quinta-feira, 21 de maio de 2009

Um Pingo Dentro

"Não consigo me deter. Embora não conheça o ponto onde devo chegar,
é para lá que me dirijo cego,
aos trancos" C.F.A


Na janela que passa
ouço os cabelos
voarem
inteiros
como folhas de palmeiras,
vão e vem e voam

Nas luzes escuras dos postes
o mundo entra em paralelismo
as pessoas vão e retornam como se fossem outras
sapatos interios voltam metade
a mente evapora do cérebro
porque ela nunca esteve no cérebro
e sabemos de cor que o que nos anima
é nossa própria energia
misturada num arco íris de céu azul
de brisa leve

toda a cidade parece um deserto imenso
que não se sabe onde chega
nem se sabe onde está
mas o deserto é uma balbúrdia de pessoas
que te esbarram
te cumprimentam com olhos tortos
seguram a bolsa quase dentro do ventre
e te jogam no lixo como um papel amassado
de casquinha de sorvete soft

mas a energia é grande
tudo é absurdamente grande
que explode na mente cor

porque eu me lembro
era tudo muito belo
mesmo eles falando que não valia a pena

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