sábado, 17 de outubro de 2009

Meu cubo.

Um cubo roxo. Papéis espalhados, janela meio aberta. Livros. Nas paredes vagam ideias, fotografias e palavras. A disposição das coisas é o meu ser. E na minha bolha eu me encontrei.
O meu quarto me aconchega e diz que sou eu sempre quem o faz inteiro. Como uma ligação. Como se eu precisasse dele e ele de mim para que ativasse, muito além, uma energia única.Para que nos ativasse uma coisa bem boa, enchesse o peito, um tesão solitário, que explodisse as barreiras do real amargo e minha mente e meu coração pulsassem num ritmo estrondoso. Orgamos plurais, múltiplos. E eu reinava entre aquela bagunça.
Fazia um tempo que eu não ficava trancafiada no meu quarto tatuiano, roxo e cheiroso de um perfume meu, enquanto lia algum livro, enquanto admirava pinturas de livros de poções mágicas que eu roubei na escola, enquanto ouvia a Nona Sinfonia de Beethoven ( descobri que éo Hino da Alegria) e delirava entre o surreal, expressionista eu e minhas divagações. Quando eu ficava olhando para o teto pensando mil e uma coisas. E as frases escritas na paredes, com letras escorridas, me tomavam a ideia e me faziam me sentir inteira. Eu em um monte de palavras. É sempre isso. " Se de tudo fica um pouco, mas porque não ficaria um pouco de mim?" Pergunto-me quase que pra mim e pra ele ( o quarto). Porque não ficaria um pouco de mim? " Um pouco de mim em Londres" Um pouco de mim em Tatuí. Um pouco de mim em cada rua que andei, por cada pessoa que passei e me viu sorrindo, me viu chorando, me viu. E no meu qaurto ficou um muito de mim. É ali que estou. Escrita, fotografada, ouvida, pulsando uma vibração minha. É ali mesmo que me encontro e tenho certeza que sempre terei um lugar para onde voltar. Pra quem voltar. Sempre pra mim mesma. Cada capítulo, no final, eu volto pra mim. Que capítulo é esse? Pareço dividir-me em épocas. Não tanto. Mas cada dia aprendo uma coisa nova, uma descoberta óbvia e absurda que de tão óbvia e absurda me cegava. Olhei-me. O cabelo mais comprido, o cabelo bagunçado como s e tivesse acabado de acorda. O meu pijama, uma meia cinza. Tão eu, meu Deus. Que delícia. Que delícia. Me agrado tanto. Isso só quando não brigo e me maltrato.
E fico deitada na cama, um chuvisco la fora, alguns trovões, e eu a olhar o teto.

Um comentário:

Bianco disse...

ai ai
coisa linda
me emocionei
me identifiquei
nossas memórias... sensações... ai ai