abri outras portas de mim mesma
abrir-se
florir-se
desabrochei
luzes e confetes em câmera lenta
para celebrar meu desabrochar
são coisas que a gente vê com outros olhos
e sentimos coisas com outra pele
mas é a minha mesma
sou eu
de um outro modo
como um explodir
do seu esqueleto
externo
e explodi
é uma maravilha encantada
parece que tenho mais brilho no olhar
parece que me sou
de uma outra maneira
em algum lugar
por um momento
o universo teve algum sentido
somos mutáveis
domingo, 30 de setembro de 2012
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
esse mundo está errado
fernando pessoa estava certo
drummond, caio fernando abreu, clarice lispector, sartre
todos estavam certos
adília lopes, herberto helder, manuel bandeira
talvez chico buarque esteja um pouco certo
a tia da barraca é sempre certa
pelo menos o café dela custa um real
e eu acho que isso é certo
mas, o que é errado?
bentinho estava errado?
capitu, oblíqua e dissimulada
me rasgando como quando
se tenta rasgar um pano podre
se desfaz vê-se a poeira dispersando
o cheiro de podridão
misturado com um cheiro de pó do passado
um pedaço não fica comigo
vai embora talvez pro lixo
talvez fique no canto no chão
do banheiro juntando um mofo
que nunca se vê
mas está lá
outra parte quase se desfaz solitária
na minha mão
o que fazer?
é segredo
que todo mundo sabe
fernando pessoa estava certo
drummond, caio fernando abreu, clarice lispector, sartre
todos estavam certos
adília lopes, herberto helder, manuel bandeira
talvez chico buarque esteja um pouco certo
a tia da barraca é sempre certa
pelo menos o café dela custa um real
e eu acho que isso é certo
mas, o que é errado?
bentinho estava errado?
capitu, oblíqua e dissimulada
me rasgando como quando
se tenta rasgar um pano podre
se desfaz vê-se a poeira dispersando
o cheiro de podridão
misturado com um cheiro de pó do passado
um pedaço não fica comigo
vai embora talvez pro lixo
talvez fique no canto no chão
do banheiro juntando um mofo
que nunca se vê
mas está lá
outra parte quase se desfaz solitária
na minha mão
o que fazer?
é segredo
que todo mundo sabe
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Sentimento da noite
parece que não me sou
parece uma angústia profunda desconhecida
parece um vazio imenso despejado sobre mim
parece que o buraco do mundo se abriu e me engoliu
sem piedade sem sombra de dúvidas que era a mim mesma que ele queria
então respiro fundo
coço os olhos respiro fundo de novo
tenho que pegar o ar tenho que pegar o ar
é difícil tenho que abrir bem os pulmões
expando as costas largas
me reviro com o pescoço me tranco sozinha
preguei-me na parede e me descubro nua
de repente como uma coisa natural por fora
mas dentro está tudo revestido de uma lama
e de costelas flutuando
sinto uma ponta aguda quase saindo do peito
me dói profundamente
lamento minha existência como se lamenta
uma pomba esmagada por um carro
está apodrecendo no meio do asfalto
as pessoas passam e pisam
os carros a desmembram mais
a luz do sol a esquece jogada e
não a toca
lamento a existência do mundo
esqueço como é meu rosto
olho-me e me assusto
parece tão diferente
não parece ser eu
continuo caindo no buraco do mundo
falhei tropecei fui infame pedinte melódica não quis nada quando eu queria tudo
enganei-me
eu queria o amor e não me deram
eu queria mais amor e não me dei
não pedi nada além
esperneei um pouco chorei pedi implorei
mas nada
como se eu fosse um poço vazio
cheio de bitucas de cigarros
daí me revirei me contorci acordei com cara de monstro
eu diria que fui picada por uma abelha e que tenho alergia
mas era só choro
era puramente um amargo pus de bile sendo vomitada
(quando se bebe muito)
