quarta-feira, 2 de junho de 2010

Remoto

Ai que me deu cãimbra no pé.
Ai, que esse tempo passa lento e demorado, mas passa rápido.
Quando se quer uma coisa e não sabe o que é.
Quando se sabe, finge que não tem.
Uma bolacha em cima. Duas bolachas recheadas.
O dia explodindo de maravilhoso lá fora e eu, e eu aqui, mexendo meus dedos nesse teclado.
E eu aqui, morrendo aos poucos aos som de qualquer coisa.
Um carro lá fora. Esse bairro de São Paulo que parece interior. Um silêncio.
O caminhão do gás não passou hoje com aquela música chata.
E logo estarei em Tatuí.
Se Drummond cantando, seria Itabira.
Mas Tatuí... Que coisa maravilhosa.
Tem a comida da minha mãe, os beijos insanos da minha avó,
meu irmão chato, nossas brigas
O meu quarto.

Ai que quero ir embora.
Ai, que essa vida não demora.
E de pé vejo toda a cidade. Lá do alto. No pôr do sol.
Ai, que essa dor, esse amor louco por tudo
esse desprezo fútil
por tudo
essa coisa emaranhada no peito,
de que jeito?
que vontade pular da janela e voar
nesse imenso céu azul
no canto do pássaro
mas estou presa.

Ai, que me dói.
Mas não destrói.
Me corroe
caatinga.

Quero ouvir uma modinha sertaneja.
Pra lembrá da minha infância
e do meu avô
e do meu pai.
Ai.

Um comentário:

bianco disse...

Você é uma graça, mesmo.
Acabamos de ler seu texto (eu e Dan) e mandamos um ai...