domingo, 13 de julho de 2008

Do ponto desencontro

À menina do ponto de ônibus
Não mais vi. De súbito dei-me por isso.
Sequer alguma madeixa de seu cabelo sempre preso.
Nada,não vi por completa,nem sombra,nem vulto.
Tantas vezes acenando-me um olá-adeus quando me via.
E eis que de repente,numa luz celeste,seu sorriso entrava-me
na mais funda câmara escura do meu ser
e ilumanava-o numa velocidade inexplicável.
Não vi,nem escutei.
Todos os dias,meu Deus,esperando o ônibus
vendo os meninos jogarem bola na rua,
sentada no banco do ponto de ônibus,
eu,que na esperança despercebida de vê-la,
ficava inerte a qualquer movimento secundário,
livre de qualquer força superior que me tentasse esquecê-la.
Não a vi mais. Há semanas que a vi de noite
em meio a pessoas que sentavam em bancos na fente da casa
e meninas bincando na rua e carros passando
e eu com o olhar ansioso procurando alguém.
Era ela mesma,com o sorriso no rosto (embora eu tenha visto mais sombra do que cor)
a mão me acenando,a cabeçacompanhando-me.
Eu,num batimento cardíaco acelerado,rosa e quente nas bochechas
sorria toda acanhada
com as mãos nos bolsos da calça
feliz e perdida.
Era muita,muita alegria para três segundos apenas.
Três segundos para o resto do dia em perfeito êxtase memorial.
Aparece,menina.
Eu não espero mais o ônibus,mas te espero ainda com o sorriso no rosto.
Quem sabe não te vejo por aí,assim calma e misteriosa.
Aparece.
De alguém em saudade nunca antes sentida.
Uma saudade que não existe,porque às vezes acho que você é mentira.

Um comentário:

Uéle disse...

Quem diz que não se pode viver em três segundos é porquer não sabe o que é viver, né?
Beijo.