segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Das situações

Mês de agosto passa num gole gelado doendo a garganta. Mas qualquer mês passa. Vejo pessoas brotando do nada, vejo meninos dormindo na rua. A juventude triste com seus cabelos engraçados nos ônibus da meia noite, cigarro, cerveja, 13 anos, outros mesmos tempos que mudam e voltam. Os jovens desanimados com a vida, tentando resgatar uma superfície densa em coisas inúteis e caíram. Levam agora o ombro pesado, os olhos pretos de noite, porque o dia não faz sentido, a noite ajuda quem o sol despreza. E não fazia sentido nada antes, nem agora, nem depois do mês de agosto. O tempo era frio e calor em dias alternados. Ou era frio demais ou um calor insuportável e a gente também oscilava com essa brincadeira da Natureza. Se um dia virava o rosto pra esse lado, no outro estava mergulhado num balde com água fria, congelada dos dias anteriores.
... dia-a-dia comendo o mesmo biscoito de polvinho, dia-a-dia chupando esse osso amargo de galinha quase viva. Limpando os dentes com a unha e cuspindo, quase na face alheia, os restos mortais de penas e cacarejos. Porque sabia que depois não poderia comer outra asa ou grudar biscoito no dente. Mas era inútil como furar a barriga por ter comido prego. E o sol se punha, pensava. E não era inútil.
E aquilo tudo que ele sentia era mentira. Disenteria. Cacarejava. Era dor que nem doía. Era Amor que não vinha. Era a mesma enfadonha sensação de que o dia seria outro, como todos, ou igual, como todos também. E era Amor aquilo que doía. Era Vida aquilo que vivia.

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