segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

agonias implodidas

Oi, como vai você?
você que é sem nome
e está aí agora me vendo e não sabe quem eu sou
quem sabe o que é?
eu também não sei quem você é
mas as pessoas aparecem por aqui, digitam qualquer coisa no google
e cai nessas páginas pobres e humildes
mas eu preciso escrever e tirar toda essa loucura
esse desejo de alguma coisa que eu não sei o que é
mas que se sana um pouco escrevendo
escrevendo nada pra ninguém
talvez pra mim mesma
e ler daqui uns anos tudo isso e pensar
"nossa, como eu eu mudei"
ou ainda
"oh, eu não mudei porra nenhuma"
ou ainda
"eu escrevia essa merda toda? que bosta"

ah, que agonia da vida às vezes
e de repente uma desagonia
e rio
e choro
e choro
e rio
e mar

quem é que vai me dar a mão no pôr do sol na praia?
quem ri pra não chorar?

nada nadinha nadar
ninguém
ninguém me entende
minhas filosofias cretinas
oh, como sou desgarrada
como eu me lamento
de barriga cheia
e cabeça cheia
e coração vazio

ou reclamar de coração cheio?

a vide já se foi
está indo
acabou de deixar a porta balançando com o vento
da partida
os pés empoeirados
a rosa que nasce e murcha
a chuva que cai e sobe
a rua

num ataque de fúria mordo meu próprio braço
alivia mas dói
deixa marca
e desmarca aqui dentro
é preciso respirar
ter muita paciência
querer explodir por dentro
a cada segundo que passa
a pele se desgarrando do corpo
as mãos
esquecem o toque
se toquem

estou esquecida
sensível
engolida pelo desamor
e amor
ao mesmo tempo
se chocando

estou pobre
como uma formiga
esmagada que segura a folha exata
o corte exato
apenas uma sola de chinelo
desgastado

levemente
se desencaixando



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