sábado, 27 de setembro de 2008

Escondida,a minha lágrima.

Eu queria uma lágrima alheia. Só uma.

Uma ânsia bateu de repente.

Não que eu te amasse intensamente,mas eu juro que eu um dia eu queria te ver.

Eu vou me deixar em frangalhos.

Perdemo-nos no tempo e espaço.


sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A contradição perfeita dos seres (im)perfeitos

A eterna contradição existencial entre as mesmas coisas que se completam: elas também se separam. E isso eu ouvi da boca de uma menina. E olha,ela tinha todos os argumentos possíveis para qualquer tipo de assunto. O máximo.



FIM


terça-feira, 23 de setembro de 2008

Liberdade em cena de cheiro inodoro.


"...e no final, tudo acaba em sexo ou em morte. "


UM,DOIS,TRÊS e abre a porta. Acho que agora sou um homem livre. Acho que agora não quero liberdade. Vivi preso e impotente durante boa parte da minha vida.Você,o que acha que eu tenho
? O que eu acho que eu tenho? Prazeres incompreendidos. Vida presa na minha liberdade de não ter liberdade. Porque quando eu bati na sua porta,você estava conversando com outra pessoa,com outro cara talvez,e não soubesse mesmo onde estaria minha toalha que você me emprestou para eu tomar banho e usar o seu champu e usar o sabonete que você usa e a pasta gosmenta que refresca nossas bocas,mas você não sabia onde estava a toalha e eu não sabia onde eu estava. Eu juro que eu não sabia. Tudo era um borrão de imagens num cheiro de banheiro úmido de vapor,de toalha mofada e dedos tocando o lençol carinhosamente e com medo.


ARRANCARAM a pele do meu dedo,como uma manicure arrancando a cutícula com alicate de electricista. E eu tremia e tremia. Além disso eu não sei. O que eu espero é que pelo menos eu não espere muita coisa,de mim,de você,nem dos meus pais. Meus filhos,quem sabe,se um dia os tiver. A minha barba rala e o rosto cheio de feridas,sangue seco,casquinhas enjoativas num tom vermelho-vinho-bege.Talvez ninguém espere nada da vida. Mas no fundo eu sei que o coração quer perfurar o peito e bater lá fora,nas mãos de alguém ou andando de bicicleta,mas nos seguramos,fortes e com medo e então toda a perspectiva de vida eleva-se em fumaça,em nada,em respiração debaixo do chuveiro com o seu champu e o seu sabonete. Os seus dentes,a sua gengiva,a sua garganta. Os seus amigos para lá e para cá num domingo à noite,como moscas perdidas na luz mortal. Eu e você virando os olhos e tomando uma caipirinha para passar a dor de saudade que só eu sentia mesmo estando palmos distante da sua voz.


A SUA VOZ me é conhecida. Juro que já ouvi isso em algum lugar.Será é que sua mesmo? É você?


DO MEU PEITO surgiu um enorme lagarto que uma vez eu sonhei ter comido;acordei com os seus dedos tocando o lençol carinhosamente e com medo de alguma coisa,era do lagarto? Era a minha mão nas suas costas,porque eu me lembro exactamente que você dormia de costas para mim,com medo de alguém nos ver juntos na sua cama,do lado que você não gostava ou não estava acostumada a dormir. Eu não sou o lagarto,se é que me entende;eu não sou quem você pensava. Sou o cara que você que você tem não na vida real,mas na sua fantasia de moça adolescente,o cara que mora longe,esquisito e anti social. Eu sou uma idéia.


MORRI de tanto gritar do meu lado de dentro,o meu lado de fora calmo e sereno,via os seus olhos derramando um lágrima de um olho. E eu gritava e gritava e você chorava,não me escutava,não entendia,ou não queria entender. A liberdade é relativa e a minha prisão era você naquela sala escura da minha mente.


