Mais pra pensar do que pra comer algo, ele abriu a geladeira, e uma brisa leve encostou no seu rosto quente. Dia quente. Pra pensar: Quem será que está abrindo a geladeira exactamente nesse segundo?
Coisas vagas. Sozinho em casa. O dia está realmente muito quente e era inverno.
Tomou banho tão pensativo. Lavou o cabelo, deixou a espuma entrar um pouco nos olhos, sem querer, e ardeu, e a espuma caiu pelo corpo, abriu a boca e bebeu um pouco de água, depois cuspiu pra cima. Sede. Dia quente. Fazia as coisas como sempre fez. Talvez algum dia não fizesse mais aquilo como sempre costumou fazer. Talvez alguém o impedisse, talvez apenas morresse sem tentar de outros modos. Talvez não quisesse tentar de outros modos. Deveria? Sabonete no sovaco enrolado de pêlos.
Espinhudo. Ainda pensou porque não haveria alguém ali, tomando banho com ele, cuspindo água na sua cara, água quente com saliva. E os dois ririam. Ele e ela. Alguém qualquer, qualquer uma, a vizinha, do bar, a balconista da loja, a patroa do irmão. E ela seria como? Coisa boba de se pensar. Não haveria porque não haveria ninguém ali, oras. Será que faço a barba? Gosto dela assim, fico com cara de sério, sério nerd, sério sozinho, sério-abro-a-geladeira-pra-pensar.
O sol entra pela janela do quarto que fica exactamente na frente do banheiro. Luz da tarde, alaranjada e reflete no box cinza. Pensou em tirar uma photo da sua silhueta atrás do box. Mas ficou com preguiça de pegar a camera e além do mais, ia molhar todo o chão, que preguiça. Ai, que preguiça. Terminou o banho.
Pelado foi até a geladeira, abriu, coçou a cabeça e pegou um yakult, o último dos últimos. Porque não? E mordeu com toda força a bundinha do yakult, um furinho, tomar pela bundinha, ele aprendeu isso com ela, que não era alguém qualquer da rua, nem do bar, mas ela que lhe ensinou tomar yakult pela bundinha.
Um comentário:
Hahahha que bontinho.
To seguindo seu blog agora tb, coisa!
beijo!
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