E que por dentro de tudo feio que a gente via, tinha o mundo maravilhoso que escolhemos a dedo, feito por pessoas e momentos, danças e música. Amigos.
Eu ainda precisava fermentar toda essa alegria, pois só agora escrevo-lhes.
Vocês me deslocaram do tempo, fora do tempo, como diria Luiz, o mala. Demorei dias para me recompor, de um lado brilhando de sol e chuva, de outro as nuvens negras dessa tempestade real. Foi difícil encarar outras coisas, lembrar dos momentos lindos. Voltar pra São Paulo não foi fácil. E não queria deixar ninguém ir embora, mas sei que estamos juntos sempre, por essa força também fora do tempo, única, teatral que une cada um por veias de sangue perdido, como diria Chico. Eu te amo.
E só de pensar agora, quase choro, seguro o choro, estou sozinha. Não é feio chorar, nem de alegria, nem de felicidade. E derramei muitas lágrimas por vocês todos, quem estava e quem não estava. Choro de saudade, de lindo, de mágico. Choro feito boba, choro sim.
Nos batizamos no rio, ritualizamos com o vinho para Baco em volta de batuques e luz e tochas e cantorias, desejos todos sinceros. Fotografamos nossa intimidade meio envergonhada, dançamos numa lavoura arcaica, que cena, nunca me esquecerei, Kaline, menina moça morena, que encanto, me hipnotizou. Chorei largada feito criança que ganha um super presente de natal e você, ali, divina, rodopiando com sua maciez no cheiro de mata chuvosa menina. Que lindo.
E nos chateamos por momentos, e comemos coxas de frango e corações nossos, sempre entregues, e frutas a derramar pela boca, os pés em terra molhada escorregando, o gacto sempre sendo cultuado com seu mio clássico.
Dormimos juntos. Tentamos dormir juntos, mas a alegria é tanta que eu ria e abraçava todo mundo com meu sorriso.
Deus, me dê menos alegria.
Eu explodiria, me arrebento ainda, de tanta alegria, cada partícula que sai de cada um e me atinge, me dói, me ama.
Não queria dizer, mas essa coisa me faz ir, me faz querer sempre mais e esperar por vocês, como não espero tanto da vida, ah não ser sorrisos e abraços, amor, amizade. Carinho, beleza e arte. " mas essa lua, esse conhaque..."
E agora aqui, sentada, sozinha nessa sala escura da faculdade, barulho nenhum lá fora, choro ainda feito menina. Obrigada, deus-baco-dioniso-destino-teatro-tatuí-cada-um-de-vocês por todo esse pulso que me embala de alegria, por nosso reencontro, nossas descobertas, nossa ida e nossa volta, nosso círculo, vínculo teatral, de amor maior, de nós.
sem ironia: que bom que nos reencontramos.
e cada dia, cada Elaine, bacia com água e mato, cada pega de pé mole, são nossos passos que sempre voltam.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Dor e Cor
Quando seria para falar de minhas dores psicológicas. Nunca conseguirei escrever um romance. Talvez poesias, como Manuel Bandeira ou Drummonzinho.
Falta de ar crônica toda noite.
Em cima da mesinha há três algodões, um branco, um rosa e um azul bebê. Parece doce, mas estão jogados, prontos para receber acetona e limpar minhas unhas sem esmalte. Limpar unhas de esmalte azul acinzentado já saindo com o dente.
Queria lhe escrever notícias boas, de partir o coração de alegria, mas por hora é isso que tenho, pouco ar e pouco o que pensar. Meio alheia a tudo, esperando nada, vivendo como devo viver, tentando respirar, bebendo muita água e comendo porcarias. Engordei.
Não sei, mas no fundo talvez eu tenha um medo imenso de morrer, como minha avó. Ela morreu e eu também morrerei e tudo e todos, incansavelmente. Por chuvas e enchentes, por sol e seca, por comida ou falta dela, pelo físico e psicológico, cada coisa que me mata toda hora e quanto mais vivo, mais caio por terra. É a vida, meio crua e dolorida quando a quero ver. Não, não quero ver isso, mas é o que sinto no fundo.
Ao menos se eu pudesse lhe escrever coisas bonictas.
Ao menos uma coisa: O céu e seus fortes relâmpagos negros clareando o dia escuro, fortes barulhos, esperando uma chuva imensa, pedras, o vento forte na janela, quando se deita na cama, o corpo nu e quente e começa a chuva e chove bonicto que embala o amor e o sono. E depois vem o sol e o céu fica alaranjado e fresco como água caindo no pescoço, limpo.
Falta de ar crônica toda noite.
Em cima da mesinha há três algodões, um branco, um rosa e um azul bebê. Parece doce, mas estão jogados, prontos para receber acetona e limpar minhas unhas sem esmalte. Limpar unhas de esmalte azul acinzentado já saindo com o dente.
Queria lhe escrever notícias boas, de partir o coração de alegria, mas por hora é isso que tenho, pouco ar e pouco o que pensar. Meio alheia a tudo, esperando nada, vivendo como devo viver, tentando respirar, bebendo muita água e comendo porcarias. Engordei.
Não sei, mas no fundo talvez eu tenha um medo imenso de morrer, como minha avó. Ela morreu e eu também morrerei e tudo e todos, incansavelmente. Por chuvas e enchentes, por sol e seca, por comida ou falta dela, pelo físico e psicológico, cada coisa que me mata toda hora e quanto mais vivo, mais caio por terra. É a vida, meio crua e dolorida quando a quero ver. Não, não quero ver isso, mas é o que sinto no fundo.
Ao menos se eu pudesse lhe escrever coisas bonictas.
Ao menos uma coisa: O céu e seus fortes relâmpagos negros clareando o dia escuro, fortes barulhos, esperando uma chuva imensa, pedras, o vento forte na janela, quando se deita na cama, o corpo nu e quente e começa a chuva e chove bonicto que embala o amor e o sono. E depois vem o sol e o céu fica alaranjado e fresco como água caindo no pescoço, limpo.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
De dia na janela
O que a gente não vê e ilumina
todos os sons e cores
do dia-a-dia
a mulher passando
o menino jogando bola
a pipa
lá longe no céu
eram o mistério
revelado da vida
todos os sons e cores
do dia-a-dia
a mulher passando
o menino jogando bola
a pipa
lá longe no céu
eram o mistério
revelado da vida
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