segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Mais uma semana: coisa boa de doer

'Tenho agradecido por estar vivo e ter andado por todos os lugares onde andei e ter vivido tudo o que vivi e ser exatamente como eu sou.'


Mais uma semana se foi. Há coisas que não se explicam, que parecem fracas quando traduzidas em palavras. Mas é o que vou tentar passar um pouco. De quanto tudo foi tão gostoso. Foi tão mágico. Uma comunhão agradável entre todos os que me acompanham, me acompanharam, e mais uma vez o destino nos colocou juntos.
Aprendi muita coisa. Reflecti outras. Revivi outros sentimentos, alguns fracos , um tanto apagando-se. Alguns outros muito vivos. Aquela chama ardente de sempre. A chama que precisava ser activada de novo. Minha energia recuperada. Estou completa novamente. O mundo gira sem muitos propósitos e descobri que posso dirigi-lo. Posso mudar alguma coisa. Alguma coisa, entende? Interagir. Eu posso me renovar sempre, meu Deus, que coisa linda. Como é bom crescer, acompanhar esse processo tão doloroso dentro de mim.
Festival de Teatro. Um acontecimento que é esperado todo ano. E esse ano foi mais fraco, embora pareça eu tenha aprendido muito mais, eu tenha me enxergado em alguma coisa, visto de outros modos.
A Oficina de Direção, com o Marcelo Lazaratto, foi algo surreal. É além, entende? Foi uma parte do Teatro que eu não dava tanta importância. Mas agora pareceu explodir na minha cara. E uma concepção de Teatro, que talvez eu tenha deixado de lado, voltasse a reinar. A idéia de que nos prestamos para algo maior do quenos, entende? Meros instrumentos. E o resutado final é grandioso, que dá até vontade de chorar de lindo. Dá até vontade de voltar a atuar e começar a dirigir. Mas ainda é tempo. Sempre ' ainda e tempo'.
Ah, meus orgasmos artísticos. Repensei muitas coisas. Ainda estou processando tudo. Foi tão rápido. Uma semana, meu Deus.
Encontrei aquela menina de novo, minha eterna amiga, apesar de tudo. É tudo uma questão de posicionamento. Foi maravilhoso tê-la de volta. Não tanto do jeito que eu queria, do jeito que desejei de novo, irracionalmente, mas acho melhor que seja assim, talvez. Tenho um carinho imenso, pelo que fomos, pelo que somos e o que passamos juntas. Não consigo não achá-la linda. E ela continua usando o mesmo perfume, que eu tanto gostava quando beijava seu pescoço e o cabelo caía em meu rosto. Lembrei de tudo sim. O que você quer que eu faça? Foi inevitável. Mas eu, senhores, sei o que me foi dado. Sei o meu papel. E não me arrependo do que foi nem do que é.
Marcou-me muito esse contacto com meus amigos. Nos reunimos, todos. Embora tenha faltado muita gente querida que nos lembrávamos sempre. É lindo demais. DEMAIS, DEMAIS, DEMAIS. É lindo de se ver. E eu agradeço por tudo. Pelo que construímos juntos, pela nossa identidade e nossa bolha teatral maravilhosa. Sexta-feira nos reunimos para um churrasco. Conversamos sobre tudo, sobre o festival, sobre as peças, sobre psicanálise... tudo. Um churrasco. Vou dizer que churrasco sempre me remeteve uma ideia meio chata de pessoas que se reúnem para beber e jogar baralho, falar sobre futebol, mulheres e outras coisas fúteis. Mas a gente consegue ( e eu amo isso sempre) transformar tudo num ambiente mágico. Um churrasco artístico. Seja o que quer que seja. Brincamos de mímica, de mafioso e isso por altas horas. Tomamos sorvete, rimos e atuamos tão bem. Novas piadas interna, eu recuperando minha energia ( e eu precisava disso, você bem sabe, ó empoeirado quarto). Eu preciso de vocês.
Um vento muito bom soprou a nosso favor, a meu favor. E o universo tem sido mais ou menos bonzinho, embora algumas ironias ainda continuem e olho para o céu para ver: isso é comigo mesmo?
Foi tudo maravilhoso maravilhoso maravilhoso maravilhoso
Obrigada, Tatuí por existir e me fazer ter nascido no seu berço. E ter te conhecido desde pequena, nessas ruas finas de cidade de interior, e comido pipoca na praça da Matriz e tomado sorvete no Palácio dos Sorvetes. E poder ter brincado no coreto da praça. Vagar pela Avenida das Mangueiras e olhar a fonte que há tempo tempo ficou sem jogar água. Por ter desfilado no Onze de Agosto, quando criança, pela sua rua principal. Por ter conhecido suas escolas de arquitetura antiga que admiro tanto.E suas pessoas que te seguem, andam, os velhinhos no banco da praça, as pombas comendo milho. Pelo Teatro, onde, sem sombra de dúvidas, foi um marco pra minha vida, pra Cássia como pessoa, em crescimento, e por ter me feito ser o que sou hoje. O Teatro foi decisivo pra minha identidade, pra minha afirmação como pessoa, e meu crescimento pessoal. Foram três anos, que passaram( voando aliás) que me alimentaram de arte. E claro que não nego outras coisas. Mas a energia forte que isso tem é sem dúvida o que me alimentou até agora.
E não adianta, senhores membros do júri, pois eu vou sempre voltar pro meu berço. Seja o físico, o mental, o artístico. E eu vou mudar em muitos aspectos, mas é ainda mais saboroso quando se mantém aquele cerne de pessoa.
Estou maravilhada. Tenho que voltar pra minha vida. Fiz o que eu tinha de fazer. E vou sempre ter de decidir entre um ou outro. Mas quando se trata de se alimentar com coisas boas, tudo o que vier é válido.
Obrigada meus amigos. Obrigada ó grande obra prima. Ó Teatro, meu amor. Ó energia louca que me toma conta, me invade, me recupera. Obrigada pelo que fui e pelo que sou. Pelo que conquistei e ainda hei de conquistar. Obrigada.


- em eterna mutação, lenta e bruta. É preciso lapidar-se.

Um comentário:

Bianco disse...

tô adorando te ler...
como me identifico com essas coisas que vc escreve.
Lindo o que diz de Tatuí.
Eu não nasci aí fisicamente, mas sinto que nasci espiritualmente aí sabia?
Foi uma fase muuuito cheia de descobertas.
sou de casa então!
Saudade de você coisa rica