Para esse alguém,que não conheço,que desfaço em pensamentos e deixo minhas linhas de palavras. Que se um dia eu chegue a te encontrar,nos façamos tão unidos como quando eu colo figuras num papel. Assim,de abraços,de olhares e silêncio. Assim de mordidas,palmas e frio. Estirado na areia,calculando estrelas que já morreram,mas ainda deixam sua luz brilhando.
E para esse alguém,repito,que ainda há de aparecer (caso não apareça continuará sendo alguém indiscutivelmente anônimo e interessante),com uma risadinha de fundo,meio tímida,quero que leia algum poeminha para recitá-lo baixinho,quando eu menos esperar.
Deixo explícito que, pode ser como for,prometo que lhe escreverei cartas e farei desenhos primitivos,futuristas,expressionistas a até surrealistas para você. Desenho-te com carvão,num papel A3. Com lápis B6 na capa de um caderno velho,desenho uma árvore;deixo assinado com o meu nome e uma recordação para você,você alguém.E peço que te entreguem,pois eu quero que apenas seus olhos mirem neles, e depois você faz o que quiser. Se jogará no lixo,amassará ou fará de combustível para a sua fogueira numa noite esplendorosa,não sei,pois ai não será mais de meus cuidados. Mas,queria muito que os guardasse.
Para alguém que tenha,sei lá,seu charme único,enfadonho,mas que seja individual. Que tenha um cabelo macio e que eu possa bagunçar quando nos abraçarmos. E que nem se importe se ele ficará feio,desarrumado ou calvo.
E eu fico pulando ondas,catando conchinhas na praia,e tentando pegar aqueles bichinhos do buraco na areia. E depois eu escrevo na areia molhada,com o dedo indicador,alguma frase,ou desenho um coração,até que chega a água e apaga.Mas eu insisto em fazer outro. Depois vem o tempo fechado,que deixa a praia com uma beleza extraordinária;uma mistura de cinza,com branco e azul fosco;que a maioria das pessoas insistem em chamá-lo de tempo ruim. Não entendo,mas pode ser que esse alguém goste de sol intenso,ou nem goste de praia. Digo que a praia tem sua beleza,no fim de tarde,quando o sol se põe e fica assim,um quadro laranja,amarelo,vermelho e lilás.
Deserta. Alguém deserto,lugar deserto,pois ninguém os conhece e eles lá têm sua beleza,porque se ninguém os conhece,aí então que eles se tornam mais interessantes.
Deixo também uma conchinha pequena,em cima da escrivaninha do meu quarto. Caso esse alguém entre,a veja rápido e pegue achando que é o presente mais caro do mundo.E é um dos presentes mais caros do mundo,porque além de tudo,meus sentimentos estão ali.E não importa valor em reais ou dólares,pois aquela conchinha tem toda uma história antes de repousar na minha escrivaninha.
Se eu nunca te encontrar,ou se nos encontrarmos mesmo e eu não saiba,eu te deixo as minhas palavras. E que meus dias futuros continuarão indo e você esteja no ponto de ônibus com uma mochila nas costas,ou uma pasta na mão ou sem nada mesmo olhando os meninos jogarem bola. Ou penteando os cabelos,arrumando-se e perfumando-se para ver outro alguém,esse alguém segundo que teve a chance olhar em teus olhos e beijá-los talvez.
Já tenho ciúmes dos que não te conhecem e verão tua beleza,tua alma linda,assim como a minha pessoa que ainda não te viu.
2 comentários:
Nossa, não consigo não dixar de vasculhar teus escritos. Cassia, essas palavras, parecem facas incisivas esmiuçando partes tão obscuras.. Que belo, você está apaixonada e isso é tão bonito. Os dias ficam recheados de assuntos e pensamentos. Te admiro, tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, (um suspiro) Parabéns, Querida Pornógrafa Sentimental, suas palavras ... Lindas!
Explicando:
Não estou apaixonado, e sim apaixonado por instantes tão simples que parecem movidos pela paixão a outro alguém. Quando lí seu "Para alguém", achei tão bonito, e por coincindência ví na tv uma materia falando de caminhoneiros e seus caminhos, fiquei com uma imensa vontade de sair pelo mundo, sem motivo e sem caminho. Juntei as duas referencias e fiz o meu "Vôo ..." De certa forma você tem culpa no cartório. Rsrsrsrsr. Abraços. André. Boa semana.
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