Elizabeth rolou no chão depois de uma cólica muito,mas muito forte. É claro que isso não tem a ver com a Lei de Mendel e suas ervilhas. Muito menos com a Lei de Kepler e seus sons distantes ou perto. Bem,que seja. Que ligações têm,neste mundo, as coisas? Toda. Pior que é..mas ainda não encontrei uma ligação nisso. Bem,o pensamento. O pensamento nos une, o pensamento é capaz de viver qualquer coisa nessa mera vida terrena. O Mundo das Idéias. Ahm.
Elizabeth perdeu seu cachorro para a Natureza.É,ele foi atropelado por um carro qualquer num dia qualquer numa ocasião qualquer... mas ele ainda não morreu na mente dela. Pode estar vivo,vivíssimo.
Mas essa história também não tem absolutamente nada a ver com essa história. Entende? Quando não se tem uma linha a se seguir? É isso. E isso reflete-se muito bem no que eu escrevo. Minha falta de disciplina é explícita.
Só queria conhecer Elizabeth. Aliás, eu queria ver a cara dela enquanto rolava pelo chão do quarto, aliás,pelo tapete do chão do quarto. Uma cara de dor eterna. Uma cólica que a come por dentro. (estou dissecando a cena). Visualize: Quarta-feira. Três horas da tarde. Elizabeth,depois de chegar do colégio, ao entrar em sua casa(que não é uma simples casa,mas uma casa adoravelmente aconchegante e grande),passa por vários cômodos até chegar ao quarto. Joga sua mochila e livros em cima da escrivaninha que abriga muitos papéis,uma luminária e canetas coloridas. A mesinha revirada. Tira a jaqueta do com o emblema do colégio e joga em cima da cama. Liga o rádio. Tira o tênis...dá para ver suas meias brancas,com listras cinzas em cima. Está tocando,hm,deixe-me ver, Puts Your Records on - Corinne Bailey Rae...ela vai até a cozinha,pega um copo de água gelada e volta para o quarto. Senta-se na cama,com ar de cansada...pensa em alguma coisa...levanta e tira a calça do uniforme. Calcinha,meias e a camisa. A música tocando. Vai até o guarda roupa pegar alguma coisa,abre a porta e... vem uma dorzinha. Uma careta feia. Uma dor...dorzona. Uma dor insuportável. A mão vai na barriga,outra segura a porta do guarda roupa. A dor é grande. Eu disse: GRANDE.
Elizabeth. Quinze anos. Desmaiou no seu quarto. Bateu a cabeça na quina da cama. Ao que se diz ela não soube explicar a dor tremenda que teve. Assim descreveu :
- Eu estava bem,muito bem. Veio uma dor insuportável. Mas é uma dor muito grande.MUITO GRANDE. Insuportavelmente grande.
Ao dizer isso,deitou a cabeça no travesseiro e morreu de dor. Ninguém morre de dor. Mas ela,por incrível que pareça,morreu. Eliza (ou Beth,como preferir) foi morta, não por algum assassino numa noite fria e escura com um tiro na cabeça. Mas morta por uma dor que vinha dela mesma. Um dor insuportável de viver. Num pensamento mais vivo que a própria cura.
- Eu dizia que a dor era muito grande, quase dessas de quando o coração bombeia muito o sangue e parte em dois. Se abusar, é bem mais.
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