quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Só estar melhor

Escrever me tem sido um remédio. Dores psicológicas reflectiram directamente no meu corpo. Dores de estômago, ânsia, mal estar. Passei a tarde toda ontem vegetando entre a cama e o sofá. Um calor danado, o sol brilhando intenso lá fora.
Nunca fui de ter dores de estômago. Aliás, nunca tive. De repente, num raio de duas semanas pra cá tive essas coisinhas chatas. Não consigo fazer nada, nem pensar. Aliás, não me sentia mal de todo, parecia que estava bem com minha mente. O dia estava lindo, porque diabos me senti assim?
Resolvi não me entregar. Joguei-me embaixo do chuveiro derramando água fria. Passou por uns instantes o mal estar. Eu parecia estranha no meu corpo. A água caia. Tentei sorrir e cantar, mas não saia nada. Fiquei quieta, o silêncio me fazia bem até. O silêncio. Não me entreguei. Troquei de roupa e fui, com muito pesar, para a padaria comprar Gatorade . Não tinha comido nada e já eram 6 horas da tarde. O sol estava ameno. Aquela merda de padaria não aceita cartão de crédito e então voltei resmungando pra casa, sem suco e atordoada. Caminhei bem lenta pra faculdade. " Devagar e sempre" , falava comigo. Um peso imenso em mim, um calor chato. Estava gostando tanto de ti, calor. Por um momento desejei que chovesse e me molhasse toda, resfriasse a cabeça, o coração, os olhos.
No fundo tinha algo remoendo aqui dentro.
No fundo a gente dói mais do que pensa. E pensar parece ser mais superficial do que sentir. Mas procurei não pensar nem sentir, deixei que as palavras fluíssem e como sempre, elas fluem. A vida flui. Você vai, jogado num rio, a correnteza te puxa, muitas coisas passam. E passou, levemente meu mal estar. Consegui voltar pra casa, dormi bem, um leve lençol pra me cobrir.
Hoje acordei bem. O mal estar havia passado, num passe de mágica. Como diria minha avó: " parece que tirou com a mão". Continuei sem comer, não senti fome. Me alimentei de água gelada. Um gosto meio amargo na boca. Me olhei no espelho e ainda me via estranha. Pensei que poderia caminhar mais tranquila hoje porque o céu está com muitas nuvens, nuvens grandes, e elas tampariam o sol forte e me fariam sombra. E alguém lá em cima me guardaria por um momento, me tiraria do fluxo intenso do rio e me deixaria calma entre a sombra das árvores sem querer nada, só estar melhor.


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