DEITADO do lado direito da cama,sentindo-me um prisioneiro-carrasco de algum conto de Kafka,eu vomitava nos lençóis que antes foram acariciados por você. O meu cheiro de noitada bêbada com um toque de abandono,o meu cheiro oco de verme alcoólatra na sua cama,misturando-se com o cheiro de sabonete que o seu pescoço deixava no travesseiro. Ao todo era um cheiro único de noite azeda e sabonete vaporizado. Sabe, essa imagem de banho fica na minha mente e não sei se é nojo ou se é higiene.


JÁ NA ESTAÇÃO eu deixei minha liberdade caminhando sobre cabeças desconhecidas que talvez cheirassem igual ao seu champu. Mas eu não quis saber que cheiro tinham ou se eram carecas.

Eu morri. A sua idéia morreu logo após abraçar-se à você,como um vampiro vira pó ao ver a luz do sol. Dissipei-me-te. Morri para sempre e agora vejo uma lágrima em apenas um olho,a sua mão no lençol e a sua bebida em cima da mesa,e você...você eu não sei.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Gorda metro

Uma mulher no metrô. Por volta de uns 50 anos. Gorda e peituda. Uma saía florida parecendo pano de cortina.O cabelo meio preso e meio caído.

- Você...ow,você.Porque não sai do lugar para os mais velho sentarem? Sem educação. Seus pais não ensinaram que tem que dar lugar pros mais velhos? Minha perna doendo,inchada aqui...e você com essa bunda colada no banco. ( o metrô vai freiando) Que estação ée essa? Voce não vai descer,menina? Ou vou ter que ficar falando o caminho inteiro pra vc me dar lugar? Hein?
( tropeça ) Aiii..minha perna.

- A senhora quer sentar? - pergunta a menina

- Oh,obrigada! - responde uma velhinha.

A menina tropeça na gorda que tropeçou.

- Era só o que faltava cair em cima de mim...

A menina olha com olhar de desprezo. A gorda chega na estação,tropeça,cai na escada rolante e desmaia.

- A senhora não tem vergonha de ficar dormindo na escada rolante enquanto um monte de gente quer passar? Vamo. To atrasada!

A menina pula a gorda e vai embora.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O que é solidão?

Senti-me hoje como uma formiga esmagada pelo vento,pelo tempo,por alguém...e esse alguém sou eu.
Pergunto-me:O que é solidão?
Perguntei-me num longo espaço de tempo: O que realmente vale a pena? O que realmente levaremos para outro lado?
Outra pessoa? Nosso amor próprio-egoísta-único? Levarei-me em experiências únicas. Experiêncas que poderiam ser intensas e outra que poderiam ser amenizadas. Mas já foi.
É que realmente a vida é um sopro de tempo. É ir sem querer ir nem querer ficar. Voltar para trás é covardia nostálgica.
Não há ninguém que eu vá encontrar? Confesso: Vivemos em espera (em busca) de um amor sublime e maior que qualquer outra coisa desse mundo surreal e denso. Porque já não me copleto mais. Até certo ponto sobrevivemos de nossas forças. Sobrevivo,(em questões inteiramente internas) de mim mesma. Absorvo-me em questão de minutos. Às vezes dias. E absorvo passivamente outras pessoas que passam por mim e que nem se quer encontrarei mais.
Olharam-me num olhar nunca antes penetrado.Pareceu atravessar meu cérebro todo e encontrar o outro lado. Tremi. Tremi mesmo que subiu-me um calor frio e ventoso. Olhei para trás...mas o olhar continuou seguindo em frente,intacto. Paralisado no meu.
Não sou apenas eu em um todo compactado. Mas sou outras pessoas. Há tantos olhares em mim. Há tantos perfumes,essências,arranhões,mãos.
Sinto-me sozinha mesmo assim. Preciso absorver o mundo inteiro e ainda assim não estarei saciada.
Solidão é você se alimentar de seu amor.
É estado nítido de que o frio é sempre frio sem uma lareira ao lado.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Fantasiando um Segredo


Quem tem um sonho não dança



A Bete Balanço
e a Cássia Oliveira

Pode seguir a tua estrela agora...

