Quando seria para falar de minhas dores psicológicas. Nunca conseguirei escrever um romance. Talvez poesias, como Manuel Bandeira ou Drummonzinho.
Falta de ar crônica toda noite.
Em cima da mesinha há três algodões, um branco, um rosa e um azul bebê. Parece doce, mas estão jogados, prontos para receber acetona e limpar minhas unhas sem esmalte. Limpar unhas de esmalte azul acinzentado já saindo com o dente.
Queria lhe escrever notícias boas, de partir o coração de alegria, mas por hora é isso que tenho, pouco ar e pouco o que pensar. Meio alheia a tudo, esperando nada, vivendo como devo viver, tentando respirar, bebendo muita água e comendo porcarias. Engordei.
Não sei, mas no fundo talvez eu tenha um medo imenso de morrer, como minha avó. Ela morreu e eu também morrerei e tudo e todos, incansavelmente. Por chuvas e enchentes, por sol e seca, por comida ou falta dela, pelo físico e psicológico, cada coisa que me mata toda hora e quanto mais vivo, mais caio por terra. É a vida, meio crua e dolorida quando a quero ver. Não, não quero ver isso, mas é o que sinto no fundo.
Ao menos se eu pudesse lhe escrever coisas bonictas.
Ao menos uma coisa: O céu e seus fortes relâmpagos negros clareando o dia escuro, fortes barulhos, esperando uma chuva imensa, pedras, o vento forte na janela, quando se deita na cama, o corpo nu e quente e começa a chuva e chove bonicto que embala o amor e o sono. E depois vem o sol e o céu fica alaranjado e fresco como água caindo no pescoço, limpo.
Um comentário:
E você conseguiu escrever uma coisa linda, mais uma vez.
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