domingo, 24 de maio de 2009

Gemamarela, Leopoldo.

Leopoldo sorriu-me.
É um nome que eu gosto.
É um nome ridículo.
E por ser ridículo, me agrada. Mas é um ridículo bonicto
no sentido único, sem escraxo, nem preconceito.
Leopoldo é um menino.
De boina, gravata borboleta
um suspensório
um sapatinho
quase um francesinho.
Mas é brasileiro.
Como diria Machado, nasceu na Rua do Matacavalos.
Carioca da gema.
Geeeeeeeeeeeeeeeeemamarela.
Ge-ma-ma-re-la.

- Ai, Leopoldo. Só queria falar falar de você.
- Mas então pare de falar da gema.
- Não tenho culpa se ela é a-ma-re-la.

Ele era amarelo. Por que eu queria que combinasse com a gema.
E se eu quero falar dele, eu vou falar de como eu o imagino. E eu queria que ele fosse amarelo, como a gemamarela.
Porque ninguém até hoje viu gemarco-íris. Eu vi, joguei guache e a gema ficou arci-íris. Mas no caso, ela era amarela mesmo.

- Anil?
- Amarela, Leopoldo.
- Que cor é anil?
- Até hoje eu não sei.
- Quem sabe amanhã..
- Amanhã o que?
- Até amanhã você saiba.
- Quem sabe...

Ele era engraçado. E eu falava isso a ele, depois de rir e rir e rir e comer só a clara. Mas viu, aí vão falar que ele era amarelo porque eu taquei a gema nele e comi só a clara e por isso eu sou clarinha. Mas não é, ele é amarelo porque eu quero. E eu sou roxa, se eu quisesse, mas resolvi não pedir a Deus que me fizesse roxa. Mas enfim. Ele era fissuraaaaaaado em ovos. De Páscoa, galinha, pata, codorna, ornitorrinco, cobra, jacaré... até o ovo que eu botei ele quase comeu.

- Pata.
- Amarelo.

Hmmmm ( mostrando a língua).

- Se você me quer amarelo, eu tenho o direito de te querer como uma pata.

E ele tomou consciência disso. Eu não podia impedi-lo de me ver como quisesse. Não mesmo. E começamos a ver cavalos que passavam na Rua do Matacavalos. Todos coloridos, alguns listrados, outros xadrez e com bolinhas.

- Você é uma pata, rosa, de ovos enormes, com nariz de pica pau...
- Chega, Leopoldo. Quero dormir.
- ... tem orelhas de tuelho, dentes de tubarão, uma roupa com...
- Leopoldo!
- ... furos enormes, porque você estava na guerra..
- Le-o-pol-do!
- ... um óculos fundo de gar...
- PÁRA. VOCÊ É AMAAAARELO, COMO A GEMAMARELA.

E dormimos. Como dois tuelhinhos, um amarelo e um cor de rosa. Ele esqueceu que eu era uma pata, e eu fingi que ele não era da cor do sol como pintam as crianças no primário. E tudo voltou ao normal aos cariocas da geeeeeeema. Tudo muito tranquilo e solidário. Até eu deixar cair o ovo. E adivinha, a gema era...







.... arco-íris.