Breve - Até breve - Atende

ALLLÔÔÔÔô,Marciano
Ah,some! Some !
- Olha aí,aposto que está conversando com a empregada! ..Não,tá fumando e tomando um café com o Felipe. É,é isso.
E fica imaginando o que faz,o tempo,se o planejamento do fim de semana já começou na segunda,o porquê de sumir.
- Alô?
- Ana?
Monopolizar-te-ei. E essa mesóclese ficou estranha,mas eu sei que te agrada.
- Ah,que voz bonicta!
- Haha... (meio embriagada)
O sol fundiu-se na terra. Quando é que essa terra vai ver a Ana?
- Ah,demora! Talvez nas férias...!
Caiu por terra.
- Estou com saudade.
...
Desliga o telefone.
- Acho que vou dormir. Ah,como é boba! Ah...ahhhh...!AHHH.. (num ataque repentino de euforia)
Discando. Discando. Espera...
- Alô?
- Teee gooosto taaaaanto.
PLAFTTTTTT. Desliga.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Meu sangue ferve e minha cabeça lateja


Tatuí,9 de setembro de 2008.

Meu caro,

Tudo o que eu quero agora é que essa dor de cabeça passe.
Interminável. Há dias que estou assim... não,não tomo remédios.
Remédios são drogas. Mas não nego que já os usei.Quem não usa?
Não sei,mas minha dor está aumentando e eu nunca fui de ter dores de cabeça.
Sexta-feira passada fui doar sangue. Senti-me a mais sublime e solidária das pessoas.
Efusiva,emocionada. Na verdade eu estava fingindo que estava tudo bem,mas por dentro de mim borbulhava algo que eu nunca antes senti. É uma sensação absurda de fervidão com medo e emoção. Minha primeira vez de doar sangue. A - . A negativo. Só recebo de A negativo e O negativo. Que tipinho chato de sangue,hein?
Bem,o facto foi que,depois de ter doado,fiquei muito emocionada,vermelha,vendo meu sangue todo embaladinho naquela bolsinha trasnparente indo para a caixa de refrigerção. Ma-ra-vi-lho-so. Bem,ai as enfermeiras me deixaram de castigo por uns 5 minutos na cadeira. Mas eu estava bem,muito bem... podia levantar,correr,dançar. Fui até a cozinha para tomar um suquinho de laranja que elas me ofereceram. Alegre,contente e satisfeita. Coloquei o suco no copinho e minha cabeça estava pesada e minha vista escurecendo. Bem,aí eu sentei na cadeira e vi que eu estava com algum amigo meu. Eu estava na minha cama,dormindo tão angelicalmente que de repente,vejo alguém batendo no meu rosto e minha garganta numa ardência. A enfermeira assoprando-me acariciando meu rosto numa expressão de " volta,Cássia". Minha cabeça doía e doía.Eu não sabia onde estava e assustei quando pensei não estar na minha cama. Comecei a assoprar num saquinho plástico e dei-me conta que estava estirada no chão da pequena cozinha. Ah,meu amigo... era a primeira vez que eu havia desmaiado na minha vida. Mas foi uma sensação muito gostosa. Se eu não tivesse voltado,estaria dormindo um sono agradabilissimo,sonhando e sonhando. Porque eu realmente tive um sonho relâmpago e fiquei brava quando acordei com a enfermeira dando tapinhas no meu rosto. Eu quase falei: " Ah,deixa-me dormir". Mas dei-me conta de mim e da situação nada agradável.Bem, fui paparicada por pelo menos uma hora,sentada numa poltrona inclinável muito confortável,com um ar-condicionado na fuça e tomando chazinho com bolachas. As enfermeiras preocupadas,vinham toda hora conversar comigo e tivemos uma conversa muito agradável.Eu e a enfermeira padrão. Muito bela e simpática. E eu sorria,meio acanhada e envergonhada do acontecido enquanto ela perguntava: E aí,baixinha,melhorou? " . Baixinha? Alguma enfermeira já te chamou de "baixinha". Uma graça. Aí ouvi mamãe buzinando na frente e fui embora,alegre e contente e com a cabeça ardendo. Mas sendo uma doadora. Aliás,doar sangue me fez sentir mais humana,mais útil. Foi como se eu saísse de um estado intacto de ser e passasse a ser maleável. Nobre.
Bem,a partir daí minha cabeça fica latejando quando chega umas 20:00 h. Que seja.
Estava precisando me preocupar. Estou precisando escrever tanta coisa Talvez sejam as palavras entupindo meu cérebro e ele fica tão efusivo e borbulhante que começa a latejar.
Leite em pó,açucar e uma gota de água misturados,parece beijinho.
Doar sangue é uma loucura extasiante. Bem que eu precisava procurar outros meios de me embebedar. Embebedo-me literaturamente,fotograficamente,observando,desenhando,concluindo,escrevendo e às vezes no método tradicional: ingerindo álcool. De preferência vinho. Branco ou tinto. Vinho branco é bom acompanhado com uva Itália e cerejas na cobertura de chocolate. Divino. Vinho tinto é bom acompanhado de polenta com molho ou só com balas sete belo mesmo.
Minha dor de cabeça está passando. Também,desentupindo-a...o que não pára de doer?
O que é a dor em decorrência de nos sabermos? Quem nos sabe? Quem nos bebe?
Eu bebo tanto de mim mesma,mas embebedo-me dos outros. É como se eu vivesse em sede constante de querer absorver o próximo. Dedico-me inteira à mim e ao sentimento universal que rege cada partícula humana.


