sexta-feira, 28 de março de 2008

Escorre pela unha no vivo

Pelas mãos,escorre tudo quanto é tempo-espaço-pessoas.
Elas escorrem mesmo,assim,como se fosse um líquido quase evaporando e você não tem controle sobre você mesmo. A ironia do destino machuca ao mesmo tempo que se espalha pelo ambiente.
Não quero me trancar no quarto,não quero jogar-me pelo chão e deixar o piso molhado de lágrimas.
Eu queria escrever em tudo.Queria escrever nos seu corpo,no meu,nos olhos. Queria escrever no céu e nas nuvens e me libertar fervorosamente.
Eu não quero ser eu.Meus irmãos,ajudem-me. Está doendo,lágrimas salgadas,meus olhos cansados.
Está tudo indo embora,deixando-me. Não me deixem,meus desconhecidos. E se eu me deixar? Hein,Cássia?
É tão difícil.Juro que eu quero voltar a ser criança,um feto,um nada.
Sabe,quando escapa,e vai,naturalmente,porque tudo um dia acaba. Tudo acaba,mesmo o que não começou. E e começo,no meu mundo,mas lá fora não passa de um sopro,de um vento nas costas.
Quantas coisas já deixei passar,quantas mãos se foram e não pegam mais nas minhas,quantos olhos se desviaram do meu olhar. Quantas pernas não vêm em minha direção...nem pessoas cruzam o meu caminho. Quantos corações deixei de amar e o meu que amou demais,se jogou e se partiu.
E aí,meus caros,eu que fui tão aplicada nos meus sonhos,não pratiquei. Deixo tudo,minuciosamete tudo,cada pedaço se desfazer e fugir de mim. Se eu tenho algum repelente natural,por favor,lavem-me. Não vejo nada de interessante. Não sou de toda tristeza,nem sou eterna alegria,mas há momentos que o ar me sufoca. E quando sufoca,sufoca até demais,que minha garganta parece explodir em camera lenta e dolorosamente sangrenta. Meu estômago revira-se em novelos coloridos que um gato brinca,meus olhos um mártir aguado e salgado. Minha boca retorce como plástico no fogo. Um plástico no fogo totalmente inofensivo,e eu me reviro no chão embaixo do chuveiro em posição fetal como se água me queimasse mais do que já estou queimada.
Desculpe,eu preciso escrever,e mesmo assim não exprimo toda a minha ridícula desaprovação humana.
E às vezes eu tenho vontade de machucar todo mundo,e depois cortar-me inteira,como aquelas sangrias que curavam as doenças na era medieval. E ainda assim,assim sangrando eu me sentiria o pior dos piores vermes que entram em você e nunca mais sai. Aliás,eu queria ser um verme para não deixar que se esquecessem de mim e eu ficaria assim,remoendo por dentro,feliz e quentinho,por sugar cada parte do seu corpo e deixar sintomas desgradáveis. Sairia na marra,mas sairia contente e morto.
Eu seria aquele machucadinho na unha,de quando se tira a cutícula ou corta a unha no vivo,e o dedo fica latejando muito incômodo.
Ah,meus invisíveis amigos,como eu sou desgradável. Como eu sou literalmente ridícula e infame. Como sou realmente muito cretina.
Eu só sei que dói. E eu quero um lugar sossegado e solitário,para que possamos entrar em contato;eu e o lugar. E o ar não me sufocaria tanto,e quem sabe eu mesma não em sufocaria.
O que importa aliás,se as pessoas se vão por contra própria?
O que importa se meus cabelos enxugam minhas lágrimas?
Senhores,me deixem mas não me deixem.

Ne me quitte pas,por favor.

3 comentários:

AHF Campos disse...

Um sopro de vida [...]
Minha linda, há quanto tempo. Clichê. Há quanto tempo não a e-vejo. Não é mentira, sonhei com você esta semana, mesmo nunca tendo te visto. Era um sonho estranho, você estava brava pra caramba.
Agora voltando a vida ir-real pensei que você estava com raiva de mim, comentava seu textos e você não dava mais notícias, havia desaparecido. Não soube o que pensar, e quando a gente não sabe o que pensar fica a espiar o nada.
Assim .... sinto tanto sua falta, mas a grana é pouca né, queria conhecer Sampa, mas parece que a natureza [ainda] não esta a meu favor.
Mas isso é outra historia. Que felicdade, você voltou.

Anônimo disse...

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tem dias que agente se sente um pouco assim menos gente, tem dias daqueles sem graça, a chuva caindo na vidraça, sem qualquer amigo do lado, sozinho, silencio calado, por que numa tarde tão calma o tempo parece parado?
Pra que agente pré-encha nossos ex-passos, tanta gente que vái, que vem, que re-torna, como é bom abraçar vcc quando te vejo.
Utopia pensar que podemos ter tudo ao mesmo tempo....ilusão achar que o tempo pára querida cassilda, o etherno retorno sempre re-torna, e nos trans-muda, é difícil aceitar, virar homenzinho ou mulherzinha..já que somos mais que isso.......Te amo (sinceramente)