dias de mendigo. Que fico de pijama em casa o dia inteiro, sozinha, quietinha, rindo de mim mesma, situações inusitadas essas. Pego um livro, cartas, leio, releio, escrevo. E o que deixarei de mim é isso. Por favor, num filtro amarelo igual do meu óculos de brechó. Vê-se muito ele por entre minhas fotos. Um luxo decadente.
Meus últimos dias. Rádio. Músicas lindas. Que céu gostoso. Cheirando sabonete hidratante.
Adeus, Oh, Aquela Cássia. Acendo um incenso imaginário e respiro, não muito, essa fumaça com cheiro esquisito.
Passo meu dias ouvindo rádios de internet. Em especial: Classic&Jazz.net e 123 All Classic Rock - dá para escutá-las pelo media player - e são magníficas. Deliro me achando em tempos retrospectivos. Me sinto num filme, quase com a piteira do cigarro enorme e os pés bem altos vestidos num salto alto Prada vermelho. Mentira. Dias de mendigo. Que fico de pijama em casa o dia inteiro, sozinha, quietinha, rindo de mim mesma, situações inusitadas essas. Pego um livro, cartas, leio, releio, escrevo. E o que deixarei de mim é isso. Por favor, num filtro amarelo igual do meu óculos de brechó. Vê-se muito ele por entre minhas fotos. Um luxo decadente.
Meus últimos dias. Rádio. Músicas lindas. Que céu gostoso. Cheirando sabonete hidratante.
Adeus, Oh, Aquela Cássia. Acendo um incenso imaginário e respiro, não muito, essa fumaça com cheiro esquisito.
Cenas Quotidianas
No balanço da cabeça, acompanhando o movimento da rede e das plameiras que sacudiam com o vento, ela pensava se um dia a vida iria estacionar. Mas aonde? Mas com quem?
Angústia não era. Ela estava sozinha e às cinco da tarde o céu começava a ficar laranja, começava a se por atrás daquelas árvores imensas que moravam na frente da sua janela alta. Alguma coisa antiga tocava no rádio. Ela gostava, se sentia numa época, uma época em preto e branco ou laranja mesmo, com a saturação das cores um pouco baixa, meio cinza. Afinal, ela tinha que ver beleza. Não, ela via beleza. Porque ter de fazer alguma coisa deve doer demais. Ela via beleza... e estava alegre, contente. Quietinha ela brincava com o bailar do corpo, uma nota na guitarra, uma página de livro, uma foto. Uma flor. Rosa vermelha desabrochada que doía igual sangue escorrendo. Vermelho vermelho vermelha.
Ainda no balaçando da cabeça. O pulso baixo do coração. Fumou um cigarro, por pura graça, perguntou se fumava e disse que não, pois não tinha mesmo este vício. Depois comentou que dava barato aquela fumaça. 'Engole fumaça do escapamento, biscate'.
Canalha. Agora é com ele. Pensou muito nessa palavra. Ca-na-lha. Não que ele fosse, mas surgiu. E se fosse? Não engolia fumaça de escapamento pelo menos.
Um rock n roll no rádio. Scorpions. Delirava. E você ouviu eles tocando com a orquestra sinfônica? Derírio. Hurricane. Pulava pulava pulava que nem louco, balaçançava a cabeça, as palmeiras, o sol, UHHHHHHHH, caía de súbito no sofá, fungando, respirando todo o ar da sala. Roda, volta, air guitar.
Vida bandida. Olhava lá fora pela fresta da janela. A música abacou.
Um banho, quem sabe, pra afogar o dia de alegria debaixo da água. Purificação diária.
Alegria é momentânea? E a tristeza?
Vai tomar banho.
Angústia não era. Ela estava sozinha e às cinco da tarde o céu começava a ficar laranja, começava a se por atrás daquelas árvores imensas que moravam na frente da sua janela alta. Alguma coisa antiga tocava no rádio. Ela gostava, se sentia numa época, uma época em preto e branco ou laranja mesmo, com a saturação das cores um pouco baixa, meio cinza. Afinal, ela tinha que ver beleza. Não, ela via beleza. Porque ter de fazer alguma coisa deve doer demais. Ela via beleza... e estava alegre, contente. Quietinha ela brincava com o bailar do corpo, uma nota na guitarra, uma página de livro, uma foto. Uma flor. Rosa vermelha desabrochada que doía igual sangue escorrendo. Vermelho vermelho vermelha.
Ainda no balaçando da cabeça. O pulso baixo do coração. Fumou um cigarro, por pura graça, perguntou se fumava e disse que não, pois não tinha mesmo este vício. Depois comentou que dava barato aquela fumaça. 'Engole fumaça do escapamento, biscate'.
Canalha. Agora é com ele. Pensou muito nessa palavra. Ca-na-lha. Não que ele fosse, mas surgiu. E se fosse? Não engolia fumaça de escapamento pelo menos.
