sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Gritando uma surdez

Neste exato momento tenho uma vontade estonteante de escrever algo estupidamente ensurdecedor, de explodir os tímpanos, a boca sangrar, os dedos caírem. Mas tudo o que consigo é uma calma chata, que me incomoda porque agora a calma não quer calma. Ela quer gritar e eu sinto isso muito bem.
Um escuro paulistano invade a sala e me sento torta pela cadeira pequena com rodinhas na frente de uma máquina. Minha calça vermelha lembra alguma coisa com guerras. Sou agora um soldado, um soldado fracassado talvez, talvez não, apenas ensanguentando e essa foi a única imagem que eu vi. Mas minha calça vermelha diz mais, ela também grita e quer abrir todas as portas de todos os apartamentos chatos desse prédio nalgum lugar de São Paulo, e quer ensanguentar tudo e dançar um rock n roll até o sol raiar e dizer " chega, o único vermelho agora sou eu " e me diz isso como um pai reprimindo um filho de 5 anos que passa o dedo no bolo de aniversário do irmão. Não, pior. O Sol me chamou a atenção com uma cara bem mais raivosa e radiante de luzes vermelhas, quase roxas ( a raiva era muita). Mas minha calça vermelha diz alguma coisa, eu não sei. Quem sabe? Malditos.
Ainda não sei o exatamente o escrever, como uma ideia inicial, um pré-projeto. Não, nunca foi isso. Escrevi mesmo o que me veio, talvez não fosse realmente o que relamente deveria ter saído, mas saiu.
Pareço uma retardada escutando milhares de vezes a mesma música. Uma, que a música é boa e dois, estou com preguiça de mudar, e três, não me vem nenhuma outra musica boa. É madrugada de sexta para sábado. Madrugada de sábado e eu nem sei o que aquela menina linda de sorriso mais estonteante que minhas palavras, está fazendo. Em algum bar.
Já era, meu bem... você agora é isso. Isso o que? - perguntei-me. Sei lá, é isso que você é. Outros lados meus parecem dizer a verdade. Esse meu lado mais ativo e social parece ser burro e come miojo cru. Sou uma farsa. Meus eus estao dormindo e eu insisto em dizer que no fim do túnel sempre há uma saída.
É madrugada de sábado e você, meu quarto empoeirado de palavras, percebeu minha paranóia noturna. Um surto. Pensei por um momento ser Maria Antonieta, comendo brioches e tendo o cabelo no formato de um navio...
.. me dá licença.

Nenhum comentário: