quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Acordei sorrindo, cheiros e pequenos mistérios a serem revelados

Hoje estou feliz como quem dormiu muito bem à noite e sonhou com lindas coisas e lindas moças beijos e abraços. No meio da noite acordei sorrindo num susto, descoberta, com frio, calafrios. Sonhei com a moça linda que me encanta mas que não vejo, então pensei que estaríamos sincronizadas, num ritmo-encanto só nosso e misterioso de alguma maneira, que talvez ela não soubesse, mas sentisse, de leve, um frio no pescoço, um beijo quente nos lábios, um abraço apertado sem se apertar. Um ar que nos ronda, mas não vemos.
Estou feliz como quem sente cheiro de café sendo passado. Passei pelo corredor até o banheiro e a copa tem uma janela para esse corredor, cheiro de café, entrei no banheiro e um forte cheiro de perfume doce. Cheiros do cotidiano em dias úteis. Entrei na copa e peguei um café quente e cheiroso, dei um Oi pra copeira, que é baixinha e roliça e tão simpática que quase não trocamos palavras mas nos percebemos alegres na distância de nossos olhares, então penso em dizer-lhe que o café que ela faz é realmente muito bom e quase a abraço de verdade, espero que ela tenha sentido essas vibrações.

(acho que vi uma árvore de cacau)

Estou hoje feliz como quem lê autores solitários e se sente tão só na companhia de suas leituras, kerouac em sua cabana no alto da montanha nevada, bukowski no alto de sua cama num quarto de hotel barato nos porres de vinho ruins e sebosos, alexander supertramp enfrentando a si mesmo no alasca solitário e feliz, queimando seu dinheiro como quem queima palitos de fósforo na fogueira enluarada.
Um novo dia rabiscado do meu jeito, fervendo por dentro de uma bata africana com elefantes vermelhos, o cabelo grande sem saber o que fazer, as unhas por cortar, os pêlos na perna, e tudo isso é meu de alguma maneira, sem evitar nada, relendo o grande mistério nos olhos dos outros, infinitas lágrimas e lamentações, alegrias descabidas, sonhos sonhados banhados com água do chuveiro de manhã cedinho, a roupa passada, engomada, social. Quantos mistérios atrás dos olhos de cada um? O que pensam? Como tudo se encaixa no som vazio do vento ronronando atrás de nossas orelhas, farfalhando os poucos fios de cabelos brancos.

Quase grito de alegria rindo de canto: Abram todas essas caras e esses sorrisos, deixem que o seu sonho banhe a água do chuveiro e inunde todos esses espaços vazios de sentimentos ternos friezas calculadas de gente calculada.

Ah, o peito aberto, a boca a pronunciar o descabimento da vida que passa sem metafísica, mas antes, um sorriso.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Canal Chiado

um lugar para onde canalizar a sujeira da vida
pequenas grandes coisas que te incomodam
que fica ainda grudada pelo corpo nos cantos
nos ecos
um pedaço de saudade enroscada na pele, na boca
uma tristeza pendurada no pescoço
sem mais nem menos
quase trancando o ar da garganta
aquele sentimentozinho debaixo das unhas
que mesmo lavando não sai
as nossas pequenas descobertas da vida
que doem fundo
como agulha cutucando
a veia
e tira o sangue

aquela coisa
sem nome
que te pega
desprevenido
não sabemos o que é
mesmo sabendo no fundo
o que é
o que foi
e que nunca
- talvez -
será

mas mesmo assim nos machucamos, nos auto machucamos de propósito pensando em tudo o que aconteceu nosso passado ferido e tão gostoso e tão cheirando a perfume de flores com beijos abraços
e você sabe muito bem do que falamos porque estamos a todo momento falando disso mesmo quando não queremos da presença ou da falta dele ou de qualquer outra coisa personificada uma carta um cheiro um sorriso uma lembrança
às vezes dolorida às vezes não

e essa sujeira nunca sai - seria mesmo uma sujeira? - pergunto-me

é nesse momento que estamos nos descobrindo e tentando pensar em como escapar de nossas próprias armadilhas e é difícil, quem não sabe disso? quem nunca soube que saiba agora

será?

somos pássaros criando um ninho fechado e é difícil sair dele
libertar-se de tudo
em todos os aspectos
de todas as melancolias
e ouro e café
e amores/desamores
amoras lichias
e todos os fios de cabelos
e os cabelos brancos
que nascem do nada
um bilhete na gaveta de calcinha
te quebra
te parte a cara
uma foto
clicada num momento
um suspiro
já passou

é que a gente é
passando
mal somos e já não somos
então queremos ser o que pensamos
que fomos
e que pensamos que foi bom
porque o que está por vir
pode e não pode ser bom
é como se nos agarrassemos ao futuro e ao passado ao mesmo tempo
em função do presente
que é quase esquecido
uma coisa liga a outra
uma TV ligada com aquelas faixas coloridas
sem programação
aquele chiado que quase aparece alguma imagem
é assim que estou hoje
um canal quase fora do ar
que precisa de bombril
mas não tem bombril

me leve de leve
nos seus braços

e seremos doces


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Poesia para tacos soltos de madeira

Aquele pó cinza
grudado no chão que
embola no pé
com ferpas e cabelos

eu sempre quis guardar dinheiro
no vão do taco solto
da casa da minha avó

ela encerava o chão
com aquela enceradeira enorme
e barulhenta

enquanto eu cortava os matinhos do quintal
com uma faquinha
pra ganhar 50 centavos
e comprar adesivos
na feira
de quinta-feira
na rua atrás da igreja
que eu ia todo domingo
pra ver a missa
com o padre Paulo
- ele era engraçado
mas demorava muito nos sermões

Qualquer casa hoje em dia
que tenha taco de madeira
com certeza
vai ter um taco solto
minhas homenagens aos tacos soltos

quantas crianças não quiseram achar tesouros debaixo deles?
quantos pés não soltaram o taco
qual foi o momento exato de
se soltar do chão?

o som oco
o som opaco
o som concreto
dos tacos

um salto alto no taco
um sapato executivo
um chinelo
um pé descalço
tênis molhado
sandália
ponta do pé
bundas
suadas

cada um com seu
ritmo
e melodia

meu grande
amor
aos tacos de madeira

marrons
descascados
amarelados
sugados

tacos
não mexicanos
que estalam
ao abrir a porta
e a pata do cachorro se enrosca
enquanto
procuro duendes
ou pequenas criaturas
- um tatu bola? -
debaixo deles.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Breve diário dos dias malandros

semana intensa, amigos maravilhosos, encontros e desencontros.
cinema - o som ao redor - não gostei muito
cinema - django livre, tarantino - muito foda, como era de se esperar, mas não é o melhor dele.
cinema em casa - Mamma Roma - pasolini, parece ser muito bom, mas dormi na rede bem gostoso.
teatro - mulheres, mário bortolloto - ruim. peça sobre o livro Mulheres - Bukowski, deixou muito a desejar.
teatro - Bom Retiro 958 metros - teatro da vertigem - foda pra caralho, um dos melhores espetáculos que eu já vi, se não o melhor.
show - saco de ratos - sempre muito bom. dancei bastante ao som do blues e rock n roll no saloon da 13 de maio.
drinks - descoberta da pina colada, espanhola, sex on the beach, hi-fi, tequila, vinho, cerveja


malandragem da madrugada - cachimbinho, batucada, violão, ritual com luz de abajur pink com fruru - parece um dinossauro - amigos, apartamento na augusta, glee da augusta, sons da natureza, uma paquera gostosa, com massagem no cabelo, beijo nas costas, chupadinha no dedo, sorriso bonicto, luz no rosto com música e muita provocação. maravilhoso. beijo no banheiro que poderia não ter rolado.

balada - naty, 23 anos, publicidade na PUC, pegou a balada inteira, era muito engraçada e não falava muito.
brincadeira do gelo, dois caras lindos e duas meninas bonictas e simpáticas, cigarro de cravo.
muito suor e música boa.
beijo a três. damião, narigudo, mas bonicto e alguma menina que não lembro muito bem quem é, mas beijava gostoso e dançava sensualmente.
balada de 5 minutos, aprovadíssima, pena que passou rápido, ainda tinha muita gente pra pegar, muitas pessoas bonictas, oh. foi muito legal dar uma dessas quando não se é dessas.

domingo, ressaca moral. mas nem tanto.

Allen Ginsberg - Uivo, é o que estou lendo agora.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

agonias implodidas

Oi, como vai você?
você que é sem nome
e está aí agora me vendo e não sabe quem eu sou
quem sabe o que é?
eu também não sei quem você é
mas as pessoas aparecem por aqui, digitam qualquer coisa no google
e cai nessas páginas pobres e humildes
mas eu preciso escrever e tirar toda essa loucura
esse desejo de alguma coisa que eu não sei o que é
mas que se sana um pouco escrevendo
escrevendo nada pra ninguém
talvez pra mim mesma
e ler daqui uns anos tudo isso e pensar
"nossa, como eu eu mudei"
ou ainda
"oh, eu não mudei porra nenhuma"
ou ainda
"eu escrevia essa merda toda? que bosta"

ah, que agonia da vida às vezes
e de repente uma desagonia
e rio
e choro
e choro
e rio
e mar

quem é que vai me dar a mão no pôr do sol na praia?
quem ri pra não chorar?

nada nadinha nadar
ninguém
ninguém me entende
minhas filosofias cretinas
oh, como sou desgarrada
como eu me lamento
de barriga cheia
e cabeça cheia
e coração vazio

ou reclamar de coração cheio?

a vide já se foi
está indo
acabou de deixar a porta balançando com o vento
da partida
os pés empoeirados
a rosa que nasce e murcha
a chuva que cai e sobe
a rua

num ataque de fúria mordo meu próprio braço
alivia mas dói
deixa marca
e desmarca aqui dentro
é preciso respirar
ter muita paciência
querer explodir por dentro
a cada segundo que passa
a pele se desgarrando do corpo
as mãos
esquecem o toque
se toquem

estou esquecida
sensível
engolida pelo desamor
e amor
ao mesmo tempo
se chocando

estou pobre
como uma formiga
esmagada que segura a folha exata
o corte exato
apenas uma sola de chinelo
desgastado

levemente
se desencaixando



sábado, 5 de janeiro de 2013

Poeira da Asa da Borboleta

Para Maria, com amor

Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo

Oi, Mariazinha

você sabia que passei de ano na escola? pois é, não fiquei de recuperação em nenhuma matéria, e fui muito bem em matemática. Acredita?
Não te escrevo há muito tempo e estou morrendo de saudade, mas como estou ouvindo uma música alegre, essa saudade não dói tanto, está mais leve e até sorrio lembrando de você. Eu estava lembrando de quando você tomou leite azedo e depois ficou o dia todo vomitando leite, que nojinho, bem no tapete da vó. Eu fiquei morrendo de dó de você. Mas como você não viu que estava estragado? Que bobinha.
Agora tenho outro cachorro. Adivinha o nome: Lulu. É, de novo, Lulu. Em homenagem ao Lulu que se foi, eu gostava tanto dele e também gosto tanto desse. É um filhotinho lindo e brincalhão e dou meu dedo pra ele lamber e daí eu vou beijá-lo e ele lambe minha boca, é tão gostoso, parece que me sinto amado, sei lá, é singelo e carinhoso. Acho que vou lamber a cara das pessoas para elas saberem que eu gosto muito delas, aliás, não todas, não vou sair lambendo o rosto de todo mundo. Mas eu lamberia o seu rosto, Mariinha e quase balançaria o rabo de alegria - se eu tivesse rabo.
A alegria parece pó que a gente passa no rosto e ao invés de ficar branco fica sorrindo que nem bobo, que nem asa de borboleta que voa e deixa seu pózinho mágico para as plantinhas poderem florir. Que alegria saber florir, que alegria deve ser o vento passando pelas asas e colorindo-se de azul e rosa e laranja e amarelo. As cores do céu.
Hoje eu vi um pôr-do-sol tão lindo, mas tão lindo que eu me doía por dentro de tanto amor, mas a gente não deveria se doer de amor, neh? mas eu me doí de amor pelo pôr-do-sol eu queria guardar ele num potinho, e as nuvens e aquela brisa leve e solta, livrando a gente.Querida grudar nele e me virar pôr-do-sol.
Eu queria soltar pipa com os meninos aqui da rua, mas tenho jogado muito video-game. É, eu ganhei um vídeo game e quero muito que você venha aqui pra gente jogar junto. E também pra gente soltar pipa e fazer piquenique - mas sem tomar leite estragado.
Eu tenho medo de levar choque quando vou abrir o chuveiro. Você não tem?

Tá bom, agora vou parando por aqui porque preciso dormir e minha mãe já disse que a cama está arrumada, mas eu posso muito bem arrumar minha cama. Vou correndo e pulo nela - na cama.
Um beijo doce cheio do bater das asas de todas as borboletas lindas e coloridas de todo o mundo.

E uma lambida igual a do Lulu na sua cara, Maria.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

teresa
minha vida
onde está você?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

não gosto das maquiagens das atrizes pornôs

Primeira postagem do ano

Pois é, vem ano, passa ano e eu continuo escrevendo meus absurdos pensamentos e teorias furadas de vida. Foda-se, é o que me alimenta, de uma certa forma. Minha maneira de estar sozinha.

Um abraço bem apertado cheio de carinho e amor
uma poesia inspiradora pra toda vida
um beijo doce de leve