Um rock n roll no rádio. Scorpions. Delirava. E você ouviu eles tocando com a orquestra sinfônica? Derírio. Hurricane. Pulava pulava pulava que nem louco, balaçançava a cabeça, as palmeiras, o sol, UHHHHHHHH, caía de súbito no sofá, fungando, respirando todo o ar da sala. Roda, volta, air guitar.
Vida bandida. Olhava lá fora pela fresta da janela. A música abacou.
Um banho, quem sabe, pra afogar o dia de alegria debaixo da água. Purificação diária.
Alegria é momentânea? E a tristeza?
Vai tomar banho.
domingo, 18 de abril de 2010
Delírio
O teu cabelo, o teu sorriso, a tua voz, a tua boca, os teus dentes, a língua, os cílios, os olhos brilhantes, seu cheiro, sua letra, seu abraço, seu sono, meu sono, teus pés, o tempo, tuas coxas, teu pescoço, teu cheiro, teu cheiro, teu sorriso de novo, sua foto, p&b, borboleta, a Valentina, a Maria, tuas mãos, teu cotovelo, teu pensamento, sua poesia, você-poesia, tuas unhas, tuas cores, o vermelho, a saudade, tuas costas. Teus ombros, o peito, os seios, teu cheiro, a flor, o frio, teu sol, a nuvem, teu leão, o café, sintonia, capuccino, filme no chão, colchão, lama, chuva,o lençol, tua chuva, teu cheiro, tua pele, o calor, teu coração, meu sol, passarinho, beija-flor, tua lua, teu áries, meu touro, teu ciúme, teu colo, vinho, pescoço, teu número de telefone, teu quarto, guarda-chuva, libélulas, tua essência, teu livro, Lolita, o meu, minha lama, tua lama, a luz, nossa luz, tua janela, tua saia, seus pés, seu perfume, labareda, teu cabelo preso, o céu, teu céu, suas costelas, teu filho, o meu, nosso, o teu queixo, os seus lábios, tua carne, vermelho, teu sangue, a tua pose, teu ar, pulmões, a tua respiração, o seu doce, Teresa, teus passos, as flores, teu sorriso, teu abraço, meu coração e o seu.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
porque além de voce ser uma menina com uma flor (na boca, especificamente) você também é borboletamente linda e tem um sorrisinho maroto
e sabe que conquistou meu pobre coração que já anda bem fraquinho de vida.
porque além de você ser mais doce que o sonho com recheio de goiaba que eu adoro,
você tem uma voz de doze anos e canta feito uma sereia encantadora.
porque além de você ser a menina mais bonita que eu conheço,
você adora tomar sorvete segurando um balão de gás hélio na mão, com aquele seu vestido florido e rodado, fazendo pose pra foto em frente à roda gigante com aquela sua cara de paisagem.
porque além de você sussurrar no meu ouvido que quer me ter logo por perto pra sempre,
me aperta o peito de vontade de sair correndo pra você pra poder te ver correndo pelo pasto imenso, ou ver você pregando bilhetinhos nos pinheiros.
porque além de tudo isso
você é maravilhosamente única
e por sorte minha,
você gosta de mim.
____________________________________________________________________________
você é muito mais linda
mais linda que tudo nessa vida
mais linda por dentro
por fora
de lado
de ponta-cabeça
de costas
de frente
você é mais linda que a poesia da flor
mais linda que a formiga ocupada rasgando a folha
mais linda que yael naim tocando toxic,
ou tiê tocando piano.
mais linda que os meus olhos podem ver
mais linda até que o porquinho-da-índia que eu ganhei quando tinha seis anos.
e sabe que conquistou meu pobre coração que já anda bem fraquinho de vida.
porque além de você ser mais doce que o sonho com recheio de goiaba que eu adoro,
você tem uma voz de doze anos e canta feito uma sereia encantadora.
porque além de você ser a menina mais bonita que eu conheço,
você adora tomar sorvete segurando um balão de gás hélio na mão, com aquele seu vestido florido e rodado, fazendo pose pra foto em frente à roda gigante com aquela sua cara de paisagem.
porque além de você sussurrar no meu ouvido que quer me ter logo por perto pra sempre,
me aperta o peito de vontade de sair correndo pra você pra poder te ver correndo pelo pasto imenso, ou ver você pregando bilhetinhos nos pinheiros.
porque além de tudo isso
você é maravilhosamente única
e por sorte minha,
você gosta de mim.
____________________________________________________________________________
você é muito mais linda
mais linda que tudo nessa vida
mais linda por dentro
por fora
de lado
de ponta-cabeça
de costas
de frente
você é mais linda que a poesia da flor
mais linda que a formiga ocupada rasgando a folha
mais linda que yael naim tocando toxic,
ou tiê tocando piano.
mais linda que os meus olhos podem ver
mais linda até que o porquinho-da-índia que eu ganhei quando tinha seis anos.