continuavam jogando as bitucas
- não quero bitucas, quero carinho
- eu já disse que não quero isso, eu quero... quero
suspirando já chorando de cabeça baixa descrente
e daí não quis mais nada
engoli todo o buraco negro
engoli o poço
os restos de cigarros
a poeira de terra cheia de resíduos
de ossos e peles e sentimentos guardados
engoli minha nudez
as costelas os ossos
engoli o ar a respiração
as raízes e minhocas e vermes
e minhas lamentações
e todos os amores
e engoli também todo o passado
as promessas
os sonhos engoli o futuro engoli
todos os beijos e abraços
engoli as nuvens os pores do sol
todas as árvores secas
engoli todas as palavras pronunciadas
todas as lágrimas engoli
engoli o tempo e sua ironia
engoli o sarcasmo a sorte e a falta dela
engoli os deuses pagãos todos eles
engoli a borboleta
engoli o pássaro
todos os pássaros todas as cores
engoli todos os sorrisos que me doíam
toda a alegria e tristeza de nascer
e de morrer
eu engoli a morte e sua face oculta
engoli-me
parece uma angústia profunda desconhecida
parece um vazio imenso despejado sobre mim
parece que o buraco do mundo se abriu e me engoliu
sem piedade sem sombra de dúvidas que era a mim mesma que ele queria
então respiro fundo
coço os olhos respiro fundo de novo
tenho que pegar o ar tenho que pegar o ar
é difícil tenho que abrir bem os pulmões
expando as costas largas
me reviro com o pescoço me tranco sozinha
preguei-me na parede e me descubro nua
de repente como uma coisa natural por fora
mas dentro está tudo revestido de uma lama
e de costelas flutuando
sinto uma ponta aguda quase saindo do peito
me dói profundamente
lamento minha existência como se lamenta
uma pomba esmagada por um carro
está apodrecendo no meio do asfalto
as pessoas passam e pisam
os carros a desmembram mais
a luz do sol a esquece jogada e
não a toca
lamento a existência do mundo
esqueço como é meu rosto
olho-me e me assusto
parece tão diferente
não parece ser eu
continuo caindo no buraco do mundo
falhei tropecei fui infame pedinte melódica não quis nada quando eu queria tudo
enganei-me
eu queria o amor e não me deram
eu queria mais amor e não me dei
não pedi nada além
esperneei um pouco chorei pedi implorei
mas nada
como se eu fosse um poço vazio
cheio de bitucas de cigarros
daí me revirei me contorci acordei com cara de monstro
eu diria que fui picada por uma abelha e que tenho alergia
mas era só choro
era puramente um amargo pus de bile sendo vomitada
(quando se bebe muito)
continuavam jogando as bitucas
- não quero bitucas, quero carinho
- eu já disse que não quero isso, eu quero... quero
suspirando já chorando de cabeça baixa descrente
e daí não quis mais nada
engoli todo o buraco negro
engoli o poço
os restos de cigarros
a poeira de terra cheia de resíduos
de ossos e peles e sentimentos guardados
engoli minha nudez
as costelas os ossos
engoli o ar a respiração
as raízes e minhocas e vermes
e minhas lamentações
e todos os amores
e engoli também todo o passado
as promessas
os sonhos engoli o futuro engoli
todos os beijos e abraços
engoli as nuvens os pores do sol
todas as árvores secas
engoli todas as palavras pronunciadas
todas as lágrimas engoli
engoli o tempo e sua ironia
engoli o sarcasmo a sorte e a falta dela
engoli os deuses pagãos todos eles
engoli a borboleta
engoli o pássaro
todos os pássaros todas as cores
engoli todos os sorrisos que me doíam
toda a alegria e tristeza de nascer
e de morrer
eu engoli a morte e sua face oculta
engoli-me
vou escrever pra não ficar me revirando na cama como se fosse bicho no mato assustado com sua possível presa noturna o olhar noturno o bicho papão o bicho de sete cabeças eles já te pegaram? puxaram seus pés?
