segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Dessa eterna falta do que falar

Senhores e senhoras membros do júri, bem vindos ao sol do meio dia. A luz cortando teu cerébro, cegando teus olhos. A luz te saúda.
Vou me embora pra Algum Lugar, lá sou amiga de alguém. Lá onde o bosque é verde e posso sentar tranquila me cobrindo com a terra e folhas secas. Como naquele dia de céu azul intenso, a luz entrando por entre os vãos das folhagens de árvores grandes, e eu me via me remoendo no chão, pinicando meu corpo todo. Me sujando, feito uma criança, quase comendo a terra de onde parti, a terra para onde partirei. A terra absurda meio alheia a tudo, onde nada fazia sentido nenhum.

Mas nada de drama. Esses momentos, essas películas de felicidades são a própria luz que cortam. E não deixo de sorrir, porque alguém ai nessa platéia microscópica, seca e retorcida, alguém aí há de me sorrir e novamente, meus senhores retorcidos, me verei triunfante por entre uma natureza selvagem. Arrepiando cada parte do meu corpo em todos os aspectos humanos e psicológicos.

Não é delírio. Resgatei aquela cena de ontem, do vinho e dos morangos. Restaguei por entre esse emaranho de teias algum sorriso, resgatei meu eu alegre, meu eu tão eu dessa baboseira toda.

Igual dizia meu senhor condecorado Cazuza: Estou cansado de tanta babaquice, tanta caretisse, dessa eterna falta do que falar.

Eterna falta do que falar. Não te parece óbvio? Parece-me óbvio e pesado.

Mas não é isso que eu digo. O que digo, apesar de não ter o que dizer, é que entre dragões e mares bravios, eu sou assim. Eu sou assim, à flor da pele, intensa e densa. Eu sou apenas mais um lado de mim.





ao som do vento balançando as folhas

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