Stephanie B.
Infância
Quem correu atrás da porta?
A vassoura, me disse alguém. Minha avó. Quer que os outros vão embora.
Mas eu quero ficar, comer feijão com farinha e arroz, frango frito e salada de arface, ouvir sertanejo de raiz ou alguns mais modernos
que me faziam chorar de manhã cedinho enquanto meu pai me levava pra escola.
Na frente da Igreja da Matriz, todo dia, " Em nome do Pai ", tinha que me benzer de manhã, mas já me dava um nó na garganta. Eu não queria chorar mas eu chorava lá dentro já, desolada da vida, abandonada na escola. Eu chorava só de lembrar que queria ficar com meus pais, brincar na rua com meu primo, assistir desenho na T.V.
Paçoca de carne moída no pilão. Mão de pilão. Tira uma lasquinha de carne pra experimentar.
O pé suuuujo, sujo de tanto andar descalça, a mão preta, o pescoço suando. Ô, menina daninha.
Não, manhê, deixa eu brincar mais um pouco.
Eta, marota.
A vassoura, me disse alguém. Minha avó. Quer que os outros vão embora.
Mas eu quero ficar, comer feijão com farinha e arroz, frango frito e salada de arface, ouvir sertanejo de raiz ou alguns mais modernos
que me faziam chorar de manhã cedinho enquanto meu pai me levava pra escola.
Na frente da Igreja da Matriz, todo dia, " Em nome do Pai ", tinha que me benzer de manhã, mas já me dava um nó na garganta. Eu não queria chorar mas eu chorava lá dentro já, desolada da vida, abandonada na escola. Eu chorava só de lembrar que queria ficar com meus pais, brincar na rua com meu primo, assistir desenho na T.V.
Paçoca de carne moída no pilão. Mão de pilão. Tira uma lasquinha de carne pra experimentar.
O pé suuuujo, sujo de tanto andar descalça, a mão preta, o pescoço suando. Ô, menina daninha.
Não, manhê, deixa eu brincar mais um pouco.
Eta, marota.
sábado, 3 de abril de 2010
Apelo
Não é por nada, mas acho que vou explodir.
Vou enlouquecer. E uma maneira de isso amenizar é escrevendo aqui pra você enquanto não posso enlouquecer de vez.
Enquanto não posso enlouquecer de vez.
Meu deus, porque é tão dificil?
dói tanto às vezes. eu nao sei mais o que fazer, eu cansei de depender do destino.
mas vai chegar um hora que eu nao vou aguentar mesmo e vou nem que seja pé, nem que seja de bicicleta e chegue toda quebrada, mas chegarei. Por favor, meu querido, eu peço de todo coração pra amenizar isso, pra me levar pra ela. qualquer coisa, por favor. atenda as preces dessa menina que chora, que está morrendo de saudade.Pelo menos uma vez na vida, universo, seja bonzinho comigo.
Por favor , imploro, apelo, mas não deixa isso me enlouquecer. Eu a quero tanto.
Estou ajoelhada lhe implorando, me leva pra ela. me leva pra ela. me leva pra ela. me leva pra ela.
deixa nós ficarmos juntas. deixa, por favor. nao lhe peço mais nada. por favor por favor, vai. eu vou ser bem boazinha, vou fazer tudo que é necessário, mas colabora comigo. me aquece pelo menos, não larga assim na vida como se eu fosse uma mendiga qualquer.
Pela ultima vez, lhe peço, com todo clamor, fervor, terror, ME LEVA PRA ELA LOGO.
Vou enlouquecer. E uma maneira de isso amenizar é escrevendo aqui pra você enquanto não posso enlouquecer de vez.
Enquanto não posso enlouquecer de vez.
Meu deus, porque é tão dificil?
dói tanto às vezes. eu nao sei mais o que fazer, eu cansei de depender do destino.
mas vai chegar um hora que eu nao vou aguentar mesmo e vou nem que seja pé, nem que seja de bicicleta e chegue toda quebrada, mas chegarei. Por favor, meu querido, eu peço de todo coração pra amenizar isso, pra me levar pra ela. qualquer coisa, por favor. atenda as preces dessa menina que chora, que está morrendo de saudade.Pelo menos uma vez na vida, universo, seja bonzinho comigo.
Por favor , imploro, apelo, mas não deixa isso me enlouquecer. Eu a quero tanto.
Estou ajoelhada lhe implorando, me leva pra ela. me leva pra ela. me leva pra ela. me leva pra ela.
deixa nós ficarmos juntas. deixa, por favor. nao lhe peço mais nada. por favor por favor, vai. eu vou ser bem boazinha, vou fazer tudo que é necessário, mas colabora comigo. me aquece pelo menos, não larga assim na vida como se eu fosse uma mendiga qualquer.
Pela ultima vez, lhe peço, com todo clamor, fervor, terror, ME LEVA PRA ELA LOGO.
Amém.
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