(eu gosto de ir ao mercado e comprar coisinhas gostosas + vinho + cerveja)
A noite não te engole? Quisera eu deitar nesse colchão novo que não me acostumei e dormir feito uma criança cansada depois de um dia cheio de brincadeiras
mas eu penso penso penso penso
e às vezes isso me faz mal
o que te faz bem?
o que te prende?
o que te amedontra?
ninguém vai me responder isso então vou ficar imaginando mil respostas porque somos presos a mil coisas e mil coisas é muito para se prender mas estamos presos na nossa liberdade na nossa ânsia de sermos libertos de todas correntes de toda essa merda social
pessoas me cansam eu tenho muita preguiça delas não sei porque estou assim será que eu sou assim?
o que será que será que vive nas ideias desses amantes?
oh álvaro de campos seu maldito insano
parece que você tem razão no mundo sem ter razão nenhuma sem ter merda nenhuma em todos os poemas
porque não somos nada não queremos ser nada não podemos ser nada
e daí acaba assim
mesmo
assim
(eu gosto de ir ao mercado e comprar coisinhas gostosas + vinho + cerveja)
A noite não te engole? Quisera eu deitar nesse colchão novo que não me acostumei e dormir feito uma criança cansada depois de um dia cheio de brincadeiras
mas eu penso penso penso penso
e às vezes isso me faz mal
o que te faz bem?
o que te prende?
o que te amedontra?
ninguém vai me responder isso então vou ficar imaginando mil respostas porque somos presos a mil coisas e mil coisas é muito para se prender mas estamos presos na nossa liberdade na nossa ânsia de sermos libertos de todas correntes de toda essa merda social
pessoas me cansam eu tenho muita preguiça delas não sei porque estou assim será que eu sou assim?
o que será que será que vive nas ideias desses amantes?
oh álvaro de campos seu maldito insano
parece que você tem razão no mundo sem ter razão nenhuma sem ter merda nenhuma em todos os poemas
porque não somos nada não queremos ser nada não podemos ser nada
e daí acaba assim
mesmo
assim
domingo, 16 de setembro de 2012
meu coração anda seco como
essa chuva que não vem
da última vez que ela veio
-e veio pra valer-
meu coração transbordava
e meus olhos choviam tanto quanto
as árvores lá fora
alguns dias ela ameaça vir
e então alegro-me um pouco com
o dia nublado e o vento gelado
talvez eu encontre alguém no meio da tempestade
mas está tudo seco
sem pingos
sem abraços gelados
nem cabelo escorrendo pelo ralo
apenas
o passado que foi
e o passado que não foi
tensiono escrever umas mentiras
para que eu possa me dissimular
não me serve
mas pesa
meu coração
de mil novecentos e noventa
transbordando poeira
farto dessa campanha inútil
que as vezes caímos
campanhas amorosas campanhas sociais
campanhas pra termos leite
mas eu quero vinho
mas eu quero ficar no meu canto
mas eu quero alguma coisa
que eu nunca sei
que eu saiba, o que fazer?
se quando se sabe não há o que se fazer
daí inclino-me um pouco e uma lágrima cai no meu caderno
que anoto sobre um livro
enxugo rápido sinto o gosto salgado
uma gota que cai
parece ser o fim do mundo
quando chover
...
quando chovia muito
lá em meados de junho
eu chovia junto
meu coração
de mil novecentos e noventa
essa chuva que não vem
da última vez que ela veio
-e veio pra valer-
meu coração transbordava
e meus olhos choviam tanto quanto
as árvores lá fora
alguns dias ela ameaça vir
e então alegro-me um pouco com
o dia nublado e o vento gelado
talvez eu encontre alguém no meio da tempestade
mas está tudo seco
sem pingos
sem abraços gelados
nem cabelo escorrendo pelo ralo
apenas
o passado que foi
e o passado que não foi
tensiono escrever umas mentiras
para que eu possa me dissimular
não me serve
mas pesa
meu coração
de mil novecentos e noventa
transbordando poeira
farto dessa campanha inútil
que as vezes caímos
campanhas amorosas campanhas sociais
campanhas pra termos leite
mas eu quero vinho
mas eu quero ficar no meu canto
mas eu quero alguma coisa
que eu nunca sei
que eu saiba, o que fazer?
se quando se sabe não há o que se fazer
daí inclino-me um pouco e uma lágrima cai no meu caderno
que anoto sobre um livro
enxugo rápido sinto o gosto salgado
uma gota que cai
parece ser o fim do mundo
quando chover
...