Abraços e beijinhos

e carinhos sem ter fim




Cássia Oliveira


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Valsinha Quando me Lembro

Não tenho o que escrever
estou tão saturada de tudo
entupiu-me
e entupiu mesmo que nãos ai nada
embora tenha um vulcão jorrando lava dentro de mim
É que eue scutei uma valsinha
e me lembro de coisas que eu nunca vivi
nem vi
e misturam-se com as que eu vivi
e ainda vivo
porque todo meu pensamento é uma borbulha
quente mórbida da minha vida
Eu sou o ser resumido em nada
em egoísmo e inutilidade
porque está tudo tapado
e eu já não vejo nada
absolutamente na-da

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A Saudade

Do latim:Solitate.Pesar a ausência de alguém.

A saudade é aquilo que não tem mais nome.É um estado sólido eterno.
É pesar e chorar e rir ao mesmo tempo.Porque não há mais o que fazer.
Sonhar . Hoje eu sonhei. Sonhei .
Dei-me conta de que é algo que sempre estará em mim.
Faz parte de mim,faz falta em mim,para mim e comigo.
Porque no fundo eu não aprendi a não sentir saudade.Nem aprendi a não gostar
mesmo fazendo tanto tempo e eu mato-me sozinha,aos poucos,como se um dia a saudade fosse passar....Mas não passa,nunca passa.Pode fazer anos,cair tempestades,nevar no sertão
o sertão virar mar e o mar virar sertão mas a saudade,não,a saudade sempre será saudade...
no meu coração que pesa sempre a sua ausência,o seu cheiro e a sua essência.
Pode o mundo acabar,pode,sei lá,Modigliani pintar meus olhos sem conhecer minha alma,mas nunca vou deixar de sentir saudade.
Porque eu sou inteira saudade. Eu sou miseravelmente saudade.
Resumo-me na mediocridade de histórias aleatórias.
O ano passa. Eu passo sempre.
A saudade é o meu choro de toda noite...apertando o travesseiro.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Dôo o meu coração

É que eu quero que o meu coração seja de outra pessoa
que bata forte e chore
e seja eterno.
Que o meu coração carregue só a bondade
e o resto fique neutro.
De outra pessoa apenas.
Que eu não vou conhecer,porque eu não quero conhecê-la
nem posso conhecê-la. Só será dela o meu coração
assim,inteiro,nem metade,nem um pedacinho dele
Inteirinho. Que seja...
Posso dar toda uma vida.
Um amor. Novos amores.
Novas histórias. Uma graaande história
E é isso que vai me valer a pena
É isso que me vai fazer valer a vida
que eu vivi tão calma e compactada em mim mesma
Quem sabe ele não terá novos amores?
Novos amigos?
Nova pessoa revivendo no meu coração.
E ele bate,bate,bate...
e vai bater sempre
em outro peito.
Mas enquanto isso, o encho de mim.