E isso é nosso. Nosso, eu quero dizer Humano. Do Homem. Veio-me como uma machado na cabeça: É ISSO. E caio no chão, como se toda uma mudança abrisse para mim, como um portal desses de filmes chulos. Uma luz divina, meio verde e azul, e sua cabeça aberta, toda sua vida, num sentido amplo, não num sentido dramático, tivesse uma porta escancarada, na mente, e você precisasse mesmo escolher entre isso ou aquilo. Entre egoísmo e mudança. E o ego fala mais alto, sempre muito mais alto. Porque não ser egoísta é justamente admitir o egoísmo. E disso não estamos jamais livres. Um com mais consciência, outros com menos, ou nada. Quem sabe isso não afete. Absolutamente tudo é egoísmo. Não é atoa que o Capitalismo reina, tomando, grosseiramente, um sentido político para Egoísmo. Camufla-se também em atos pequerruchos. Insignificantes. O ser humano é por si só egoísta, de nascença, de útero mesmo. Acredite ou não, deixarei discordar, porque não quero tomar essa ideia só para mim, é um pensamento. Meta egoísta. Explicar o ego pelo egoísmo. Sou tão egoísta que já tomei essa palavra pra mim, e a repeti muitas vezes, como se fosse minha e só minha, admitindo jamais alguém possuir dela. Calma, ela é de todos.
Porque não é braveza, meu bem. Tudo isso pode parecer tão absurdo pra mim. Uma tempestade em copo da água, mas não é. Para mim parece tão... universal, como se fosse mesmo uma porta e eu tivesse de analisa-las antes. Um dia-a-dia não qualquer, estamos sujeitos a analisar, a pensar, a tomarmos para gente, a mudanças e territórios. E é comigo, apenas comigo. Precisando encontrar-me, e essas portas levam-me justamente para isso. Um tempo meu. Uma Ideia minha. Como se eu tomasse consciência de um Eu. Que em constante mutação, precisasse às vezes de um óleo para não enferrujar e tornar-me nova. Ideias minhas. Não posso querer que entendam, nem quero sanção, fica a quem analisar. A relatividade. E isso nos torna mais individualistas do que nunca. Meu ponto de vista difere do seu, da tia da cantina, do menino brincando na rua, de Napoleão e olha lá, de Santos e Santas. E é por isso que somos egoístas. Mas se tem um ser mais egoísta que eu conheço, esse ser sou eu. E me dói admitir isso, mas sinto-me mais forte, pulsando meu coração como se fosse sair pela boca. Sinto-me nova, lavando os olhos, o rosto. E me olho no espelho, vejo a mesma face, algumas espinhas, mas por dentro bolhas enormes de portais se abrindo. Cada dia uma escolha. Cada portal que se abre, é outro que se fecha. Eu queria resumir tudo. Perceba como em mim as coisas borbulham e são jogadas, sem ordem, nem coesão, nem coerência. Elas se constroem, mais tarde, muito mais tarde, como pecinhas de Lego. É o crescimento. E isso todo mundo está sujeito, assim como o egoísmo, livre de nascença.
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