quando chovia muito
lá em meados de junho
eu chovia junto
meu coração
de mil novecentos e noventa
sábado, 15 de setembro de 2012
ó deus baco
Um brinde ao deus baco
bacante
bacanal berimbau
balalaika
com solos de guitarra
pra rebolar
bacante
bacanal berimbau
balalaika
com solos de guitarra
pra rebolar
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
começando com portishead sour times
acende um cigarro
a luz da luminária
abre a janela
só de sutiã
algumas poucas raras pessoas passam pela calçada
um vinho
merlot
saint germain
uma moça me olha de soslaio
1 segundo
me olha de novo
depois um garoto de bicicleta
eu gosto da voz dela
e dos solos de guitarra
eu gosto de guitarra
e de mulheres
e as vezes das vozes delas
é só relaxar
nada o que pensar
o vento um pouco frio
acende um cigarro
a luz da luminária
abre a janela
só de sutiã
algumas poucas raras pessoas passam pela calçada
um vinho
merlot
saint germain
uma moça me olha de soslaio
1 segundo
me olha de novo
depois um garoto de bicicleta
eu gosto da voz dela
e dos solos de guitarra
eu gosto de guitarra
e de mulheres
e as vezes das vozes delas
é só relaxar
nada o que pensar
o vento um pouco frio
terça-feira, 11 de setembro de 2012
queria uma cena em preto e branco
está tocando nat king cole - as time goes by
estou fumando um cigarro sentada num sofá pomposo
as pernas cruzadas
solto fumaça semi cerro os olhos
o piano toca
bebo um drink qualquer
alguém me tira pra dançar
um cavalheiro de chapéu
um sorriso lindo meio Gene Kelly
sapatos lustrosos
coloco meus braços no seu pescoço
e sorrimos de leve
um encanto
o piano toca
Nat canta
bailamos devagar
ele sussurra alguma coisa no meu ouvido
me levo com ele
pego um cigarro
ele tira o isqueiro do paletó
e acende o meu cigarro
pego meu casaco e partimos
as time goes by
está tocando nat king cole - as time goes by
estou fumando um cigarro sentada num sofá pomposo
as pernas cruzadas
solto fumaça semi cerro os olhos
o piano toca
bebo um drink qualquer
alguém me tira pra dançar
um cavalheiro de chapéu
um sorriso lindo meio Gene Kelly
sapatos lustrosos
coloco meus braços no seu pescoço
e sorrimos de leve
um encanto
o piano toca
Nat canta
bailamos devagar
ele sussurra alguma coisa no meu ouvido
me levo com ele
pego um cigarro
ele tira o isqueiro do paletó
e acende o meu cigarro
pego meu casaco e partimos
as time goes by
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
poema genial
(ao som de pink floyd - cluester one)
olha, dá pra sentir cada nota da guitarra
nas ondas do mar
eu bato as asas e voo pluma leve
deslizo no ar como ondas sinuosas e coloridas
abro bem os braços
a guitarra geme fininho gostoso
agora estou tocando
escuta esse piano
escuta esse pássaro piando longe no fim da tarde
anoitecendo o laranja lá no fundo bem embaixo do azul negro do céu da noite
e as ondas v ã ãã ã ~~ a ~~ oooo
sinto o gosto dessa música
posso apaupá-la derreto
não quebro sou flexível
isso
assim
mastiga comigo
continua as ondas
viram cipós marítimos e desabam azul e verde
isso
assim
ps: uma descoberta genial de toda a humanidade
misturar David Guetta - Sexy bitch com Pink Floyd - What do you want for me
Mano, DO CARALHO!.
