sexta-feira, 9 de maio de 2008

Liberdade para fora do corpo

" Fazer arte é privar um gesto em sua repercussão no organismo"
Antonin Artaud

Senhoras e senhores membros do júri,acalmem-se e sentem-se em suas poltronas almofadadas,porque eu,aqui no meu muquifo virtual,hei de escrever mais baboseiras aleatórias. Como sempre,não há um motivo específico e alinhado de raciocínio e objectivo.


Nada,absolutamente nada de distorcido me aconteceu. Eu me pergunto: Isso é bom? Bem,não é de todo bom,mas não é nada ruim. Estou mais real e deixo de ser uma Idéia de mim mesma.


Fui lá fora agora e vi dois livros de pintura enormes e empoeirados,sabe,daqueles que parecem livros de poção mágica? Ah,eu queria tanto pintar... e pensei,num lapso de memória e admiração,que Delacroix é deveras um pintor muito bom,tomando por base a questão de que algumas de suas pinturas parecem fotografias, transmitindo as emoções encarceradas das personagens. Belas expressões.




Órfã no cemitério: a mais bela mulher. Linda,linda. (fotografia da pintura)

Romântico. Mui belo,ó meus irmãos. Mas,como para pintar quadros grandes e românticos,exprimindo cada emoção da pessoa,leva um certo tempo e dinheiro(e criatividade),é óbvio que minha capacidade não chega a tal proeza. Por isso,não deixo de admirar também quadros expressionistas...Modigliani,Picasso,Seurat....cada um com seu cada qual(igual dizia uma amiga). Confessemos,tudo é muito belo aos olhos cansados. Tudo é muito belo em seu contexto (seja ele histórico ou psicológico) Assim como uma simples forma de admiração mesmo,por achar apenas bonito. Eu em particular acho interessante o ramo que tomam seguindo a razão,tudo geometricamente pintado,com formas quadradas,triangulares,numa geometria perfeita mas,não é de todo de me chama atenção (pelo menos não no momento). Tudo se resume em números e o ser humano é tão carnal e evaporado,que números não o substituem. Números transformados em retas. Não é chamativo? Mas é,de uma certa forma,aprisionado. Como buscar a liberdade?

Liberdade não existe. Deus existe,seja ele com D maior ou d menor. Sempre,sempre nos apegaremos em alguma coisa que nos faça acreditar que a vida é por si só e que não há o que discutir. Sempre seremos presos por conceitos,idéias e materiais palpáveis. Sempre nos apegaremos a alguém, a um cheiro,um sorriso,uma lembrança infíma de nosso ser e seremos obrigados a lembrar de algum momento que seja. E somos controlados por tudo isso,por palavras e idéias. Não há liberdade. Eu sou a minha própria prisão.

Portanto a única liberdade é se desaprisionar de si mesmo.A única liberdade pura alcançada é a morte. Por favor,meus amigos,vejam isso como algo absolutamente natural. É inevitável e bonito. Só é doloroso para quem fica.

A pintura talvez seja alguma forma de libertação,assim como a literatura,a música (no seu sentido divino e instrumental ). A música é o auge de controle e descontrole de si mesmo.Falando em termos clássicos,em estilos clássicos e dignos de serem ouvidos,sem esses sons da grande massa que são comerciais. Terríveis.

A Nona Sinfonia de Beethoven é o auge de libertação musical,criatividade,dor,prazer,arrepio. Em outros termos,a libertação nesse caso seria um cuspe de sentimentos aprisionados e jogados assim,fervorosamente sobre alguma coisa. E depois sempre voltam e são jogados novamente e voltam e assim num ciclo eterno.

"Liberdade,igualdade e fraternidade" - Quer situação mais apropriada para essa frase do que a morte e vida eterna em algum lugar que nem sabemos se existe?Já viu um mundo terreno ter igualdade? Não,absolutamente não mesmo,meus senhores comunistas. O capitalismo é a base de tudo o que nos aflige. Palmas aos senhores iluministas.

Palmas aos senhores que lêem toda essa ladainha.

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