terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Se sabia, eu nunca entendi.

Sabia sim. Mamãe me contava quando era pequena. Esse tal de amor, esse negócio de arranjar um namorado, de casar e ter filhos. Falava. Aliás, não era preciso, desde pequena a gente vê várias forma de união entre duas pessoas, desse contacto mais ou menos íntimo que as pessoa têm, mas eu nunca entendi esse transe. Eu nunca entendi como é possível romper essa ligação depois de tanto trabalho pra conseguir uma migalha de carinho alheio. E depois isso se torna grande de tal forma que parece explodir de tanta cumplicidade, mas de repente explode mesmo como uma bomba qualquer e tudo volta como era antes. Do início solitário, o zero, o amor próprio. Então, quando se é criança, temos vários afectos familiares, conhecemos os recém amiguinhos que um dia crescerão com a gente ou nunca mais aparecerão na nossa porta. Depois tudo isso passa, a gente cresce e nem presente de Natal nós ganhamos. Que seja... não vim falar disso. Eu disse que eu sabia...que eu sabia desde pequena que um dia alguém estaria pre destinado a me encontrar e trocar carinhos e essa cerimônia toda. E eu esperei, afinal a gente sempre espera por alguma coisa que não temos a mínima certeza se acontecerá. Desses sentimentos que se põe num sofá pomposo e assiste um filme qualquer com uma garrafa de vinho branco do lado e do outro uma barra de chocolate aerado. "É assim, cara" pensei comigo. Lá fora era um sol danado de quente, mas havia passarinhos cantando e um barulho qualquer de alguém batendo a porta do carro ( velho, por sinal), e nada era mais simples do que isso. Isso, eu digo, o contexto. O tempo espaço que a gente vive..parece nunca condizer com o tempo espaço psicológico. Outro mundo, afinal. Mas no fim, sempre há um fiasco de paralelismo psicológico real. Se é que me entendem.
É que eu sempre me pergunto: " Quem é a próxima pessoa?" A próxima...que que me fará desvairar em textos pornográficos ilusórios, que é sempre bom sentir esse amargo da vida.
Já li de tudo, e até me desvincilhei do meu eu-poético. Eu precisava, entende? Chega uma hora que é preciso ver de longe, bem de longe, e eu sai de mim. Quem sabe um dia eu volte...é claro que eu volto, essa vida alheia de mim mesma é um tanto sem graça. Mas foi uma experiência. A gente cresce e muda. Isso é facto.
Mas... ainda que mamãe dissesse que eu me casaria, eu não teria tanta certeza. Não que eu não queira casar ou ter filhos, mas... são ossos do ofício. E esse ofício até agora foi mais pra mim do que pra outros. Talvez eu ainda seja egoísta. Talvez eu ainda nem tenha saído do útero materno.

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