Descontruindo Um Eu Interno

E isso é nosso. Nosso, eu quero dizer Humano. Do Homem. Veio-me como uma machado na cabeça: É ISSO. E caio no chão, como se toda uma mudança abrisse para mim, como um portal desses de filmes chulos. Uma luz divina, meio verde e azul, e sua cabeça aberta, toda sua vida, num sentido amplo, não num sentido dramático, tivesse uma porta escancarada, na mente, e você precisasse mesmo escolher entre isso ou aquilo. Entre egoísmo e mudança. E o ego fala mais alto, sempre muito mais alto. Porque não ser egoísta é justamente admitir o egoísmo. E disso não estamos jamais livres. Um com mais consciência, outros com menos, ou nada. Quem sabe isso não afete. Absolutamente tudo é egoísmo. Não é atoa que o Capitalismo reina, tomando, grosseiramente, um sentido político para Egoísmo. Camufla-se também em atos pequerruchos. Insignificantes. O ser humano é por si só egoísta, de nascença, de útero mesmo. Acredite ou não, deixarei discordar, porque não quero tomar essa ideia só para mim, é um pensamento. Meta egoísta. Explicar o ego pelo egoísmo. Sou tão egoísta que já tomei essa palavra pra mim, e a repeti muitas vezes, como se fosse minha e só minha, admitindo jamais alguém possuir dela. Calma, ela é de todos.
Porque não é braveza, meu bem. Tudo isso pode parecer tão absurdo pra mim. Uma tempestade em copo da água, mas não é. Para mim parece tão... universal, como se fosse mesmo uma porta e eu tivesse de analisa-las antes. Um dia-a-dia não qualquer, estamos sujeitos a analisar, a pensar, a tomarmos para gente, a mudanças e territórios. E é comigo, apenas comigo. Precisando encontrar-me, e essas portas levam-me justamente para isso. Um tempo meu. Uma Ideia minha. Como se eu tomasse consciência de um Eu. Que em constante mutação, precisasse às vezes de um óleo para não enferrujar e tornar-me nova. Ideias minhas. Não posso querer que entendam, nem quero sanção, fica a quem analisar. A relatividade. E isso nos torna mais individualistas do que nunca. Meu ponto de vista difere do seu, da tia da cantina, do menino brincando na rua, de Napoleão e olha lá, de Santos e Santas. E é por isso que somos egoístas. Mas se tem um ser mais egoísta que eu conheço, esse ser sou eu. E me dói admitir isso, mas sinto-me mais forte, pulsando meu coração como se fosse sair pela boca. Sinto-me nova, lavando os olhos, o rosto. E me olho no espelho, vejo a mesma face, algumas espinhas, mas por dentro bolhas enormes de portais se abrindo. Cada dia uma escolha. Cada portal que se abre, é outro que se fecha. Eu queria resumir tudo. Perceba como em mim as coisas borbulham e são jogadas, sem ordem, nem coesão, nem coerência. Elas se constroem, mais tarde, muito mais tarde, como pecinhas de Lego. É o crescimento. E isso todo mundo está sujeito, assim como o egoísmo, livre de nascença.

Ideias passam-me

Para Ouvir no Silêncio ou Violinos. Recomendo Violinos Silenciosos.
"Pensei, por um momento, que meu café solúvel no leite quente, com pitadas de canela, estava sem açúcar. E isso tinha aroma de música, mas música que não tocava, mas incrustava em mim, e evaporava em violinos e flautas transversais."


Só queria dizer que ela era, para mim, uma Ideia. Uma Ideia, não passava disso. Sem forma concreta, nem cheiro...um cheiro talvez, de qualquer aromazinho que se encontra em lojas exóticas, onde vê-se que Ideias transcendem como fumaça de incenso. Mas era uma Ideia. E tinha-me na mente, quiçá no coração, de cor e salteado. Mentira, não era de cor e salteado. Ideias não se deixam pensar em serem de cor e salteado. Repeti três vezes. E isso cravou-se em mim....a Ideia, não a repetição, que foi como uma reza, mais para me livrar do que para me benzer. Pensei comigo: Se ela é uma Ideia, ela não tem forma concreta, logo não posso tocar, logo é imaginação... não, não podia concluir que era apenas imaginação minha e unicamente minha. Ela tinha vida própria e vagava muito como bem quisesse por entre neurônios frouxos, neurônios intoxicados de Ideias-Drogas. Mas existia, não podemos negar. Existia, mas num outro plano, com distância de anos-luz mais alguns quilômetros . Num plano que não tocamos mesmo, mas sentimos, como um... como um alfinete que se acha com vida e fica se alfinetando na cabeça. Porque não era nada, não era sentimento algum, não era repulsa, nem amor, nem ternura, muito menos fogo, era uma Ideia, e elas são apenas isso, não vêm com pacotes adicionais, e sim cruas e nuas em pêlo.
Só vagavam quando queriam, e eu era obrigado a aceitar. Como se eu fosse uma estrada, que não escolhe os carros para andarem nela, mas estão lá, intactas e passivas, esperando pneus carecas ou novinhos, Ideias velhas , velhas, muito velhas, mas não tanto assim. E era assim que eu me sentia quanto a isso. O bom e velho Mundo das Ideias, muito fácil representado por algum desenho de primário. Não escolhemos, nem brigamos, só aceitamos, e é inútil lutar contra isso. Um dia elas se cansam, um dia essa Ideia vai embora, procura outras estradas. Só fico mesmo, passivo, intacto, enquanto corroem como líquidos corrosivos, nos canos que são pequenas fissuras na mente... uma Ideia-Corrosiva.

sábado, 23 de maio de 2009

De palavras... faço. Ou não.