olha, dá pra sentir cada nota da guitarra
nas ondas do mar
eu bato as asas e voo pluma leve
deslizo no ar como ondas sinuosas e coloridas
abro bem os braços
a guitarra geme fininho gostoso
agora estou tocando
escuta esse piano
escuta esse pássaro piando longe no fim da tarde
anoitecendo o laranja lá no fundo bem embaixo do azul negro do céu da noite
e as ondas v ã ãã ã ~~ a ~~ oooo
sinto o gosto dessa música
posso apaupá-la derreto
não quebro sou flexível
isso
assim
mastiga comigo
continua as ondas
viram cipós marítimos e desabam azul e verde
isso
assim
ps: uma descoberta genial de toda a humanidade
misturar David Guetta - Sexy bitch com Pink Floyd - What do you want for me
Mano, DO CARALHO!.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
preciso exorcisar os sentimentos cinzas
não dar de comer nem banho nem canções de ninar
...mas acho que farei isso depois com mais empenho.
mas acho que farei, de alguma maneira
como aqueles outros
desde que se nasce
e tenta você se enfiar na caixa que você mesmo construiu
preciso exorcisar tudo
desde o primeiro pensamento até o último e derradeiro ato
firulas
enganos
prazeres
não dar de comer nem banho nem canções de ninar
...mas acho que farei isso depois com mais empenho.
mas acho que farei, de alguma maneira
como aqueles outros
desde que se nasce
e tenta você se enfiar na caixa que você mesmo construiu
preciso exorcisar tudo
desde o primeiro pensamento até o último e derradeiro ato
firulas
enganos
prazeres
viver é muito perigoso
já diria guimarães
é mesmo não se saber honesto nem inteiro muito menos bom mas nunca sabemos mesmo o que somos e o que devemos ser não sabemos mesmo depois de muito tempo o que fomos. o que guardamos é meia dúzia de abraços sinceros apertados inesquecíveis, um cheiro de infância, um perfume ou comida saborosa, e mais alguns sorrisos e beijos bem beijados quentes mornos aconchegantes e lembramos que gostamos disso mas isso é só uma parte nossa o resto está esquecido (in)felizmente em alguém ou em alguma coisa cada pedaço meu ali e mil pedaços outros em mim cacos pontiagudos redondos e coloridos dói se esbarra é preciso catar com cuidado com a ponta do dedo sentindo a superfície áspera porque se for fundo corta feito navalha fundo sanguinolento os cacos não se juntarão novamente nunca por mais que se tente haverá uma pequena passagem de ar uma fagulha que não se encaixa. a vida é uma arte ininterupta triste irônica ela dói sem se saber vida talvez a esperança ruim de morte não a sua mas do outro. a tristeza por estar só. a tristeza por estar junto. e cada minuto é um minuto a mais do passado e um minuto a menos no futuro e não se fez nada dele não se fez absolutamente nada porque não há grandes coisas a serem feitas que não comecem por pequenas simples e macias mas esquecemos de nos olhar esquecemos desse segundo pequeno que não cabe muita coisa uma lágrima salgada ou um pingo de água no rosto um toque uma piscada é isso que se faz nos pequenos momentos
os grandes são grandes demais pra se querer exato os grandes são grandes demais pra se apalpar na palma da mão com gosto e ternura os grandes momentos não existem é mentira são os pequenos que engradecem que viram um monstro mas nunca o contrário e continuamos sem nos saber continuamos com toda mala nas costas e não sabemos o que tem dentro delas calcinhas sujas roupa rasgada um chinelo gasto e embaixo dele um fio de cabelo grudado com um pedaço de chiclete.
