segunda-feira, 7 de março de 2011

Eu sozinho

A cada momento infinito da vida
de arder de lágrimas os olhos no vento
a dor absurda de tudo
quanto é tudo que se vai

Não quis, talvez
mas nunca soube
a grande perda do
que nunca foi nosso
nem mesmo nosso eu
não se prende
só se aprende a doer
doer

Como foi ontem
e é hoje
e será amanhã
absurdamente cada dia
achando que o que te salavrá
são essas palavras rasas
escritas a tinta de caneta na parede
diluída
como se dilui o tempo
eterno num piscar de olhos

E você se foi
e um pedaço de mim foi com você
e ficou já o que não era meu
como uma mutação do que nunca existiu
mas sempre esteve ali, esperando
o momento pra nascer
como tantas outras que nasceram e morreram e se modificaram

Sempre o eu sozinho
apesar do outro

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