"... Sei que pretendia dizer alguma coisa muito especial pra você, alguma coisa que faria você largar tudo e vir correndo me ver..."
Senhoras e Senhores membros do júri, aceitem essa dor banhada de tapas irônicos da vida...
Dói tudo. Acabo ainda na sarjeta. Peito aberto, coração dilacerado. Porque sempre parece ser isso que me sobra. Eu.
Era a única decisão que eu tinha a tomar. Não me arrependo, afinal. Arrependo-me de saber dos factos. Não queria saber de nada. Fosse como fosse.
Eu não suportei, confesso, o facto de outro alguém, que não eu, beijar-te. E pegar nas suas mãos e ouvir a sua voz. E eu a ver navios, e eu... eu, sempre aqui esperando. Alguém bem pertinho de você, sentindo sua respiração. Meu Deus, quanta Crueldade. Marília bela...! Pudera eu ser quem te beijava, pudera eu ser quem te abraçava. Não aguentei. Foi demais. Como um prédio desmoronando no meu sonho. No nosso sonho. Não sei o que foi tudo isso, mas enquanto foi, foi muito bom. E se continuasse iria se tornar amargo, porque ainda sinto o teu gosto açucarado em mim.
Nunca vi, te juro, tanta crueldade e ironia como nesses últimos tempos. Esmagou-me e resisti até não poder mais. Era tudo, absolutamente tudo se voltando contra mim, como se eu tivesse a obrigação de saber sobre o que é o mundo. Sobre o que são as pessoas. Eu não aguento mais essa ironia, não aguento mais a vida me batendo na cara.
Eu choro porque é o que me resta. Fico a ler nossas mensagens, sua carta, seu cheiro que eu não tive perto de mim. Nada, meu Deus. O que quer mais? Já fiz meu papel, estou sofrendo... e agora? Eu tenho que esperar o que? Sua boa vontade? Vocês cansarem de brincar comigo?
Não sei quem eu sou nem quem eu quero ser. Se Cássia, se Sofia ou Valentina. Virginia Boba. Cássia Derrota. Cássia caída no meio da rua em pleno frio de primavera, nua... completamente à merce de quem passasse.
Deixa eu te falar, depois de ter falado um monte: não me restava mesmo outra coisa. Continuar? Continuar o que? Já não cabia mais nada e você quis enfiar outra pessoa nisso. Não te culpo. Eu me culpo. Não, não me culpo. Iria de acontecer. MMMMMMMMMEEEEEEEEERRRRDA. Ao menos, se eu tivesse você perto de mim. Porque foi essa distância que nos passou rasteira, nos matou. A insegurança e o medo. Em mim está tudo MUITO CONFUSO. É uma confusão imensa. E saudade e saudade e saudade... meu desejo de poder ter você ainda. Com tantas dificuldades... e eu mais uma vez vomitando e chorando esse texto de merda que é a única coisa que me consola. Sempre é isso que me consola, me põe nos braços. Vontade de ter você. Foi o que me fez acabar. E egoísmo. A todo momento me vem uma imagem que eu nunca vi de duas bocas se beijando, que não é a minha na sua. E isso me corroeeeu taaanto. Num dia cinzento, num dia chuvoso e frio eu tendo de ler toda essa verdade explícita na minha cara, me dando tapas, me fuzilando num paredão sangrento.
Não é hora. Sentimos isso a semana toda. Você há de concordar comigo. É preciso que eu me acalme, deito a cabeça no travesseiro que não divido mais com você, e ponho a me acalmar, pensativa, sobre o que devo fazer... mas é preciso continuar sempre. Eu não desisti de você. Desisti da situação atual. Talvez você não me entenda e me esqueça em meia hora. Brilho eterno de uma mente sem lembranças. E a gente poderia no final ficarmos juntas e correr pelo campo florido. Nada me parece claro agora. Absolutamente nada. Esses acontecimentos, me deixaram vulnerável. Maldita. Maldita ironia que me abre inteira, me estupra e me obriga a fazer coisas.
Minha cabeça está doendo muito. Dor de cabeça de quem chora desvairado. Choro de alguém que apesar de tantos choros, não aprendeu que parece ser tudo a mesma coisa. Mas no fundo não é a mesma coisa. A situação talvez, mas os corações não. Sempre me pegam em cheio, me obrigam a me jogar e eu sempre caio de cabeça no chão, quebro os dentes, quebro-me e tento me recuperar.
É uma miséria. São condições sub humanas. Você bebe bebe bebe e de repente se engasga.
"Deve haver alguma espécie de sentido ou o que virá depois?"
Sinto sua falta. O seu carinho. O seu SORRISO. Das nossas conversas até tarde da noite. Nosso Amor telepático. Nossos pensamentos sincronizados. O blues. Os vídeos que me passava. Sua carta e o desenho mais lindo do mundo. O passarinho e a nuvem. Se eu pudesse olhar nos olhos... eu te sentiria toda minha. E você me veria transbordando e molhando papéis. Não consigo não ficar vendo suas fotos e eu pareço mais idiota de confessar tudo isso. Mas ser idiota é o meu papel. Me exponho à minha idiotice, minha fragilidade, me exponho a mim. E a você, afinal.
Mas isso não quer dizer que seja o fim de tudo. É preciso conseguir ver, limpar os olhos...
"Eu acredito. Acredito no tempo. O tempo é nosso amigo, nosso aliado, não o inimigo que traz as rugas e a morte. O tempo é que mostra o que realmente valeu a pena, o tempo nos ensina a esperar, o tempo apaga o efêmero e acaba com a dúvida."
A eterna espera. Esperança que parece morrer e renascer.
Eu morro de ciúmes. Já disse que não suporto. E seja como for, traiu-me. Na prática... Que prática mais absurda...
Eu queria pedir tua mão em casamento. Fugir e ter só as ondas e a areia de testemunhas. Mas eu não posso fazer isso... que diabos que eu não posso fazer isso? O que me prende? O que te prende? Me fala... não deve ser tão difícil assim.
E é aí que a realidade me cai na cabeça.
Chega uma hora que você cai no poço e está um breu imenso. Negro. Noir. Mais negro que o fechar dos olhos. Chega uma hora que você tem que parar e tentar enxergar alguma coisa. Talvez eu tivesse levado isso a sério demais. Talvez você só quisesse mesmo alguma idiota que te fizesse piadas. Atoa. Mas eu NÃO SEI O QUE É. Sei o que foi. Mas ai meus olhos foram fechando...
não pode ser só isso, entende? Mas é o que está sendo, é o que foi, é o que me dói, porque eu estou morrendo de vontade de te ligar e ouvir sua voz gostosa.
Teresa... quantos apelidinhos bregas. Tão engraçadinhos. Que já me dá saudade.
Será que fomos nossas? Somos livres?
Senhoras e senhores membros do júri, condenem-me de uma vez. Não aguento pagar pena sem saber do que se trata. Xadrez, condenada à morte... que morte? se morremos a cada dia. E parecem anos.
Você é uma pedra preciosa. É. E eu queria falar tudo isso na sua frente. Eu posso?
Senhoras, deixem-me delirar sozinha agora. Senhores, peguem suas armas e cacem algum pato selvagem,
Teresa... eu gosto muito de você. E me perdoe ( mesmo às vezes e não me perdoando) - você é livre.
( mas algo insiste em que eu deveria ter feito isso mesmo)
( como muitas coisas fizemos achando que era certo - ou melhor, achando que tinha de ser)