sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Em constraste,a menina do meu começo.[fundo musical]

A menina estava deitada no sofá.A sala era vazia e grande e a única luz que vinha era das janelas que também eram grandes.Fim de tarde. Toca Mozart e sua calcinha aparece,porque o vestido é curto e as suas pernas ficam para o alto,balançando ou fazendo bicicleta no ar. O chapéu vai e volta nas mãos,no corpo,para cima e para baixo.
Quem é essa menina?
Seu nariz começa a sangrar...mas ela ri,ela se desespera tão graciosa e o sangue é tão vermelho,um vermelho de doer os olhos de belo,o contraste com o ambiente preto e branco,a luz das janelas.Ela é toda graciosa,menina,delicada...ela é cru e a sua boca deve ter um gosto de algo muito bom e suave. Mas não...!
Ela parada,parece dançar.
E de repente salta do sofá,desesperadamente graciosa e o sangue mancha o vestido,o contraste,a beleza...a beleza,se desfaz...nunca.
Seus pés,descalços,a conduzem até o banheiro e nisso o caminho foi traçado por sangue,pingos tão belos e vermelhos intensos...a boca vermelha,o nariz vermelho,o vestido...vermelho.
Agora ela se lava e olha-se no espelho manchada,descabelada. Menina,você é tão criança e sedutora.
- Porque ela está ali?


- Não sei,mas essa menina fica em meus pensamentos todo dia como se quisesse uma história só dela.
Pronto,estou escrevendo sua passagem. Talvez ela fique feliz e me deixe continuar,porque não imagino além do que pode acontecer depois que ela lava o rosto e a pia fica toda ensaguentada.
Ela pode chorar;mas ainda toca Wolfgang Amadeus Mozart e isso não me faz vê-la chorar. Ela só está assustada.Ela sempre se assusta quando seu nariz sangra.A porta ruge. Está ventando lá fora...a luz fraca...talvez acendesse velas e ficasse sozinha por ali,balançando os pés deitada no sofá,pilantra,uma ninfa.
Uma ninfa,meu Deus. O vestido sujo,o chapéu cobrindo o rosto...ela dorme.
Ela dança sozinha.
Ela corre e pula e....dorme.

Um comentário:

AHF Campos disse...

Notavel

'Toca Mozart e sua calcinha aparece,porque o vestido é curto e as suas pernas ficam para o alto,balançando ou fazendo bicicleta no ar. O chapéu vai e volta nas mãos,no corpo,para cima e para baixo'

Gostei dessa passagem, sinto uma certa maturidade literarea. A descrição da personagem e a sinuosidade da cena. Afinal quem é? Fiquei em dúvida. Mas gostei e muito.
Achei-o interessante como dito mais arrojado.

Beijos, do seu personal-critic,
Humbert Lo