e chegam os dias e as tardes e as noites e mais dias e tardes e noites e mais luas e sóis e nuvens e pássaros todas as folhas caindo e secando na terra e quanto pergio já passou por nós quantas coisas veja sua corcunda se atenua seu desejo sexual aumenta sua pele fica oleosa o cabelo cresce desproporcionalmente e as pontas parecem cabeças de medusa elas nascem sozinhas e se enrolam o cabelo é um outro ser alheio e ele gosta de carinho então apalpo meus dedos nele - e a vida passa - e ele gosta me prende. os segundos
a gente é tudo carente
as coisas se definem no pequeno depois se desfazem para se definirem outras
já diria guimarães
é mesmo não se saber honesto nem inteiro muito menos bom mas nunca sabemos mesmo o que somos e o que devemos ser não sabemos mesmo depois de muito tempo o que fomos. o que guardamos é meia dúzia de abraços sinceros apertados inesquecíveis, um cheiro de infância, um perfume ou comida saborosa, e mais alguns sorrisos e beijos bem beijados quentes mornos aconchegantes e lembramos que gostamos disso mas isso é só uma parte nossa o resto está esquecido (in)felizmente em alguém ou em alguma coisa cada pedaço meu ali e mil pedaços outros em mim cacos pontiagudos redondos e coloridos dói se esbarra é preciso catar com cuidado com a ponta do dedo sentindo a superfície áspera porque se for fundo corta feito navalha fundo sanguinolento os cacos não se juntarão novamente nunca por mais que se tente haverá uma pequena passagem de ar uma fagulha que não se encaixa. a vida é uma arte ininterupta triste irônica ela dói sem se saber vida talvez a esperança ruim de morte não a sua mas do outro. a tristeza por estar só. a tristeza por estar junto. e cada minuto é um minuto a mais do passado e um minuto a menos no futuro e não se fez nada dele não se fez absolutamente nada porque não há grandes coisas a serem feitas que não comecem por pequenas simples e macias mas esquecemos de nos olhar esquecemos desse segundo pequeno que não cabe muita coisa uma lágrima salgada ou um pingo de água no rosto um toque uma piscada é isso que se faz nos pequenos momentos
os grandes são grandes demais pra se querer exato os grandes são grandes demais pra se apalpar na palma da mão com gosto e ternura os grandes momentos não existem é mentira são os pequenos que engradecem que viram um monstro mas nunca o contrário e continuamos sem nos saber continuamos com toda mala nas costas e não sabemos o que tem dentro delas calcinhas sujas roupa rasgada um chinelo gasto e embaixo dele um fio de cabelo grudado com um pedaço de chiclete.
e chegam os dias e as tardes e as noites e mais dias e tardes e noites e mais luas e sóis e nuvens e pássaros todas as folhas caindo e secando na terra e quanto pergio já passou por nós quantas coisas veja sua corcunda se atenua seu desejo sexual aumenta sua pele fica oleosa o cabelo cresce desproporcionalmente e as pontas parecem cabeças de medusa elas nascem sozinhas e se enrolam o cabelo é um outro ser alheio e ele gosta de carinho então apalpo meus dedos nele - e a vida passa - e ele gosta me prende. os segundos
a gente é tudo carente
as coisas se definem no pequeno depois se desfazem para se definirem outras
opa, vamos lá, repita comigo
"tenho repetido que, no que depender de mim, me recuso a ser infeliz"
eu ganhei uma rosa de um tiozinho que vende rosas pelos bares da cidade. eu pedi a ele uma rosa e ele me deu, rosa cheirosa, e também me deu um beijo na testa. que singelo simples cativante
agora, quer saber, enfia no cu o seu medo e essa sua submissão social
eu vou ficar aqui com essa porra desse blogue dessas palavras sujas encardidas solitárias
eu to pouco me fodendo pra tudo isso se o gás acabou se seu dinheiro não é suficiente
se o sistema não vai mudar nunca e daí, cara? e daí? eu não quero viver nessa porcaria nessa merda padronização enfadonha
não quero saber da sua heterossexualidade do seu status quo do seu emprego que te paga bem não quero saber da sua família to pouco me lixando pra porra dessa imagem que você criou
do seu esconderijo fétido do seu medo de todos os medos de todas pessoas juntas eu quero que caia no ralo e vá até o esgoto junto com suas caras feias seus cheiros de gente bonicta sua camisa engomada sua botinha da nike e a porra do seu espelho que levanta seu ego nas nuvens coitadas das nuvens eu quero esquecer de toda a sacanagem que tem nesse mundo das pessoas frias do egoísmo do esnobe
nao quero saber da sua monogamia do seu amor destruído seu coração partido da minha meia fedida do seu cabelo que é nova moda no mundo todo na augusta toda vocês todos tão sem sal tão sem graça vis mentirosos ilusionistas
a boca vermelha de batom a bunda redonda a bunda mais bonicta da cidade
eu quero saber de nada
nem de ninguém desde jesus até o candidato a eleição tudo isso me enoja me enfadonha me irrita
as pessoas me irritam com seus sorrisos amarelos seus abraços falsos suas mãos pingando um tempo que não se segura nem nunca se segurou essa fatalidade cotidiana que nos cerca o tempo todo
a cada minuto
essa deselegância de gente de falta de educação de falta de humanidade
de falta de tudo e sobra tudo ao mesmo tempo
engula todos os seus papos infames sua vida de merda
como a minha vida de merda
e todo mundo junto
paralelamente
que se agarra fundo naquela rosa em todos os abraços dados na vida toda
pra quê?