Um gosto de caramelo na boca. O prato refletindo alguns raios solares. Refratando. A colher com restos de pudim e saliva. Estou olhando agora para eles, e a única coisa que passa na minha cabeça é que a gente não consegue nem transmitir uma luz sequer que brilhe os olhos alheios.
Muito belo, mas segue em frente.

Nem tudo são cabelos... mas o seus são de me enlaçar.
Todo meu amor agora parece afunilar-se em cantos e cantos épicos, onde a musa da ilha é você mesma, em trajes gregos e poetas inspirando, que me acordam num som de harpa e mão quente nas costas.
Eu queria resumir o que eu sinto por você, não sei se é amor de facto, porque ninguém nunca sabe se ama, mas é sempre esse desconcerto em mil partes, os membros pra lá, um olho pra cá, as bocas juntas... e se membros despedaçados são amor, meu bem, eu preciso urgente de um super bonder.
Tudo virou um meio centro entre dois lados, porque eu adoro reforçar as idéias. Mas as idéias andam juntas, voam pela mente, não temos conhecimento delas, mas elas tem conhecimento da gente...têm vida própria, nem eu, inteira, possuo a minha vida. Mas elas possuem muitas vidas, muitas almas, como um ser incógnito que se sabem por si mesmos. Não são duendes nem elfos, cá pra mim, não acredito muito nisso. Muito... porque pouco, creio que eu acredite. Aliás, é sempre tudo fantasia, o que penso, o que escrevo, o que devoro. Só não sou fantasia quando... é, eu sou inteira fantasia.
Mas deixa eu falar, mesmo querendo escrever um livro, eu to me resumindo em palavras. Mas não pense que eu sou meia dúzia de palavrinhas. Quem sabe uma. Ou uma enciclopédia. Ou nada. Nada.

Special K

"No hesitation, no delay
You come on just like special K"

Placebo


Tinha-me nos braços...
como um ursinho de pelúcia.



quinta-feira, 21 de maio de 2009

Um Pingo Dentro

"Não consigo me deter. Embora não conheça o ponto onde devo chegar,
é para lá que me dirijo cego,
aos trancos" C.F.A


Na janela que passa
ouço os cabelos
voarem
inteiros
como folhas de palmeiras,
vão e vem e voam

Nas luzes escuras dos postes
o mundo entra em paralelismo
as pessoas vão e retornam como se fossem outras
sapatos interios voltam metade
a mente evapora do cérebro
porque ela nunca esteve no cérebro
e sabemos de cor que o que nos anima
é nossa própria energia
misturada num arco íris de céu azul
de brisa leve

toda a cidade parece um deserto imenso
que não se sabe onde chega
nem se sabe onde está
mas o deserto é uma balbúrdia de pessoas
que te esbarram
te cumprimentam com olhos tortos
seguram a bolsa quase dentro do ventre
e te jogam no lixo como um papel amassado
de casquinha de sorvete soft

mas a energia é grande
tudo é absurdamente grande
que explode na mente cor

porque eu me lembro
era tudo muito belo
mesmo eles falando que não valia a pena

domingo, 3 de maio de 2009

Uma bigorna no meu peito: a saudade

Quero escrever...

Nada de idéias magníficas.
Só quero cantar meu Amor.

