terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Me espera na janela

versos de chuva. versos cheios, entumescidos, transbordando água e saudade.
por mais que sinta tua respiração ofegante no meu pescoço à noite
eu quero sentir cada vez mais meu coração batendo forte
meu coração explodindo num raio de inúmeros quilometros por hora por quilometros a andar
e encontrar o teu
o teu, desculpe
eu quero sentir o cheiro do teu cabelo
e me culpo se te ferir o peito
se tiver um arranhaozinho no teu braço
um risco de sangue no teu rosto
e me culpo também por querer ver o sol se por e pensar em ti
me culpo por sentir todo o calor que vem de você
e essa chuva começou agora, não passa
sendo a única coisa que eu queria era estar com você numa rede vermelha
vermelha de amor
pra sentir o cheiro de terra quando a chuva cai sobre ela
e eu deixaria ela cair sobre nós
e lavar meus cabelos, lavar os teus pés de moça
os nossos olhos aguados de chuva
nossas mãos servindo de bica pra derramar a água pela garganta
o céu sendo o único testemunho de toda a explosão do meu peito
sob a luz da lua num raio repentino de te querer pra mim
só pra mim
e deito na cama, me reviro sem parar entre o lençol
o lençol cor-de-rosa, lembra?
e eu queria muito abrir a porta do meu quarto e te encontrar me esperando, com cara de sono
com voz rouca, com seu cheiro de menina que me deixa embriagada
mas a chuva cessa um pouco, escuto uns trovões lá longe. será que voce ouve?
será que você sente esse aperto no meu peito? esse cheiro de flor da noite ?
ainda se eu soubesse alguma coisa
ainda se eu fosse alguma coisa
mas longe de você
mas perto de você
nosso sonho, nosso ninho coberto de pétalas de flores aleatórias
eu te daria uma janela bem bonicta
pra eu poder te ver nela
pra eu poder te roubar dela
pra eu te dizer que um dia eu vou chegar
me espera, amor.
me espera que o sol já em vindo
e a sombra das nuvens vão me guiar.

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