se a gente se destrói em uma noite
mas não há lágrimas não há nem dor só um desespero de não se desesperar com nada
e ser tudo incrivelmente absurdo como coisa natural
uma ironia eterna da vida
"tenho repetido que, no que depender de mim, me recuso a ser infeliz"
eu ganhei uma rosa de um tiozinho que vende rosas pelos bares da cidade. eu pedi a ele uma rosa e ele me deu, rosa cheirosa, e também me deu um beijo na testa. que singelo simples cativante
*
agora, quer saber, enfia no cu o seu medo e essa sua submissão social
eu vou ficar aqui com essa porra desse blogue dessas palavras sujas encardidas solitárias
eu to pouco me fodendo pra tudo isso se o gás acabou se seu dinheiro não é suficiente
se o sistema não vai mudar nunca e daí, cara? e daí? eu não quero viver nessa porcaria nessa merda padronização enfadonha
não quero saber da sua heterossexualidade do seu status quo do seu emprego que te paga bem não quero saber da sua família to pouco me lixando pra porra dessa imagem que você criou
do seu esconderijo fétido do seu medo de todos os medos de todas pessoas juntas eu quero que caia no ralo e vá até o esgoto junto com suas caras feias seus cheiros de gente bonicta sua camisa engomada sua botinha da nike e a porra do seu espelho que levanta seu ego nas nuvens coitadas das nuvens eu quero esquecer de toda a sacanagem que tem nesse mundo das pessoas frias do egoísmo do esnobe
nao quero saber da sua monogamia do seu amor destruído seu coração partido da minha meia fedida do seu cabelo que é nova moda no mundo todo na augusta toda vocês todos tão sem sal tão sem graça vis mentirosos ilusionistas
a boca vermelha de batom a bunda redonda a bunda mais bonicta da cidade
eu quero saber de nada
nem de ninguém desde jesus até o candidato a eleição tudo isso me enoja me enfadonha me irrita
as pessoas me irritam com seus sorrisos amarelos seus abraços falsos suas mãos pingando um tempo que não se segura nem nunca se segurou essa fatalidade cotidiana que nos cerca o tempo todo
a cada minuto
essa deselegância de gente de falta de educação de falta de humanidade
de falta de tudo e sobra tudo ao mesmo tempo
engula todos os seus papos infames sua vida de merda
como a minha vida de merda
e todo mundo junto
paralelamente
que se agarra fundo naquela rosa em todos os abraços dados na vida toda
pra quê?
se a gente se destrói em uma noite
mas não há lágrimas não há nem dor só um desespero de não se desesperar com nada
e ser tudo incrivelmente absurdo como coisa natural
uma ironia eterna da vida
sou uma taurina muito heterodoxa
dizia alguém.
eu nao entendo nada de signos
muito menos heterodoxo
mas achei bonicto
foi um elogio foi elogio
um pouco exagerado a me comparar com Hilda Hilst
mas gostei gostei muito
minha taurina está remexendo aqui dentro
e essa luz, cara
essa luz das 17h30 é a mais maravilhosa do mundo
veja isso
é comovente
dizia alguém.
eu nao entendo nada de signos
muito menos heterodoxo
mas achei bonicto
foi um elogio foi elogio
um pouco exagerado a me comparar com Hilda Hilst
mas gostei gostei muito
minha taurina está remexendo aqui dentro
e essa luz, cara
essa luz das 17h30 é a mais maravilhosa do mundo
veja isso
é comovente
terça-feira, 4 de setembro de 2012
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