" E em seu louvor hei de espalhar meu canto"
Queria dizer-lhe, em poucas palavras (espero), que me faz brilhar inteiramente, quando me olha com os esses seus olhos meio aguados meio paraiso.
Nesse tempo que fico fora, fora de mim, de ti, de nós duas... sinto-me num vácuo profundo, onde não ouço nada. Mesmo que pudesse ouvir, numa ficção muito mal feita, eu ouviria pessoas e barulhos estranhos, mas não a sua voz. Ela estaria gritando dentro de mim até me sair luzes pela boca, olhos, nariz e ouvido e de repente estivesse com você, ouvindo seu suspiro na noite e acaraciando teu corpo macio, teus cabelos sedosos, tua boca vermelhinha como se estivesse bem quentinha num frio louco lá de fora. Porque eu adoro quando acordo e te pego me olhando para garantir que eu esteja bem, que meu sono seja o melhor, que o tempo pare... mas aí eu viro de lado de novo, com os olhos grudados, morrendo de sono depois de atender o celular, e volto a dormir, porque eu sei que está tudo bem, que você está do meu lado e eu do seu, e nada de ruim vai me acontecer, e nada de triste me ataca, como se você fosse meu anjo alado da proteção, desses que tem dias especiais e feriados, e eu rezo e peço pra Deus te colocar sempre perto de mim, e que me coloque sempre perto de você para eu sentir sempre seu calor perfumado, sua proteção tão boa que me deixa como um pintinho aquecido e acolhido e te colocando no meu colo quando sentisse qualquer incomodo, qualquer dor que te faça criança mimada e chorona.
Mas aí todo aquele vácuo me volta como uma realidade anormal, e o tempo é tão denso, as pessoas tão fumaça que não me tocam com gosto. Porque aí eu me mato dentro de livros e livros e poesias para melhorar minha saudade, mas aí tudo piora, porque nenhuma poesia é mais bonicta do que a nossa mesma, a nossa poesia não escrita, a nossa poesia pairando no ar entre São Paulo e essa cidadezinha que você habita, que eu haitei, que nós habitamos. E eu pareço que fico muito mais pesada, porque meu caminhar é lento no tempo mais lento ainda, a saudade me cai como uma bigorna de duas toneladas, ou um piano, como nesses desenhos animados antigos. E dentro de mim tudo fica oscilando, tudo fica agitado, me vem um nó que começa no meu apêncide, que até parece ter alguma utilidade, porque todo seu amor me afeta, e vai até a garganta e entala e entala e me sufoca, e eu quero chorar, eu quero chorar muito como se eu fosse amenizar essa saudade, esse tempo que ficaremos sem nos ver, sem nos tocar, sem cheirar teus cabelos. Aí eu me sinto tão fraca, mas você me pega no colo, me abraça e me beija e me diz que também sente saudade, que também vê o tempo passar leeento... l ee ee e n to.
Tudo lento. Minha digestão lenta, minha mente lenta. Minhas lágrimas até param no rosto, porque o tempo judia de mim, o tempo é meu inimigo e me deixa padecendo numa ilha que nem minha é eu não tenho direito algum, nem sobre minha própria pessoa, nem sobre minha própria saudade, nem mesmo de você, mocinha. Mas eu resisto, passo noites a fio sentindo no ar uma leve brisa quente que sai de você, percorre quilômetros e quilômetros e por incrível que pareça, chega atemim, meio mole meio cansada, já acabando. Mas não acaba, por que eu volto, eu volto com os olhos muito abertos, vendo cada faixa na estrada, quase contando quantas me separam de você, que quase me fazem apaga-las ou passar um aspirador para diminiur essa distãncia.
Mas eu choro de novo, não por tristeza imensa, um pouco sim, eu confesso, mas primeiramente porque você me faz muito bem,, porque você é surreal de linda e às vezes chego a pensar que você não existe, que todos os sorrisos qe você me deu foi um sonho, mas é verdade, né? Você é real sim, pelo menos no fundo eu sei, no fundo tem uma bonequinha sua me cutucando e falando: Hei, é claro que sou real, sua otária.
É claro que ela é real. Ela é minha mais real felicidade do mundo inteiro do tamanho do universo duas vezes mais. O meu Amor.
O M EU AMOR
Entrego uma flor para ela. Entrego-me . Entrega-me a mim. Entregamo-nos ...tudo isso num tom musical só nosso. Tudo isso numa pintura Apenas Nossa.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Dada

Em plena sexta- feira
com cara de domingo
e saudade da minha
Senhorita
Senhorita
minha da saudade e
domingo de cara com
sexta-feira plena Em.
Quase uma ampulheta...
Volto aos meus versos dadaístas
que não valem mais que um grão de arroz
mas valem mais que o seu conceito pré concebido
da visão de mundo de um mundo
perdido