" ...mata a alma e envenena "
Foi assim, que pensei, ó meus caros leitores, depois de um sentimento doce e quente vindo do meu eu mais profundo. Mas logo meu prazer e vingança veio à tona, deixando de lado qualquer culpa, qualquer sentimento de pecado. Nunca me senti tão ser humano como tendo esta infâmia deliciosa, este sabor de vingança. Mesmo sendo indirecta. Este prazer imenso e gozante sobre a desgraça alheia. Esse prazer estonteante vindo de mim mesma, eu, tão intacta e pensante. Eu, a mais suspeita dos seres humanos. Se a vingança mata a alma e envenena, perdão meu povo, mas estou deliciosamente envenenada. Mas, não foi de todo (aliás,não foi directa e activamente, com nenhum pingo de participação) minha. Não foi. Apenas peguei emprestado tal sentimento. O ato não foi meu, De maneira alguma...Recuso-me a aceitar punições. Mas me punam, punam, que estou em chamas de prazer. O sorriso coringa e interminável, como se o gás de tal me tomasse conta.
Pensei então, meio analisando as formas e personalidades: Sentir prazer na desgraça do outro é tão humano que me chega a doer o coração. Olhos vermelhos de tanto calor.
Ri, ri, ri, ri ,ri feeeeeito um infame tendo cócegas e bailava ao som de um jazz com uma cartola verde na cabeça cobrindo um olho. Eu riiiiiiiiaaaa interminavelmente . Não há como explicar.
Um ano e... por mais que demore e o seu corpo corroa, por mais que o seu coração pulse já fraco, o tempo ( ah,o tempo, meu amigo inseparável, meu pior inimigo, um aço quente na pele) ... o tempo há de ser virar em mostrar um caminho. Há sim, não é possível que factos passem em branco. O que virá a mim, virá a todos. E veio mesmo, não é mentira, senhores membros do júri. Digo, com palavras concretas : A vingança veio. E eu ouvi isso da boca de meu temível e desaparecido coração tão longe. E pensei: O amor há de ser amor mesmo que acabe. Acabando, também era amor. Incrivelmente parecido. Coincidência demais para suportar!
E os ventos sopravam no rosto e no cabelo e as pernas tremiam...a natureza nos favorece. O tempo está ótimo para tal situação. Acabo-me em ironias que me divertem. " Mas... as coisas são assim mesmo" ou " e está tomando remédio para depressão?" ou " Depressão? Parece-me tão bem,sorridente e saltitante" ... e respondem-me com vozes fracas, com olhos me olhando do chão e as olheiras pulando de tanto chorar: "Pára, isso é sério ".
" Oh,perdoe- me "
Oh! Perdoe-me... Perdoo-me(te), anjo esfarelado. Em tempos remotos de tons melancólicos e românticos eu escreveria, num ápice de sofrimento: " Era tão pura a idéia, era a mais pura que alguém pudesse encontrar. E agora, meu Deus, o tempo muda tudo . Já não é aquela que conheci em flores e violinos, mas um corvo que me dilacerou e foi dilacerado "
Perdoe-me de ser humano. Eu precisava sentir.
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