sábado, 17 de setembro de 2011

estou pairando na vida
nada o que fazer
apenas a tememos
talvez mais do que a morte

a morte resume todos os meus medos
e choro de noite molhando o travesseiro

suspirando
a falta de ar é muita
choro de inchar os olhos
choro de virar a fronha ensopa
e tornar a molhar o outro lado

sinto que não pertenço a lugar nenhum
não tenho família
nem amigos
nem amores
o meu pai está morto
e não o deixam descansar em paz

às vezes tenho muita saudade dele
e é uma saudade boa
um sorriso guardado no coração
às vezes fico mais perdida
porque a saudade dói
no sorriso que não tenho mais

a saudade é algo que dói muito
e nunca sabemos lidar com isso
por isso sempre tento ser serena e calma
tudo bem, vai passar
e não passa nunca
uma saudade eterna de alguma coisa que eu não sei

de um tempo que me parte
e parto sempre pra longe dele
me estraçalha
um tempo irônico
de querer estar e não poder
e quando posso já não é mais o mesmo
já não sou a mesma
ou sou a mesma desde sempre
intacta
parada

eu acho que podemos amar os outros
os outros são outros que me fazem ser eu
eu acho que podemos amar sim
e isso não pode nunca doer
amar até doer
amar e amargar

e eu amo, menina
amo
talvez não deixe nunca de amar as coisas
talvez não entenda nunca o que é amar
talvez não entenda nunca o que é saudade

eu amo e fico desnorteada
confusa minha cabeça
cheia de alucinações
meu coração todo partido
como corpo de caneta trincado
de tantas mordidas

ultimamente
tenho muita preguiça da vida

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