sábado, 3 de maio de 2008

"Lolita,luz de minha vida,labareda em minha carne.Minha alma,minha lama.Lo- li- ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca,para tropeçar de leve,no terceiro,contra os dentes.Lo.Li.Ta"

E assim começa o livro, o magnífico e exuberante livro. Lolita. Descreveria minha paixão ardente por eles e por ela: o livro,Humbert Humbert e Lolita. Um todo incorreto e amargo,doce e maravilhosamente belo.

Voltou sem mais nem menos,senhores membros do júri,com esse apelido que afinca no coração. Abre-me,corta-me,sangra-me. Depois daquela noite silenciosa,em que minha Lolita era só minha e não havia absolutamente nada que nos separasse do amor distante e perfumado. Lolita. Minha Conchita de porcelana,tão frágil como eu em seus braços,to frágil como sua cabeça em meu colo infantil. Olhos grandes,o exalar de um perfume singular que sentia-se só em sua pele macia e,depois passei a usá-lo,já nos meus dias distantes e saudosos,só para lembrar de seu cheiro que eu nunca mais sentira. Por onde andas,Lola? Como sabes que isso me afinca no peito? Era tão minha,tão bela,tão criança com suas palavras que me confortavam. Lembro-me,depois de termos nos beijado,ela falando,com aquela expressão tão serena e malévola : " Que estranho,não? Ontem a gente ter se beijado e hoje tudo parece tão normal",abrindo um sorrisinho lindo,daqueles que a curva da boca aumenta um pouco mais somente de um lado;onde eu,deitado com minha face em frente à dela,via seus olhos me olhando e olhando para o teto.
Nunca mais,minha Lolita. Agora deve estar nos braços hirsutos e suados de algum aproveitador,sem ao menos gostar dele. Pra quê? Meu mundo parecia viver em tempo tão dilatado quanto um idoso doente com as juntas já gastas e você,minha Lolita,havia fugido,ignorava-me num vazio único,em que eu,em meu ser oco de saudade,escondia-me choroso e fraco. Meu coração doía,minhas mãos frias pegando um copo de água,meus olhos cansados choravam sua falta;e era tão inútil,tão inalcançavel,Lolita. Dolores,Lola,Dolly,para sempre moerei aqui dentro o amor. Amei-a,meu anjo belo,como ainda a amo e ainda escuto seu sorrisinho . Amei-a,minha menina fria,amei-a infantil e ardorosamente.



Um comentário:

AHF Campos disse...

Bravo!!
Lindo o texto, sincero, sentimental, o enamorado contando suas desventuras, deixando seu lado masculino se dilacerar em sentimentos.
Leve, alegre e triste.
(Estou a escutar For No One, dos Beatles, parece que esta música foi feita para este texto)
"The love is dead, but i need you"